sábado, 23 de junho de 2012

O ARAUTO DO GRANDE REI


                                                                       SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

                                                                              JORNAL DE JUNHO DE 2012

                                                                            
A Grande Promessa

Na primeira aparição, Jesus havia revelado Seu “amor apaixonado” por nós; na segunda aparição, Ele revelou que esse amor não é retribuído, mas ofendido e desprezado. Conta-nos Santa Margarida Maria:
“Estando eu um dia, diante do Santíssimo Sacramento exposto, apareceu-me o Divino Mestre todo radiante de glória com as suas cinco chagas resplandecentes quais cinco sóis. De sua sagrada Humanidade saíam chamas de todos os lados, porém principalmente do seu adorável peito, que parecia uma fornalha: no meio destas chamas, mostrou-me seu suavíssimo Coração, que era o foco das chamas. Revelou-me então as maravilhas inexplicáveis do seu amor, a que excesso havia chegado, amando os homens, de quem só recebia ingratidões.
«Eis aqui, me disse Ele, o que Me é mais sensível do que tudo o que sofri em Minha Paixão, tanto que, se correspondessem ao Meu amor, pouco contaria tudo quanto por eles fiz, e quisera, se fosse possível, fazer ainda mais; eles, porém, só têm tibieza e repulsa para todos os meus ardentes desejos de fazer-lhes bem».”
Fez então o Senhor a chamada “Grande Promessa”, relacionada à devoção das Primeiras Sextas-feiras:
«Eu prometo, na excessiva misericórdia do meu Coração, que meu amor todo-poderoso concederá a todos aqueles que comungarem, em nove primeiras sextas-feiras do mês seguidas, a graça da penitência final, que não morrerão na minha desgraça, nem sem receberem seus sacramentos e que o meu divino Coração será o seu asilo seguro no último momento.»
Como uma preparação para essa consagração da primeira sexta-feira de cada mês, Jesus pediu que na véspera se pratique o piedoso exercício da Hora Santa, meditando os sofrimentos de Sua Paixão, especialmente Sua agonia no Horto das Oliveiras:
«E para me acompanharem na humilde oração que eu apresentei a meu Pai, no meio de todas as minhas angústias, todas as quintas-feiras levantar-te-ás, entre as onze horas e a meia noite, para comigo te prostrares durante uma hora, com o rosto em terra, assim para aplacar a ira divina, pedindo misericórdia para com os pecadores, como para adoçar, de alguma maneira, a amargura que eu sentia com o desamparo em que me deixavam meus apóstolos, o qual me obrigou a lançar-lhes em rosto o não terem podido velar uma hora comigo.»
A Igreja aceita a Hora Santa como válida para esta devoção a partir das duas horas da tarde, até a meia-noite.
Maria Alice Soares de Castro

Santo Antonio e a
força de sua pregação

  Para o grande público, a riqueza dos sermões de Santo António fica obscurecida pelo entusiasmo com que são contados os milagres a ele atribuídos. Um sermão, uma pregação religiosa, uma apologia têm sua importância à medida que toca os ouvidos, os corações e a sensibilidade dos ouvintes.
Os milagres, entretanto, por tocarem mais de perto as necessidades e as limitações humanas, chamam mais a atenção e ocupam lugares mais privilegiados nas narrati­vas da vida dos santos.
Entretanto, é bom que se resgate esse valor, os mila­gres são apenas sinais do poder de Deus, cuja mediação é feita pelo santo. O importante, então, de sua prática, não é tão somente aquilo que ele fez, mas as palavras que ele proferiu, a mensagem que ele deixou, o exemplo de santidade que ele deu.
Os milagres aconteceram - aqueles que efetivamente tenham acontecido - como um adjunto da proclamação da mensagem. Com Jesus foi assim: ele transformou água em vinho, deu pão aos famintos, ressuscitou mortos. No entanto, em seguida, deve ter faltado vinho, outra vez, os saciados com o pão miraculoso voltaram a ter fome, os ressucitados morreram novamente. O que permaneceu? A proclamação da Boa Noticia da salvação! Os milagres servem de ornamento, de pano de fundo, para algo maior.
Edificante e questionador é seu sermão de Páscoa:
"Um Deus assim, muito se há de amar! 'Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma, de todas tuas forças, de toda tua mente...'. Se diz 'teu', por isso deves amá-lo mais; pois mais amamos as coisas que são nossas que as dos outros. É digno de ser amado por ti aquele que, sendo teu Senhor e Deus, se fez teu servidor, para que te tornasses dele e não te envergonhasses de servi-lo. Por trinta e três anos Deus se fez teu servo, para livrar-te da servidão do diabo. Amarás, pois, o Senhor teu Deus que te fez. Ele mesmo se fez para ti, deu-se todo a ti, para que todo te desses a ele. Ama, pois, o Senhor teu Deus! Na sua obra primeira, quando ainda não existias, ele te deu a ti mesmo; na sua obra segunda, quando estavas mal, ele te restituiu a ti mesmo, entregando-se a ti, para que ficasses curado. Dado pois e restituído, tu te deves a ele, e te deves duplamente, e te deves totalmente. Ama, pois, o Senhor teu Deus de todo coração! Ao dizer 'todo', não deixou uma parte de ti; mas ordenou que te desses inteiramente; pois todo te adquiriu aquele que todo se entregou por ti, a fim de possuir-te, só ele, totalmente! Não queiras, como Ananias e Safira, reservar uma parte de ti mesmo, para que não morras como eles. Ama com todo teu ser, não com uma parte. Deus, que não tem partes mas está em toda parte, ele que está todo em ti, não quer uma parte de ti. Se reservas uma parte para ti, és teu, e não dele. Queres possuí-lo deveras? Dá-lhe o que é teu e ele dar-te-á o que é dele. Assim, nada guardando de ti, o terás todo contigo. Ama, pois, o Senhor teu Deus!" Que belo sermão!
Extraído do livro: “Santo Antonio, a realidade e o mito.”
Carmen Sílvia Machado Galvão e Antonio Mesquita Galvão.



