quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

FOLDER DISTRIBUÍDO NA MISSA DAS 16:15 HORAS DO DIA 07 DE FEVEREIRO DE 2015 NA IGREJA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


FRATERNIDADE FRANCISCANA SECULAR DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS DE PETRÓPOLIS


RUA FREI LUIZ,26
CEP 25685-020 PETRÓPOLIS – RJ
Blog: ofssagradopetropolis.blogspot.com
E-MAIL: ofspetro@ig.com.br
TEL: (24) 2242-7984

Reunião mensal: 3° domingo às 14:00 horas – com a Missa aberta a todos às 16:00 horas
Expediente da Secretaria: 3ª e 5ª feiras das       14:00 às 17:00 horas.
Missa no 1° sábado de cada mês às 16:15 horas na Igreja do Sagrado Coração de Jesus

INFORMATIVO
Ano VI  FEVEREIRO DE 2015 -  Nº  09

ESPIRITUALIDADE  FRANCISCANA

SANTA ROSA DE VITERBO

Padroeira da Juventude Franciscana – JUFRA

CAPÍTULO   VIII

O   RAIAR   DA   VITÓRIA

                                          "Deus nos outorgou grandes dons; dons maiores, porém, nos estão prometidos,                                            se formos fiéis às promessas que lhe fizemos e confiarmos nas que ele nos fez"                                              (Fioretti, XVIII).

   Corre o mês de Agosto de 1243. A guerra sacode as muralhas de Viterbo, dentro das quais o Bispo Cappoci lançara o grito dos guelfos:
            — Viva a Igreja!
            Ninguém melhor do que Rosa percebe o fragor da batalha, pois a revolta desencadeou-se contra o seu famoso vizinho da praça forte, o conde Simão. O Pa­pa envia socorro aos habitantes de Viterbo. Os dois velhos amigos são agora dois inimigos, nesta luta em que Viterbo desempenha tão relevante papel. Re­chaçados com bravura, aos 12 de Outubro, os ale­mães preparam nova investida. Conforme decidira o Imperador, seria a 10 de Novembro, pois, assim, coin­cidiria com uma surtida da guarnição assediada.
   A defesa foi otimamente organizada. Todos toma­ram parte nela: jovens e velhos, mulheres de todas as condições e mesmo crianças, como no caso daque­la misteriosa menina, que teve o braço atravessado por uma seta. Alguns biógrafos de Rosa suspeitam tratar-se dela. A idade e o caráter da Santa permi­tem afirmar que tal hipótese não é de todo inverossímil, uma vez que as crianças se juntaram aos pais na ba­talha deste memorável dia. 
Em todo caso, Rosa participou, de algum modo, da vitória que se revestiu de um caráter milagroso. Tan­to fora como dentro das muralhas, os soldados do Imperador estavam na possibilidade de romper a re­sistência desta gente, arregimentada às pressas.
            César Pinzi fala de um vento norte, que recon­duzia aos assaltantes as flexas incendiárias; mas o furor e a indignação podem fazer as vezes do ven­to e, conforme Bressi, eram os viterbianos que ar­remessavam fogo contra as máquinas e engenhos de guerra do inimigo. E a vitória não lhes abrandou a cólera, pois, ainda após as negociações com Frederico, quando um troço de 300 cavaleiros saía da cidade, o povo lhe caiu em cima, espoliando-os e ameaçando-os de morte. Durante toda a noite, o fogo devorou ca­sas de gibelinos.
   Finalmente a paz descobriu o semblante pensati­vo e preocupado. Por três anos Viterbo viveu sob a bandeira pontifícia. Deste modo, os soldados podiam cultivar seus jardins, as mulheres podiam trabalhar na roça e o Clero organizar procissões e peregrinações. Os que haviam formulado a promessa de fazer algu­ma obra ou realizar alguma viagem, caso o fim da guerra os encontrasse com vida, esforçavam-se por ser fiéis.
O sonho ardente de Rosa era no ermo, onde o mundo não a viesse perturbar. Ergueu um pequeno al­tar e transportou sua enxêrga para um canto da pobre habitação.Pequeno quarto, que media aproxima­damente 4 metros de largo, por 2 de comprimento, iluminado por uma pequena janela. Pelo quarteirão, correu a notícia de que a extraordinária menina ti­nha propósitos de encerrar-se na clausura. Por isso o povo acorria a ela com mais frequência do que até então. A todo instante vinham-lhe pedir conselhos. Porventura podia o povo plantar ou semear sem co­nhecer os perigos do dia de amanhã?
            Rosa tinha o dom de perscrutar as belezas e as misérias das almas. A seus olhos, o pecado apa-recia não apenas em sua malícia ou na ridícula concepção da mentalidade terrena, mas surgia como uma doença terrível de consequências eternas.
   Não apenas os vizinhos vivos lhe faziam visitas, mas também as almas dos mortos lhe comunicavam suas alegrias e penas. Revelavam-lhe o nome, condi­ção e pátria, ainda que muitas tivessem deixado o mundo antes que Rosa nele entrasse.
Todas tinham algo a ensinar-lhe sobre as magnificências do céu o sobre a desolação do reino das trevas.

