quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O ARAUTO DO GRANDE REI - NOVEMBRO DE 2011

SANTA ISABEL DA HUNGRIA

De estirpe real, pois foi filha de André e Gertrudes, reis da Hungria, nasceu em 1207 e recebeu no baptismo o nome de Isabel (Elisabeth), o qual significa ‘casa de Deus’. Aos quatro anos de idade viaja para a Alemanha onde crescerá juntamente com a família do seu noivo, Luís, príncipe da Turíngia e sucessor do rei da Turíngia, Hermano.
Dada a sua vida simples, piedosa e desligada das pompas da corte, concluíram que a menina não seria uma boa companheira para Luís. E por isso perseguiram-na e maltrataram-na, dentro e fora do palácio.
Luís, porém, era um cristão da fibra do pai. Logo percebeu o grande valor de Isabel. Não se impressionava com a pressão dos príncipes e tratou de se casar o quanto antes. O que aconteceu em 1221.
A Santa não recuava diante de nenhuma obra de caridade, por mais penosas que fossem as situações, e isso em grau heróico! Um dia, Luís surpreendeu-a com o avental repleto de alimentos para os pobres. Ela tentou esconder... Mas ele, delicadamente, insistiu e... milagre! Viu somente rosas brancas e vermelhas, em pleno Inverno. Feliz, guardou uma delas.
A sua vida de soberana não era fácil e freqüentemente tinha que acompanhar o marido em longas e duras cavalgadas. Além disso, tinha o cuidado dos filhos: Hermano, nascido em 1222; Sofia em de 1224 e Gertrudes em 1227.
Estava grávida de Gertrudes, quando descobriu que seu marido se comprometera com o Imperador Frederico II a seguir para a guerra das Cruzadas para libertar Jerusalém. Nova renúncia duríssima! E mais: antes mesmo de sair da Itália, o duque morre de febre, em 1227! Ela recebe a notícia ao dar à luz a menina.
Quando Luís ainda vivia, ele e Isabel receberam em Eisenach alguns dos primeiros franciscanos que chegavam à Alemanha por ordem do próprio São Francisco. Foi-lhes dado um conventinho. Assim, a Santa passou a conhecer o Poverello de Assis e este a ter frequentes notícias dela. Tornou-se mesmo membro da Família Franciscana, ingressando na Ordem Terceira que Francisco fundara para leigos solteiros e casados e sacerdotes seculares. Era, pois, mais que amiga dos frades. Chegou a receber de presente o manto do próprio São Francisco!
Morto o marido, os cunhados tramaram cruéis calúnias contra ela e expulsaram-na do castelo de Wartburg. E de tal forma apavoraram os habitantes da região, que ninguém teve coragem de acolher a pobre, com os pequeninos, em pleno Inverno. Duas servas fiéis acompanharam-na, Isentrudes e Guda.
De volta ao Palácio quando chegaram os restos mortais de Luís, Isabel passou a morar no castelo, mas vestida simplesmente e de preto, totalmente afastada das festas da corte. Com toda a naturalidade, voltou a dedicar-se aos pobres. Todavia, lá dentro dela o Senhor chamava-a para se doar ainda mais. Mandou construir um conventinho para os franciscanos em Marburg e lá foi morar com as suas servas fiéis. Compreendeu que tinha de resguardar os direitos dos filhos. Com grande dor, confiou os dois mais velhos para a vida da corte. Hermano era o herdeiro legítimo de Luís. A mais novinha foi entregue a um Mosteiro de Contemplativas, e acabou sendo Santa Gertrudes! Assim, livre de tudo e de todos, Isabel e suas companheiras professaram publicamente na Ordem Franciscana Secular e, revestidas de grosseira veste, passaram a viver em comunidade religiosa. O rei André mandou chamá-las, mas ela respondeu que estava de facto feliz. Por ordem do confessor, conservou algumas rendas, as quais reverteram para os pobres e sofredores.
Construiu um abrigo para as crianças órfãs, sobretudo defeituosas, como também hospícios para os mais pobres e abandonados. Naquele meio, ela sentia-se de facto rainha, mãe, irmã. Isso no mais puro amor a Cristo. No atendimento aos pobres, procurava ser criteriosa. Houve época, ainda no palácio, em que preferia distribuir alimentos para 900 pobres diariamente, em vez de lhes dar maior quantia mensalmente. É que eles não sabiam administrar. Recomendava sempre que trabalhassem e procurava criar condições para isso. Esforçava-se para que despertassem para a dignidade pessoal, como convém a cristãos. E são inúmeros os seus milagres em favor dos pobres!
De há muito que Isabel, repleta de Deus, era mais do céu do que da terra. A oração a arrebatava cada vez mais. As suas servas testemunharam que, nos últimos meses de vida, frequentemente uma luz celestial a envolvia. Assim chegou serena e plena de esperança à hora decisiva da passagem para o Pai. Recebeu com grande piedade o sacramento dos enfermos. Quando o seu confessor lhe perguntou se tinha algo a dispor sobre a herança, respondeu tranquila: "Minha herança é Jesus Cristo!" E assim nasceu para o céu! Era 17 de Novembro de 1231.
Sete anos depois, o Papa Gregório IX, de acordo com o Conselho dos Cardeais, canonizou solenemente Isabel. Foi em Perusa, no mesmo lugar da canonização de São Francisco, a 26 de Maio de 1235, Pentecostes. Mais tarde foi declarada Padroeira dos Irmãos da Ordem Franciscana Secular.
Frei Paulo Ferreira, OFM