História da Unificação da OFS do Brasil
1955/1972

Especial para  O Arauto do Grande Rei, da Fraternidade de Petrópolis,RJ

VI – 1

Congresso de Caxias do Sul
Fevereiro de 1966

                Nos livros já citados de Frei Mateus Hoepers (págs. 109-114) e de Frei Egberto Prangenberg (págs. 183-186), como nos Anais do 2º Congresso Nacional da OTF e na revista “Paz e Bem” de 1966 há relatos que se completam sobre esse momento importantíssimo na evolução da nossa OFS.
                Ao tentar escrever a história dessa unificação da OFS do Brasil, o autor utiliza a documentação existente. Além disso, acrescenta detalhes, derivados de sua participação com base em dados que possui. Mais. Esses mesmos acontecimentos são percebidos numa visão e avaliação próprias de um leigo interessado, que deles participou.

                Preliminarmente, convém assinalar algumas diferenças significativas que ocorreram do primeiro para o segundo Congresso da Ordem Terceira Franciscana Secular.
                Em São Lourenço, em 1963, o Congresso era dos Comissários Nacionais e Provinciais. Nele admitiram a participação, como ouvintes, de alguns leigos terciários convidados.
                Em Caxias do Sul, primeiro, os Terceiros leigos, em conjunto com os religiosos, participaram ativamente de toda a preparação para o Congresso. Segundo, na sua realização, coube-lhes a direção do mesmo, dando os Religiosos sua colaboração e a moderação do Congresso.
                Em São Lourenço, os temas, a serem discutidos e votados em plenário, só foram conhecidos na hora de sua apresentação, durante o Congresso.
                Em Caxias do Sul, ao virem em plenário, no Congresso, todos os temas já eram conhecidos, porque todos eles haviam sido estudados anteriormente pelos participantes, leigos e religiosos.
                Em conseqüência, nesse curto espaço de três anos, sob a orientação segura do Secretariado Nacional, a Ordem Terceira Franciscana do Brasil, passou por uma transformação radical.
                Os irmãos/ãs terceiros seculares foram evoluindo de meros ouvintes ou assistentes passivos para participantes ativos e atuantes nas Fraternidades e no Congresso com iniciativas próprias. Os Comissários e Diretores religiosos se reservaram dar assistência e ajuda às Fraternidades Seculares da OFS.
                Era o que, a cada dia, foi ficando mais compreendido e visível.

                Tendo que escrever sobre o Congresso de Caxias do Sul, de 1966, eu me interrogo, fundamentalmente: por que esse Congresso foi tão importante na caminhada para a unificação da OFS do Brasil?
                Creio que a resposta deve incluir diversos aspectos a serem considerados, quais sejam:

                1º – sua preparação
                2º – sua programação temática
                3º – a nova organização da OTF nacional, então surgida
                4º – a forma de sua realização
                5º – sua abrangência nacional
                6º – as decisões tomadas
                Convém desenvolver o conteúdo desses aspectos.

