quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE JANEIRO DE 2015

“Nome santíssimo, tão desejado pelos antigos patriarcas, esperado com tamanha ansiedade, repetidas vezes protelado, concebido com misericórdia no tempo da graça. Omita-se qualquer denominação de poder, não se fale de reivindicação, retenha-se o nome de justiça. Dá-se o nome de misericórdia, soe o nome de Jesus aos meus ouvidos, e então, sim, tua voz será suave, belo o teu rosto.
O nome de Jesus, sólida base da fé, suscita filhos de Deus. A fé da religião católica consiste no conhecimento e fulgor de Jesus Cristo, luz da alma, porta da vida, fundamento da salvação eterna. Quem não tiver tal fé ou abandona-la, caminha às escuras nas trevas da noite, precipita-se de olhos fechados no meio dos perigos, e por mais que brilhe a grandeza de seu entendimento, acompanha um guia cego porque segue o próprio intelecto, à busca de compreender os segredos celestes. Ou tenta construir casas sem alicerce, ou ainda deixa a porta  e quer entrar pelo teto. A base, pois, é Jesus, luz e porta, o qual, a fim de mostrar o caminho  aos errantes, manifestou a todos a luz da fé, que torna possível procurar o Deus desconhecido, crer que no que foi procurado, encontrar aquele em quem se acreditou. Este fundamento sustenta a Igreja, edificada sobre o nome de Jesus. O nome de Jesus é esplendor dos pecadores, visto que por luminoso  fulgor anuncia e faz com que seja ouvida a sua palavra. De onde vem a todo mundo a luz da fé, tão grande, súbita e ardente, senão do anúncio de Jesus? Acaso Deus não chamou à sua luz admirável por intermédio da claridade e do sabor deste nome? Assim iluminados, e vendo nesta luz a luz, diga com razão o apóstolo: Outrora éreis trevas, mas agora sois luz do mundo; comportai-vos como verdadeiras luzes  (Ef 5,8).
Ó nome glorioso, nome grato, nome amante e virtuoso! Por ti perdoam-se os crimes, por ti são superados os adversários, por ti os enfermos são curados, por  ti os que sofrem adversidades se fortificam e se alegram! Honra dos fiéis, doutor do pregadores, robusteces os que trabalham, sustentas os que fraquejam.  Em teu ígneo fervor e em teu calor inflamam-se os desejos, impetram-se sufrágios pedidos, inebriam-se as almas que contemplam e glorificam-se todos os que triunfam na celeste glória. Por este santíssimo nome, dulcíssimo Jesus, faze-nos  reinar em  tua companhia”.  
  
                                                                                                               São Bernardino de Sena
(Próprio da Família  Franciscana, p. 33-34)

Direito e Dignidade humana

“Considerar como uma graça tudo quanto dificultar o teu amor a Deus, Nosso Senhor, bem como as pessoas que te causam aborrecimentos, sejam irmãos ou gente de fora, mesmo que cheguem a te fazer violência. Amar aos que assim contra ti procedem, não exigindo deles outra coisa senão o que o Senhor te der. E justamente nisso deves amá-los, nem mesmo desejando que eles se tornem cristãos melhores. E nisso reconhecerei que amas realmente o Senhor e a mim, servo dele e teu, se fizeres o seguinte: não haja irmão no mundo, mesmo que tenha pecado a não poder mais, que, após ver os teus olhos, se sinta talvez obrigado a sair de tua presença sem obter a misericórdia se misericórdia buscou. E se não buscar misericórdia, pergunta-lhe se não quer recebê-la. E se depois disso ele se apresentar ainda mil vezes diante de teus olhos, ama-o mais do que a mim, procurando conquistá-lo para o Senhor”. (Raices de America)
Dignidade Humana é o direito de ser gente, de ser tratado, respeitado e acolhido como gente. Não há homem ou mulher no mundo que possa dar ou tirar essa dignidade. As pessoas só podem cultivar a dignidade com seus dons, ou estragar com suas maldades.

