terça-feira, 17 de março de 2015

FOLDER DISTRIBUÍDO NA MISSA DAS 16:15 HORAS DO DIA 07 DE MARÇO DE 2015 NA IGREJA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS





FRATERNIDADE FRANCISCANA SECULAR DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS DE PETRÓPOLIS


RUA FREI LUIZ,26
CEP 25685-020 PETRÓPOLIS – RJ
Blog: ofssagradopetropolis.blogspot.com
E-MAIL: ofspetro@ig.com.br
TEL: (24) 2242-7984

Reunião mensal: 3° domingo às 14:00 horas – com a Missa aberta a todos às 16:00 horas
Expediente da Secretaria: 3ª e 5ª feiras das  4:00 às 17:00 horas.

Missa no 1° sábado de cada mês às 16:15 horas na Igreja do Sagrado Coração de Jesus


INFORMATIVO
Ano VI  MARÇO DE 2015 -  Nº  10

ESPIRITUALIDADE  FRANCISCANA

SANTA ROSA DE VITERBO

Padroeira da Juventude Franciscana – JUFRA

CAPÍTULO   IX

FLOCOS   DE   NEVE   (Continuação)

E numa manhã de Julho:
—  O Papa teve que refugiar-se em Cività-Vecchia.
E  outro  dia:
—  O Papa se encontra em Gênova. Os genoveses estão fora de si e bradam:   "Somos livres. Somos livres. Viva a Igreja!"  Frederico esforçou-se por aprisionar o Papa, mas chegou tarde. E foi a um frade menor que ele escolheu para pedir navios ao governo de Gênova.
Rosa abria e fechava os olhos. Depois de visões apavorantes, devisava o Paraíso, ao canto dos anjos. Nem a todos, porém, revelava ela o que discernia nes­ta luz, chamada por Santa Hildegarda: luz de vida, luz de alegria.
Mais por amor ao Crucificado do que pelo dese­jo de compensar estas fugazes alegrias, entregava-se a espantosas penitências. Catarina se lamentava, amea­çava e prognosticava próxima doença. João apoiava-a desesperado. As previsões se tornaram realidade.

CAPÍTULO   X

UM   DIA   DE   FESTA

                                                                                          "Todos os que nos precederam, que conosco
                                                                                          vi­vem e que nos seguirão, todos fixamos nossos
                                                                                          olhares em Maria, como centro e ápice de todos
                                                                                          os séculos" (S. Bernardo).