                1 – Importante por sua preparação

                Essa preparação foi básica para o êxito do Congresso de Caxias do Sul. Por isso, sua amplitude.
                Teve início ao se encerrar o Congresso de São Lourenço. Pois, em sua Assembléia final, ficou decidido que o II Congresso Nacional da OTF seria no Sul, no Rio Grande do Sul.
                Em verdade, porém, efetivamente, a preparação como tal somente se iniciou no segundo dia das festividades do jubileu áureo de vida religiosa de Frei Mateus Hoepers,OFM, em 16 de janeiro de 1965, no Rio de Janeiro. Como vimos, anteriormente, o ano de 1964 foi todo dedicado à formação dos Terceiros, com prioridade.
                Foi, então, em janeiro de 1965, que se realizou uma primeira sessão plenária de preparação do II Congresso, aproveitando a presença de um bom número de Religiosos e de Terceiros no Rio. Os Capuchinhos gaúchos, presentes, já haviam assumido o compromisso de realizar o Congresso em Caxias do Sul. Assim, em mais três reuniões, foram tomadas as primeiras seguintes decisões:
                a) – Onde? Em Caxias do Sul, não coincidente com o ano da Festa da Uva.
                b) – Quando? De 7 a 13 de fevereiro de 1966.
                c) – Cada sacerdote se inscreverá indicando nominalmente os leigos/as Terciários, que serão seus assessores e acompanhantes na função, que lhe couber. (Nota: isto depois foi invertido)
                d) Foi constituída uma Comissão Central, no Rio, com Frei Mateus e os leigos das três Obediências, que aceitassem ajudá-lo.
                e) – Ligada à Comissão Central, foi criada a Secretaria Geral do 2º Congresso e da 3ª Reunião Nacional Interobediencial de Dirigentes (sacerdotes e leigos). Sua organização e funcionamento foram entregues ao Ministro de Petrópolis, Paulo Machado da Costa e Silva, que fora Secretário do Congresso de São Lourenço.
                f) A Comissão Local, responsável por todos os preparativos e pela realização do Congresso em Caxias do Sul, foi entregue à organização e direção de Frei Aloísio de Garibaldi, OFMCap., Comissário Provincial (depois, Nacional) pelos Capuchinhos do Rio Grande do Sul.

                Nesses três dias das festividades jubilares e nos posteriores, “revelou-se a incomparável dedicação e eficiência de organização do General Luiz Guimarães Regadas, que, em conseqüência, foi escolhido Presidente da Comissão Central do Congresso”. (Paz e Bem, jan./fev. 1966, pág. 26).

                O ano de 1965 teve como objetivos principais realizar intensa e diversificada preparação para o Congresso de Caxias do Sul e mobilizar e conscientizar leigos e religiosos em favor desse evento.
                Tais objetivos são percebidos claramente se observarmos com atenção a atuação das Comissões Central e Local, da Secretaria Geral e de outras providências tomadas.

                A Comissão Central tinha à frente os irmãos General Luiz Guimarães Regadas e a professora D. Noêmia Eloya, sendo Frei Mateus o moderador. Foi de uma iniciativa e de atividades incríveis. Instituiu logo um concurso de cartazes em todas as Fraternidades Locais sobre São Francisco de Assis e seus ideais. Os cartazes premiados deviam ser levados ao Congresso para concorrerem a um dos três prêmios instituídos. Também, nas várias Regiões do Brasil, foram organizados concursos populares e escolares de cartazes, poesia, redação, frases, etc. sobre São Francisco, com a finalidade de se tornar mais conhecido o Pobrezinho de Assis e sua mensagem. Para divulgação do Congresso foram informados o Presidente  da CNBB, Cardeal Dom Agnelo Rossi, os bispos e os párocos e solicitados até a participarem do movimento. Igualmente, a Prefeitos, Governadores estaduais e seus Secretários de Educação e a muitas outras autoridades foi feito apelo para que dessem seu apoio aos concursos populares e escolares. Enfim, por correspondência enviada e por divulgação pela imprensa e pelo rádio, procurou-se despertar um novo e mais vivo interesse por São Francisco, ao mesmo tempo que o Congresso era divulgado. Mediante concurso, foi eleito como hino do Congresso uma composição de Frei Romano sobre letra de Frei Carmelo Surian. Era bonito e sugestivo e se inspirava no tema e nos subtemas do Congresso. Com facilidade ele se difundiu pelas Fraternidades, pois, música e letra foram publicadas na contra-capa do número de novembro/dezembro de 1965 de “Paz e Bem”.
                Até julho, a Comissão Central já havia realizado 16 reuniões plenárias. No segundo semestre, o Presidente, General Regadas, foi a Caxias do Sul para entendimentos e a Porto Alegre para encontro com autoridades e intensa divulgação do Congresso.

