quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE SETEMBRO DE 2013

Setembro Mês da Bíblia


Discípulos missionários a partir do Evangelho de Lucas

"Alegra-vos comigo encontrei o que havia perdido"


O tema proposto para o mês da Bíblia em 2013 em que privilegia o evangelho de Lucas, releva os cinco aspectos fundamentais do processo do discipulado:  O encontro com Jesus Cristo;  a conversão;  o seguimento;  a comunhão fraterna;  e a missão propriamente dita.
O lema para este mês Bíblico que foi indicado pela Comissão Bíblico-Catequética da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) é: "Alegrai-vos comigo, encontrei o que estava perdido" (Lc 15).
Desde os primeiros séculos os autores consideram que o evangelho seja de Lucas. Muitos comentaristas atribuem ao evangelista Lucas à profissão de médico (cf. Cl 4,14) e o identificam com o discípulo e colaborador e secretário de Paulo (cf. Fm 23ss, 2Tm 4,11). Possivelmente tratou Paulo em suas enfermidades.
As narrativas que encontramos no evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos indicam que Lucas possui vasto conhecimento da língua e cultura grega sendo influenciado pelo estilo dos historiadores de sua época (Lc 2,1-2) dos poetas gregos; utilizando a tradução grega da Bíblia e conhecendo bem o Império Romano, mas quase nada da Palestina. No seu Evangelho muitas vezes as informações sobre a Palestina carecem de um conhecimento mais profundo, fato este comprovado no decorrer da narrativa.
O Evangelho de Lucas deve ter sido escrito entre os anos 80 a 90 e não há uma precisão exata sobre o lugar onde foi escrito. Se admite que estaria entre a Grécia ou Ásia, ou mesmo a Antioquia da Síria.
Fato notório nos escritos de Lucas é a prioridade dada aos cristãos provenientes do paganismo de cultura grega e aos judeus que moravam fora da Palestina (na diáspora). Eram comunidades de origem Paulinas, com imensas dificuldades de adaptação. Os escritos de Paulo confirmam este aspecto.
Diante da catástrofe que foi a guerra judaica (70 d.C.), do cerco e destruição da cidade de Jerusalém por Tito e 4 legiões romanas,da destruição e incêndio do Templo de Jerusalém, da conquista de Massada 73 d.C., dos conflitos internos e externos que transparecem no texto, o Evangelho de Lucas passou a fortalecer a fé das comunidades e reforçar o seu papel na história da salvação e assim, mantendo-as corajosamente no seguimento a Jesus Cristo.
A presença do Espírito Santo como força que acompanha, conduz e inspira a missão de Jesus e da Igreja. Ele age em Jesus, Zacarias, Isabel, João Batista, Maria, Simeão, profetisa Ana e muitas outras pessoas. 

Prof. Odalberto Domingos Casonatto

Cláudio Santos

Regional da OFS promove dia da Escuta aos Hansenianos


A Festa de São Luís Rei de França, padroeiro da Ordem Franciscana Secular, foi marcada pela demonstração de solidariedade aos hansenianos, em Itaboraí (RJ). Diversas fraternidades franciscanas seculares do Regional Sudeste II da OFS participaram do V Dia da Escuta na colônia localizada no entorno do Hospital Estadual Tavares de Macedo, cuja especialidade é o tratamento de pacientes hansenianos.
Frei Tony ressaltou a importância da atividade promovida pela OFS e que a vivência fraterna se dá com pequenos gestos de escuta, partilha e de presença solidária entre os mais pobres tão amados por Cristo e caros a Francisco e Clara de Assis.  Pediu ainda a colaboração de todos para tornar a hanseníase mais conhecida e, assim, precocemente diagnosticada e combatida. Em sua fala, frei Tony destacou o projeto ‘Franciscanos pela Eliminação da Hanseníase’, que há mais de vinte anos é realizado pela Província da Imaculada Conceição do Brasil.
Durante a manhã, os irmãos dividiram-se em grupos guiados por membros da fraternidade local para a realização das visitas às enfermarias e casas das famílias da colônia. Esse momento enriquecedor foi marcado pela escuta e também pela troca de vivências e tocou fundo na alma de cada irmão em cada gesto de acolhida e de solidariedade, que permitiram enxergar no rosto do irmão sofredor a face de Cristo, de Francisco e de Clara.
A presença solidária entre os pobres e leprosos está na essência do carisma franciscano. Francisco e Clara de Assis tinham uma predileção pelos leprosos e deles cuidava com inefável amor. O próprio Pai Seráfico superou o preconceito que tinha dos leprosos e assumiu a condição vivida por eles em sua época, sentindo o abandono, exclusão e sofrimento em que viviam e vendo no rosto daqueles enfermos e marginalizados a presença do Senhor.
O Regional Sudeste II da OFS agradece ao frei Tony e aos frades capuchinhos e conventuais, além dos seminaristas da Arquidiocese de Niterói e à comunidade local pela fraterna acolhida oferecida a todos neste dia em que o Senhor operou maravilhas!
“Foi assim que o Senhor me concedeu a mim, Frei Francisco, iniciar uma vida de penitência: como estivesse em pecado, parecia-me deveras insuportável olhar para leprosos. E o Senhor mesmo me conduziu entre eles e eu tive misericórdia com eles. E enquanto me retirava deles, justamente o que antes me parecia amargo se me converteu em doçura da alma e do corpo. E depois disto demorei só bem pouco e abandonei o mundo”.
                                                                                                                   São Francisco de Assis 