CAPÍTULO   IX

FLOCOS   DE   NEVE

                                    "Ai dos que morrem em pecado mortal; felizes os que realizaram a tua santa                                                   vontade, por­que a  morte segunda mal lhes não fará" (Cântico do Sol).
           
   Uma cintilação cruzou o céu, rápida e silenciosa, despertando a ideia de abundância e de fartura que nem mesmo a chuva torrencial consegue trazer. Tem-se a impressão de que este turbilhão que cobrirá ár­vores e telhados, planícies e montanhas, não terá fim. Os flocos se parecem com minúsculas aves legendá­rias, incontáveis como as almas que, diariamente, par­tem deste mundo. Os santos e santas, que por um mi­lagre, presenciaram a queda das almas no inferno, fazem uso desta abundância, desta multidão, desta imensidade, como termo comparativo.
            "Como a neve compacta", dizia Ana Maria Taigi.
            Outros místicos empregam o mesmo termo que a pequena Rosa.
            Mas somente um poeta da envergadura de Dante teria a ousadia de mergulhar num lago de sangue borbulhante, nas profundezas do inferno, um monstro qual Ezelino. Porque a nenhum cristão cabe o direito de sentenciar o destino de um criminoso.  A miseri­córdia divina  sobrepuja a  todas  as inteligências; o representante de Cristo sobre a terra esforça-se por imitá-la.
   Em 1244, o Papa concedia publicamente completo perdão ao mais velhaco dos pecadores.
   Em presença de Balduíno, imperador de Constan­tinopla, dos senadores romanos e do povo reunido na praça de São João de Latrão, os pleni-potenciá­rios de Frederico II assinavam e pronunciavam o ju­ramento. Era o dia 31 de março, Quinta-feira Santa.
   Inocêncio IV manifestou diante da multidão o seu júbilo pelo reencontro de um filho devotado, de um príncipe católico (devotum filium et catholicum principem). E as cláusulas do tratado foram sanciona­das pelo clamor da multidão delirante.
            Os ecos desta alegria chegaram até Viterbo e pe­netraram a cela da pequena santa.
            E não lhe foi preciso conhecer a arte de ler para compreender que os artigos do tratado de paz en­cerravam em si, como casca da árvore outonal, os ger­mes da guerra. Bastava-lhe fechar os olhos e orar. Assim, sua mãe Catarina podia penetrar certa manhã na cela da filha com a notícia:
— Sabes da última? O Imperador já violou o tra­tado.