                A Comissão Local, em Caxias do Sul, se desdobrou para empenhar os riograndenses do Sul a participarem ativamente em ajuda aos preparativos e à realização do Congresso da OTF. “Até agosto, a Comissão Local havia realizado15 cursos de formação e de informação referentes ao Congresso. Sob patrocínio de empresa local, confeccionou e distribuiu 15.000 cartazes, 10.000 exemplares de uma resumida biografia de São Francisco, além de mapas do Brasil com a localização das Províncias Franciscanas e das Fraternidades da OFS.” (Frei Mateus, ibidem, pág. 111). Foram organizadas e estavam em funcionamento as equipes locais de recepção, hospedagem, informações e finanças. Frei Aloísio estava preocupado com o possível número grande de Congressistas para poder alojar a todos devidamente. Ele não poupou esforços para que tudo fosse preparado a contento. Seus confrades Capuchinhos o apoiaram com extrema dedicação e envolvimento. Caxias do Sul fechou com ele idêntico empenho. Todos demonstraram calor fraterno e serviram com entusiasmo, alegria e fidalguia. Os congressistas foram muito bem recebidos, alojados e tratados durante o Congresso.

                A Secretaria Geral foi organizada no Rio de Janeiro, junto à Comissão Central. O primeiro importante trabalho do Secretário foi redigir uma minuta do Regimento Interno do Congresso, que foi sendo discutido em reuniões com a Comissão Central. Aos dirigentes provinciais foram solicitadas sugestões e opiniões. Em maio, o Secretário foi a Caxias do Sul, Porto Alegre, Lages, Curitiba e São Paulo. Em Caxias, tomou conhecimento do que estava sendo preparado, procurou entrosar esses trabalhos com os da Comissão Central, tendo observado o esforço e a dedicação de Frei Aloísio e da grande equipe, que o apoiava. Nas outras cidades, insistiu com as Fraternidades na sua participação nos concursos e no próprio Congresso. Em São Paulo, em contato com Frei Eugênio de Conchas e sua Comissão pró-Congresso e por sugestão deles, foi acordada a proposta de se transformar o Regimento Interno em Estatuto e de dar a direção do Congresso aos leigos com a assessoria dos Padres Comissários e Diretores e, não, o contrário, como estava proposto no Regimento. Levada a proposta à Comissão Central, esta aprovou a idéia, visto tratar-se de uma Ordem de leigos e de estes serem chamados pelo Vaticano II a assumirem as suas responsabilidades. Resultado. Tudo que estava feito, teve que ser reelaborado. Importante. Dava-se um passo decisivo para a unificação, ao assumirem os leigos a condução de suas Fraternidades com a assistência da Ordem I e da TOR.

                Mais preparativos para o Congresso

                Na preparação deste 2º Congresso Nacional, certas providências foram significativas e de grande repercussão. Vejamos algumas, ao menos.
                1 – Multiplicaram-se nas várias Províncias encontros e mini-Congressos distritais para estudo do temário do Congresso e apresentação de propostas. Era uma nova forma de atuação das Fraternidades e um ressurgimento da vivência fraterna.
                2 – A participação no concurso de cartazes nas Fraternidades Locais, nos concursos populares e em concursos nas escolas sobre São Francisco, assim como no concurso para o hino do Congresso e seu posterior aprendizado, tudo contribuiu para preparar e animar os irmãos e irmãs a aceitarem os novos rumos da Ordem Terceira pós-conciliar e a deles participar.
                3 – Em meados de 1965, Frei Mateus Hoepers,OFM, era o único Comissário Nacional para a Ordem Terceira, nomeado pelos Franciscanos. A seguir, Frei Jerônimo Campioni,OFMConv. era nomeado Comissário Nacional pelos Conventuais. Pouco depois, Frei Aloísio de Garibaldi, OFMCap. , foi nomeado Comissário Nacional pela Obediência dos Capuchinhos. Estava constituído o governo externo da Ordem Terceira, segundo as normas das Constituições Gerais de 1957.
                4 – Em conseqüência das disposições do Estatuto do Congresso, e de acordo com as Constituições Gerais de 1957, tornava-se necessário providenciar os dirigentes leigos para o Congresso. Como? Nomeando os Discretórios Provinciais e Nacional de cada Obediência, isto é, o governo interno da Ordem Terceira.
                Assim, pelos Franciscanos, Frei Mateus nomeou, para serem eleitos e confirmados por ocasião do Congresso, a Dra. Mariana Lorena Bastos Presidente Nacional e o Sr. Aylton Almeida Presidente Provincial. Frei Jerônimo Campioni, pelos Conventuais, nomeou o Sr. Sylvio Vieira de Carvalho Presidente Nacional. Frei Aloísio de Garibaldi, pelos Capuchinhos, nomeou o Dr. Celso Alves Araújo, Presidente Nacional. Cabia aos nomeados organizar os respectivos Discretórios (hoje Conselhos) e dirigir as sessões plenárias do 2º Congresso Nacional da Ordem Terceira Franciscana. Era o começo de uma nova organização para a OTF.
                Foi uma preparação longa e trabalhosa, mas também animada, participada e entusiástica. Isto explica, em parte, o êxito desse 2º Congresso Nacional da Ordem Terceira.
                Deus seja louvado!
               