Solenidade de Cristo Rei do Universo

             A Igreja encerra o Ano Litúrgico da Igreja com a festa de Cristo Rei, c oroando toda essa jornada.
Cristo Rei foi uma das últimas celebrações instituída pelo Papa Pio XI, na época em que o mundo passava pelo pós-guerra de 1917, marcado pelo fascismo na Itália, pelo nazismo na Alemanha, pelo comunismo na Rússia, pelo marxismo-ateu, pela crise econômica, pelos governos ditatoriais que solapavam toda a Europa, pela perseguição religiosa, pelo liberalismo e outros que levavam o mundo e o povo a afastar-se de Deus, da religião e da fé, culminando com a 2ª Guerra Mundial.
O Papa Pio XI instituiu essa festa para que todas as coisas culminassem na plenitude em Cristo Senhor, simbolizado no que diz o Apocalipse: ”Eu sou o Alfa e o Ômega, Principio e Fim de todas as coisas.” (Ap1, 8) Ressalta a restauração e a reparação universal realizada em Cristo Jesus, Senhor da vida e da história. Nessa festa, celebra-se também nossa participação no Reino de Deus, sob a condição de aderirmos à verdade trazida por Jesus, pela qual somos caminheiros que se dirigem à Casa do Pai, para participarmos da mesa do Reino e de assumirmos o compromisso do Evangelho.
A celebração, fechando o Ano Litúrgico, traz para nós cristãos a reflexão em torno da vida de Jesus que significa para nós a salvação, onde impera no mundo o pecado.
Pilatos pergunta a Jesus se ele é rei, e Ele responde que seu reino não é deste mundo de injustiça, ódio, morte e dor. Ele é rei do reino de seu Pai que, como pastor, guia a sua Igreja neste mundo para o reino celeste. Por isso, fazer parte desse Reino é fazer comunhão com Ele, transformar o mundo em que vivemos.
Jesus Cristo é rei e pastor que nos leva ao Reino de Deus, que nos tira das trevas do erro e do pecado, que nos guia para a plena comunhão com o Pai pelo amor. Jesus nos aponta como “Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14, 6) para que possamos imitá-lo mesmo diante de nossas fraquezas e medos, morrer com Ele para participarmos de sua vitória.
Olhando o nosso mundo, vemos o sofrimento de tantos irmãos que trazem consigo a cruz de Cristo, como sinal de vitória e de redenção do mundo. Mesmo diante das nossas aflições, dores, angustias e injustiças, não podemos ser derrotados, mesmo quando estivermos sozinhos, quando nos sentimos abandonados como os discípulos abandonaram Jesus. Portanto a amargura não poderá tomar conta de nosso coração. Não podemos querer entender a Deus em seu mistério, nem duvidar de seu amor para com todos, mas acolher tudo por amor a Deus, como festa de um grande banquete do qual um dia participaremos na eternidade.
Bem-aventurados aqueles que sofrem, são perseguidos e padecem todo tipo de injustiças, pois como servo bom e fiel, um dia acolhido por Jesus na mesa do Reino, será bendito. E Ele passando servirá aqueles que souberam viver a justiça, a caridade e fazer o bem na vida dos irmãos.
É a grande promessa de Jesus para nós, filhos benditos do Pai: sua realeza não é deste mundo, por isso devemos anunciar a verdade libertando os homens do pecado, dando-lhes uma verdadeira conversão do coração.
Jesus é a testemunha fiel da verdade, isto é, seu desígnio de salvação do mundo. Veio revelar com a própria vida o grande sacrifício da cruz, da sua paixão e morte por amor, nessa mesma cruz pela qual Ele atrairá todos ao seu coração. Tudo por amor, fonte primeira de união com Deus, Ele desfaz as injustiças em liberdade, tornando grande sacerdócio do povo santo de Deus em que cada um se santifica no mundo.
Ser cristão é construir o Reino de Cristo no mundo através do serviço gratuito e fraterno, humilde, deixando-se fazer a vontade do Pai. Você está disposto a fazer acontecer o Reino? De que maneira?
Junto com a solenidade de Cristo Rei, celebra-se o Dia do Leigo e da Leiga, que possuem uma vocação especial, muitas vezes esquecida. Ser leigo e leiga no mundo de hoje é um desafio. Os cristãos leigos ocupam diversos serviços na vida da Igreja e assumem uma vocação particular de constituir família e ser testemunho no meio dos outros, como pedras vivas da Igreja, trabalhadores do Reino Cristo-Rei.



