terça-feira, 19 de agosto de 2014

ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE AGOSTO DE 2014

Assunção da Virgem Maria


Pe. Johan Konings
A presente festa é uma grande felicitação de Maria da parte dos fiéis, que nela vêem, ao mesmo tempo, a glória da Igreja e a prefiguração de sua própria glorificação. A festa tem uma dimensão de solidariedade dos fiéis com aquela que é a primeira e a Mãe dos fiéis. Daí a facilidade com que se aplica a Maria o texto de Ap 12 (1ª leitura), originariamente uma descrição do povo de Deus, que deu à luz o Salvador e depois refugiou-se no deserto (a Igreja perseguida do 1° século) até a vitória final do Cristo. Na 2ª leitura, a Assunção de Maria ao céu é considerada como antecipação da ressurreição dos fiéis, que serão ressuscitados em Cristo. Observe-se, portanto, que a glória de Maria não a separa de nós, mas a une mais intimamente a nós.
Merece consideração, sobretudo, o texto do evangelho, o Magnificat, que hoje ganha nova atualidade, por traduzir a pedagogia de Deus: Deus recorre aos humildes para realizar suas grandes obras. Deus escolhe o lado de quem, aos olhos do inundo, é insignificante. Podemos ler no Magnificat a expressão da consciência de pessoas “humildes” no sentido bíblico, isto é, rebaixadas, humilhadas, oprimidas (a “humildade” não como aplaudida virtude, mas como baixo estado social): Maria, que nem tinha o status de casada, e toda uma comunidade de humildes, o “pequeno rebanho” tão característico do evangelho de Lc (cf. 12,32, peculiar de Lc). Na maravilha acontecida a Maria, a comunidade dos humildes vê claramente que Deus não obra através dos poderosos: antecipação da realidade escatológica, em que será grande quem confiou em Deus e se tomou seu servo (sua serva), e não quem quis ser grande por suas próprias forças, pisando em cima dos outros. Assim, realiza-se tudo o que Deus deixou entrever desde o tempo dos patriarcas (as promessas).
Pois bem, a glorificação de Maria no céu é a realização desta visão escatológica. Nela, é coroada a fé e a disponibilidade de quem se toma servo da justiça e bondade de Deus, impotente aos olhos do mundo, mas grande na obra que Deus realiza. É a Igreja dos pobres de Deus, que hoje é coroada.
A “arte” litúrgica deverá, portanto, suscitar nos fiéis dois sentimentos dificilmente conjugáveis: o triunfo e a humildade. O único meio para unir estes dois momentos é colocar tudo nas mãos de Deus, ou seja, esvaziar-se de toda glória pessoal, na fé de que Deus já começou a realizar a plenitude das promessas.

Em Maria vislumbramos a combinação ideal de glória e humildade: ela deixou Deus ser grande na sua vida. É o jeito…


História da Unificação da OFS do Brasil  
1955/1972
Especial para O Arauto do Grande Rei, da Fraternidade de Petrópolis,RJ
VII-3

Entre os anos de 1966 e 1968
Significativos acontecimentos para a OFS do Brasil - 2

O IIIº Congresso Mundial para o Apostolado dos Leigos

1. Introdução
            O Decreto do Papa Paulo VI, que promulgou o documento do Concílio Vaticano II, denominado Apostolicam Actuositatem sobre o Apostolado dos Leigos, é de 18 de novembro de 1965.
            Como foi acontecendo com outros documentos conciliares, sobretudo os que mais de perto interessavam aos Terceiros Franciscanos, incentivados e orientados pelo Secretário Nacional da OFS, também este Decreto foi objeto de estudo individual e em grupo, inclusive com grupos de outras denominações. Consta, por exemplo, da minha agendinha de 1967 que, nós, os ligados ao Secretariado Nacional, participamos de reuniões de estudo sobre esse documento com elementos do Movimento Familiar Cristão, na sala 608 do nº 90 da rua São José, no Rio. Em outras Fraternidades, ao que soubemos, também houve reuniões semelhantes. Isto era enriquecedor.