A ESPIRITUALIDADE PRESENTE NO CUIDADO DA SAÚDE


Esta reflexão só tem uma finalidade: revelar o caminho da Inteireza. Quando a pessoa  não é inteira não é feliz!
A alegoria da Carruagem de Fogo com os seus Seis Cavalos de Força é para firmar em nós, num Movimento necessário, os dons, frutos, códigos, empenhos, buscas e projetos que levamos conosco. Uma reflexão pode ser um chicote cutucando a mente, a alma, o corpo... para acordar em nós um pensamento forte com atividades fortes. É assim que conquistaremos uma saúde física, mental e espiritual.
Hoje, estas forças estão transmitindo para nós um ensinamento especial. Despertar a alma é equilibrar e controlar instinto e moral. Todas estas nossas forças lembram que temos uma Espiritualidade que nos move a fazer tudo o que temos que fazer com intuição, imaginação, raciocínio, emoção, sensação e unção.
A Carruagem de Fogo é uma oposição à Carruagem do Drácula com as suas forças do mal, porque o monstro também é forte. Usemos estas forças como uma missão no mundo.  Educar a qualidade pessoal é ética. Educar para uma transformação é ser um ser evoluído. Educar para a Espiritualidade é Força Divina!
PAZ E BEM!
                                              Frei Vitório Mazzuco OFM


O Silêncio na Espiritualidade Franciscana

‘Neste tema tão importante na espiritualidade franciscana, iremos dedicar, neste e nos próximos boletins ao pensamento de frei Urbano Plentz, ofm.
Bem oportuno darmos inicio as leituras das reflexões deste frade falecido em 2001 e que tanto se dedicou à OFS como assistente neste mês que se comemora o dia do Assistente. Assim, quem guardar os próximos boletins, terá em mãos a seqüência do tema abordado.’

A  novidade da “forma de vida” criada por Francisco está na sua “secularidade”, ou seja, na sua presença no mundo. Conscientemente recusou a forma de vida monacal-conventual.
Não querendo ser “monge”, é evidente que não impôs aos irmãos o regime de vida monacal. Este regime, entre outras características, acentuava o jejum e abstinência muito rigorosos, a clausura e o silêncio.
Francisco quis um regime de vida muito simples, espontâneo, mas cavalheiresco. Principalmente no trato mutuo entre os irmãos. Não lhes impôs o silêncio monacal, mas de outro lado, soube levá-los à descoberta de um silêncio interior profundo e bem especial. Ele não ensina apenas o silêncio negativo, de não falar. Este, no máximo, é um meio para se chegar ao verdadeiro silêncio interior.
O verdadeiro silêncio interior é “reverencial”, cortês e respeitoso. É a atitude fundamental da criatura perante o Criador. É também a atitude característica do verdadeiro “menor” perante os seus irmãos.
Vamos analisar as dimensões do silêncio que Francisco ensina.

O SILÊNCIO É GRAÇA DE DEUS.

Em certo sentido, a espiritualidade de São Francisco tem bastante semelhança com o pensamento de Santo Agostinho. Principalmente no tocante ao papel da graça. Para São Francisco a oração, o trabalho e o silêncio são frutos da graça de Deus. Vejamos um texto bem claro sobre o silêncio.
·        “E todos os irmãos se guardem de caluniar a alguém ou de ocupar-se em discussões vãs, mas antes tratem de guardar silêncio, tanto quanto lhes conceder a graça de Deus” (I Regra, 11).
Francisco insistia no valor do silêncio. Mas não no silêncio jurídico, monacal, prescrito numa regra ou texto legislativo. Ele queria o silêncio “prescrito no Evangelho”. É São Boaventura que nos conta isso em sua Legenda Maior:
“Desejava intensamente que seus religiosos guardassem o silêncio prescrito no Evangelho. Que sempre se abstivessem,  solicitamente, de toda palavra ociosa, porque se deve prestar contas sobre ela no dia do juízo. Impulsionado por este sentimento, de cada vez que encontrava algum religioso viciado pelo apetite desenfreado de falar, o repreendia com severidade; e, ao mesmo tempo, ensinava que o silêncio modesto e prudente não só contribui para conservar a pureza do coração, mas que de resto é também uma grande virtude, pois, ·        não é em vão que se diz na Escritura divina que “a vida e a morte estão em poder da língua”, não tanto por razão do gosto, quanto pela excessiva loquacidade” (L.M.6).