Clara de Assis viveu intensamente a vocação que lhe foi dado por Deus, primeiramente a vocação a vida, e depois a vocação que desejou ardentemente abraçar, a vocação a vida religiosa. A seu exemplo muitas outras moças inspiradas pelo Senhor aspiravam seguir os passos de Santa Clara. Clara foi para sua época um luzeiro, o qual atraiu para Cristo muita gente de boa vontade.
Na segunda carta que Clara escreve a Inês de Praga ela recomenda que nunca se perca de vista o ponto de partida. Mas o que é este ponto de partida? Ponto de partida é o inicio, o ponto fecundante da vocação que cada qual recebeu do Senhor, o ponto em que a inspiração divina flechou com a flecha do amor o seu coração para dedicar-se a vida inteira no serviço ao Senhor.
Seguir Jesus Cristo no modo da vida religiosa, como o fez Santa Clara, é reservado para poucos, porque exige um esforço imenso, esforço este que deve conduzir o ser humano a abraçar a vida fraterna. E, por isso, Clara de Assis é para nós um modelo de fidelidade. Clara durante toda a sua vida foi fiel a proposta evangélica e por esta proposta lutou a vida toda.
Clara de Assis lutou proficuamente para viver o evangelho radicalmente, e por isso foi preciso travar uma luta consigo mesmo, com suas irmãs e para com as autoridades eclesiásticas, as quais desejavam que ela vivesse a regra que eles propunham. Clara foi forte e fiel ao Evangelho, foi radical em sua escolha por viver a pobreza radical.
Clara ensina-nos que seguir o santo evangelho significa nunca perder o ponto de partida. Para todo cristão o ponto de partida é o batismo, para aqueles que seguem a vida religiosa o ponto de partida é o doce toque do chamamento. Este chamamento para muitos pode ter sido um habito, um sinal, uma cruz, um sonho, ou qualquer outra coisa que possamos imaginar. O toque originário, aquele que nos motivou a querer saber mais sobre a vocação é justamente este toque que é o ponto de partida.
O ponto de partida para um casal, pode ter sido um sorriso, um aperto de mão, um olhar, ou até mesmo um beijo. E, é este ponto de partida que move toda a vida que segue, é este ponto de partida que nos recorda como tudo começou. Para um casal o ponto de partida deve motivar a fidelidade. Para o religioso o ponto de partida deve provocar fidelidade.
Sendo assim, nunca perca de vista o ponto de partida.
Frei Osvaldo Maffei, OFM.
Ninguém se corrompa com o mal do outro
“Ao servo de Deus nada deve desagradar, a não ser o pecado. E, se alguma pessoa pecar, seja qual for o modo, e por causa disto e não por caridade o servo de Deus se perturbar ou se irar, entesoura para si a culpa (cf.Rm 2,5). Vive retamente sem nada de próprio aquele servo de Deus que não se ira nem se perturba por qualquer coisa. E bem-aventurado quem nada retém para si, devolvendo a César o que é de César e a Deus o que é de Deus [Adm XI]”.

“Não há nada melhor do que uma fraternidade  para estarmos na dimensão de Deus. Mas ela precisa ter sua força em amizades que ajudam a crescer  no mundo sem ser do mundo. (J. C. Correa Pedroso)”




