quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE SETEMBRO DE 2013

Setembro Mês da Bíblia


Discípulos missionários a partir do Evangelho de Lucas

"Alegra-vos comigo encontrei o que havia perdido"


O tema proposto para o mês da Bíblia em 2013 em que privilegia o evangelho de Lucas, releva os cinco aspectos fundamentais do processo do discipulado:  O encontro com Jesus Cristo;  a conversão;  o seguimento;  a comunhão fraterna;  e a missão propriamente dita.
O lema para este mês Bíblico que foi indicado pela Comissão Bíblico-Catequética da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) é: "Alegrai-vos comigo, encontrei o que estava perdido" (Lc 15).
Desde os primeiros séculos os autores consideram que o evangelho seja de Lucas. Muitos comentaristas atribuem ao evangelista Lucas à profissão de médico (cf. Cl 4,14) e o identificam com o discípulo e colaborador e secretário de Paulo (cf. Fm 23ss, 2Tm 4,11). Possivelmente tratou Paulo em suas enfermidades.
As narrativas que encontramos no evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos indicam que Lucas possui vasto conhecimento da língua e cultura grega sendo influenciado pelo estilo dos historiadores de sua época (Lc 2,1-2) dos poetas gregos; utilizando a tradução grega da Bíblia e conhecendo bem o Império Romano, mas quase nada da Palestina. No seu Evangelho muitas vezes as informações sobre a Palestina carecem de um conhecimento mais profundo, fato este comprovado no decorrer da narrativa.
O Evangelho de Lucas deve ter sido escrito entre os anos 80 a 90 e não há uma precisão exata sobre o lugar onde foi escrito. Se admite que estaria entre a Grécia ou Ásia, ou mesmo a Antioquia da Síria.
Fato notório nos escritos de Lucas é a prioridade dada aos cristãos provenientes do paganismo de cultura grega e aos judeus que moravam fora da Palestina (na diáspora). Eram comunidades de origem Paulinas, com imensas dificuldades de adaptação. Os escritos de Paulo confirmam este aspecto.
Diante da catástrofe que foi a guerra judaica (70 d.C.), do cerco e destruição da cidade de Jerusalém por Tito e 4 legiões romanas,da destruição e incêndio do Templo de Jerusalém, da conquista de Massada 73 d.C., dos conflitos internos e externos que transparecem no texto, o Evangelho de Lucas passou a fortalecer a fé das comunidades e reforçar o seu papel na história da salvação e assim, mantendo-as corajosamente no seguimento a Jesus Cristo.
A presença do Espírito Santo como força que acompanha, conduz e inspira a missão de Jesus e da Igreja. Ele age em Jesus, Zacarias, Isabel, João Batista, Maria, Simeão, profetisa Ana e muitas outras pessoas. 

Prof. Odalberto Domingos Casonatto

Cláudio Santos

Regional da OFS promove dia da Escuta aos Hansenianos


A Festa de São Luís Rei de França, padroeiro da Ordem Franciscana Secular, foi marcada pela demonstração de solidariedade aos hansenianos, em Itaboraí (RJ). Diversas fraternidades franciscanas seculares do Regional Sudeste II da OFS participaram do V Dia da Escuta na colônia localizada no entorno do Hospital Estadual Tavares de Macedo, cuja especialidade é o tratamento de pacientes hansenianos.
Frei Tony ressaltou a importância da atividade promovida pela OFS e que a vivência fraterna se dá com pequenos gestos de escuta, partilha e de presença solidária entre os mais pobres tão amados por Cristo e caros a Francisco e Clara de Assis.  Pediu ainda a colaboração de todos para tornar a hanseníase mais conhecida e, assim, precocemente diagnosticada e combatida. Em sua fala, frei Tony destacou o projeto ‘Franciscanos pela Eliminação da Hanseníase’, que há mais de vinte anos é realizado pela Província da Imaculada Conceição do Brasil.
Durante a manhã, os irmãos dividiram-se em grupos guiados por membros da fraternidade local para a realização das visitas às enfermarias e casas das famílias da colônia. Esse momento enriquecedor foi marcado pela escuta e também pela troca de vivências e tocou fundo na alma de cada irmão em cada gesto de acolhida e de solidariedade, que permitiram enxergar no rosto do irmão sofredor a face de Cristo, de Francisco e de Clara.
A presença solidária entre os pobres e leprosos está na essência do carisma franciscano. Francisco e Clara de Assis tinham uma predileção pelos leprosos e deles cuidava com inefável amor. O próprio Pai Seráfico superou o preconceito que tinha dos leprosos e assumiu a condição vivida por eles em sua época, sentindo o abandono, exclusão e sofrimento em que viviam e vendo no rosto daqueles enfermos e marginalizados a presença do Senhor.
O Regional Sudeste II da OFS agradece ao frei Tony e aos frades capuchinhos e conventuais, além dos seminaristas da Arquidiocese de Niterói e à comunidade local pela fraterna acolhida oferecida a todos neste dia em que o Senhor operou maravilhas!
“Foi assim que o Senhor me concedeu a mim, Frei Francisco, iniciar uma vida de penitência: como estivesse em pecado, parecia-me deveras insuportável olhar para leprosos. E o Senhor mesmo me conduziu entre eles e eu tive misericórdia com eles. E enquanto me retirava deles, justamente o que antes me parecia amargo se me converteu em doçura da alma e do corpo. E depois disto demorei só bem pouco e abandonei o mundo”.
                                                                                                                   São Francisco de Assis 