            O Papa fugitivo alcançou a França. Escolheu ali a cidade de Lião, para poder convocar um concílio fora do alcance das ciladas do Imperador. Mas ao concílio do Papa o Imperador contrapôs, incontinenti, a dieta de Verona. Os partidários do Imperador se dirigiriam a Verona, os do Papa a Lião. Assim, o concílio não seria mais universal, como era desejo do Papa.
            Do reino de Nápoles, Inocêncio IV viu chegar tão somente o arcebispo de Bari. Dos prelados alemães, poucos se apresentaram: o patriarca de Aquiléia, os arcebispos de Mogúncia e de Colônia, os bispos de Praga, Liège e Trieste. Achavam-se presentes também os patriarcas do Oriente e o Imperador de Constan­tinopla, bem como o arcebispo de York e o abade de Westminster e, como é natural, grande número de pre­lados franceses.
            Não obstante aos esforços de Frederico II para difi­cultar, impedir e retardar o concílio, esta assembléia superou a dele. Naturalmente, teve o cuidado de anun­ciar seus representantes para Lião, mas lá nunca chegaram. As sessões se realizaram a partir de 28 de Junho. Em 17 de Julho o Papa resolveu pôr fim ao concílio e declarou-o ecumênico, na medida que o permitiram as ciladas do Imperador, ajuntando:
            — Seria de estranhar que esses ardis lhe trouxes­sem algum proveito.
            Os procuradores da França e da Inglaterra expe­rimentaram uma última cartada em favor de Frede­rico II. No intuito de ganhar tempo, um prelado in­glês propôs vários assuntos para estudo. O Papa ou­viu-o em silêncio, "os olhos baixos". Então, os pre­lados franceses e espanhóis ergueram a voz e exigiram:
            — A sentença!
            O Papa fez um sinal. Trouxeram círios acesos. E enquanto as chamas tremeluziam nas mãos dos car­deais e dos bispos, o Papa anunciava com voz pau­sada:
            "Inocêncio, servo de Deus, destinado para proteger a paz e unidade cristãs, para defender os bons e pu­nir os maus: uma vez que Frederico foi excomunga­do como réu de perjúrios repetidos, de sacrilégios e de heresia (de perjúrio porque violou a imunidade do clero siciliano e esurpou as possessões de Marca, Benevento e Toscana; réu de sacrilégio, por ter apri­sionado os prelados convocados para Roma; réu de heresia por manter relações com os infiéis e por ter entrado em entendimentos com o Sultão, durante a Cruzada) e nada fez para se emendar, Eu Inocên­cio, indigno sucessor de Jesus Cristo, juntamente com meus irmãos, em virtude do poder de ligar e desli­gar: absolvo os súditos de Frederico do juramento de fidelidade; proíbo-lhes reconhecê-lo como Imperador e Rei, sob pena de excomunhão; convido aos prela­dos e príncipes alemães e escolher, livremente, um novo Imperador, reservando-me o direito de dispor, ao meu arbítrio, do reino da Sicília".
            Os prelados viraram então as suas velas e viram as chamas extinguirem-se no pavimento.
            Para se defender, Frederico II remeteu uma circu­lar aos ingleses e uma aos prelados e príncipes ale­mães. Pediu ao rei de França lhe fosse árbitro nesta questão, com promessas de navios e provisões para a Terra Santa. Luís IX tentou reconciliar os dois adver­sários. Negociações prolongadas, em vão. No dia 12 de Março de 1246, os bispos do Reno coroavam ao Landgrave Henrique Rapson, por todos chamado o anticésar.
            —  Até o presente, desempenhei o papel de bigorna — declarou Frederico — mas para o futuro, serei mar­telo.
            Tal declaração espalhou o terror; mas pouco de­pois, outra notícia difundia esperanças:
            —   O  Imperador foi assassinado.
            Tratava-se, porém, de um golpe fracassado, de uma conspiração malograda, cujo preço seriam as mais hor­ríveis torturas para os reféns.
           Multiplicam-se as tempestades; as atrocidades se re­petem; mas a alma consagrada a Deus, jamais um monstro, um Frederico, um Ezelino, um Ênzio lhe puderam lançar as mãos, mutilá-la ou exterminá-la. Não existiam prisões nem calabouços, nem muralhas ou barricadas para esta andorinha. A terra de sangue e de lágrimas, por causa desta viajante, se transforma em terra de bênçãos.
            O milagre deste inferno que se chama terra é tê-la Deus enchido da mais radiosa esperança e lhe re­servado a mais doce alegria:
            "Desde a eternidade fui construída e desde o prin­cípio, antes que a terra fosse criada. Ainda não existiam os abismos e as fontes de água não haviam ain­da brotado e eu já estava concebida. As montanhas se não tinham ainda assentado sobre sua possante massa antes de haver outeiros eu já havia nascido".
            O Criador devia estar satisfeito com a obediência dos astros e com a formosura dos anjos. Mas surgi­ria na terra uma mulher mais pura que os astros e digna de ser Rainha das hostes celestes, que não de­veria chamar-se filha de Eva, por ter nascido sem a mancha original.
            A esta flor do tronco de Jessé, a esta mãe e rainha entregaria, um dia, o Filho crucificado tôda a huma­nidade. E ela havia de aceitar esta herança, sem es­tremecer.