Morte e Vida de São Francisco de Assis
Por Frei Nilo Agostini, OFM


Todo debilitado com voz fraca, sumida, entoa Francisco o Salmo 142: Você mea ad Dominum clamavi (“Com minha voz clamei ao Senhor...”). O Salmo vai sendo entoado pouco a pouco, e ao chegar ao versículo Educ de custodia animam meam (“Arranca do cárcere minha alma, pra que vá cantar teu nome, pois me esperam os justos e tu me darás o galardão”). Faz-se grande e profundo silêncio. Acabara de morrer, cantando, Francisco de Assis. Quem é este que transfigura o trauma da morte em expressão de liberdade tão suprema? Desaparece o sinistro da morte. E Francisco vai ao seu encontro como quem vai abraçar e saudar uma irmã muito querida.Ano de 1226. Francisco se acha muito debilitado. Seu estômago não aceita mais alimento algum. Chega a vomitar sangue. Admiram-se todos como um corpo tão enfraquecido, já tão morto, ainda não tenha desfalecido. Transportado de Sena para Assis, Francisco ainda encontra forças para exortar os que acorrem a ele. E aos irmãos diz: “Meus irmãos, comecemos a servir ao Senhor, porque até agora bem pouco fizemos”. Ao chegar a Assis, um médico se apresenta e constata que nada mais resta a fazer. Ao que Francisco exclama: “Bem-vinda sejas, irmã minha, a morte!” E convida aos irmãos Ângelo e Leão para cantarem o Cântico do Irmão Sol, ao qual Francisco Acrescenta a última estrofe em louvor a Deus pela morte corporal. Cria-se uma atmosfera tão jovial e alegre que o Ministro Geral da Ordem, Frei Elias, interpela Francisco para que pare com toda aquela atmosfera, vista como “cantoria”, para que enfim ele morra “convenientemente”, pois poderia escandalizar os moradores de Assis. “Com tudo o que sofro, me sinto tão perto de Deus que não posso senão cantar!” – respondeu-lhe Francisco. Aproximando-se a hora derradeira, Francisco deseja ser levado para a capelinha de Nossa Senhora dos Anjos, na Porciúncula, onde tudo havia começado. Lá, num gesto de despojamento, de identificação com o Cristo crucificado e de integração com o Pai, pede que o deixem, nu, sobre a terra e diz aos frades: “Fiz o que tinha que fazer. Que Cristo vos ensine o que cabe a vós”. Despede-se de todos os irmãos; abençoa-os; lembra-lhes que “o Santo Evangelho é mais importante que todas as demais instituições”. Ainda deseja que Irmã Jacoba lhe traga alguns daqueles deliciosos biscoitos. Anima o seu médico, dizendo-lhe: Irmão médico, dize com coragem que a minha morte está próxima. Para mim, ela é a porta para a vida!” E, então, canta o Salmo 142. Francisco parte cantando, cortês, hospitaleiro e reconciliado com a morte. O canto de Francisco está baseado em uma percepção realista da morte: “Nenhum homem pode escapar da morte”. Mas como pode ser irmã aquela que engole a vida, que decepa aquela pulsão arraigada em cada um de nós, fundada em um “desejo” que busca triunfar sobre a morte e viver eternamente? Francisco acolhe fraternalmente a morte. Nele realiza-se, de forma maravilhosa, o encontro entre a vida e a morte, em um processo de integração da morte. Francisco acolhe a vida assim como ela é, ou seja, em sua exigência de eternidade e em sua mortalidade. Tanto a vida como a morte são um processo que perdura ao longo de toda a vida. A morte faz parte da vida. Como e despertar e o adormecer, assim é a morte para o ser humano. Ela não rouba a vida; dá a esse tipo de vida a possibilidade de outro tipo de vida, eterna e imortal, em Deus. A morte não é então negação total da vida, não é nossa inimiga, mas é passagem para o modo de vida em Deus, novo e definitivo, imortal e pleno. Francisco capta esta realidade e abriga a morte dentro da vida. Acolhe toda limitação e mostra-se tolerante com a pequenez humana, a sua e a dos outros. A grandeza espiritual e religiosa de Francisco no saudar e cantar a morte significa que já está para além da própria morte; ela, digna hóspede não lhe é problema; ao contrário, ela é a condição de viver eternamente, de triunfar de modo absoluto, de vencer todo embotamento do pecado que a transforma em tragédia. Francisco soube mergulhar na fonte de toda a vida. “Enquanto Deus é Deus, enquanto Ele é o vivente e a Fonte de toda a vida, eu não morrerei, ainda que corporalmente morra!” (L. Boff).  Morte, drama sagrado,não uma tragédia.Morte, bem-vinda,não uma inimiga.
Morte, uma irmã,não uma ladra.Morte, abertura para a plena liberdade,presença do Reino de Deus, utopia do justos.“Deus enxugará as lágrimas dos seus olhos, e a morte não existirá mais,
nem haverá mais luto, nem pranto, nem fadiga, porque tudo isso já passou” (Ap 21,4).“Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã,  a morte corporal, da qual nenhum vivente pode escapar” (São Francisco, Cântico do Irmão Sol).  Sermão proferido por Frei Nilo Agostini, na Festa de São Francisco de Assis, 04/10/1991.


