BOLETIM INFORMATIVO
DE SETEMBRO DE 2016
Exaltação da Santa Cruz
A Festa da Exaltação da Santa Cruz está ligada a Santa Helena, mãe do
imperador Constantino, que construiu igrejas. Ela era muito religiosa e fez o
possível para conservar os locais onde Jesus viveu seu ministério,
principalmente o Gólgota e Santo Sepulcro, locais santos até hoje de muita
veneração e importância para o mundo cristão católico.
No local onde Jesus
foi crucificado se construiu a igreja do Santo Sepulcro, templo dedicado em 13
de setembro de 335. A festa para o povo aconteceu no dia seguinte e entrou no
calendário romano-cristão.
A Festa da
Exaltação da Santa Cruz é também para recordar, festejar, louvar a Deus porque
a Cruz não é mais um símbolo de condenação; com Cristo a cruz virou símbolo de
amor, do Amor de Deus Sem Jesus Cristo. Bendita Cruz que trouxe a salvação para
a humanidade. A Igreja já venera a Cruz do Senhor num
outro dia, a Sexta-feira da
Paixão.
Assim como Jesus,
Quem se animaria em morrer por um justo? E por um pecador?
Talvez por um justo
alguém toparia morrer, mas por um pecador? Ah, não! E por vários pecadores?
Menos ainda, talvez seria a resposta. No entanto, Jesus Cristo morreu na cruz
por justos e injustos. Portanto a Festa da Exaltação da Santa Cruz só tem
sentido se comemorada para exaltar o Amor de Deus. A cruz não é mais desgraça,
é bênção, é para recordar o sacrifício, o amor extremo de Deus pela humanidade,
por toda a criação.
A Cruz de Cristo
não é apenas um símbolo, trata-se de uma história, de uma vida, de um longo
percurso feito por Jesus e pelos santos.
Quantas obras
caritativas, quanta gente que encontrou sentido na vida por meio da fé. Quanto
avanço na ciência e na medicina que a Igreja pôde contribuir?
Enfim, a Exaltação
da Santa Cruz, ao recordar a história de vida do Salvador, Jesus, dos seus
seguidores, quer lembrar também de uma contribuição fundamental que gerou vida
para a humanidade, inclusive na constituição e organização de grupos,
municípios, estados e até países. A Cruz de Jesus nos lembra o Amor de Deus por
todos nós. Que Ela nos inspire bons propósitos e respeito ao próximo. Que a
Cruz nos faça colocar em prática o amor!
Por:
Padre Márcio José do Prado
A impressão das Chagas
Frei Atílio Abat
Ao falar da paixão e morte do Senhor
Jesus, por nos ter dado sua própria vida, São Francisco de Assis chegava às
lágrimas. Daí sua exclamação de júbilo: “Que felicidade ter um tal irmão” (2CFi
56)!
Em 1224, no Monte Alveme, Francisco
recebe os estigmas da paixão do Senhor, provavelmente, no dia de São Miguel
Arcanjo, 29 de setembro.
A impressão das chagas, em seu corpo,
não foi senão a coroação de toda uma vida. Desde o início de sua conversão, ele
se deslumbrava ao contemplar o Cristo de São Damião, tão humano, tão despojado,
tão pobre e crucificado. Por isso, este Cristo ocupa o lugar central de toda
sua vida: “Não quero gloriar-me a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo”
(Gal 6,14).
Foi ante este Cristo, que compungido
rezou: “Iluminai as trevas de meu espírito, concedei-me uma fé íntegra, uma
esperança firme e um amor perfeito” (OrCr). E continua: “Nele está todo perdão,
toda graça e toda glória, de todos os penitentes e justos” (RegNB 30).
A cruz, fonte de
vida
Assim compreende-se porque na alma
deste servo de Deus as chagas já estavam impressas desde o início de seu
projeto de vida.
Francisco teve a sensibilidade de
descobrir a face do Cristo Sofredor nos conflitos sociais, nos leprosos e nos
marginalizados. Vê no Cristo Crucificado o servo perfeito, que aceita viver,
sofrer e morrer para nos salvar.
Francisco passou por momentos de crise, mas não perdeu a chama da esperança e da confiança. Apesar das provações, sentiu-se cativado pelo Cristo. Ele sabia que o caminho para a glória passa pelo sofrimento. Sua opção de vida foi pelo caminho da renúncia, da doação e da cruz. Todavia, assumiu sua missão até as últimas conseqüências, porque o caminho da cruz é fonte de vida.
Francisco passou por momentos de crise, mas não perdeu a chama da esperança e da confiança. Apesar das provações, sentiu-se cativado pelo Cristo. Ele sabia que o caminho para a glória passa pelo sofrimento. Sua opção de vida foi pelo caminho da renúncia, da doação e da cruz. Todavia, assumiu sua missão até as últimas conseqüências, porque o caminho da cruz é fonte de vida.
Francisco captou o profundo sentido
da cruz e, por isso, sentiu-se envolvido pelo amor do Mestre que salva, que
liberta e que impulsiona para a Ressurreição.