Continua no informativo – Ano VI -            MARÇO DE 2015  -  Nº  10

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SANTOS FRANCISCANOS

MES DE FEVEREIRO

1 — B. André dei  Conti,  1ª Ordem.
2 — B. Verdiana de Castelfiorentino,  3ª Ordem
3 — S. Joana de Valois, 3ª Ordem Regular, 
        Fundadora das Irmãs da SS. Anunciada.
4 — S. José de Leonessa, 1ª Ordem.
5 — S. Tomás de Ize, 3ª Ordem, mártir do Japão
6 — S. Pedro Baptista Blasquez, 1ª Ordem, mártir do Japão.
7 — S. Coleta de Corbia, 2ª Ordem.
8 — B. João de Triora, 1ª Ordem,  mártir.
9 — B. Antônio de Stroncone, 1ª Ordem.
10 —B. Egídio Maria de S. José, 1ª Ordem.
11— B. Clara de Rimini,  2ª Ordem.
12 —B. Rizzerio   de   Muccia,  1ª Ordem.
13 — S.Francisco de Meaco, 3ª Ordem, mártir do Japão.
14 — S.Tomás de Nagasaki, 3ª Ordem, mártir do Japão.
15 — Trasladação do Corpo de S.Antônio de Lisboa
16 — B. Filipa Mareri, 2ª Ordem.
17 — B. Lucas Belludi,  1ª Ordem.
18 — S. Joaquim Sakakibara, 3ª Ordem, mártir do Japão.
19 — S. Conrado de Placenza, 3ª Ordem.
20 — B. Pedro de Treia,  1ª Ordem.
21 — S. Leão   Karasuma, 3ª Ordem, mártir do Japão.
22 — S. Boaventura de Meaco, 3ª Ordem, mártir do Japão.
23 — B. Isabel de França, 2ª Ordem.
24 — S. Matias de Meaco, 3ª Ordem, mártir do Japão.
25 — B. Sebastião de Aparício, 1ª Ordem.
26 — S. Antônio de Nagasaki, 3ª Ordem, mártir do Japão.
27 — S. Paulo Suzuki, 3ª Ordem, mártir do Japão
28 — B. Antonia de Florença, 2ª Ordem.


ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE JANEIRO DE 2015

“Nome santíssimo, tão desejado pelos antigos patriarcas, esperado com tamanha ansiedade, repetidas vezes protelado, concebido com misericórdia no tempo da graça. Omita-se qualquer denominação de poder, não se fale de reivindicação, retenha-se o nome de justiça. Dá-se o nome de misericórdia, soe o nome de Jesus aos meus ouvidos, e então, sim, tua voz será suave, belo o teu rosto.
O nome de Jesus, sólida base da fé, suscita filhos de Deus. A fé da religião católica consiste no conhecimento e fulgor de Jesus Cristo, luz da alma, porta da vida, fundamento da salvação eterna. Quem não tiver tal fé ou abandona-la, caminha às escuras nas trevas da noite, precipita-se de olhos fechados no meio dos perigos, e por mais que brilhe a grandeza de seu entendimento, acompanha um guia cego porque segue o próprio intelecto, à busca de compreender os segredos celestes. Ou tenta construir casas sem alicerce, ou ainda deixa a porta  e quer entrar pelo teto. A base, pois, é Jesus, luz e porta, o qual, a fim de mostrar o caminho  aos errantes, manifestou a todos a luz da fé, que torna possível procurar o Deus desconhecido, crer que no que foi procurado, encontrar aquele em quem se acreditou. Este fundamento sustenta a Igreja, edificada sobre o nome de Jesus. O nome de Jesus é esplendor dos pecadores, visto que por luminoso  fulgor anuncia e faz com que seja ouvida a sua palavra. De onde vem a todo mundo a luz da fé, tão grande, súbita e ardente, senão do anúncio de Jesus? Acaso Deus não chamou à sua luz admirável por intermédio da claridade e do sabor deste nome? Assim iluminados, e vendo nesta luz a luz, diga com razão o apóstolo: Outrora éreis trevas, mas agora sois luz do mundo; comportai-vos como verdadeiras luzes  (Ef 5,8).
Ó nome glorioso, nome grato, nome amante e virtuoso! Por ti perdoam-se os crimes, por ti são superados os adversários, por ti os enfermos são curados, por  ti os que sofrem adversidades se fortificam e se alegram! Honra dos fiéis, doutor do pregadores, robusteces os que trabalham, sustentas os que fraquejam.  Em teu ígneo fervor e em teu calor inflamam-se os desejos, impetram-se sufrágios pedidos, inebriam-se as almas que contemplam e glorificam-se todos os que triunfam na celeste glória. Por este santíssimo nome, dulcíssimo Jesus, faze-nos  reinar em  tua companhia”.  
  