Bem - Aventurado João Duns Scotus, Presbítero

8 de Novembro

Nasceu em Duns, na Escócia, pelos fins de 1265 e, muito jovem ainda, foi recebido na Ordem de São Francisco de Assis. Foi ordenado presbítero no dia 17 de março de 1291. Após obter a graduação acadêmica na Universidade de Sorbonne, em Paris, foi professor nas universidades de Cambridge, Oxford, Paris e, finalmente, em Colônia. Verdadeiro filho do Porevello de Assis, investigou com grande sutileza a divina Revelação, produzindo muitas obras filosóficas e teológicas. Com vigor ardente anunciou o mistério do Verbo Encarnado e foi incansável defensor da Imaculada Conceição da Virgem Maria e da autoridade do Romano Pontífice. Em 23 de junho de 1303, por se ter recusado a subscrever o libelo de Filipe IV, o belo, Rei da França, contra o Papa Bonifácio VIII, foi expulso de Paris, indo para Colônia, onde a 8 de Novembro de 1308 foi colhido por morte prematura, no auge de sua atividade magisterial. A grande fama de santidade de que o insigne teólogo se viu cercado na vida, por causa de suas excepcionais virtudes cristãs, bem cedo lhe mereceu, na só no âmbito da Ordem seráfica, mas também em Colônia, na Alemanha, onde está sepultado, e em Nola, na Itália, um culto Público que o Papa João Paulo II confirmou a 6 de Julho de 1991.
Scotus viveu em um contexto desafiador e, ao mesmo tempo, extremamente fecundo. O século XIII, no qual também viveram Tomás de Aquino e Boaventura, é atravessado por duas trajetórias filosófico-teológicas bem definidas: agostiniano-boaventuriana e aristotélico-tomista. E uma única matriz polêmica a provocá-las e animá-las: o ingresso das obras de Aristóteles na universidade de Paris.
Nesse contexto, Scotus assume uma postura crítica face aos pressupostos e às principais posições defendidas por ambas as escolas, revelando-se como um pensador original.
Destaca-se pela fina precisão em bem discernir, o que lhe possibilitou dissipar inúmeras confusões e esmerar-se na especulação acerca das questões filosóficas e dos mistérios da fé. O "Doutor sutil" se caracteriza, ainda, por um raciocínio deveras singular capaz de, num cerrado diálogo com seus interlocutores, desconstruir seus argumentos e forjar conceitos e linguagem novos cada vez mais precisos e inclusivos. Com Scotus, talvez o pensamento cristão tenha atingido o mais alto vértice da especulação.
VEJA O DOCUMENTO DA ORDEM FRANCISCANA SOBRE SCOTUS 


ORACÃO - Senhor nosso Deus, fonte de toda Sabedoria, que no Bem-aventurado João Duns Scotus, vosso presbítero, defensor da Imaculada Virgem, nos destes um mestre de vida e de ciência, concedei-nos que, iluminados por seu exemplo e fortalecidos por sua doutrina, sirvamos fielmente a Cristo. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.


O Advento e seu significado

O Advento é um dos tempos do Ano Litúrgico e pertence ao ciclo do Natal. A liturgia do Advento caracteriza-se como período de preparação, como pode-se deduzir da própria palavra advento que origina-se do verbo latino advenire, que quer dizer chegar. Advento é tempo de espera d’Aquele que há de vir. Pelo Advento nos preparamos para celebrar o Senhor que veio, que vem e que virá; sua liturgia conduz a celebrar as duas vindas de Cristo: Natal e Parusia. Na primeira, celebra-se a manifestação de Deus experimentada há mais de dois mil anos com o nascimento de Jesus, e na segunda, a sua desejada manifestação no final dos tempos, quando Cristo vier em sua glória.
O tempo do Advento formou-se progressivamente a partir do século IV e já era celebrado na Gália e na Espanha. Em Roma, onde surgiu a festa do Natal, passou a ser celebrado somente a partir do século VI, quando a Igreja Romana vislumbrou na festa do Natal o início do mistério pascal e era natural que se preparasse para ela como se preparava para a Páscoa. Nesse período, o tempo do Advento consistia em seis semanas que antecediam a grande festa do Natal. Foi somente com São Gregório Magno (590-604) que esse tempo foi reduzido para quatro domingos, tal como hoje celebramos.
Um dos muitos símbolos do Natal é a coroa do Advento que, por meio de seu formato circular e de suas cores, silenciosamente expressa a esperança e convida à alegre vigilância. A coroa teve sua origem no século XIX, na Alemanha, nas regiões evangélicas, situadas ao norte do país. Nós, católicos, adotamos o costume da coroa do Advento no início do século XX. Na confecção da coroa eram usados ramos de pinheiro e cipreste, únicas árvores cujos ramos não perdem suas folhas no outono e estão sempre verdes, mesmo no inverno. Os ramos verdes são sinais da vida que teimosamente resiste; são sinais da esperança. Em algumas comunidades, os fiéis envolvem a coroa com uma fita vermelha que lembra o amor de Deus que nos envolve e nos foi manifestado pelo nascimento de Jesus. Até a figura geométrica da coroa, o círculo, tem um bonito simbolismo. Sendo uma figura sem começo e fim, representa a perfeição, a harmonia, a eternidade. 
Na coroa, também são colocadas quatro velas referentes a cada domingo que antecede o Natal. A luz vai aumentando à medida em que se aproxima o Natal, festa da luz que é Cristo, quando a luz da salvação brilha para toda humanidade. Quanto às cores das quatro velas, quase em todas as partes do mundo é usada a cor vermelha. No Brasil, até pouco tempo atrás, costumava-se usar velas nas cores roxa ou lilás, e uma vela cor de rosa referente ao terceiro domingo do Advento, quando celebra-se o Domingo de Gaudete (Domingo da Alegria), cuja cor litúrgica é rosa. Porém, atualmente, tem-se propagado o costume de velas coloridas, cada uma de uma cor, visto que nosso país é marcado pelas culturas indígena e afro, onde o colorido lembra festa, dança e alegria.