Continua no informativo – Ano VI -            ABRIL DE 2015  -  Nº  11

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SANTOS FRANCISCANOS

MES DE MARÇO

1 — S. Francisco Fahelante, 3ª ordem, mártir do
       Japão 
2 — S. Inês de Praga, 2ª Ordem.
3 — B. Inocêncio de Berzo, 1ª Ordem
4 — B. Cristóvão de Milão,  1ª Ordem
5 — S. João José da Cruz, 1ª Ordem
6 — SS. Cosme e Máximo Takeya, 3ª Ordem - mártires do Japão.
7 — S. Pedro Sukejiro, 3ª Ordem, mártir do Japão
8 — S. MiguelKosaki, 3ª Ordem, mártir do Japão
9 — S. Luís Ibaraki, 3ª Ordem, mártir do Japão
10 — B. Tomás Sen, 3ª Ordem, mártir da China
11 — B. João Baptista de Fabriano, 1ª Ordem 
12 — B. Simão Tchen, 3ª Ordem, mártir da China
13 — B. Agnelo de Pisa, 1ª Ordem
14 — B. Pedro U-Ngan-Pan, 3ª Ordem, mártir da China 
15 — B. Matias Fan-TE, 3ª Ordem, mártir da China
16 — B. Pedro Tciang, 3ª Ordem, mártir da China      
17 — B. Francisco Tciang,
18 — S. Salvador da Horta, 1ª Ordem
19 — S. José – Esposo da Virgem Maria – Solenidade
20 — B. Hipólito Galantini, 3ª Ordem
21 — B. João de Parma, 1ª Ordem
22 — S. Benvenuto de Osimo, 1ª Ordem
23 — B. Marcos   de   Montegallo, 1ª Ordem
24 — B. Diogo José de Cadiz, 1ª Ordem
25 — S. Tiago Jen, 3ª Ordem, mártir da China   
26 — B. Pedro Wang, 3ª Ordem, mártir da China  
27 — B. Tiago Tchao, 3ª Ordem, mártir da China
28 — B. Joana Maria Maillé, 3ª Ordem     
29 — B. João Tciang, 3ª Ordem, mártir da China
30 — S. Pedro Regalado, 3ª Ordem
31  —B.Patrício Tong, III O., mártir da China