                                                                                                               (continua no informativo de julho)
                                            
                                                                                                         Paulo Machado da Costa e Silva,OFS
Nota: – Os artigos podem ser transcritos, indicando-se a procedência.
             À medida que esses artigos vão sendo publicados no jornalzinho da nossa Fraternidade, eles serão
              colocados em nosso blog: ofssagradopetropolis@blogspot.com

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O ARAUTO DO GRANDE REI


JORNAL DE MAIO DE 2012 
     
      A vida em fraternidade: relação de intercâmbio e comunhão

- Experimentemos e partilhemos a bondade de Deus. Para Francisco o seguimento de Jesus e seu projeto missionário se faz em fraternidade e fraternalmente. Comecemos por João 13,34-35. O texto deixa muito claro que o verdadeiro sinal do cristão, isto é, do seguidor de Jesus Cristo, é o amor mútuo. “Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. O amor mútuo é a nota característica fundamental do seguidor de Jesus.     
         Continuemos refletindo João 13,1-17, observando passo por passo a atitude de Jesus. Primeiro o despojamento da autoridade, ele tira o manto. Depois a investidura da condição de servo, cinge-se com uma toalha. Coloca a toalha no lugar de avental. Em seguida se põe a lavar os pés dos discípulos. Ora, porque os pés? Por que os pés são os servos das pessoas. São eles que as carregam. Por essa pratica Jesus ensina a servir os servos. Muitos não acham indigno nem desonroso servir senhores, pelo contrario, falam de “boca cheia”. Sou servo de fulano de tal. São raras as pessoas que publicam que servem servos. A dica de Jesus vai por aí. Discípulo de Jesus Cristo precisa servir os servos. A outra dica é que amar é servir. Amor autêntico se traduz em ação em favor dos pequenos.
         Para Francisco de Assis cada irmão é um dom, um presente do Senhor. O que ele faz com o dom? Busca orientação no Evangelho para saber. Crendo que foi o Senhor que enviou o irmão o Senhor também dirá o que fazer com ele. Assim, o centro da fraternidade não é nem Francisco que foi o primeiro, nem Bernardo, o novo irmão que esta chegando, mas Jesus que na verdade é o responsável pelo encontro dos dois. Francisco e Bernardo se encontram e formam fraternidade por Jesus e em Jesus.
         Vejamos ainda o que diz Espelho da Perfeição 85. Aí Francisco nos apresenta 9 frades com 17 virtudes e diz que eles, juntos, unidos, constituem o frade perfeito. Isso significa que o frade perfeito não é um individuo, mas uma fraternidade, os frades unidos, comungando e partilhando é que constituem uma perfeição. O que isso nos ensina? Que a maravilha que buscamos é construída com a partilha, a disponibilidade dos dons de cada irmão, mas nos diz também que o inferno se constitui da comunhão dos defeitos de cada um. Os mesmos 9 frades têm tantos defeitos quantas virtudes. Se optarem por colocar os defeitos para funcionar e se focarem neles vão ficar do jeito que o diabo gosta. A fraternidade ótima e a fraternidade péssima podem ser feitas com as mesmas pessoas. Depende da decisão que elas tomaram na relação de umas com as outras.

Fr. Moacir Casagrande OFMCap.

A Ascensão do Senhor na vida do cristão

Depois que o Senhor Jesus apareceu a seus discípulos foi elevado ao céu. Este acontecimento marca a transição entre a glória de Cristo ressuscitado e a de Cristo exaltado à direita do Pai. Marca também a possibilidade de que a humanidade entre no Reino de Deus como tantas vezes Jesus anunciou. Desta forma, a ascensão do Senhor se integra no Mistério da Encarnação, que é seu momento conclusivo.

Testemunhas de Cristo

A Ascensão de Cristo é também o ponto de partida para começar a ser testemunhas e anunciadores de Cristo exaltado que voltou ao Pai para sentar-se à sua direita. O Senhor glorificado continua presente no mundo por meio de sua ação nos que crêem em sua Palavra e deixam que o Espírito atue interiormente neles. O mandato de Jesus é claro e vigente: "Ide a todo o mundo e proclamai o Evangelho à toda a criatura". Por isso, a nova presença do Ressuscitado em sua Igreja faz com que seu seguidores constituam a comunidade de vida e de salvação.