Pe. Agnaldo Rogério dos Santos
Reitor dos Seminários Filosófico e Teológico
da Diocese de Piracicaba

O BRIGADO SENHOR
É PRECISO AGRADECER SEMPRE PELAS BÊNÇÕES E GRAÇAS
QUE RECEBEMOS DO SENHOR.
AGRADECER PELA VIDA, AGRADECER PELA FAMILIA. PELAS AMIZADES
AGRADECER PELO ONTEM, HOJE E O AGORA....
OBRIGADA SENHOR.

É possível vencer a corrupção? Como? 
Quem diz que a corrupção sempre existiu e sempre existirá está com toda a razão. Como também está com toda a razão quem julga que a corrupção em nossos dias, e em nosso contexto, atingiu níveis alarmantes. Foi isso que as mais de trinta mil pessoas quiseram expressar em sua passeata-relâmpago no dia 7 de setembro em Brasília: chega um ponto em que aquilo tido para uns como normal, na realidade traduz patologia social. Incentivadas pelas redes sociais, outras passeatas deverão ocorrer em breve e em muitos lugares.
Todos temos muito presente os vários mensalões; todos igualmente sabem exatamente o nome dos que se aproveitaram de certas circunstâncias para se apoderar daquilo que é bem público. As provas de que os desvios de verbas são simplesmente monstruosos aparecem em toda parte: nas mais do que precárias condições de saneamento básico; nas igualmente precárias condições de hospitais e postos de saúde; nas muitas rodovias intransitáveis; na área da educação, sobretudo básica; nas marcas vivas de tragédias ocorridas há meses e anos, onde as prometidas verbas nunca chegam...
Nesta altura a questão já não se coloca, portanto, na existência ou não de corrupção; também não se coloca neste ou naquele setor da sociedade; nem mesmo se confunde com conhecidos rostos marcados pelo cinismo de quem nada esconde e nem julga necessário esconder, pois não só goza de imunidade como até mesmo de declarada impunidade. Alguns, até pelo contrário, transformaram vícios em virtudes. A discussão ganha nova dimensão, ou seja, a corrupção já se transformou numa espécie de subcultura que afeta, de maneira mais ou menos profunda e generalizada, todas as camadas sociais e todos os setores da sociedade.
Claro que isso não significa que não haja mais quem “ganhe o pão com o suor do seu rosto”, nem que deixaram de existir pessoas e segmentos da sociedade que sonham e lutam por mudança radical. Significa apenas que está na hora de levantar a bandeira erguida no dia 7 de setembro no outro lado do desfile oficial. Essa bandeira não tinha propriamente uma cor determinada, muito menos se confundia com partido político. Ainda bem, porque a corrupção se reveste de todas as cores, e de maneira acentuada naquelas mais intensas. Era simplesmente a expressão de milhares de pessoas indignadas que tiveram a coragem de expor o grito sufocado de milhões que não têm voz ou não têm ousadia para tanto: está na hora de partir para ações concretas que cheguem à raiz dos males.
Ao nos referirmos aos “males”, no plural, o fazemos para deixar claro que a corrupção não diz respeito apenas a aspectos ligados às negociatas e à manipulação de pequenas ou vultosas somas em dinheiro. A corrupção na área financeira é apenas o rosto horroroso que se apresenta no momento, mas não o único. Ela se esconde em inúmeras situações nas quais a palavra “ética” ou se tornou vazia ou mudou de sentido, consagrando-se uma inversão de valores.
Por isso mesmo as esperanças de uma “virada histórica” apontam tanto para a punição dos que se autodefendem nos cargos que ocupam, em compadrio incestuoso, quanto na mudança urgente do sistema eleitoral. Tal mudança pressupõe, antes de mais nada, tomada de consciência do Art. I par. 1 da Constituição Federal: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de “representantes eleitos ou diretamente”, nos termos desta Constituição”. Concretamente isto significa a necessidade urgente de que o povo retome a consciência de que ele mesmo é o detentor do poder e que apenas o delega provisoriamente enquanto isto for para o bem de todos. O recobrar desta consciência, certamente facilitada pelo voto distrital e uma vigilância constante sobre a maneira de proceder dos simples delegados, haveria tanto de exterminar dinastias quanto conhecidos “fixas sujas”.
Em suma, estamos vivendo um momento importante de nossa história, em que o cultivo da consciência ética no sentido mais amplo e profundo da palavra se impõe também como dever cívico primordial. Sem isso, as anunciadas reformas nunca passarão de palavras vazias e a corrupção não apenas se perpetuará, como também se aprofundará, prosseguindo em sua caminhada devastadora. Se, ao contrário, essa consciência ética encontrar formas operativas, com certeza não faltarão recursos para atender às necessidades básicas de todos, mormente no que se refere à segurança, à saúde e à educação. Apelar para outras “fontes” de recursos é colocar “remendo novo em roupa velha”. Colocar mais combustível em motor velho é alimentar o que já deveria ter sido jogado no lixo há muito tempo: a gula insaciável de mecanismos que, quanto mais acumulam verbas,menos as aplicam para as finalidades às quais se diz estarem sendo destinadas.