Francisco e o Cristo
Francisco vivia fascinado pelo
Cristo, que veio para realizar a vontade do Pai e se fez obediente até morte, e
morte de cruz. Aqui está a explicação por que Francisco usava o Tau. Este lhe
lembrava a cruz, sinal de salvação, símbolo da vitória sobre o mal. Mais, a
cruz torna-se símbolo e sinal da bondade e da misericórdia divinas.
Francisco ora ao Pai, pedindo provar
no seu corpo as dores do Senhor Jesus e sentir tão grande amor pelo Crucificado
como Ele sentiu por nós. As chagas em seu corpo não são senão a aprovação
divina e a resposta ao seu ardente desejo de sentir em sua carne os sofrimentos
do Crucificado. E de fato aconteceu. Francisco, assim, é açoitado cruelmente
pelo sofrimento.
A recompensa do Pai
No Cristo crucificado,
Francisco encontra toda vitalidade que lhe abrasava o
coração, a ponto de transformar- se no Cristo estigmatizado. O Cristo pobre e
sofredor, estava em seu projeto de vida. Seria Ele como uma auto-estrada a
conduzi-lo, mais e mais, a uma profunda união com Deus, a ponto de,
exteriormente, pelas cinco chagas, gravadas em seu corpo, assemelhar-se ao
Cristo crucificado.
Sabemos, outrossim, que na alma deste
santo, as chagas do Senhor já estavam impressas. E como Cristo foi recompensado
pelo Pai, ressuscitando-o e vencendo a morte, Francisco, no Monte Alverne,
também recompensado por Deus, em seu corpo, pela impressão dos estigmas de seu
Filho Jesus Cristo. Isto é fruto de sua vida de fidelidade e de seguimento
irrestrito ao Senhor.
Esta transformação interior e
exterior, identlficando-se ao Cristo, fazia-o exclamar: “Pois para mim, o viver
é Cristo e o morrer é lucro” (Fil 1,21).
Fazer a vontade de Pai
Em todas as situações, consoladoras
ou dolorosas, Francisco procurava fazer a vontade do Pai: “Concede-nos que
façamos aquilo que sabemos ser de tua vontade e queiramos aquilo que te agrada.
E assim purificados e, interiormente abrasados pelo fogo do Espírito Santo,
sermos capazes de seguir os passos de teu Filho Jesus Cristo e chegar a ti, ó
Altíssimo” (COrd 50-52).
Gostaríamos de lembrar que, desde a
Porciúncula, igrejinha de Nossa Senhora dos Anjos, berço da Ordem Franciscana,
local de início de sua conversão concluída no Monte Alverne, Francisco fez uma
caminhada lenta e progressiva, até sua total configuração com o Crucificado.
Para reflexão
01. Como justificar os estigmas de
Francisco?
02. Os sofrimentos ligam-nos aos sofrimentos, à Cruz do Cristo. Como então aceitar a nossa cruz e os nossos sofrimentos?
03. Diante do Cristo crucificado, Francisco chegava às lágrimas. Que mensagem o Cristo da Cruz lhe deLva?
02. Os sofrimentos ligam-nos aos sofrimentos, à Cruz do Cristo. Como então aceitar a nossa cruz e os nossos sofrimentos?
03. Diante do Cristo crucificado, Francisco chegava às lágrimas. Que mensagem o Cristo da Cruz lhe deLva?
Texto para meditação (CFI5)
“E agora, anuncio-vos uma grande
alegria e um milagre extraordinário. Não se ouviu no mundo falar de tal
portento, exceto quanto ao Filho de Deus, que é o Cristo Senhor. Algum tempo
antes de sua morte, nosso irmão e pai apareceu crucificado, trazendo gravadas
em seu corpo as cinco chagas, que são verdadeiramente os estigmas de Cristo.
Suas mãos e seus pés estavam traspassados, apresentando uma ferida como de
prego, em ambos os lados, e havia cicatrizes da cor escura dos pregos. O seu
lado parecia traspassado por uma lança e muitas vezes saíam gotas de sangue”.
Do livro,
“Francisco, um Encanto de Vida”,
de Frei Atílio
Abati, ofm, editora Vozes, 2002.
Não adianta falar de paz
se o coração está em guerra
Cidade
do Vaticano (RV) - Pedir a Deus a “sabedoria” para promover a paz nas coisas
quotidianas porque é a partir dos pequenos gestos que nasce a possibilidade
da paz em escala global.
Com
este pensamento, o Papa retomou as homilias na Casa Santa Marta nesta quinta-feira
(08/09), após a pausa de verão.
A paz
não se constrói por meio de grandes consensos internacionais. A paz é um dom de
Deus que nasce em lugares pequenos. Em um coração, por exemplo.
Ou em
um sonho, como acontece a José, quando um anjo lhe diz que não deve ter medo de
se casar com Maria, porque ela doará ao mundo o Emanuel, o “Deus conosco”. E o
Deus conosco, diz o Papa, “é a paz”.