                                                                                                               São Bernardino de Sena
(Próprio da Família  Franciscana, p. 33-34)

Direito e Dignidade humana

“Considerar como uma graça tudo quanto dificultar o teu amor a Deus, Nosso Senhor, bem como as pessoas que te causam aborrecimentos, sejam irmãos ou gente de fora, mesmo que cheguem a te fazer violência. Amar aos que assim contra ti procedem, não exigindo deles outra coisa senão o que o Senhor te der. E justamente nisso deves amá-los, nem mesmo desejando que eles se tornem cristãos melhores. E nisso reconhecerei que amas realmente o Senhor e a mim, servo dele e teu, se fizeres o seguinte: não haja irmão no mundo, mesmo que tenha pecado a não poder mais, que, após ver os teus olhos, se sinta talvez obrigado a sair de tua presença sem obter a misericórdia se misericórdia buscou. E se não buscar misericórdia, pergunta-lhe se não quer recebê-la. E se depois disso ele se apresentar ainda mil vezes diante de teus olhos, ama-o mais do que a mim, procurando conquistá-lo para o Senhor”. (Raices de America)
Dignidade Humana é o direito de ser gente, de ser tratado, respeitado e acolhido como gente. Não há homem ou mulher no mundo que possa dar ou tirar essa dignidade. As pessoas só podem cultivar a dignidade com seus dons, ou estragar com suas maldades.

Dignidade Humana é o jeito que Deus encontrou de morar no mundo e na

gente. É aquele que Deus pôs no homem e na mulher quando os criou parecidos com Ele (Gn 1, 26-28).
Não é o cargo, o título, o curso que você faz que o torna mais gente, mas a PESSOA DIGNA que você é que faz o cargo, o título e a profissão que você sonha ou exerce!
O cargo de Presidente da República é Nº 6 menos importante que uma criança nascida agora, numa favela de qualquer cidade. Pensar deste jeito é respeitar a dignidade humana. É ser cristão, é ser profundamente humano, irmão, irmã, como Francisco queria..
A Declaração Universal dos Direitos Humanos adotada a partir de 10 de dezembro de 1948 na Assembléia-Geral da ONU diz:
• Seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos;
• toda pessoa tem todos os direitos e liberdades sem distinção de cor, sexo, idioma, religião, opinião política e posição econômica;
• todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade, à segurança;
• todos são iguais perante a lei e têm direito de igual proteção da lei;
• todos têm direito à liberdade de pensamento, de consciência e religião;
• todos têm direito à liberdade de opinião e expressão;
• todos têm direito ao trabalho, à livre escolha de seu trabalho, a condições EQUITATIVAS e satisfatórias no trabalho e proteção contra o desemprego;
• todos têm direito a um nível de vida adequado, saúde, bem-estar, alimentação, vestuário, habitação, assistência médica e serviços necessários;
• toda pessoa tem direito à educação e de participar livremente da vida cultural da comunidade, do FLUIR das artes e de participar do progresso científico e dos benefícios que dele advenham.