Artigo: Frei Antonio Moser.
 
 

 

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

FOLDER DISTRIBUIDO NA MISSA DAS 16:15HS DO DIA 05/11/2011 NA IGREJA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

INFORMATIVO

Ano III  -  NOVEMBRO DE 2011 -    07

CONHECENDO A NOSSA IGREJA

LEGENDA DOS TRÊS COMPANHEIROS

CAPÍTULO XIV  - (continuação)

60. Quando não conseguiam hospedagem junto aos sacerdotes, buscavam-na entre homens mais religiosos e tementes a Deus, com os quais encontrassem alojamento mais conveniente, até que o Senhor inspirasse algumas pessoas tementes a Deus que lhes preparassem hospedagem em cada cidade e aldeia que pretendessem visitar, isso até o tempo em que se construíram moradas para eles nas cidades e aldeias.
O Senhor lhes acudia oportunamente com palavra e espírito que penetravam profundamente nos corações de jovens e ve­lhos, que abandonando pai e mãe e tudo o que possuíam, seguiam os irmãos, tomando o hábito da ordem. Na verdade a espada que separa veio à terra fazendo os jovens acorrer à religião, abandonando seus parentes entre as fezes dos pecados. Conduziam então os que haviam admitido à ordem ao bem-aventurado Francisco, de quem recebiam o hábito religioso, com devoção e humildade. Não somente os homens se convertiam à ordem, mas também muitas virgens e viúvas, compungidas pelas suas pregações e, seguindo seu conselho, enclausuravam-se nos mosteiros espa­lhados pelas cidades e aldeias para fazer penitência. E consti­tuiu-se para elas um dos irmãos como visitador e conselheiro. Da mesma forma, homens e mulheres casados, não podendo abandonar a lei do matrimônio, entregavam-se, pelo salutar conselho dos irmãos, a uma penitência mais rigorosa em suas próprias casas. E assim, por meio do bem-aventurado Fran­cisco, adorador perfeito da Santíssima Trindade, a Igreja de Deus foi renovada com três ordens, conforme prefigurava a reforma das três igrejas. E cada uma destas ordens, em seu devido tempo, foi confirmada pelo Sumo Pontífice.

CAPÍTULO XV

Da morte do cardeal João, primeiro protetor,
e da nomeação do cardeal Hugolino,bispo de
 Óstia, como pai e protetor da Ordem

61. O venerável pai, cardeal João  de São Paulo,  que muitas vezes dava conselho e proteção ao bem-aventurado Francisco, recomendava a todos os outros cardeais a vida e os atos do santo e de seus irmãos. E os seus ânimos eram movidos amar o homem de Deus e a seus irmãos, a tal ponto que um  desejava ter em  sua  cúria alguns  deles,  não para serem servidos por eles, mas pela santidade que neles admira­vam e devoção que lhes tinham.
Morto o senhor cardeal João de São Paulo, Deus inspirou a um dos cardeais, chamado Hugolino, naquele tempo bispo de Óstia, a que nutrisse pelo  bem-aventurado Francisco e seus irmãos profundo amor e lhes garantisse conselho e proteção.  Na realidade tratou-os com muito afeto, como se fosse o pai de todos. Mais ainda: seu afeto por eles superava o amor carnal que une naturalmente pais e filhos. Era uma afeição espiritual que o levava a amar no Senhor e a amparar o homem de Deus e seus irmãos. Francisco conhecendo a fama desse cardeal, que a todos os mais sobressaía, apresentou-se a ele com seus irmãos. Este os recebeu com alegria e disse-lhes: "Ofereço-vos meu conselho e auxílio, e estou pronto a dar-vos a proteção conforme desejardes, e quero pelo amor de Deus que me reco­mendeis em vossas orações".
Então o bem-aventurado Francisco, dando graças a Deus, disse ao senhor Cardeal: "De muito boa vontade desejo, Senhor, ter-vos como pai e protetor de nossa ordem, e quero que todos os irmãos vos recomendem em suas orações". Em seguida, pediu-lhe o bem-aventurado Francisco  que se dignasse estar presente no capítulo de Pentecostes. Logo aceitou benignamente, e desde então esteve presente, todos os anos, ao capítulo.
Quando comparecia ao capítulo, todos os irmãos reunidos saíam em procissão ao seu encontro. E ao se aproximarem os irmãos, descia do cavalo e caminhava a pé com eles até à igreja de Santa Maria. Depois pregava-lhes o sermão e celebrava a missa, durante a qual o homem de Deus, Francisco, cantava o Evangelho.