            2. Informações gerais
            Em 1967, de 11 a 18 de outubro, foi convocado para se reunir, em Roma, o IIIº Congresso Mundial para o Apostolado dos Leigos. Tinha como tema: O POVO DE DEUS NO ITINERÁRIO DOS HOMENS. Constava de três partes:
                        1 – O homem de hoje – descobrir e analisar as situações em que vivem, concretamente, as pessoas em seu país, em função de sua união com Deus e os homens. Em conseqüência, quais as responsabilidades que estas situações devem criar para os cristãos.
                        2 – Apelos do Espírito – Deus chama a todos os homens, em particular, aos cristãos, comprometidos pelo Batismo com a salvação de seus irmãos: para o apostolado nos diversos setores e ambientes da vida, para a renovação das comunidades eclesiais, para o aggiornamento dos seus Movimentos e Organizações, para o diálogo no interior da Igreja, para a participação nas atividades missionárias.
                        3 – Revisão do sentido de nosso apostolado – à luz das grandes necessidades do mundo de hoje e das orientações da Igreja do Concílio Vaticano II. (Cf. PAZ E BEM, julho-agosto 1967, págs. 97-98 e setembro-outubro 1967, págs. 139-140).
            O Congresso Mundial objetivava preparar um novo tipo de cristão como homem de fé, adulto e responsável. Ora, paralela e precisamente, era o que se buscava realizar na Ordem Terceira Secular de São Francisco de Assis, mediante a volta às fontes e a renovação de suas Fraternidades. Por isso, frei Mateus Hoepers, OFM, e a equipe do Secretariado Nacional da OFS entenderam que a Ordem Terceira não podia ficar alheia, mas devia participar, efetivamente, desse IIIº Congresso Mundial. Decidido, o grupo ligado aos Franciscanos Menores se mobilizou para conseguir realizar tal propósito. O delegado designado foi quem isto escreve. Não aceitaram suas excusas. Simplesmente, devia se preparar para a missão.
            3. Preparando-me para o Congresso.
            Melhor é transcrever o trecho inicial de um artigo de PAZ E BEM de 1967, novembro-dezembro, pág. 185:
            “Partindo para Roma
            Por designação da cúpula nacional da Ordem Terceira Franciscana Secular, Obediência dos Franciscanos Menores, e aprovação do Sr. Arcebispo Secretário Nacional para o Apostolado dos Leigos da CNBB, dirijo-me para Roma a fim de participar do IIIº Congresso Mundial para o Apostolado dos Leigos como um dos onze delegados brasileiros da CNBB, em vez dos trinta previstos.”
            A viagem de navio, do Rio a Nápoles, em quinze dias, foi decidida para que eu tivesse tempo para completar o estudo dos documentos e me preparar melhor para o Congresso, dado o pouco tempo de que dispunha devido aos meus compromissos diários como professor, além de advogado.
Porém, aconteceu o melhor.
Dom Lucas Moreira Neves,OP, bispo auxiliar de São Paulo e Assistente eclesiástico da delegação brasileira, conseguiu com o Comandante do navio um espaço para reunir, toda noite, a delegação brasileira com as delegações dos outros países do Cone Sul, também embarcadas no Augustus. Os dez temas do Congresso foram, então, reestudados e debatidos. Louvável a habilidade de Dom Lucas na condução das reuniões. Esse estudo em grupo foi oportuno e altamente esclarecedor. As reuniões diárias proporcionaram aos participantes vivenciarem a união, a amizade e a alegria do encontro, além de um entendimento comum relativo ao temário e aos objetivos do Congresso. (Cf. PAZ E BEM, 1968, jan.-fev., págs. 16-19).
Os dois Congressos Mundiais anteriores também se haviam realizado em Roma, em outubro de 1951 e de 1957. O segundo reuniu mais de 2000 congressistas de 80 países e de 65 Organizações Internacionais Católicas (OIC). Este IIIº Congresso Mundial, no entanto, foi bem maior. Todos os continentes estavam representados.
O tema deste Congresso: O povo de Deus no itinerário dos homens sublinha e insiste em duas grandes orientações conciliares: Igreja, Povo de Deus (Lumen Gentium) e Missão da Igreja no Mundo de hoje, solidária com toda a humanidade (Gaudium et Spes).
Uma explicação se faz necessária. Lamentavelmente, numa mudança de endereço, a quase totalidade do meu arquivo particular deste Congresso Mundial foi extraviada e perdida, impedindo-me de escrever com mais detalhes este depoimento para a história do ocorrido. Graças, porém, à minha agendinha de 1967 é que, junto com  mais outros dados, consigo recompor o que aconteceu.