segunda-feira, 2 de março de 2015

ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE FEVEREIRO DE 2015

Mensagem do Papa Francisco para a quaresma 2015


“Fortalecei os vossos corações” (Tg 5, 8)
Amados irmãos e irmãs,
Tempo de renovação para a Igreja, para as comunidades e para cada um dos fiéis, a Quaresma é sobretudo um «tempo favorável» de graça (cf. 2 Cor 6, 2). Deus nada nos pede, que antes não no-lo tenha dado: «Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro» (1 Jo 4, 19). Ele não nos olha com indiferença; pelo contrário, tem a peito cada um de nós, conhece-nos pelo nome, cuida de nós e vai à nossa procura, quando O deixamos. Interessa-Se por cada um de nós; o seu amor impede-Lhe de ficar indiferente perante aquilo que nos acontece. Coisa diversa se passa conosco! Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos certamente dos outros (isto, Deus Pai nunca o faz!), não nos interessam os seus problemas, nem as tribulações e injustiças que sofrem; e, assim, o nosso coração cai na indiferença: encontrando-me relativamente bem e confortável, esqueço-me dos que não estão bem! Hoje, esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial tal que podemos falar de uma globalização da indiferença. Trata-se de um mal-estar que temos obrigação, como cristãos, de enfrentar.
Quando o povo de Deus se converte ao seu amor, encontra resposta para as questões que a história continuamente nos coloca. E um dos desafios mais urgentes, sobre o qual me quero deter nesta Mensagem, é o da globalização da indiferença.
Dado que a indiferença para com o próximo e para com Deus é uma tentação real também para nós, cristãos, temos necessidade de ouvir, em cada Quaresma, o brado dos profetas que levantam a voz para nos despertar.
A Deus não Lhe é indiferente o mundo, mas ama-o até ao ponto de entregar o seu Filho pela salvação de todo o homem. Na encarnação, na vida terrena, na morte e ressurreição do Filho de Deus, abre-se definitivamente a porta entre Deus e o homem, entre o Céu e a terra. E a Igreja é como a mão que mantém aberta esta porta, por meio da proclamação da Palavra, da celebração dos Sacramentos, do testemunho da fé que se torna eficaz pelo amor (cf. Gl 5, 6). O mundo, porém, tende a fechar-se em si mesmo e a fechar a referida porta através da qual Deus entra no mundo e o mundo n’Ele. Sendo assim, a mão, que é a Igreja, não deve jamais surpreender-se, se se vir rejeitada, esmagada e ferida.
Por isso, o povo de Deus tem necessidade de renovação, para não cair na indiferença nem se fechar em si mesmo. Tendo em vista esta renovação, gostaria de vos propor três textos para a vossa meditação.
1. «Se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros» (1 Cor 12, 26): A Igreja.
Com o seu ensinamento e sobretudo com o seu testemunho, a Igreja oferece-nos o amor de Deus, que rompe esta reclusão mortal em nós mesmos que é a indiferença. Mas, só se pode testemunhar algo que antes experimentamos. O cristão é aquele que permite a Deus revesti-lo da sua bondade e misericórdia, revesti-lo de Cristo para se tornar, como Ele, servo de Deus e dos homens. Bem no-lo recorda a liturgia de Quinta-feira Santa com o rito do lava-pés. Pedro não queria que Jesus lhe lavasse os pés, mas depois compreendeu que Jesus não pretendia apenas exemplificar como devemos lavar os pés uns aos outros; este serviço, só o pode fazer quem, primeiro, se deixou lavar os pés por Cristo. Só essa pessoa «tem a haver com Ele» (cf. Jo 13, 8), podendo assim servir o homem.
A Quaresma é um tempo propício para nos deixarmos servir por Cristo e, deste modo, tornarmo-nos como Ele. Verifica-se isto quando ouvimos a Palavra de Deus e recebemos os sacramentos, nomeadamente a Eucaristia. Nesta, tornamo-nos naquilo que recebemos: o corpo de Cristo. Neste corpo, não encontra lugar a tal indiferença que, com tanta freqüência, parece apoderar-se dos nossos corações; porque, quem é de Cristo, pertence a um único corpo e, n’Ele, um não olha com indiferença o outro. «Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria» (1 Cor 12, 26).
A Igreja é communio sanctorum, não só porque, nela, tomam parte os Santos, mas também porque é comunhão de coisas santas: o amor de Deus, que nos foi revelado em Cristo, e todos os seus dons; e, entre estes, há que incluir também a resposta de quantos se deixam alcançar por tal amor. Nesta comunhão dos Santos e nesta participação nas coisas santas, aquilo que cada um possui, não o reserva só para si, mas tudo é para todos. E, dado que estamos interligados em Deus, podemos fazer algo mesmo pelos que estão longe, por aqueles que não poderíamos jamais, com as nossas simples forças, alcançar: rezamos com eles e por eles a Deus, para que todos nos abramos à sua obra de salvação.
2. «Onde está o teu irmão?» (Gn 4, 9): As paróquias e as comunidades
Tudo o que se disse a propósito da Igreja universal é necessário agora traduzi-lo na vida das paróquias e comunidades. Nestas realidades eclesiais, consegue-se porventura experimentar que fazemos parte de um único corpo? Um corpo que, simultaneamente, recebe e partilha aquilo que Deus nos quer dar? Um corpo que conhece e cuida dos seus membros mais frágeis, pobres e pequeninos? Ou refugiamo-nos num amor universal pronto a comprometer-se lá longe no mundo, mas que esquece o Lázaro sentado à sua porta fechada (cf. Lc 16, 19-31)?