Ilumine-se com Francisco
“Ó glorioso Deus Altíssimo, iluminai as trevas do meu coração, concedei-me uma fé verdadeira, uma esperança firme e um amor perfeito. Dá-me, Senhor, o reto sentir e conhecer, a fim de que possa cumprir o sagrado encargo que na verdade acabais de dar-me. Amém!”
(São Francisco, “Oração diante do Crucifixo”)

Ilumine-se com a Palavra de Deus
“Vejam! Eu vou criar um novo céu e uma nova terra. As coisas antigas nunca mais serão lembradas, nunca mais voltarão ao pensamento. Por isso fiquem para sempre alegres e contentes, por causa do que vou criar.
Farei de Jerusalém uma alegria, e de seu povo um regozijo. Exultarei com Jerusalém e me alegrarei com o meu povo. E nela nunca mais se ouvirá choro ou clamor. Aí não haverá mais crianças que vivam alguns dias apenas, nem velhos que não cheguem a completar seis dias, pois será ainda jovem quem morrer com cem anos, e quem não chegar aos cem anos será tido por amaldiçoado.
Construirão casas e nelas habitarão, plantarão vinhas e comerão seus frutos. Ninguém construirá para outro morar, ninguém plantará para outro comer, porque a vida do meu povo será longa como a das árvores, meus escolhidos poderão gastar o que suas mãos fabricarem. Ninguém trabalhará inutilmente, ninguém gerará filhos para morrerem antes do tempo, porque todos serão a descendência dos abençoados de Javé, juntamente com seus filhos. Antes que me invoquem eu responderei; quando começarem a falar, eu já estarei atendendo. O lobo e o cordeiro pastarão juntos, o leão comerá capim junto com o boi, mas o alimento da cobra é o pó da terra. Em todo o meu monte santo ninguém causará danos ou estragos, diz Javé.”
Isaías, 65, 17-25

Reflita

Que futuro tem um país que não respeita crianças, jovens e velhos?

Quando você anda pela cidade encontra meninos (as) nos semáforos vendendo de tudo, lavando pára-brisas, esmolando… Qual a distância entre você e esses seres da rua?


Você é um PACATO CIDADÃO… Sabia que a CIDADANIA é o direito de viver decentemente? Se existe cidadania, por que a sociedade gera os sofredores de rua? Isso não revela uma sociedade que fecha oportunidades para todos. Inclusive para você…

Justiça é a concretização da atitude marcada pelo amor. Amar não é dominar, mas respeitar a liberdade, a emancipação e a dignidade humana plena.
“Estejam presentes pelo testemunho da própria vida humana, bem como por iniciativas corajosas, quer individuais quer comunitárias, na promoção da justiça, particularmente no âmbito da vida pública, comprometendo-se com opções concretas e coerentes com sua fé.”(Regra e Vida dos Franciscanos Seculares, 13 e 15)


Como alguém que participa da Universidade São Francisco…

Como ser sinal de justiça e paz na sociedade?
               