A força do Evangelho

A Ascensão de Cristo ao céu não é o fim de sua presença entre os homens, mas o começo de uma nova forma de estar no mundo. Sua presença acompanha com sinais a missão evangelizadora de seus discípulos.

A comunidade pós-pascal necessitou de um tempo para reforça sua fé incipiente no Ressuscitado. A Ascensão é o fim de sua visibilidade terrena e o início de um novo tipo de presença entre nós.

Missão da Igreja

São Lucas, depois de escrever seu Evangelho, empreende também com a inspiração divina a tarefa de redigir algo do que ocorreu depois que Jesus ressuscitou e subiu ao céus. É a história do início da Igreja, os tempos fundacionais nos quais a mensagem cristã começa a ser proclamada como uma doutrina nova e surpreendente que deveria transformar o mundo inteiro. Assim nos refere que o Senhor, antes de subir ao trono de sua glória e enviar-lhes a força avassaladora do Espírito, aparece-lhe uma e outra vez durante quarenta dias, para fortalecê-los na fé e encender-lhes na caridades, para animá-los com a mais viva esperança.

Toma tua Cruz

Com a Ascensão, o mandato de Jesus cobra uma força singular; compreendendo o valor da Paixão e da Morte. A partir dessa nova perspectiva, a Cruz era a força e a sabedoria de Deus. A partir desse momento podia-se falar em perdão e conversão, sem duvidas do amor e do poder divino de Jesus. Foi possível a conversão, exortar os homens para que se reconciliassem com Deus, cheio de misericórdia. Com a Ascensão de Jesus Cristo o caminho está aberto, e os fiéis convidados a percorrê-lo com Ele.

Oração

Concedei-nos, Deus onipotente, exultar de alegria e dar-vos graças nesta liturgia de louvor, porque a ascensão de Jesus Cristo, vosso Filho, é nossa vitória, e onde nos Ele,que é nossa cabeça, nos precedeu, esperamos chegar também nós como membros de seu corpo. Por Jesus Cristo nosso Senhor, Amém.

A Lição do Fogo

Aprendendo a enxergar...

Um membro de um determinado grupo, ao qual prestava serviços regularmente, sem nenhum aviso deixou de participar de suas atividades.

Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria. O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado diante da lareira, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor.
Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas ao líder, conduziu-o a uma grande cadeira perto da lareira e ficou quieto, esperando. O líder acomodou-se confortavelmente no local indicado, mas não disse nada. No silêncio sério que se formara, apenas contemplava a dança das chamas em torno das achas de lenha, que ardiam.

Ao cabo de alguns minutos, o líder examinou as brasas que se formaram e cuidadosamente selecionou uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a para o lado.

Voltou então a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel. O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado e quieto.

Aos poucos a chama da brasa solitária diminuía, até que houve um brilho momentâneo e seu fogo apagou-se de vez. Em pouco tempo o que antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de carvão recoberto de uma espessa camada de fuligem acinzentada.

Nenhuma palavra tinha sido dita desde o protocolar cumprimento inicial entre os dois amigos.

O líder, antes de se preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil, colocando-o de volta no meio do fogo. Quase que imediatamente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor dos carvões ardentes em torno dele.

Quando o líder alcançou a porta para partir, seu anfitrião disse: -Obrigado. Por sua visita e pelo belíssimo sermão. Estou voltando ao convívio do grupo. Deus te abençoe!
                                                                                                                                                                                (Autor desconhecido)
                                            
Esta mensagem nos leva a fazer uma reflexão...

Não há quem possa dizer que consegue viver sozinho, sem a ajuda de outrem. Todos precisamos ou precisaremos uns dos outros. Se nos afastarmos de tudo e de todos, morreremos! Uns de tristeza, outros de angústia, outros de solidão e ainda outros da falta de carinho ou até mesmo de uma simples palavra de conforto. Não se isole!

Para aqueles que são membros de um grupo, é necessário estar prontos a entender que eles fazem parte do fogo. Sabemos que o fogo é formado não apenas de um pedaço de carvão, mas de muitos pedaços, sejam grande ou pequenos. A chama de um pedaço grande de carvão se extinguirá da mesma forma que um pequeno, com a diferença que levará um tempo maior.
Cada um de nós somos um "pedaço de carvão" e se nos afastarmos do "fogo" (grupo), se ficarmos longe por muito tempo, perderemos nossa chama e nos apagaremos.

Mas para aqueles que são lideres, é preciso lembrar que eles são responsáveis por manter acesa a chama de cada um "pedaço de carvão" e por promover a união entre todos os membros. O líder precisa entender que ele deve, a todo instante, estar atento com cada uma das "brasas" que estejam com seu brilho não tão incandescente, para puxá-la para perto do fogo (grupo), para que o fogo destas "brasas" possam ficar novamente fortes, e possam se tornar mais duradouras.