4. Realização do Congresso.
Precedendo sua abertura, durante dois dias, em 9 e 10 de outubro, os representantes da América Latina, da África e da Ásia foram convocados a se congregarem em reuniões continentais. Objetivo: coordenarem melhor seus pontos de vista comuns.
Nessa ocasião, como congressista junto com outros mais, em especial, os da América Latina e da Espanha, insistimos que as delegações tinham autonomia e até obrigação de apresentar e defender as suas respostas ao questionário, assim como as contribuições, trazidas das comunidades e da Igreja de seus países. Isto, porque representantes de grupos da Ação Católica da Europa, em particular, alegando precedentes e primazia, queriam impor suas respostas a vários dos quesitos propostos. Debatido o assunto e contestada a pretensão com veemência, cada delegação pode apresentar suas comunicações e votos com liberdade.
Iniciado o Congresso, foi realizado, de 11 a 15 de outubro, um conjunto de testemunhos e de mesas redondas (carrefours). Estas últimas ocuparam dois terços do tempo total. Foram importantes pelos debates e pela palavra franca dos debatedores. Em geral, pode-se ouvir a opinião e as sugestões dos que vivem o dia-a-dia e os problemas de suas comunidades e da Igreja local. Aceitam as orientações do Concílio Vaticano II. Querem seguí-las, mas encontram obstáculos. Sentem o peso das antigas estruturas, que se inculcam como as únicas válidas.
Aliás, o Sr. Cardeal Roy, Presidente da Comissão eclesiástica do Congresso, já havia alertado: “Eu pedi aos Sres. Bispos e Sacerdotes para deixarem  toda iniciativa aos leigos e para respeitarem nesse Congresso seu caráter de encontro do laicato.” Era o reconhecimento da valorização conciliar dos leigos pela Igreja.
Merecem destaque as três conferências deste Congresso. A do Padre Congar,OP, sobre “ O apelo de Deus” ou a parte que cabe aos leigos na renovação da Igreja. A do sr. Tomás Kerstiens, da Holanda, Secretário Geral da União Internacional Cristã dos Dirigentes  de Empresa, que apresentou interessante introdução geral aos trabalhos do Congresso. Acentuou que os congressistas estavam ali como cristãos comprometidos, não, como representantes de instituições, nações ou continentes. Importante também foi a conferência do encerramento. Falou o professor Joaquim Ruiz-Gimenez Cortes, da Universidade de Madri e Presidente da PAX ROMANA ou Movimento Internacional dos Intelectuais Católicos. Ele abordou com clareza e resumidamente, o que havia sido estudado, discutido e aprovado neste Congresso, conforme consta dos Anais respectivos. A Assembléia dos Chefes de Delegação é que aprovou as conclusões do evento, às vezes, após prolongados debates. Nelas se vêem muitas resoluções e sugestões, derivadas das mesas-redondas e indicativas do que, em várias regiões, era esperado quanto à posição do leigo na Igreja.
A realização do Congresso foi excelente pela sua organização, pela pontualidade de todos os atos programados, pelas sessões plenárias, marcadas por grande vibração, pelos encontros comunitários e pela presença de irmãos ortodoxos e reformados, como observadores ativos e, não, apenas passivos. Estes e os congressistas, unidos pela oração,trabalharam em perfeita caridade. Na Basílica de São Paulo fóra dos muros, realizou-se comovente oração ecumênica.
Importante também foram os contatos pessoais nos intervalos da programação. Eles permitiram melhor visão da história e da civilização de algumas nações pouco conhecidas, reunidas no decurso de uma semana numa Assembléia tão universal.
Inesquecível foi a Missa concelebrada por Sua Santidade o Papa Paulo VI e mais 24 Bispos, por ocasião do encontro entre o Sínodo dos Bispos e o III Congresso Mundial. Realizou-se na Basílica Vaticana, no dia 15 de outubro. Na oportunidade, teve-se uma visão perfeita da unidade e da universalidade da fé católica.
O que observei e aprendi nesse Congresso Mundial foi o que relatei ao Conselho Obediencial (OFM) da OFS e ao Secretariado Nacional, ao prestar contas da missão, que me foi determinada. Adiante, como Ministro Nacional e como simples colaborador permanente da OFS, esforcei-me para aplicar e difundir o aprendido em reuniões e capítulos de Fraternidades.
Resta-me dar graças a Deus pela oportunidade e ajuda, que me foram dadas em favor da Ordem Franciscana Secular, e por haver cumprido esse serviço da melhor forma que pude.
Na certa, um leitor mais curioso há de dizer:
– Bem, este foi o III Congresso Mundial para o Apostolado dos Leigos. Mas, onde aparece a OFS? Especificamente, qual sua atuação como delegado da Ordem Terceira, independente do Congresso Mundial?
Continua no próximo boletim.
                                                                       