Para receber e fazer frutificar plenamente aquilo que Deus nos dá, deve-se ultrapassar as fronteiras da Igreja visível em duas direções.
Em primeiro lugar, unindo-nos à Igreja do Céu na oração. Quando a Igreja terrena reza, instaura-se reciprocamente uma comunhão de serviços e bens que chega até à presença de Deus. Juntamente com os Santos, que encontraram a sua plenitude em Deus, fazemos parte daquela comunhão onde a indiferença é vencida pelo amor. A Igreja do Céu não é triunfante, porque deixou para trás as tribulações do mundo e usufrui sozinha do gozo eterno; antes pelo contrário, pois aos Santos é concedido já contemplar e rejubilar com o fato de terem vencido definitivamente a indiferença, a dureza de coração e o ódio, graças à morte e ressurreição de Jesus. E, enquanto esta vitória do amor não impregnar todo o mundo, os Santos caminham conosco, que ainda somos peregrinos. Convicta de que a alegria no Céu pela vitória do amor crucificado não é plena enquanto houver, na terra, um só homem que sofra e gema, escrevia Santa Teresa de Lisieux, doutora da Igreja: «Muito espero não ficar inativa no Céu; o meu desejo é continuar a trabalhar pela Igreja e pelas almas» (Carta 254, de 14 de Julho de 1897).
Também nós participamos dos méritos e da alegria dos Santos e eles tomam parte na nossa luta e no nosso desejo de paz e reconciliação. Para nós, a sua alegria pela vitória de Cristo ressuscitado é origem de força para superar tantas formas de indiferença e dureza de coração.
Em segundo lugar, cada comunidade cristã é chamada a atravessar o limiar que a põe em relação com a sociedade circundante, com os pobres e com os incrédulos. A Igreja é, por sua natureza, missionária, não fechada em si mesma, mas enviada a todos os homens.
Esta missão é o paciente testemunho d’Aquele que quer conduzir ao Pai toda a realidade e todo o homem. A missão é aquilo que o amor não pode calar. A Igreja segue Jesus Cristo pela estrada que a conduz a cada homem, até aos confins da terra (cf. Act 1, 8). Assim podemos ver, no nosso próximo, o irmão e a irmã pelos quais Cristo morreu e ressuscitou. Tudo aquilo que recebemos, recebemo-lo também para eles. E, vice-versa, tudo o que estes irmãos possuem é um dom para a Igreja e para a humanidade inteira.
Amados irmãos e irmãs, como desejo que os lugares onde a Igreja se manifesta, particularmente as nossas paróquias e as nossas comunidades, se tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença!
3. «Fortalecei os vossos corações» (Tg 5, 8): Cada um dos fiéis
Também como indivíduos temos a tentação da indiferença. Estamos saturados de notícias e imagens impressionantes que nos relatam o sofrimento humano, sentindo ao mesmo tempo toda a nossa incapacidade de intervir. Que fazer para não nos deixarmos absorver por esta espiral de terror e impotência?
Em primeiro lugar, podemos rezar na comunhão da Igreja terrena e celeste. Não subestimemos a força da oração de muitos! A iniciativa 24 horas para o Senhor, que espero se celebre em toda a Igreja – mesmo a nível diocesano – nos dias 13 e 14 de Março, pretende dar expressão a esta necessidade da oração.
Em segundo lugar, podemos levar ajuda, com gestos de caridade, tanto a quem vive próximo de nós como a quem está longe, graças aos inúmeros organismos caritativos da Igreja. A Quaresma é um tempo propício para mostrar este interesse pelo outro, através de um sinal – mesmo pequeno, mas concreto – da nossa participação na humanidade que temos em comum.
E, em terceiro lugar, o sofrimento do próximo constitui um apelo à conversão, porque a necessidade do irmão recorda-me a fragilidade da minha vida, a minha dependência de Deus e dos irmãos. Se humildemente pedirmos a graça de Deus e aceitarmos os limites das nossas possibilidades, então confiaremos nas possibilidades infinitas que tem de reserva o amor de Deus. E poderemos resistir à tentação diabólica que nos leva a crer que podemos salvar-nos e salvar o mundo sozinhos.
Para superar a indiferença e as nossas pretensões de omnipotência, gostaria de pedir a todos para viverem este tempo de Quaresma como um percurso de formação do coração, a que nos convidava Bento XVI (Carta enc. Deus caritas est, 31). Ter um coração misericordioso não significa ter um coração débil. Quem quer ser misericordioso precisa de um coração forte, firme, fechado ao tentador mas aberto a Deus; um coração que se deixe impregnar pelo Espírito e levar pelos caminhos do amor que conduzem aos irmãos e irmãs; no fundo, um coração pobre, isto é, que conhece as suas limitações e se gasta pelo outro.
Por isso, amados irmãos e irmãs, nesta Quaresma desejo rezar convosco a Cristo: «Fac cor nostrum secundum cor tuum – Fazei o nosso coração semelhante ao vosso» (Súplica das Ladainhas ao Sagrado Coração de Jesus). Teremos assim um coração forte e misericordioso, vigilante e generoso, que não se deixa fechar em si mesmo nem cai na vertigem da globalização da indiferença.
Com estes votos, asseguro a minha oração por cada crente e cada comunidade eclesial para que percorram, frutuosamente, o itinerário quaresmal, enquanto, por minha vez, vos peço que rezeis por mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde!
Vaticano, Festa de São Francisco de Assis,
4 de Outubro de 2014.
FRANCISCUS PP.