Os estigmas de Francisco de Assis e o segredo da suprema felicidade

Dom Laurence Freeman, OSB (*)


  Na noite de 14 de setembro, Festa da Santa Cruz, seu fiel amigo e companheiro, Frei Leão, desobedeceu às instruções de Francisco e penetrou na solidão de sua reclusão para ver como ele estava. À luz do luar, Frei Leão viu Francisco de joelhos em oração, repetindo com todo o fervor as perguntas que se encontram no centro de toda oração cristã: “Quem és tu, meu doce Deus… Quem sou eu, teu servo inútil?”“E somente estas palavras repetiu e nada mais disse” – conta-nos São Boaventura, seu biógrafo. Frei Leão viu o fogo que descia sobre a cabeça de Francisco, envolvendo-o por muito tempo.
Quando Francisco afinal o notou, Frei Leão perguntou o que significava tudo aquilo. Francisco respondeu que ele tinha recebido duas luzes para a sua alma; o conhecimento e a compreensão de si mesmo, e o conhecimento e a compreensão de Deus. Nesta oração no fogo, Deus lhe pediu três dádivas e ele buscou em sua pobreza até encontrar uma bola de ouro que ofereceu três vezes: a doação dos seus votos.
Após dizer a Frei Leão que não o espionasse mais, Francisco dirigiu-se à Bíblia para saber a que estaria sendo preparado – e em cada consulta ele foi encaminhado para a Paixão de Jesus Cristo. Retornou então à oração solitária, “tendo muita consolação na contemplação”. Sentiu-se depois impelido a pedir não somente a graça de sentir a dor de Cristo, mas também o amor que possibilitou a Cristo suportá-la por nós. Começou a contemplar a Paixão com profunda devoção até que “se transformou completamente em Jesus por meio do amor e da compaixão”.
Na manhã seguinte, ele viu um serafim aproximar-se na forma de Jesus Crucificado. Ele se sentiu repleto, simultaneamente, de medo e alegria, deslumbramento e tristeza. E foi-lhe dada a percepção de que sua transformação em Cristo não aconteceria por sofrimento físico, mas “por uma elevação da mente” – a transformação da consciência em amor. Entretanto, o sinal desta transformação seria a marca permanente das cinco chagas divinas de Cristo no corpo de Francisco. Pouco depois, Francisco deixou o Monte Alverne e retornou à cidade de Assis, para morrer “com a chama do amor divino em seu coração e as marcas da Paixão em sua carne”. Com humildade, perguntou a seus irmãos se deveria tornar pública a informação sobre seus estigmas, e convenceu-se de que deveria quando lhe disseram que a experiência deveria ter um significado não somente para ele, mas também para os outros.

MISTÉRIO E SIGNIFICADO

Não dar o tempo ou a quietude de atenção necessários, para tornar plenamente consciente o que nos acontece, é uma característica de nossa época, veloz e impaciente. Tempo e atenção são necessários se não quisermos tratar a vida superficialmente.
A superficialidade desperdiça o precioso sentido do sagrado que dá profundidade e propósito a nossos encontros com a alegria e o sofrimento intensos, freqüentemente cheios de perplexidade. Mistérios como esses são dons valiosos, realidades que exigem tempo.
Quanto à experiência de Francisco, precisávamos, em primeiro lugar, perguntar: o que significava e para quem? Para o próprio Francisco, para a Igreja, para nós, hoje? Talvez o significado para Francisco fosse de foro íntimo e inacessível, só dele mesmo – este é o significado solitário e único de toda experiência única. Podemos supor, pelo que sabemos de Francisco, que os seus estigmas simbolizam um alto grau de realização da sua união com a pessoa do Cristo Crucificado e Ressuscitado, a quem amou com tanta persistência e paixão.
O desejo que consome os místicos – e amantes – é sempre o de despojar-se de sua identidade egocêntrica e unir-se de forma permanente com o Bem- Amado, em uma maneira de ser em que o “eu” e o ‘tu”, apesar de não obliterados, deixam de ser entidades fixas. “Não sou mais eu quem vive; mas é o Cristo quem vive em mim”. O abismo da separação (das individualidades) se fecha quando transcendemos o ego. “Uma consumação a ser desejada devotamente”, mas algo que, ao mesmo tempo, causa horror ao ego e doloroso pressentimento. À diferença de Francisco, a maioria de nós recua, sistematicamente, no exato momento em que a satisfação do nosso desejo de plena união nos é oferecido.
Quando lemos que Francisco, ao deixar o Monte Alverne montado em uma mula, por causa da dor que sentia em seus ferimentos, começou – na última fase de sua vida – a curar os sofrimentos dos outros, compreendemos que nenhuma experiência identificável como tal pode ser considerada definitiva. Estamos sempre seguindo adiante. “Os anjos ficam parados – diz um ditado judeu – o Santo está sempre em movimento”. 