Dignidade Humana é o jeito que Deus encontrou de morar no mundo e na

gente. É aquele que Deus pôs no homem e na mulher quando os criou parecidos com Ele (Gn 1, 26-28).
Não é o cargo, o título, o curso que você faz que o torna mais gente, mas a PESSOA DIGNA que você é que faz o cargo, o título e a profissão que você sonha ou exerce!
O cargo de Presidente da República é Nº 6 menos importante que uma criança nascida agora, numa favela de qualquer cidade. Pensar deste jeito é respeitar a dignidade humana. É ser cristão, é ser profundamente humano, irmão, irmã, como Francisco queria..
A Declaração Universal dos Direitos Humanos adotada a partir de 10 de dezembro de 1948 na Assembléia-Geral da ONU diz:
• Seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos;
• toda pessoa tem todos os direitos e liberdades sem distinção de cor, sexo, idioma, religião, opinião política e posição econômica;
• todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade, à segurança;
• todos são iguais perante a lei e têm direito de igual proteção da lei;
• todos têm direito à liberdade de pensamento, de consciência e religião;
• todos têm direito à liberdade de opinião e expressão;
• todos têm direito ao trabalho, à livre escolha de seu trabalho, a condições EQUITATIVAS e satisfatórias no trabalho e proteção contra o desemprego;
• todos têm direito a um nível de vida adequado, saúde, bem-estar, alimentação, vestuário, habitação, assistência médica e serviços necessários;
• toda pessoa tem direito à educação e de participar livremente da vida cultural da comunidade, do FLUIR das artes e de participar do progresso científico e dos benefícios que dele advenham.

Ilumine-se com Francisco
“Ó glorioso Deus Altíssimo, iluminai as trevas do meu coração, concedei-me uma fé verdadeira, uma esperança firme e um amor perfeito. Dá-me, Senhor, o reto sentir e conhecer, a fim de que possa cumprir o sagrado encargo que na verdade acabais de dar-me. Amém!”
(São Francisco, “Oração diante do Crucifixo”)

Ilumine-se com a Palavra de Deus
“Vejam! Eu vou criar um novo céu e uma nova terra. As coisas antigas nunca mais serão lembradas, nunca mais voltarão ao pensamento. Por isso fiquem para sempre alegres e contentes, por causa do que vou criar.
Farei de Jerusalém uma alegria, e de seu povo um regozijo. Exultarei com Jerusalém e me alegrarei com o meu povo. E nela nunca mais se ouvirá choro ou clamor. Aí não haverá mais crianças que vivam alguns dias apenas, nem velhos que não cheguem a completar seis dias, pois será ainda jovem quem morrer com cem anos, e quem não chegar aos cem anos será tido por amaldiçoado.
Construirão casas e nelas habitarão, plantarão vinhas e comerão seus frutos. Ninguém construirá para outro morar, ninguém plantará para outro comer, porque a vida do meu povo será longa como a das árvores, meus escolhidos poderão gastar o que suas mãos fabricarem. Ninguém trabalhará inutilmente, ninguém gerará filhos para morrerem antes do tempo, porque todos serão a descendência dos abençoados de Javé, juntamente com seus filhos. Antes que me invoquem eu responderei; quando começarem a falar, eu já estarei atendendo. O lobo e o cordeiro pastarão juntos, o leão comerá capim junto com o boi, mas o alimento da cobra é o pó da terra. Em todo o meu monte santo ninguém causará danos ou estragos, diz Javé.”
Isaías, 65, 17-25

Reflita

Que futuro tem um país que não respeita crianças, jovens e velhos?

Quando você anda pela cidade encontra meninos (as) nos semáforos vendendo de tudo, lavando pára-brisas, esmolando… Qual a distância entre você e esses seres da rua?


Você é um PACATO CIDADÃO… Sabia que a CIDADANIA é o direito de viver decentemente? Se existe cidadania, por que a sociedade gera os sofredores de rua? Isso não revela uma sociedade que fecha oportunidades para todos. Inclusive para você…

Justiça é a concretização da atitude marcada pelo amor. Amar não é dominar, mas respeitar a liberdade, a emancipação e a dignidade humana plena.
“Estejam presentes pelo testemunho da própria vida humana, bem como por iniciativas corajosas, quer individuais quer comunitárias, na promoção da justiça, particularmente no âmbito da vida pública, comprometendo-se com opções concretas e coerentes com sua fé.”(Regra e Vida dos Franciscanos Seculares, 13 e 15)


Como alguém que participa da Universidade São Francisco…

Como ser sinal de justiça e paz na sociedade?
               