Assim é o cristão, é necessário que ele esteja em comunhão com os outros irmãos. No momento em que nos afastarmos, deixaremos de ter prazer nas coisas de 
Deus.
O motivo principal de nós cristãos estarmos no tempo, é louvar ao 
Senhor e manter a comunhão com os irmão. E se deixamos de ir à igreja, de ler freqüentemente a Bíblia, então nossa chama começa a se apagar e passamos a nos afastar do Senhor Jesus, que é o "Fogo".

Nós somos "as brasas" e 
Cristo, pela Sua Palavra, está nos trazendo de volta ao fogo, seja através do padre, do ministro, do pastor, de um amigo, de um conhecido, de um outro irmão.
Se não ficarmos firmes nas 
Suas Promessas, não conseguimos caminhar sozinhos. Quando estamos sós, com nossa chama apagada, não conseguimos ver mais nada e, passamos a ser guiados pelo nosso coração.

O Profeta Jeremias conhecia seu coração perverso e sabia que não podia se afastar de Deus. "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" (Jeremias 17:9).

Extraído do site: www.dannybia.com



40 anos da unificação da OFS do Brasil
1972/2012

Especial para O Arauto do Grande Rei, da Fraternidade de Petrópolis,RJ

V

Preparando o II Congresso Nacional da OFS e promovendo a união de todas as Fraternidades

 A unificação da OFS do Brasil resultou de um trabalho de preparação, avançando aos poucos e por etapas, durante mais de 15 (quinze) anos. Grupos diversos se empenharam nesse objetivo, realizando-o com muito desprendimento, dedicação e amor, orvalhados por mil graças do céu. Hoje, a Deus e a eles, somos devedores de muita gratidão.

Iniciou-se esse trabalho antes de São Lourenço (1963), com o Encontro de Ipanema (1955) e com a união das três Obediências na Conferência dos Comissários  Provinciais para a OTSF (1957-1962). Cresceu com o Congresso de São Lourenço. Multiplicou-se com a tenacidade de Frei Mateus e de seus auxiliares no Secretariado Nacional. Foi chegando às Fraternidades Locais e aos irmãos e irmãs pela realização de Encontros e de fins-de-semana de estudo, reflexão e oração. A nova formação dos Terceiros encontrou em “Paz e Bem” material adequado e incentivos, inclusive, para os jovens. O boletim também divulgava informações sobre o que acontecia e se fazia, de interesse da OFS, aqui, no Brasil, em Roma e em outros países. Todos, religiosos e leigos, eram concitados a participar dessa renovação e atualização da Ordem Terceira Franciscana. Era assim que se ia caminhando para a unificação de todas as nossas Fraternidades.

Na seqüência, lê-se em “Paz e Bem”, 1965, nº 2, pág. 55: “A cúpula da Ordem III Franciscana do Brasil, aproveitando o encontro que se realizou na Guanabara (por ocasião do jubileu áureo de Frei Mateus), resolveu (em três sucessivas reuniões) após os esclarecimentos que foram sendo dados e os naturais debates”, acertar a data, o programa e outras medidas para a realização do 2º Congresso Nacional Interobediencial Terciário Franciscano.
               Decisões tomadas (em janeiro de 1965)
               a) – Local: Caxias do Sul, RS
               b)– Data:  de 7 a 11 de fevereiro de 1966, 3ª reunião Nacional Interobediencial de Dirigentes Terciários;
                              dias 12 e 13, II Congresso Nacional Terciário com congressistas vindos de todas as partes do
                              Brasil.
            c) – Os Comissários e os sacerdotes inscreverão nominalmente os leigos que participarão como seus as-
                   sessores. 
            d) – Constituir a Comissão Central, no Rio, com Frei Mateus, os leigos do Secretariado e outros leigos
                   das várias Obediências, que aceitarem participar.
            e) – Criar, anexa à Comissão Central, a Secretaria Geral da 3ª Reunião de Dirigentes e do 2º Congresso
                   Nacional da OFS. Entregar sua organização e funcionamento ao Ministro da Fraternidade de Petró-
                   polis. O irmão General Luiz Guimarães Regadas foi escolhido Presidente da Comissão Central.
            f) – Confiar a Frei Aloísio de Garibaldi, novo Comissário Provincial dos Capuchinhos do Rio Grande do
                   Sul, a organização da Comissão Local, incumbidos de todos os preparativos e da realização do
                   Congresso.
            g) – Apresentado por Frei Mateus, foi aprovado o Tema Geral do Congresso, desdobrado em cinco temas
                    particulares.
            Tema Geral: A nossa missão franciscana na Igreja é viver de maneira exemplar o santo Evangelho de N. Sr. Jesus Cristo.
            Os cinco temas:
            1º) – A mística do santo Evangelho.
            2º) – O espírito de pobreza vivido pelos leigos.
            3º) – O espírito de caridade fraterna no meio de um mundo de ódio e egoísmo.
            4º) – O espírito comunitário como Cristo o quer na família, na Fraternidade, na Igreja.
            5º) – A consagração do mundo pelo trabalho diário.