segunda-feira, 9 de setembro de 2013

FOLDER DISTRIBUIDO NA MISSA DAS 16:15 HORAS DO DIA 07 DE SETEMBRO DE 2013 NA IGREJA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

INFORMATIVO

Ano V  -  SETEMBRO DE 2013 -  Nº  04

ESPIRITUALIDADE  FRANCISCANA

SANTA  ISABEL  DE  HUNGRIA

Continuação

AMOR DE ALÉM-TÚMULO

A notícia da chegada dos cruzados, com os restos mortais do querido Landgrave, tinha abalado profundamente todo o país. Ricos, pobres, burgueses, aldeões, homens e mulheres, prestaram-lhe as últimas ho­menagens.
Bertoldo, testemunha ocular, diz a res­peito: "Quando os monges do mosteiro fo­ram ao encontro do cadáver, deviam en­toar cânticos, mas  em vez de cantar, choraram; perderam toda a consolação".
Luís fora um governante cheio de bon­dade  e justiça. Durante os dez anos do seu governo.  o país prosperara, os burgueses e camponeses viviam  em paz e segurança e podiam dedicar-se aos seus trabalhos, ao passo que antes e depois, foram vexados por guerras, violências e desordens.
Em vez de explorar o povo, como sucede em outros países, Luís e sua esposa Isabel, cuidavam, em época de fome, de miti­gar a miséria dos necessitados.

Estes benefícios valeram ao piedoso du­que o nome de Luís, o Pacífico, na vida. E depois da morte, Luís, o Santo, pelo qual é conhecido na história e justificado por um sem-número de curas milagrosas que se realizaram em seu tú-mulo e por sua in­tercessão. 

IMPACTO DA VERDADE

Terminada a cerimônia fúnebre e deposi­tado dignamente o corpo de Luís, tendo-se espalhado o povo, os cruzados recorda­ram-se da solene promessa que em Bamberg haviam feito ao Bispo e à duquesa Isabel.
Rodolfo de Vargilla, um dos cruzados, não teve a felicidade de contribuir para a tomada de Jerusalém; em compensação, porém, conquistou uma fortaleza bem de­fendida: a alma de um príncipe obcecado, o cunhado que desejava reconciliar-se com Isabel e a todo custo fazer-lhe justiça.
Porém, a Santa, mostrou-se tão pouco exigente, em suas pretensões! Apenas disse:
"Não quero nem seus castelos, nem suas cidades, nem suas terras, nem coisa algu­ma que me possa embaraçar ou distrair, pois estes bens mundanos podem ser uma fonte de vaidade e tornarem a alma inerte ao serviço de Deus. Mas ficarei sumamente grata ao meu cunhado, se do meu dote me der quanto me baste para sufragar, como desejo, a alma do meu amado espo­so e a minha própria".
E assim o cunhado Henrique, seu irmão e a duquesa Sofia uniram suas lágrimas às de Isabel,  e os valentes guerreiros tam­bém não puderam reter as suas, à vista desse tocante espetáculo.
O espírito bemaventurado de Luís e os Anjos dos céus, com certeza, comprazeram-se em ver essas lágrimas, como um belo arco-íris, após longa e escura tem­pestade.

RENUNCIANDO AO MUNDO

O Bispo, os cruzados e os landgraves fi­zeram um ajuste, segundo o qual Isabel e os filhos, voltariam para Wartburgo, don­de haviam sido expulsos tão indignamente.
Também os direitos dos meninos foram ressalvados, O seu primogênito, o jovem Henrique, teve resguardado o direito le­gítimo aos ducados da Thuringia e Hesse.
Mas Isabel, sentia que a vida munda­na que, por obrigação de sua condição so­cial lhe havia sido imposta, não lhe con­vinha. Custava-lhe viver no mundo.
Quem progride e cresce na vida cristã, chegará um dia, ao ponto de sentir-se impelido a mudar, também exteriormente, no modo de viver.
E Isabel não quis retirar-se do mundo pela morte, mas pela renúncia a ele e a seus prazeres.