Paulo Machado da Costa e Silva, OFS Petrópolis RJ
                                                                                                                                        

 São Luis, Rei de França e sua mãe

Nestes Tempos de comemorações em torno de mais um centenário do nascimento de Luis, rei de França, a 25 de abril de 1214, apresentamos algumas reflexões a respeito da influência da mãe de São Luis, Branca de Castela, na vida e na história do filho. As linhas que seguem mostram a influência dos pais na vida e na história dos filhos. Inspiramos fortemente no texto de Jacques Le Goff (São Luis. Biografia, ed, Record, 1999, p. 627-635).
Os biografos de São Luis são unanimes em afirmar que boa parte das virtudes do rei são devidas à mãe, Branca de Castela. A pessoa do rei, sua vida, seu reinado, sem ela, não teriam sido o que foram. Seria de esperar que, nas biografias antigas sobre São Luis, Branca fosse louvada pela qualidade de mulher que teve ou pela mulher que foi. O essencial de seus méritos, no entanto, “vem do fato de ter sido semelhante a um homem e de ter formado um homem, o filho Luís. (p. 627).
Considerações prévias

O biógrafo Geoffroy de Beaulieu escreve: “Sob a santa educação e o salutar ensinamento de mãe tão piedosa, nosso Luís se pôs a manifestar em sua natureza de criança belas disposições e excelentes esperanças e dia após dia crescia tornando-se um homem completo, buscando o Senhor, fazendo o que é direito e agradável aos olhos do Senhor de todo coração, de toda sua alma, de todas as suas forças, como o bom fruto de uma arvore boa” (citado por le Goff, p.628).
Branca de Castela mostrou outras virtudes quando seu filho se tornou rei aos 12 anos: “ quando ele começou a reinar tendo cerca de doze anos, a força, o zelo, a retidão, o poder com que sua mãe administrou, guardou e defendeu os direitos do reino, aqueles que formavam então entre os conselheiros do rei o testemunham; e, entretanto, nessa época, o rei no inicio de seu reinado teve adversários numerosos e perigosos. Mas graças aos méritos de sua inocência e à previdente experiência da mãe (que se mostrou sempre uma perfeita virago e trazia naturalmente em seu espirito e em seu sexo de mulher um coração de homem, os criadores de problemas do reino ficaram confundidos e sucumbiram  e a justiça triunfou” (citado à pag. 628).
Famosa  e bem conhecida é a concepção de Branca a respeito  o ódio que se deve ter ao pecado. Uma pequena história mostra o que era o amor de uma mãe-cristã. É Branca que fala a repeito de intrigas a respeito da vida de seu marido Luís VIII. Geoffroy de Beaulieu assim escreveu: “ Não pode passar em silêncio a história de um religioso que, sob a fé de falsos intrigantes, afirmava ter ouvido que meu senhor o rei antes do casamento teve concubinas com as quais pecava, e que  sua mãe sabia disso ou fingia ignorá-lo. Esse religioso muito surpreso criticou portanto a senhora rainha. A rainha se desculpou humildemente dessa mentira, por ela própria e pelo filho, e acrescentou uma palavra digna de louvor. Se o rei seu filho, que ela amava mais do que as criaturas mortais estivesse doente e em perigo de vida e lhe dissessem que ele ficaria curado pecando uma vez com outra mulher que não fosse a dele, ela preferiria que ele morresse do que ofendesse o Criador pecando mortalmente uma única vez” ( citado à p. 629).
O papa Bonifácio VIII na Bula de Canonização de Luís declarava: quando tinha doze anos de idade foi privado do arrimo do pai e ficou sob a guarda e direção de Branca de ilustre memoria, rainha de França, sua mãe. Branca, fervorosa cumpridora dos deveres devidos a Deus, dedicou-se a dirigi-lo com sabedoria e a instruí-lo com diligência para que ele pudesse se mostrar digno, conveniente e próprio para governar o reino que reclamava, como ela lhe tinha ensinado, a previdência de sua direção” (p. 629).
Guillaume de Saint-Pathus afirma: “São Luís teve por mãe a honrada rainha Branca, que, depois da morte de seu senhor, criou religiosamente o filho que começou a reinar com a idade de doze anos; ela teve coragem de homem em coração de mulher e administrou vigorosamente, sabiamente, poderosamente e retamente e manteve os direitos do reino e os defendeu contra muitos adversários por sua boa previdência” (citado à p. 629)

Continua no próximo boletim!