Trabalho
contínuo
Deste
ponto parte a reflexão, de uma liturgia que pronuncia a palavra “paz” desde a
primeira oração.
O que
atrai a atenção de Francisco em particular é o verbo que se ressalta na oração
da coleta, “que todos nós possamos crescer na unidade e na paz”.
“Crescer”
porque, destaca, a paz é um dom “que tem seu caminho de vida” e, portanto, cada
um deve “trabalhar” para que este se desenvolva:
“E esta
estrada de santos e pecadores nos diz que também nós devemos pegar este dom da
paz e abrir-lhe caminho em nossa vida, fazê-lo entrar em nós, fazê-lo entrar no
mundo. A paz não se constrói da noite para o dia; a paz é um dom, mas um dom
que deve ser tomado e trabalhado todos os dias. Para isto, podemos dizer que a
paz é um dom artesanal nas mãos dos homens. Somos nós, homens, todos os dias,
que devemos dar um passo para a paz: é o nosso trabalho. É o nosso trabalho com
o dom recebido: promover a paz”.
Guerra
nos corações, guerra no mundo
Mas como é possível atingir
esta meta, se questiona o Papa. Na liturgia do dia, explica,
há uma outra palavra que fala de “pequenez”.
Aquela
da Virgem, da qual se festeja a Natividade, e também aquela de Belém, tão
“pequena que tampouco consta nos mapas”, ressalta Francisco:
“A paz
é um dom, é um dom artesanal que devemos trabalhar, todos os dias, mas
trabalhá-lo nas pequenas coisas: nas pequenezes cotidianas. Não são suficientes
os grandes manifestos pela paz, os grandes encontros internacionais se depois
não se realiza esta paz no pequeno. Aliás, tu podes falar da paz com palavras
esplendidas, fazer uma grande conferência... Mas se no teu pequeno, no teu
coração não há paz, na tua família não há paz, no teu bairro não há paz, no teu
trabalho não há paz, não haverá tampouco no mundo”.
Questionar-se
É
preciso pedir a Deus, sugere o Papa, a graça da “sabedoria de promover a paz
nas pequenas coisas quotidianas todavia mirando ao horizonte de toda a
humanidade”.
Justamente
hoje – repete Francisco – quando “vivemos uma guerra e todos pedem a paz”. No
entanto, conclui o Pontífice, será bom questionar-se:
“Como
está teu coração hoje? Está em paz? Se não está em paz, antes de falar de paz,
coloca teu coração em paz. Como está a tua família hoje? Está em paz? Se não és
capaz de levar adiante a tua família, o teu presbitério, a tua congregação,
levá-la adiante em paz, não bastam palavras de paz para o mundo... Esta é a
pergunta que hoje gostaria de fazer: como está o coração de cada um de nós?
Está em paz? Como está a família de cada um de nós? Está em paz? É assim, não?
Para chegar a um mundo em paz”.
P – Nº. 0553/16
Mensagem à
Igreja Católica no Brasil
ANO NACIONAL
MARIANO
Na imagem de Nossa
Senhora Aparecida “há algo de perene para se
aprender”.
“Deus ofereceu ao Brasil a sua própria Mãe”
(Papa Francisco)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, em
comemoração aos 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora da Conceição
Aparecida, nas águas do rio Paraíba do Sul, instituiu o Ano Nacional Mariano, a
iniciar-se aos 12 de outubro de 2016, concluindo-se aos 11 de outubro de 2017,
para celebrar, fazer memória e agradecer.
Como no episódio da pesca milagrosa narrada pelos Evangelhos,
também os nossos pescadores passaram pela experiência do insucesso. Mas, também
eles, perseverando em seu trabalho, receberam um dom muito maior do que
poderiam esperar: “Deus ofereceu ao Brasil a sua própria Mãe”. Tendo acolhido o sinal que Deus lhes tinha dado,
os pescadores tornam-se missionários, partilhando com os vizinhos a graça
recebida. Trata-se de uma lição sobre a missão da Igreja no mundo: “O resultado do trabalho pastoral não se assenta na riqueza
dos recursos, mas na criatividade do amor” (Papa Francisco).
A celebração dos 300 anos é uma grande ação de graças.
Todas as dioceses do Brasil, desde 2014, se preparam, recebendo a visita da
imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, que percorre cidades e periferias,
lembrando aos pobres e abandonados que eles são os prediletos do coração
misericordioso de Deus.
O Ano Mariano vai, certamente,
fazer crescer ainda mais o fervor desta devoção e da alegria em fazer tudo o que Ele disser (cf. Jo
2,5).
Todas as famílias e comunidades
são convidadas a participar intensamente desse Ano Mariano.
A companhia e a proteção maternal de Nossa
Senhora Aparecida nos ajude a progredir como discípulas e discípulos,
missionárias e missionários de Cristo!
Brasília-DF, 1º
de agosto de 2016
Dom Sergio da Rocha Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de Brasília-DF Arcebispo de S. Salvador da Bahia-BA
Presidente da CNBB Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário-Geral da CNBB