DESCENDO, CAMINHANDO E SUBINDO

Como diretor espiritual, Isabel escolheu o homem mais rigoroso que pôde encon­trar: o mestre Conrado de Marburgo, sa­cerdote prudente e piedoso, que deu à vida de Isabel como lema de vida, a pala­vra que o Divino Mestre dirigiu aos após­tolos: "Quem vos ouve, a mim ouve" —
Assim procedeu também Isabel.
O único desejo de seu coração era tor­nar-se perfeita e santa o mais possível.
Depois de ter, maduramente, refletido sobre todos os gêneros de vida que po­diam ser do agrado de Deus, hesitava en­tre três, principalmente, que teria sido disposta a abraçar: ser religiosa franciscana, deixar tudo e fazer-se ermitôa ou afinal, ir de porta em porta, mendigar o sustento. Deu parte de sua resolução ao mestre Conrado e pediu-lhe com muita humildade, o seu consentimento.
Porém Mestre Conrado repeliu a idéia de Isabel.
Não podendo vencer a resistência do confessor, ela  recorreu  a  outros expedien­tes, a fim de satisfazer o ardor do zelo que a devorava.
Após um ano no seio da família, Isabel suplicou ao duque Henrique que lhe desse uma residência, na qual pudesse entre­gar-se de todo a Deus e fazer livremente suas obras pias e caridosas.
Foi-lhe, então, cedida a vila de Marburgo onde não encontrou casa alguma onde pudesse residir a sós com os seus.
Retirou-se, para uma pequena aldeia chamada Wehrda. E ali não achou senão uma choupana abandonada e arrumada para lhe servir de habitação. Para abri­gar-se, encolhia-se sob a escada, tapando com ramos verdes as frestas por onde pe­netrava o vento e a chuva.
Como o Salvador, por nosso amor, dei­xou a magnificiência do céu e veio residir na estrebaria de Belém, assim sua ser­va obediente e dócil quis imitá-lo, embo­ra de longe, desprezando a vida da corte e vivendo na extrema pobreza.

Continua no informativo – Ano V -            OUTUBRO DE 2013  -  Nº  05

.X.X.X.X.X.X.X. 

SANTOS FRANCISCANOS

MES DE SETEMBRO

1  — B. João Francisco Burté, 1ª Ordem, mártir
2 —  B. Severino Jorge Girault,3ª Ordem, Mártir
3 — B. Apolinário de Posat, 1ª Ordem, mártir.
4 — S. Rosa de Viterbo, 3ª Ordem.
5 — B. Gentil  de  Matelica,  1ª Ordem, mártir.
6 — B. Liberato de Loro  Piceno,  1ª Ordem.
7 — B. Peregrino de Falerone, 1ª Ordem.
8 — B. Serafina Sforza, 2ª Ordem.
9 — B. Jerônimo Torres,1ª Ordem, mártir no Japão
10 — B. Apolinário  Franco, 1ª Ordem, mártir no Japão.
11 — B. Boaventura de  Barcelona, 1ª Ordem.
12 — B. Francisco de Calderola, 1ª Ordem.
13 — B. Gabriel da Madalena, 1 ª Ordem,  mártir no Japão.
14 — B. Ludovico   Sasanda, 1ª Ordem, mártir no  Japão.
15 — B. Antonio de S. Boaventura, 1ª Ordem, mártir no Japão.
16 — B. Antonio de S.Francisco, 1ª Ordem, mártir no Japão.
17 — ESTIGMAS DE S. FRANCISCO DE ASSIS (1224)
18 — S. José de Cupertino, 1ª Ordem.
19 — B. Francisco de Santa Maria, 1ª Ordem, mártir do Japão.
20 — S. Francisco Maria de Camporosso,1ª Ordem
21 — B. Delfina  de Glandeves, 3ª Ordem.
22 — B. Inácio de Santhiá, 1ª Ordem.
23 — BB. Francisco   Hubyoe,   Caio   liyemon, Tomás linemon,  Leão   Satzuma  e  Luís
          Matzuo, 3ª Ordem, mártires no Japão.
24 — S. Pacífico de S. Severino, 1ª Ordem.
25 — B. Lúcia  de  Caltagirone,  3ª Ordem.
26 — S. Elzeário de Sabran, 3ª Ordem.
27 — B. Luís Guanela, 3ª Ordem.
28 — B. Bernardino de Feltro, 1ª Ordem.
29 — B. João Dukla, 1ª Ordem.
30 — B. Félix Meda de Milão, 2ª Ordem

ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE AGOSTO DE 2013

SANTA CLARA DE ONTEM E DE SEMPRE



                Francisco e Clara povoam nosso imaginário cristão e franciscano. Francisco é o irmão, o pai, o amigo, o apaixonado por Cristo, aquele que reescreve o Evangelho, o homem novo, o criador de um mundo reconciliado, o apaixonado pelo que é pequeno e simples, que morre cantando as glórias do senhor deitado na terra nua, nosso Francisco de ontem e de sempre. Francisco que deu nome ao Papa Bergoglio.
                Clara, a luminosa, a mulher de São Damião, a amiga incondicional de São Francisco, a plantinha do Seráfico Pai, a filha de dona Ortolana, a irmã das irmãs de São Damião. Passou ela a vida toda nos exíguos espaços daquela igrejinha,  realizando com ternura tarefas e coisas extremamente simples: acolher as irmãs, não deixar que passassem frio, dormir em austero leito, conversar com o Amado, viver  sempre com o Amado , em todos os momentos, mulher extremamente carinhosa com o Pai Francisco, sofreu e exultou quando soube que ele tinha nas mãos, nos pés e no coração as chagas do Amor que não é amado, mulher que conservou no coração as lembranças dos frades, mulher terna e mansa, mas também vigorosa e forte, quase que exigindo do Papa o privilégio da pobreza, mulher corajosa, doente anos a fio mas sempre serena e pacífica.
                Francisco e Clara não saem do nosso imaginário. Com Francisco aprendemos a gritar que o Amor precisa ser amado. Com Clara somos convidados a ter um coração iluminado e apaixonado pelo Esposo.
                Festejamos com alegria Clara. Nunca podemos separá-la do irmão Francisco.