São Conrado de Placença, eremita da Ordem III

Ermitão da Terceira Ordem Franciscana (1290-1351). Urbano VIII aprovou seu culto como santo, no dia 12 de setembro de 1625. 

Conrado Confaloniéri nasceu em 1290. Nobre, rico, feliz no casamento, era aficionado pela caça. Um dia em que andava com outros caçadores perseguindo uma presa, vendo-a embrenhar-se num espesso bosque onde lhe era impossível penetrar, resolveu lançar fogo no matagal, para escorraçar o bicho. Sucedeu, porém, que o incêndio não pôde ser extinto nem controlado, alastrando-se e destruindo muitas colheitas e granjas das redondezas. Conrado e os cúmplices da façanha entraram na cidade sem serem notados, e não havia nenhuma testemunha que os pudesse acusar dos prejuízos causados involuntariamente. Mas os proprietários lesados denunciaram o caso às autoridades, que fizeram um inquérito e, como resultado, um pobre caseiro, que vivia nas proximidades do sítio onde se ateara o fogo, foi preso e condenado à morte.
Na praça da cidade, pouco antes da execução do condenado, Conrado não pôde resistir aos remorsos da consciência: reconheceu publicamente ser ele o culpado, embora, até certo ponto, involuntário, e assim, salvou uma vida inocente. Foi então ele condenado, não à morte, mas ao pagamento de todos os danos causados. Cumpriu a sentença vendendo todos os bens próprios e os da esposa.
Desta forma, ficaram os dois absolutamente sem nada, numa miséria total. Mas não se desesperaram, e aceitaram mesmo essa provação como um sinal do céu.
 Separaram-se de mútuo acordo e enquanto a mulher ingressou no mosteiro das clarissas, no convento de Placência, ele emigrou para a Sicília e na vizinhança de Noto encetou uma vida eremítica, fez-se terceiro franciscano e viveu em austeridade e oração durante 36 anos, tornando-se famoso pelo rigor da penitência que se infligia. Às sextas-feiras descia à cidade para visitar doentes no hospital e fazia prolongada oração diante dum célebre crucifixo da catedral. Foi agraciado com o dom dos milagres. Após a morte, que sobreveio aos 61 anos, em 19 de fevereiro de 1351, foi sepultado na catedral onde costumava rezar, e aí é venerado, juntamente com São Nicolau de Bári, como padroeiro da cidade.


Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola. 