A ESPIRITUALIDADE PRESENTE NO CUIDADO DA SAÚDE


Esta reflexão só tem uma finalidade: revelar o caminho da Inteireza. Quando a pessoa  não é inteira não é feliz!
A alegoria da Carruagem de Fogo com os seus Seis Cavalos de Força é para firmar em nós, num Movimento necessário, os dons, frutos, códigos, empenhos, buscas e projetos que levamos conosco. Uma reflexão pode ser um chicote cutucando a mente, a alma, o corpo... para acordar em nós um pensamento forte com atividades fortes. É assim que conquistaremos uma saúde física, mental e espiritual.
Hoje, estas forças estão transmitindo para nós um ensinamento especial. Despertar a alma é equilibrar e controlar instinto e moral. Todas estas nossas forças lembram que temos uma Espiritualidade que nos move a fazer tudo o que temos que fazer com intuição, imaginação, raciocínio, emoção, sensação e unção.
A Carruagem de Fogo é uma oposição à Carruagem do Drácula com as suas forças do mal, porque o monstro também é forte. Usemos estas forças como uma missão no mundo.  Educar a qualidade pessoal é ética. Educar para uma transformação é ser um ser evoluído. Educar para a Espiritualidade é Força Divina!
PAZ E BEM!
                                              Frei Vitório Mazzuco OFM


O Silêncio na Espiritualidade Franciscana

‘Neste tema tão importante na espiritualidade franciscana, iremos dedicar, neste e nos próximos boletins ao pensamento de frei Urbano Plentz, ofm.
Bem oportuno darmos inicio as leituras das reflexões deste frade falecido em 2001 e que tanto se dedicou à OFS como assistente neste mês que se comemora o dia do Assistente. Assim, quem guardar os próximos boletins, terá em mãos a seqüência do tema abordado.’

A  novidade da “forma de vida” criada por Francisco está na sua “secularidade”, ou seja, na sua presença no mundo. Conscientemente recusou a forma de vida monacal-conventual.
Não querendo ser “monge”, é evidente que não impôs aos irmãos o regime de vida monacal. Este regime, entre outras características, acentuava o jejum e abstinência muito rigorosos, a clausura e o silêncio.
Francisco quis um regime de vida muito simples, espontâneo, mas cavalheiresco. Principalmente no trato mutuo entre os irmãos. Não lhes impôs o silêncio monacal, mas de outro lado, soube levá-los à descoberta de um silêncio interior profundo e bem especial. Ele não ensina apenas o silêncio negativo, de não falar. Este, no máximo, é um meio para se chegar ao verdadeiro silêncio interior.
O verdadeiro silêncio interior é “reverencial”, cortês e respeitoso. É a atitude fundamental da criatura perante o Criador. É também a atitude característica do verdadeiro “menor” perante os seus irmãos.
Vamos analisar as dimensões do silêncio que Francisco ensina.

O SILÊNCIO É GRAÇA DE DEUS.

Em certo sentido, a espiritualidade de São Francisco tem bastante semelhança com o pensamento de Santo Agostinho. Principalmente no tocante ao papel da graça. Para São Francisco a oração, o trabalho e o silêncio são frutos da graça de Deus. Vejamos um texto bem claro sobre o silêncio.
·        “E todos os irmãos se guardem de caluniar a alguém ou de ocupar-se em discussões vãs, mas antes tratem de guardar silêncio, tanto quanto lhes conceder a graça de Deus” (I Regra, 11).
Francisco insistia no valor do silêncio. Mas não no silêncio jurídico, monacal, prescrito numa regra ou texto legislativo. Ele queria o silêncio “prescrito no Evangelho”. É São Boaventura que nos conta isso em sua Legenda Maior:
“Desejava intensamente que seus religiosos guardassem o silêncio prescrito no Evangelho. Que sempre se abstivessem,  solicitamente, de toda palavra ociosa, porque se deve prestar contas sobre ela no dia do juízo. Impulsionado por este sentimento, de cada vez que encontrava algum religioso viciado pelo apetite desenfreado de falar, o repreendia com severidade; e, ao mesmo tempo, ensinava que o silêncio modesto e prudente não só contribui para conservar a pureza do coração, mas que de resto é também uma grande virtude, pois, ·        não é em vão que se diz na Escritura divina que “a vida e a morte estão em poder da língua”, não tanto por razão do gosto, quanto pela excessiva loquacidade” (L.M.6).