Com carinho,
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM.



SACERDOTE QUE MOROU  NA CIDADE PODE VIRAR SANTO 

Um padre franciscano que foi ordenado sacerdote em Petrópolis pode ser declarado santo. Frei Bruno, que nasceu em 1876 na Alemanha e morreu em 1960 em Santa Catarina, teve seu nome aceito pelo Vaticano. Segundo Frei Alberto Beckhãuser, que há anos pesquisa o tema, existem inúmeros depoimentos, principalmente no sul do país, que creditam ao religioso a cura de doenças. Ele acredita que o processo de beatificação esteja concluído em aproximadamente cinco anos.
O processo de beatificação do Frei Bruno – nascido em 1876 em Dusseldorf, na Alemanha, e ordenado sacerdote em Petrópolis em 1901 – foi aceito pelo Vaticano. Simples, pobre humilde, zeloso, e caridoso são algumas das características de Frei Bruno, apontadas por quem conviveu com o religioso. Todos os anos, em Joaçaba, Santa Catarina, onde o religioso viveu seus últimos anos de vida, acontece uma procissão que pede a beatificação do Frei.
Frei Bruno faleceu no dia 25 de fevereiro de 1960 e seu enterro entrou para a história de joaçaba, já que foi o maior visto na cidade.
Frei Bruno era conhecido por não aceitar carona. Ele percorria a pé os caminhos entre uma e outra comunidade e surpreendia os fiéis que o tinham visto pelo caminho. Isso porque, ao chegar na cidade, o frei já estava lá. Frei Bruno era incansável em suas visitas as famílias, benzendo as casas.
Tribuna de Petrópolis.


Coral Canarinhos perde seu eterno regente



* 14/06/1935     + 06/08/2013 
 Com pesar, noticiamos o falecimento de Frei José Luiz Prim, nesta noite, às 20h00, no Hospital Santa Isabel, de Blumenau.
Em sua generosidade, Frei José Luiz Prim enviou à Secretaria Provincial, em abril de 2012, uma autobiografia resumida. Aliás, em sua pasta há belos textos sobre sua vocação e vida franciscana e também sobre sua experiência como educador e regente dos Canarinhos de Petrópolis. Demos, pois, mais uma vez, voz a Frei José Luiz, que descreve sua vida em 3º pessoa.
“Frei José Luiz Prim realizou seu ideal de vida como sacerdote franciscano da Ordem dos Frades Menores. Nasceu na Varginha, região interior de Santo Amaro da Imperatriz, SC, no dia 14 de junho de 1935, e foi o último dos 16 filhos de uma  família de colonos. Além de todos esses, os pais tiveram mais duas filhas adotivas. Duas de suas irmãs abraçaram a vida religiosa. Desde criança teve grande inclinação para a música. Na infância viveu um ambiente de grande religiosidade e os padres franciscanos muito frequentavam a sua casa, dado que tanto o pai quanto a mãe tinham um irmão na Ordem Franciscana. Isto fez com que sua vocação para a vida franciscana e sacerdotal despertasse já na infância, e se mantivesse acesa pela vida inteira.
“O ideal da vida religiosa e do cultivo da música conviveram por todos os anos de sua formação. Assim, durante os estudos no Seminário de Agudos, SP, formou-se no curso de Piano no Conservatório Dramático e Musical de Bauru, que mais tarde se transformou na Escola de Música Pio XII e passou  para Faculdade de Música. Quando padre jovem, foi transferido para o Seminário de Agudos, na qualidade de professor e educador. Ali formou-se na Faculdade de Música e de Letras com Inglês. Após conduzir por oito anos as atividades musicais do Seminário de Agudos, dedicou todo um ano a estudos de extensão de Música em São Paulo, preparando-se para assumir a direção do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis em 1973. Permaneceu nessa atividade por 28 anos, até o ano 2000. O Instituto mantém o famoso Coral dos Meninos Cantores de Petrópolis, conhecidos como os “Canarinhos de Petrópolis”.
“Como regente desse coral, Frei Prim realizou numerosas excursões artísticas por diversos  Estados do Brasil. Organizou e dirigiu também 6 excursões internacionais. Por 4 vezes teve o privilégio de apresentar seu coro diante do Papa. Da primeira vez, cantou integrado com o enorme coro de 12.000 vozes de Meninos e Jovens Cantores, reunidos na Basílica de São Pedro, em Roma, para o XV Congresso Internacional de Meninos Cantores. Nas outras 3 apresentações com a presença do Santo Padre, teve o privilégio de ter o coro cantando como solista em certos momentos da celebração. Frei José Luiz considera essas apresentações diante do Papa como os maiores eventos de sua vida como regente do coral.
“Após o ano de 2000, por decisão própria, resolveu renunciar aos trabalhos com o coral, para dedicar-se à evangelização nas paróquias. A partir de então trabalhou em Pato Branco, Rodeio e Ituporanga, e atualmente (2012) se encontra na Paróquia-Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Blumenau.
“Nos 28 anos em que regeu o Coral dos Canarinhos, sempre manteve o cultivo e o interesse pelo Canto Religioso Popular, muito incentivado pela Igreja após o Concílio Vaticano II. O próprio Coral, além da polifonia apresentada nas celebrações, sempre cantava esse gênero de música, para dar ao povo a possibilidade de uma participação ativa. No gênero do Canto Religioso Popular, compôs ainda no tempo de permanência com os Canarinhos a Missa em honra do Santo Frei Galvão, publicada pela Editora  Vozes. E poucos anos após, compôs as Missas do Sagrado Coração de Jesus e da  Imaculada Conceição, com letra de Frei José Moacyr Cadenassi, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Este CD foi lançado pela Paulus. A mesma editora publicou há pouco tempo um CD quase todo de sua autoria, com Letra e Música da Missa em honra de Nossa Senhora Aparecida e Partes Fixas da Missa.
Para comemorar os 800 anos de fundação da Ordem de Santa Clara (1212-2012), compôs a Missa de Santa Clara de Assis. A gravação foi realizada em estúdio de Blumenau, SC, e a fabricação do CD foi realizada na Zona Franca de Manaus”.
“Evangelizar, levando ao mundo a mensagem  do Reino, iluminada pela mística de São Francisco de Assis, este sempre foi meu ideal de vida”.
R.I.P.            
Frei Walter de Carvalho Júnior        