Habitar o coração


Reflexões descosturadas a respeito do silêncio

● Sintomas, mais ou menos graves, foram analisados  por psicossociólogos e  educadores.  A fragilidade e instabilidade de cada um, desenraizado de suas própria profundidade  aparecem na vida dos casados, dos fiéis de uma comunidade, nos grupamentos de vida consagrada.  As crianças têm dificuldade em se concentrarem.   Há superficialidade nos relacionamentos.  Há consumo intenso de tranquilizantes.  Inadaptação crônica. Agressividade à flor da pele.  Depressão. Dispersão, procura  louca de evasão, droga, seitas… (M. Hubaut).
● Tudo indica que a perplexidade e o vazio sentidos por tantos de nossos contemporâneos  tenham  levado as pessoas a perderem uma dimensão  essencial do existir.  Como pode alguém ser ele mesmo sem ganhar altura e profundidade, sem fazer silêncio?  O silêncio equilibra a vida e o crescimento.  O homem que não faz mais silêncio  perde não somente a arte de viver, uma qualidade de vida, mas uma peça estruturante de seu ser profundo.
● O homem deve se estruturar em duas direções complementárias: exterioridade e interioridade: exteriorização em relação aos outros e ao mundo; e interiorização, certo recuo, afastamento, silêncio, reflexão com relação a si mesmo,  como os movimentos do coração humano, de sístole e diástole.
● Se a socialização contemporânea,  tão necessária, não for acompanhada de uma  crescente interiorização podemos chegar a desequilíbrios mais ou menos graves.  O bem-sucedido de uma existência humana  depende do seu desenvolvimento integral e da qualidade dos relacionamentos humanos. Uma das tarefas importantes da Igreja em nossos dias é a iniciação ao silêncio  à vida interior.  Nas grandes cidades, de modo particular, será preciso ajudar as comunidades a criar espaços de silêncio e de oração, pulmões que prevenirão uma asfixia.
● Com toda razão se tem dito e repetido à saciedade que o cristianismo não pode ser concebido sem um decidido compromisso  contra a fome, injustiça, violência que degradam o homem. Com a mesma força se deve dizer que  não se pode conceber o cristianismo sem um empenho determinado para que o homem valorize sua dimensão interior.
● O silêncio é um pedagogo que nos ensina a ouvir. Escutar a música da criação para perceber o segredo da harmonia.  Ouvir nosso coração, nossa consciência, para melhor nos conhecer e dirigir nossa vida.  Escutar os homens para nos enriquecer de sua diversidade e melhor amá-los.  Escutar  Deus, sua Palavra interior, seu Espírito que fala em nós para nos comunicar  sua vida.
●  “O silêncio é a última palavra do discurso. É plenitude de palavra. É dialogo sem palavras. É a medida do tempo necessária para  amadurecer uma mensagem no coração. Consequentemente é muito pouco defini-lo, simplesmente como ausência de qualquer som ou rumor; é, ao contrário, uma realidade plenamente positiva; é escuta intensa da Palavra de Deus. Daqui se compreende que não se escolhe o silêncio pelo silêncio, mas o silêncio para a escuta, para o diálogo interior e prolongado, para a comunhão profunda”  (Ubaldo Terrinoni, Projeto de pedagogia evangélica, Paulinas,  p. 182).
O enigma do homem, ser  de solidão e de relação
● O primeiro obstáculo para o silêncio não é o ambiente que o cerca, mas o próprio homem que parece fugir do silêncio  apesar de ter dele necessidade e necessidade vital.  O homem é um ser social que precisa viver com os outros, pelos outros e para os outros.  Nesse sentido, a solidão  pode ser ressentida como estado psicológico violento  contra  a natureza do qual ela procura escapar. Uma certa solidão é uma das grandes angústias do homem moderno, sobretudo dos que envelhecem e não aprenderam a sabedoria do viver. Há pessoas, não tão idosas, que são literalmente incapazes de permanecer escutando a voz de seu interior.  Ficam desequilibradas com o silêncio.
● Não se pode confundir solidão de isolamento. Uma criança isolada, mesmo tendo o necessário para nutrir seu corpo e sua mente,  dificilmente terá condições de encontrar sua identidade.  Sabemos da catástrofe experimentada por tantas pessoas idosas e também doentes e presidiários.  “Não é bom que  homem viva só?”
● O ser humano quer a comunicação, mas difícil e raras vezes chega à comunhão. Entre um e outros há sempre uma região  que não pode ser ultrapassada.  A experiência é feita por amigos e por casais que se estimam de verdade.  Cada ser humano é uma solidão ambulante.
● O homem não suporta nem o isolamento, nem a contínua presença dos outros. Uma prolongada solidão  suscita nele um irresistível desejo da presença dos outros. Uma vida comunitária permanente, uma vida de intensos relacionamentos cria o desejo da solidão.  Solidão e presença se chamam mutuamente. Não existe fraternidade franciscana quando seus membros riscaram de seu programa a leitura, a meditação, a oração, a visita ao fundo do coração.  As reuniões comuns deixam a desejar.  Serão apenas espaço para tagarelar.