Os estigmas de Francisco de Assis e o segredo da suprema felicidade

Dom Laurence Freeman, OSB (*)


  Na noite de 14 de setembro, Festa da Santa Cruz, seu fiel amigo e companheiro, Frei Leão, desobedeceu às instruções de Francisco e penetrou na solidão de sua reclusão para ver como ele estava. À luz do luar, Frei Leão viu Francisco de joelhos em oração, repetindo com todo o fervor as perguntas que se encontram no centro de toda oração cristã: “Quem és tu, meu doce Deus… Quem sou eu, teu servo inútil?”“E somente estas palavras repetiu e nada mais disse” – conta-nos São Boaventura, seu biógrafo. Frei Leão viu o fogo que descia sobre a cabeça de Francisco, envolvendo-o por muito tempo.
Quando Francisco afinal o notou, Frei Leão perguntou o que significava tudo aquilo. Francisco respondeu que ele tinha recebido duas luzes para a sua alma; o conhecimento e a compreensão de si mesmo, e o conhecimento e a compreensão de Deus. Nesta oração no fogo, Deus lhe pediu três dádivas e ele buscou em sua pobreza até encontrar uma bola de ouro que ofereceu três vezes: a doação dos seus votos.
Após dizer a Frei Leão que não o espionasse mais, Francisco dirigiu-se à Bíblia para saber a que estaria sendo preparado – e em cada consulta ele foi encaminhado para a Paixão de Jesus Cristo. Retornou então à oração solitária, “tendo muita consolação na contemplação”. Sentiu-se depois impelido a pedir não somente a graça de sentir a dor de Cristo, mas também o amor que possibilitou a Cristo suportá-la por nós. Começou a contemplar a Paixão com profunda devoção até que “se transformou completamente em Jesus por meio do amor e da compaixão”.
Na manhã seguinte, ele viu um serafim aproximar-se na forma de Jesus Crucificado. Ele se sentiu repleto, simultaneamente, de medo e alegria, deslumbramento e tristeza. E foi-lhe dada a percepção de que sua transformação em Cristo não aconteceria por sofrimento físico, mas “por uma elevação da mente” – a transformação da consciência em amor. Entretanto, o sinal desta transformação seria a marca permanente das cinco chagas divinas de Cristo no corpo de Francisco. Pouco depois, Francisco deixou o Monte Alverne e retornou à cidade de Assis, para morrer “com a chama do amor divino em seu coração e as marcas da Paixão em sua carne”. Com humildade, perguntou a seus irmãos se deveria tornar pública a informação sobre seus estigmas, e convenceu-se de que deveria quando lhe disseram que a experiência deveria ter um significado não somente para ele, mas também para os outros.

MISTÉRIO E SIGNIFICADO

Não dar o tempo ou a quietude de atenção necessários, para tornar plenamente consciente o que nos acontece, é uma característica de nossa época, veloz e impaciente. Tempo e atenção são necessários se não quisermos tratar a vida superficialmente.
A superficialidade desperdiça o precioso sentido do sagrado que dá profundidade e propósito a nossos encontros com a alegria e o sofrimento intensos, freqüentemente cheios de perplexidade. Mistérios como esses são dons valiosos, realidades que exigem tempo.
Quanto à experiência de Francisco, precisávamos, em primeiro lugar, perguntar: o que significava e para quem? Para o próprio Francisco, para a Igreja, para nós, hoje? Talvez o significado para Francisco fosse de foro íntimo e inacessível, só dele mesmo – este é o significado solitário e único de toda experiência única. Podemos supor, pelo que sabemos de Francisco, que os seus estigmas simbolizam um alto grau de realização da sua união com a pessoa do Cristo Crucificado e Ressuscitado, a quem amou com tanta persistência e paixão.
O desejo que consome os místicos – e amantes – é sempre o de despojar-se de sua identidade egocêntrica e unir-se de forma permanente com o Bem- Amado, em uma maneira de ser em que o “eu” e o ‘tu”, apesar de não obliterados, deixam de ser entidades fixas. “Não sou mais eu quem vive; mas é o Cristo quem vive em mim”. O abismo da separação (das individualidades) se fecha quando transcendemos o ego. “Uma consumação a ser desejada devotamente”, mas algo que, ao mesmo tempo, causa horror ao ego e doloroso pressentimento. À diferença de Francisco, a maioria de nós recua, sistematicamente, no exato momento em que a satisfação do nosso desejo de plena união nos é oferecido.
Quando lemos que Francisco, ao deixar o Monte Alverne montado em uma mula, por causa da dor que sentia em seus ferimentos, começou – na última fase de sua vida – a curar os sofrimentos dos outros, compreendemos que nenhuma experiência identificável como tal pode ser considerada definitiva. Estamos sempre seguindo adiante. “Os anjos ficam parados – diz um ditado judeu – o Santo está sempre em movimento”. 



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