                                                                                               Criação: Frei Vitório Mazzuco 

Habitar o coração

O louvor de Deus que leva ao amor é filho do silêncio e da solidão.
O deserto silencioso foi para mim fonte de progresso em minha vida, quer dizer da vida divina em mim  (Gregório de Nazianzo)
A) “O caminho da interioridade…
…. Hoje se  dá num tempo de mudanças, tempo rico de muitos sinais de redescoberta da interioridade e do silêncio. A sociedade secularizada vem focada sobre o indivíduo fragmentado, com uma identidade fluida. Temos diante de nós uma mudança radical da visão do homem, determinada sobretudo pela tecnologia. São imensos os recursos da  inteligência humana, descobertos hoje que podem ajudar o homem a criar um mundo melhor. É importante que o homem permaneça sujeito desse desenvolvimento, sobretudo a partir da verdade profunda de si mesmo. Confrontamo-nos também com o medo de entrar em nós mesmos,  com a pobreza de sentimentos, de afetos, de capacidade de amar e deixar-se amar. No espaço da interioridade, o silêncio pede a escuta de nós mesmos, dos outros e da realidade.  Os meios de informação podem iludir-nos, ao dar-nos a sensação de evitarmos esse trabalho. Na verdade tornamo-nos estranhos a nós mesmos. O percurso para dentro de nós mesmos  não é só terapêutico para nossa cultura de barulho, mas também vem a ser um caminho voltado para o acolhimento,  para uma nova civilização do amor. O caminho para dentro de nossa interioridade e para o silêncio torna-se, então, testemunho de uma opção de vida alternativa” ( O caminho que leva ao lugar do coração,  Cúria Geral OFM, Roma 2003).
B) “Várias intervenções dos Padres sinodais…
…Insistiram sobre o valor do silêncio  para a recepção da Palavra de Deus na vida dos fiéis. De fato a palavra pode ser pronunciada e ouvida apenas no silêncio exterior e interior.  O nosso tempo não favorece o recolhimento e, às vezes, fica-se com a impressão de ter medo de se separar, por um só momento,  dos  instrumentos de comunicação de massa.. Por isso, hoje é necessário educar o  Povo de Deus para o valor do silêncio. Redescobrir a centralização da Palavra de Deus na vida da Igreja significa também  redescobrir o sentido do recolhimento e da tranquilidade interior. A grande tradição patrística ensina-nos  que os mistérios de Cristo estão ligados ao silêncio e é só nele que a Palavra pode encontrar morada em nós, como aconteceu com Maria, mulher indivisivelmente da Palavra e do silêncio.  As nossas liturgias devem facilitar esta escuta autêntica conforme Agostinho:  Verbo crescente, verba deficiunt  ( Exortação apostólica pós-sinodal  Verbum Domini, de Bento XVI, n. 66).
C) J, Martin Velasco descreveu…
… Bem  a situação espiritual das sociedades impregnadas pela cultura dita pós-moderna.  Uma cultura da intranscendência  que prende as pessoas no aqui e agora  fazendo com que vivam apenas do imediato, sem necessidade de abrir-se à Transcendência.  Uma cultura da  “distração” (em castelhano divertimento)  que arranca os indivíduos de seu interior  fazendo  com que esqueçam as grandes questões que o ser humano tem no coração.  Uma cultura do “ter”  que exercita  o  espírito de posse, incapacitando as pessoas para tudo aquilo de não seja um desfrutar imediato que facilmente desliza do pluralismo ao relativismo e à indiferença” (José A. Pagola, Testigos del misterio en la noche,  Sal Terrae, enero 2000, p. 29).


● Os textos lidos nos levam a querer buscar o caminho que nos leva ao fundo do coração, mais exatamente ao lugar do coração.  “Tomando contato com as raízes de nossa vida e de nossa fé. Nesse ponto é possível aprofundar o dinamismo que existe entre  interioridade-silêncio e missão evange-lizadora, como parte essencial do carisma (franciscano).  A interioridade, finalmente espaço habitado, é o clima, o ambiente, o húmus do encontro de Deus com as criaturas humanas.  A  oração litúrgica e pessoal cresce, quando brota do “lugar do coração” e vem protegida pelo silêncio. Descobrimo-la  como uma realidade viva para escutar e acolher a Palavra de Deus. O silêncio deixa de ser apenas uma regra a ser observada.  Santa Clara, com a metáfora do espelho, mostra-nos o âmago desse caminho: “Olha dentro desse espelho todos os dias… espelha nele constantemente o teu rosto” (4CtIn 15) (O caminho que leva…, op.cit., p. 14-15).
● Desnecessário dizer que os espaços de silêncio se fazem cada vez mais raros em nossos tempos.  Desde que acordamos chega uma  enxurrada  de informações.  Os torpedos e as imagens chegam no celular e iluminam o quarto.  Durante um concerto há pessoas que ousam atender,  discreta ou indiscretamente,  o celular para tomarem conhecimento das últimas  informações que provavelmente  têm pouca importância diante do  fascínio de uma sonata de Beethoven. As pessoas se levantam de manhã, correm, se apressam.  Há o  barulho das máquinas, o doce estalar dos no-brakes. Saímos de casa:  transportes coletivos cheios, ônibus incendiados, apitos das sirenes dos  bombeiros, pessoas empurrando pessoas, os celulares e as pessoas falando. Somos como que mergulhados no seio do caos.  Um mundo caótico.

                                                                                 Frei Almir Ribeiro Guimarães



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