                                                                                               Criação: Frei Vitório Mazzuco 

Habitar o coração

O louvor de Deus que leva ao amor é filho do silêncio e da solidão.
O deserto silencioso foi para mim fonte de progresso em minha vida, quer dizer da vida divina em mim  (Gregório de Nazianzo)
A) “O caminho da interioridade…
…. Hoje se  dá num tempo de mudanças, tempo rico de muitos sinais de redescoberta da interioridade e do silêncio. A sociedade secularizada vem focada sobre o indivíduo fragmentado, com uma identidade fluida. Temos diante de nós uma mudança radical da visão do homem, determinada sobretudo pela tecnologia. São imensos os recursos da  inteligência humana, descobertos hoje que podem ajudar o homem a criar um mundo melhor. É importante que o homem permaneça sujeito desse desenvolvimento, sobretudo a partir da verdade profunda de si mesmo. Confrontamo-nos também com o medo de entrar em nós mesmos,  com a pobreza de sentimentos, de afetos, de capacidade de amar e deixar-se amar. No espaço da interioridade, o silêncio pede a escuta de nós mesmos, dos outros e da realidade.  Os meios de informação podem iludir-nos, ao dar-nos a sensação de evitarmos esse trabalho. Na verdade tornamo-nos estranhos a nós mesmos. O percurso para dentro de nós mesmos  não é só terapêutico para nossa cultura de barulho, mas também vem a ser um caminho voltado para o acolhimento,  para uma nova civilização do amor. O caminho para dentro de nossa interioridade e para o silêncio torna-se, então, testemunho de uma opção de vida alternativa” ( O caminho que leva ao lugar do coração,  Cúria Geral OFM, Roma 2003).
B) “Várias intervenções dos Padres sinodais…
…Insistiram sobre o valor do silêncio  para a recepção da Palavra de Deus na vida dos fiéis. De fato a palavra pode ser pronunciada e ouvida apenas no silêncio exterior e interior.  O nosso tempo não favorece o recolhimento e, às vezes, fica-se com a impressão de ter medo de se separar, por um só momento,  dos  instrumentos de comunicação de massa.. Por isso, hoje é necessário educar o  Povo de Deus para o valor do silêncio. Redescobrir a centralização da Palavra de Deus na vida da Igreja significa também  redescobrir o sentido do recolhimento e da tranquilidade interior. A grande tradição patrística ensina-nos  que os mistérios de Cristo estão ligados ao silêncio e é só nele que a Palavra pode encontrar morada em nós, como aconteceu com Maria, mulher indivisivelmente da Palavra e do silêncio.  As nossas liturgias devem facilitar esta escuta autêntica conforme Agostinho:  Verbo crescente, verba deficiunt  ( Exortação apostólica pós-sinodal  Verbum Domini, de Bento XVI, n. 66).
C) J, Martin Velasco descreveu…
… Bem  a situação espiritual das sociedades impregnadas pela cultura dita pós-moderna.  Uma cultura da intranscendência  que prende as pessoas no aqui e agora  fazendo com que vivam apenas do imediato, sem necessidade de abrir-se à Transcendência.  Uma cultura da  “distração” (em castelhano divertimento)  que arranca os indivíduos de seu interior  fazendo  com que esqueçam as grandes questões que o ser humano tem no coração.  Uma cultura do “ter”  que exercita  o  espírito de posse, incapacitando as pessoas para tudo aquilo de não seja um desfrutar imediato que facilmente desliza do pluralismo ao relativismo e à indiferença” (José A. Pagola, Testigos del misterio en la noche,  Sal Terrae, enero 2000, p. 29).


● Os textos lidos nos levam a querer buscar o caminho que nos leva ao fundo do coração, mais exatamente ao lugar do coração.  “Tomando contato com as raízes de nossa vida e de nossa fé. Nesse ponto é possível aprofundar o dinamismo que existe entre  interioridade-silêncio e missão evange-lizadora, como parte essencial do carisma (franciscano).  A interioridade, finalmente espaço habitado, é o clima, o ambiente, o húmus do encontro de Deus com as criaturas humanas.  A  oração litúrgica e pessoal cresce, quando brota do “lugar do coração” e vem protegida pelo silêncio. Descobrimo-la  como uma realidade viva para escutar e acolher a Palavra de Deus. O silêncio deixa de ser apenas uma regra a ser observada.  Santa Clara, com a metáfora do espelho, mostra-nos o âmago desse caminho: “Olha dentro desse espelho todos os dias… espelha nele constantemente o teu rosto” (4CtIn 15) (O caminho que leva…, op.cit., p. 14-15).
● Desnecessário dizer que os espaços de silêncio se fazem cada vez mais raros em nossos tempos.  Desde que acordamos chega uma  enxurrada  de informações.  Os torpedos e as imagens chegam no celular e iluminam o quarto.  Durante um concerto há pessoas que ousam atender,  discreta ou indiscretamente,  o celular para tomarem conhecimento das últimas  informações que provavelmente  têm pouca importância diante do  fascínio de uma sonata de Beethoven. As pessoas se levantam de manhã, correm, se apressam.  Há o  barulho das máquinas, o doce estalar dos no-brakes. Saímos de casa:  transportes coletivos cheios, ônibus incendiados, apitos das sirenes dos  bombeiros, pessoas empurrando pessoas, os celulares e as pessoas falando. Somos como que mergulhados no seio do caos.  Um mundo caótico.

                                                                                 Frei Almir Ribeiro Guimarães