Revista Paz e Bem  nº 328
                                                                                                                             Julho e Agosto de 2014    

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

FOLDER DISTRIBUÍDO NA MISSA DAS 16:15 HORAS DO DIA 02 DE AGOSTO DE 2014 NA IGREJA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

INFORMATIVO 

Ano VI  AGOSTO DE 2014 -  Nº  03

ESPIRITUALIDADE  FRANCISCANA

SANTA ROSA DE VITERBO

Padroeira da Juventude Franciscana – JUFRA

CAPITULO   II

A   CRUZADA   DIFERIDA  (continuação)

Sobreveio a morte da esposa e um novo casamento serviu de pretexto para nova protelação.  Com a se­gunda esposa, Iolanda, filha de João de Briene, re­cebia direitos sobre o reino de  Jerusalém. Sucederam-se grandes assembléias e negociações prolongadas. Zarparia, enfim, a Cruzada?  Encontrou novo pretex­to: devia agora casar o príncipe Henrique. Passou mais uma vez a festa de São João Batista e mais uma vez a de São Martinho. Em 1227, o cardeal de Óstia, Hugolino, sucedia a Honório III, que acabava de falecer.
                         
  * * * * * 
Hugolino foi a primeira testemunha do prodigioso milagre daquela época. Foi o colaborador de Fran­cisco e escreveu com a própria mão a Regra inspi­rada pelo Espírito Santo. Ele vira o Trovador Cha­gado verter seu bálsamo sobre as feridas do mundo. Piedoso, clarividente e enérgico, "refulgiu como um relâmpago em pleno meio-dia" (velut fulgor meridianus).
       Ninguém zombava de Gregório IX, nem mesmo Frederico II. Já não poderia mais temporizar. Hu­golino seguira-lhe atentamente as manobras da Cru­zada, sempre de novo adiada. Marcou o último pra­zo: Agosto.
No dia 8 de Setembro, Frederico zarpava de Bríndisi, mas, decorridos poucos dias, já aportava outra vez à Itália. Desta vez, porém, o raio o atingiu. Gregório IX lançou-lhe a excomunhão. Na Segunda-feira de Páscoa, na Igreja de São Pedro, o Papa vitupe­rou o perjúrio. Mas o povo se sublevou. Injuriou e perseguiu o Papa, que se viu obrigado a buscar re­fúgio em Viterbo.
A guerra estourara. Quanto o Papa ordenava, o Imperador interditava. Embora excomungado, Frede­rico não hesitou em buscar a Terra Santa. Assim, mais uma vez, embarcou em Bríndisi. E o Papa anunciou à Cristandade a partida, com as palavras: "O Imperador, possesso do demônio, acompanhado por alguns prelados e cavalheiros, levantou âncoras, sem destino certo, fingindo dirigir-se a Jerusalém".
Penetrando na Cidade Santa, em 17 de Março de 1229, Frederico se fez coroar, na igreja do Santo Sepulcro, na presença dos arcebispos de Palermo e Cápua.
Quem perguntasse: "O que deseja afinal este de­savergonhado?", receberia a lacônica resposta: "Dominium mundi". O mundo inteiro.
Nos anos subseqüentes, aos poucos, reconciliou-se e uniu-se ao Papa. Mas era uma amizade que ins­pirava temores. Se ele se colocava ao lado da Igreja no combate à heresia dos albigenses,  era  pelo pra­zer de  lançar às chamas  os seus inimigos. Nada  mais fácil  que tachar de herege uma pessoa suspeita ou incômoda. Iluminava seus festins com as chamas das fogueiras. À sua passagem, multiplicavam-se as de­núncias, seguidas de execuções e vinganças.

CAPÍTULO   III

NOVA   ESTRELA   NO   FIRMAMENTO

                                                                                      "Desde  a   infância  teve  o    temor   de     Deus                                                                                                                              e  Guardou a alma sempre pura"   (Ofício de S.                                                                                                                                 Rosa  de  Viterbo  —  Ant.  do    I   Noturno).