CAPÍTULO  XVI

Da eleição dos primeiros ministros e como foram enviados pelo mundo

62. Onze anos haviam decorrido desde o início da ordem. " E nesse tempo cresceram o número e o mérito dos irmãos. Então foram escolhidos ministros e enviados com alguns irmãos a quase todas as partes do mundo, nas quais se venerava e vivia a fé católica. Eram recebidos em algumas províncias, mas não se lhes permitia construir habitações; de outras eram expulsos como hereges, porque, embora o senhor papa Inocêncio III tivesse aprovado a ordem e a regra, não as havia ainda confirmado por carta; por isso os irmãos sofreram muitas tribulações de clérigos e leigos. Por este motivo, os irmãos foram obrigados a fugir de várias províncias, e assim, angus­tiados e aflitos, e também espoliados e espancados por ladrões, voltaram com grande amargura ao bem-aventurado Francisco. Sofreram isto em quase todas as regiões ultramontanas, como Grã Alemanha, na Hungria e em outras.
Ao saber desses fatos, o cardeal chamou a si o bem-aventurado Francisco e o levou ao senhor papa Honório, pois o papa Inocêncio havia morrido. O bem-aventurado Francisco redigiu uma outra regra sob a inspiração de Cristo e a fez confirmar sole­nemente em bula pelo mesmo senhor papa Honório. Nesta regra se prolongou o tempo do capítulo, para facilitar aos irmãos que habitavam em remotas regiões.

Continua no informativo – Ano III -            DEZEMBRO DE 2011  -    08



SANTOS FRANCISCANOS

MES DE NOVEMBRO

1 — SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS
        B. Rainério de Sansepolcro, 1ª Ordem.
2 COMEMORAÇÃO DE TODOS OS DEFUN­TOS
3 — B. Margarida de Lorena, 2ª Ordem.
4 — S. Carlos Borromeu, 3ª Ordem.
5 — BB. Miguel Kizaiemon e Lucas Kiiemon,
        3ª Ordem, mártires do Japão  
6 — B. Paulo  de   S. Clara,  1ª Ordem,  mártir
        no  Japão
7 — B. Helena Enselmini, 2ª Ordem.
8 — B. João Duns Scoto  — culto aprovado
9 — B. Joana de Signa. 3ª Ordem.
10 — S. Leão, mártir de Ceuta, 1ª Ordem.
11 — B. Gabriel Ferreti, 1ª Ordem.
12 — B. João da Paz, 3ª Ordem.
13 — S. Diogo de Alcalá, 1ª Ordem.
14 — S. Nicolau Tavelic, 1ª Ordem, mártir
15 — S. Deodato   de   Rodez, 1ª Ordem,  mártir 
16 — S. Pedro de Narbone, 1ª Ordem, mártir
17 — S. Isabel da Hungria, 3ª Ordem.
18 — B. Salomé de Cracóvia, 2ª Ordem.
19 — S. Inês de Assis, 2ª Ordem.
20 — S. Estêvão de Cuneo, 1ª Ordem, mártir
21  — S. Nicolau, mártir de Ceuta, 1ª Ordem.
22 — B. Bernardino de Fossa, 1ª Ordem.
23 — B. Humilde de Bisignano, 1ª Ordem.
24 — B. Mateus Alvarez, 3ª Ordem, mártir no
          Japão.
25 — B. Isabel Bona, 3ª Ordem.
26 — S. Leonardo de Porto Maurício, 1ª Ordem.
27 — B. Francisco Antonio Fasani, 1ª Ordem.
28 — S. Tiago da Marca, 1ª Ordem.
29 — TODOS OS SANTOS DA ORDEM
          FRANCISCANA