FRANCISCO DE ASSIS E FRANCISCO DE ROMA 

Desde que  assumiu o nome de Francisco, o bispo de Roma eleito e, por isso,  Papa, faz-se inevitável a comparação entre os dois Franciscos. Ademais, o Francisco de Roma explicitamente se  remeteu ao Francisco de Assis. Evidentemente não se trata de mimetismo, mas de constatar pontos de inspiração que nos indicarão o estilo  que o Francisco de Roma quer conferir à direção da Igreja universal.
Há um ponto inegável comum: a crise da instituição eclesiástica. O jovem Francisco diz ter ouvido uma voz vinda do Crucifixo de São Damião que lhe dizia:”Francisco repara a minha Igreja porque está em ruínas”.
No tempo de São Francisco de Assis triunfava o Papa Inocêncio III (1198-1216) que se apresentava como “representante de Cristo”. Com ele se alcançou o supremo grau de secularização da instituição eclesiástica com interesses explícitos de “dominium mundi”, da dominação do mundo. Efetivamente, por um momento, praticamente, toda a Europa até a Rússia estava submetida ao Papa. Vivia-se na maior pompa e glória. Em 1210, sob muitas dúvidas, Inocêncio III reconheceu o caminho de pobreza de Francisco de Assis. A crise era teológica: uma Igreja-Império temporal e sacral contradizia tudo o que Jesus queria.
Francisco viveu a antítese do projeto imperial de Igreja. Ao evangelho do poder, apresentou o poder do evangelho: no despojamento total, na pobreza radical e na extrema simplicidade. Não se situou no quadro clerical nem monacal, mas como leigo se orientou pelo evangelho vivido ao pé da letra nas periferias das cidades, onde estão os pobres e hansenianos e no meio da natureza, vivendo uma irmandade cósmica com todos os seres. Da periferia falou para o centro, pedindo conversão. Sem fazer uma crítica explícita, iniciou uma grande reforma a partir de baix, mas sem romper com Roma. Encontramo-nos face a um gênio cristão de sedutora humanidade e de fascinante ternura e cuidado pondo a descoberto o melhor de nossa humanidade.
Estimo que esta estratégia deve ter impressionado a Francisco de Roma. Há que reformar a Cúria e os hábitos clericais de todas as igrejas. Mas não se precisa criar uma ruptura que dilacerará o corpo da cristandade.
Outro ponto que seguramente terá inspirado a Francisco de Roma: a centralidade que Francisco de Assis conferiu aos pobres. Não organizou nenhuma obra para os pobres, mas viveu com os pobres e como os pobres. O Francisco de Roma, desde que o conhecemos, vive repetindo: o problema dos pobres não se resolve sem a participação dos pobres, não pela filantropia, mas pela justiça social. Esta diminui as desigualdades que castigam a América Latina e, em geral, o mundo inteiro.
O terceiro ponto de inspiração é de grande atualidade: como nos relacionar com a Mãe Terra e com os bens e serviços escassos. Na fala inaugural de sua entronização, Francisco de Roma usou mais de 8 vezes a palavra cuidado. É a ética do cuidado, como eu mesmo tenho insistido fortemente, a que vai salvar a vida humana e garantir a vitalidade dos ecossistemas. Francisco de Assis, patrono da ecologia, será o paradigma de uma relação respeitosa e fraterna para com todos os seres, não em cima mas ao pé da natureza.
Francisco de Assis entreteve com Clara uma relação de grande amizade e de verdadeiro amor. Exaltou a mulher e as virtudes considerando-as “damas”. Oxalá inspire a Francisco de Roma uma relação para com as mulheres, a maioria da Igreja, não só de respeito, mas de valorização de seu protagonismo, na tomada de decisões sobre os caminhos da fé e da espiritualidade no novo milênio.
Por fim, Francisco de Assis é, segundo o filósofo Max Scheler, o protótipo ocidental da razão cordial e emocional. É ela que nos faz sensíveis à paixão dos sofredores e aos gritos da Terra. Francisco de Roma, é um claro exemplo da inteligência cordial que ama o povo, abraça as pessoas, beija as crianças e olha amorosamente para as multidões. Se a razão moderna não se amalgamar à sensibilidade do coração, dificilmente seremos levados a cuidar da Casa Comum, dos filhos e filhas deserdados e alimentar a convicção bem franciscana de que abraçando afetuosamente o mundo, estaremos abraçando a Deus.