Frederico dilatava seu império pelo fogo e pela espada. Suas tropas, compostas de sarracenos e ale­mães, semeavam o terror. Seu maior orgulho se con­centrava nos arsenais: era senhor de uma esquadra que hombreava com a de Gênova. As finanças se encontravam em ótimo estado e a agricultura flores­cia. A cultura de algodão e de cana de açúcar fora confiada a judeus, na África. Desejava transplantar para os seus domínios da Sicília as tâmaras, a anileira e as frutas da Terra Santa. As relações com os muçulmanos eram amistosas. Sentia especial predileção pela doutrina do Alcorão, que lhe permitia pos­suir tantas mulheres quantas pudesse sustentar. Nos intervalos das expedições bélicas, em lautos festins, gostava de admirar dançarinas em sua corte e ani­mais exóticos em seus jardins.
A tal libertino não pareceu indigno visitar o tú­mulo de Santa Isabel da Hungria, recentemente ca­nonizada, e colocar-lhe na fronte uma coroa de ouro.
De quando em vez, comprazia-se em alardear as liberalidades do Senhor a seu respeito, imitando o déspota moderno, cujo nome ninguém esqueceu.
"A Providência do Salvador guiou minha estrêla de maneira liberal e prodigiosa. Assim, no Oriente, o reino de Jerusalém é herança de meu filho Conrado;  o magnífico reino  siciliano veio-me de minha mãe; e o poderoso bloco da nação alemã está sob nossas leis gozando profunda paz. Isto foi assim disposto, para que esta parte intermediária, chamada Itália, que, como é do conhecimento de todos, além de ser nossa herança, está por todos os lados circundada por nossas forças, retorne à nossa obediência e à unidade do império. Deste modo se me torna possível levar socorro eficaz à Terra Santa, à qual me compete pro­teger".
O mundo começava a sentir o preço da proteção de Frederico II. A Igreja experimentava duramente "o círculo das suas forças". Não obstante, se van­gloriava de ser o mais fiel servidor da Igreja. Isto, porém, não obstava de que em vésperas de partir pa­ra o combate ou Cruzada, ao empreender uma viagem, ou em questão de casamento, consultasse os adivi­nhos que lhe vaticinavam se os "grandes planetas" lhe seriam propícios.


Continua no informativo – Ano V -            SETEMBRO DE 2014  -  Nº  04

                  * * * * * * * * * * *


SANTOS FRANCISCANOS

MES DE AGOSTO

1 — B..Francisco Pinazzo, 1ª Ordem, mártir.
2 — JUBILEU DA PORCIUNCULA
3 — B.João Tiago  Fernandes,  1ª Ordem, mártir.
4 — S. João Maria Vianey, 3ª Ordem.
5 — B. Francisco de Pesaro, 3ª Ordem.
6 — B. Agatângelo de Vendome, 1ª Ordem, Mártir
7 — B. Cassiano de Nantes, 1ª Ordem, mártir.
8 — S. DOMINGOS    DE    GUSMÃO
9 — B. Vicente de Áquila, 1ª Ordem.
10 — B. João  do  Alverne,  1ª Ordem.                                      
11 — SANTA CLARA DE ASSIS, 2ª Ordem.
12 — B. Ludovico Sotelo, 1ª Ordem, mártir no Japão.
13 — B. Sante de Montebaroccio, 1ª Ordem.
14 — S. Maximiliano Maria Kolbe, 1ª Ordem.
15 — ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
16 — S. Roque de Montpellier, 3ª Ordem.
17 — B.Paula  Montaldi,  2ª Ordem.
18 — S. Beatriz  da  Silva, 2ª Ordem.
19 — S. Luís de Tolosa, 1ª Ordem.
20 — B. Francisco  Galvez, 1ª Ordem, mártir.
21—  S. Pio X, 3ª Ordem.
22 — B.Timóteo de Monticchio, 1ª Ordem.
23 — B. Bernardo de Offida, 1ª Ordem.
24 — B. Pedro da Assunção, 1ª Ordem, mártir.
25 — S. Luís, Rei da França, PATRONO DA TERCEIRA  ORDEM.
26 — B. João de Santa Marta, 1ª Ordem, mártir
27 — B. Ricardo de Santa Ana, 1ª Ordem, mártir
28 — B. Vicente Ramirez,  1ª Ordem, mártir.
29 — B. João de Perusa, 1ª Ordem, mártir.
30 — B. Pedro de Sassoferrato, 1ª Ordem, mártir
31 — B. Pedro de Ávila, 1ª Ordem, mártir do Japão.