O isolamento destrói, o silêncio habitado constrói

● A tradição cristã  não confunde  o silêncio da solidão voluntária, provisória ou permanente que pode ser fonte de enriquecimento, que é construtiva, com o  silêncio do isolamento que é sempre sinal de empobrecimento e destruidor.
● A solidão não é  finalidade em si mesma. Não é valor absoluto. Visa permitir que o homem ouça seu coração  habitado pelo Espírito.  Madeleine Delbrêl dizia:  “A verdadeira solidão não é a ausência dos outros, mas a presença de Deus”.  Na solidão habitada, o homem encontra verdadeira presença, a si mesmo, o mundo, os outros e a Deus.
● “A primeira condição  para ousar a aventura da vida interior, para tentar uma vida de oração, é ter a convicção de ser habitado pelo Espírito que não posso me dar mas que recebo com um dom de Deus.  Este Espírito é “Desejo-de-Deus em mim”. Não serei um homem ou uma mulher de oração  enquanto pensar que   a oração é, antes de tudo,  “minha” atividade. A oração é, antes de tudo, ação do Espírito em mim. Não se convoca a Deus. Possui-se a Deus, acolhe-se a Deus.  Não  “se faz” nossa oração, mas abre-se a uma Presença. Rezar é acolher, escutar o Espírito que murmura em mim. Ele é fonte desse diálogo de amor filial com esse Deus que o Cristo revela ser nosso Pai.  “Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim”,  diz São Paulo  (Gl 2,20).  Não sou fonte de minha oração, mas meu “coração”  é o lugar onde o Espírito jorra e reza em mim” (Hubaut, p. 15).
● A solidão silenciosa deve estar a serviço do encontro com Alguém que ali marca encontro, não para uma estéril  introspecção  narcisista, mas para um diálogo de amor que coloca o ser humano em comunhão com todos os homens e a terra inteira.  Somente o silêncio habitado é compatível com a estrutura e a vocação do homem. Se esta presença de Deus não é mais buscada nem reconhecida a solidão se torna desumana.  Literalmente  Hubaut:  “É quase impossível amar o silêncio e viver serenamente uma certa solidão sem crer  na dimensão interior do homem e do mundo, sem abertura para fonte transcendente da vida” (p. 42).
● Se o silêncio aspira à solidão e a solidão convida ao silêncio, o encontro feliz entre os dois não acontece automaticamente.  Podemos ter uma  barulheira na cabeça vivendo no deserto e fazer silêncio no meio da multidão. Podemos estar cheios de nós mesmos e de nossos problemas num mosteiro e estar completamente disponível para o mundano.
●  “O homem é um ser  solitário e comunitário que tem necessidade de  solidão e de relacionamentos para encontrar-se consigo mesmo.  Os dois caminhos, o da solidão e do relacionamento, não podem  ultrapassar seus limites intrínsecos sem acolher a plenitude divina. O silêncio, para aquele que crê, não é um lugar, mas uma qualidade do coração, a solidão não é fuga não é isolamento, evasão ou fuga, mas uma renovada atenção a uma  PRESENÇA que habita tanto a solidão do deserto como os relacionamentos humanos” (Hubaut, p. 41-42).
● Mais do que um afastar-se espacial, o silêncio é,  antes de tudo,  uma atitude interior.  A experiência nos diz que há silêncios fecundos sem solidão. Muitos dos que reclamamos da falta de silêncio temos  um interior cheio de tumulto.  Nesta solidão  encontra tédio e um vazio mortal que pode mesmo afetar  seu equilíbrio.
● Quem deseja fazer silêncio para ouvir a Deus e unificar sua vida deverá aprender a descer ao deserto interior de seu coração onde o Espírito marca encontro. Cristo  disse que o discípulo é do mundo e ao mesmo tempo não é do mundo.  A fé, que revela a profundidade do homem e dilata seu horizonte,  cria necessariamente um  distanciamento no seio da vida cotidiana.  Tocado por uma palavra de fogo que faz arder seu coração  não pode mais absolutizar o que se revela como elemento da finitude do homem.  Nada se despreza, mas tudo é relativizado.
● Os santos viveram esse silêncio, essa solidão fecunda. “Profundamente presentes à vida de seus contemporâneos, os santos, pela graça, são cidadãos de uma pátria invisível, mas mais real que toda realidade humana. A experiência nos leva a dizer que somente a graça de Deus pode fazer da solidão um espaço de silêncio interior que abre as chaves da vida íntima do homem  onde o Espírito murmura e Deus fala”  (Hubaut, p. 44).

Frei Almir Ribeiro Guimarães

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