SÃO LUÍS IX - REI DE FRANÇA
São Luís tornou-se célebre por seu proverbial espírito de justiça e equidade. Para coibir as transgressões e excessos dos juízes, oficiais e outros cargos públicos, nomeava juízes extraordinários a fim de examinar sua conduta e rever seus julgamentos. Premiava os que exerciam com honra e responsabilidade seus encargos. E aos que agiam mal, aplicava exemplar punição.
E, coisa espantosa para os homens dos nossos dias, ele mesmo julgava, sem demoras nem burocracias, os pleitos que eram levados ao seu conhecimento sob o famoso carvalho de Vincennes.
Perronde Fonteinnes e Geffroy de Villete eram juristas de reconhecida competência.
Justiça e misericórdia alternavam-se em suas decisões. O próprio irmão de Luís IX, Carlos d'Anjou, que mandara prender injustamente um cavaleiro, foi intimado a comparecer em Vincennes e ali se apresentou acompanhado por seus melhores especialistas. Mas o cavaleiro tinha como advogados, por ordem do rei, os mais ilustres conselheiros jurídicos da Coroa, e obteve a justa reparação.
Detentor dos mais altos títulos de nobreza, esse rei de França preferia assinar simplesmente "Luís de Poissy", pois nessa cidade recebera o Batismo e considerava sua maior dignidade o ter sido batizado. Em meio a todas as suas obrigações de soberano, recitava todos os dias as Horas Litúrgicas e lia com assiduidade a Sagrada Escritura e os Padres da Igreja. Confessava-se com frequência e exigia, como penitência, que o confessor o açoitasse com um flagelo trazido por ele mesmo. Segundo alguns autores, levava sua devoção a este Sacramento a ponto de não permitir ao sacerdote chamá-lo de"majestade", pois no Tribunal da Reconciliação ele não era rei, mas filho, e o Ministro de Deus não era súdito seu, mas pai..
Seu amor a Deus e aversão ao pecado tornavam-no capaz de suportar quaisquer males. Um dia perguntou a seu fiel amigo e conselheiro:
— Joinville, o que preferes: contrair a lepra ou cometer um pecado mortal?
— Prefiro cometer trinta pecados mortais a contrair a lepra!
— Falas como um insensato — contestou o rei —, pois não há lepra tão vil como a de estar em pecado mortal. É verdade que, ao morrer, o homem livra-se da lepra do corpo; mas quem cometeu pecado mortal não tem certeza, na hora da morte, se seu arrependimento é suficiente para obter o perdão de Deus. Assim, peço-te que, por amor a Deus e a mim, prefiras padecer em teu corpo a lepra e toda outra doença, a ter em tua alma o pecado mortal.7
Seu amor ao próximo e sua solicitude para com os pobres eram reflexo do desvelo da Divina Providência. Conta-se que, numa abadia próxima a Paris, havia um monge no qual a lepra já devastara toda a face. O santo rei o visitava regularmente. Em certa ocasião, levou- lhe perdizes de sua cozinha para alimentá-lo melhor e ajudou-o a comer, colocando os pedaços de carne em sua boca.

Insigne fruto desse fervor é um monumento que atravessou os séculos, causando até hoje admiração em todos quantos o visitam: a Sainte-Chapelle. Construída para abrigar uma relíquia da coroa de espinhos de Nosso Senhor Jesus Cristo, ela é um resumo da fé e grandeza dessa alma régia! Quando em 1239 chegou a terras francesas a preciosa relíquia,o piedoso monarca foi recebê-la nas proximidades de Sens e depositou-a provisoriamente na Capela de São Nicolau. Inaugurada em 1248 a Sainte-Chapelle, instalou-a nessa capela-relicário por ele idealizada com tanta veneração.