            Cada tema foi entregue a uma das Províncias Franciscanas para ser desenvolvido. Depois de ser elaborado por religiosos e terceiros, era revisado por uma Subcomissão, constituída pela Comissão Central, que poderia apresentar emendas de redação e outras sugestões. Se fosse o caso, revisado pelos autores, a Subcomissão aprovaria o texto, em definitivo. Era, então, remetido a todos os Comissários Provinciais, que o passariam às suas Fraternidades Locais para estudo. Resultado: os Congressistas, já antes de Caxias do Sul, conheciam os Temas que seriam submetidos à sua aprovação no Plenário do Congresso. Novidade? Não. Estávamos copiando o que fizera o Vaticano II na sua realização.

            A Comissão Central fez mais para essa conscientização e mobilização dos Terceiros para o Congresso. Propôs que as Fraternidades promovessem concursos internos de cartazes sobre São Francisco e a OFS. Outro concurso era para se ter a letra e a música do Congresso. A letra premiada foi a de Frei Carmelo, calcada nos temas do Congresso, com música de Frei Romano. Foi proposto ainda que as Fraternidades se organizassem para obter recursos para as despesas dos seus representantes no Congresso e também para a parcela de sua ajuda nas despesas do Congresso, que não serão pequenas.
            Outra medida importante foi a que cada Fraternidade fizesse um inquérito sobre como estava cumprindo as resoluções do Congresso de São Lourenço.

            Houve mais, porém.
            O Secretário Geral redigiu o texto do Regimento Interno do Congresso, o qual foi discutido em reuniões com a Comissão Central. No entanto, em conseqüência de um seu encontro, em São Paulo, com Frei Eugênio de Conchas e membros da Comissão Pro-Congresso, ligada aos Capuchinhos, o Regimento Interno foi reelaborado como Estatuto, incluindo o que haviam ponderado. Isto é. Que, sendo a OTF uma Ordem de Leigos, o Congresso Nacional devia ser dirigido por leigos, não como assessores dos Comissários, mas,  ao contrário, assessorados pelos Comissários. Importante, pois, foi essa decisão. Os Terceiros começavam a assumir a direção da sua Ordem. O Presidente da Comissão Central, um leigo, passava a ser o Presidente do Congresso Nacional.

            Frei Aloísio com a Comissão Local se desdobrava nos preparativos e se preocupava com o possível número de Congressistas para poder alojá-los a todos. Em maio, o Secretário Geral foi a Caxias do Sul para entrosar-se e colaborar com a Comissão Local. Em agosto, o Presidente da Comissão Central também foi a Caxias do Sul e a Porto Alegre, tendo realizado entendimentos e intensa divulgação do Congresso com o apoio das autoridades, de um modo geral, e dos franciscanos seculares, em particular.

            Em função da aprovação do Estatuto do Congresso, cada Obediência, por seu Comissário Nacional, devia nomear seu Presidente Nacional, que organizaria seu Discretório Nacional e, paralelamente, seriam organizados os Discretórios Provinciais. Pelos Franciscanos, Frei Mateus nomeou como Presidente Nacional a Dra. Mariana Lorena Bastos e como Presidente Provincial o Sr. Aylton Almeida. Por sua vez, pelos Conventuais, foi nomeado novo Comissário Nacional Frei Jerônimo Campioni, de Santo André,SP. Pelos Capuchinhos, Frei Aloísio foi confirmado Comissário Nacional. Ambos designaram o respectivo Presidente Nacional.

            No Rio de Janeiro, junto à Comissão Central, funcionavam várias Subcomissões, muito ativas.
            Para o Congresso, tratou-se de despertar em todo o Brasil um novo e mais vivo interesse por São Francisco e seu carisma, mediante cartas-circulares, correspondência e divulgação pela imprensa e pelo rádio. O Presidente da CNBB, os Bispos e os párocos foram informados sobre o evento e solicitados a apoiarem o movimento. Também às Autoridades civís dos Estados e Municípios foram dirigidas informações e solicitado apoio a esse movimento de renovação cristã, inclusive, nas escolas.

            Caminhava-se assim, com muita disposição, trabalho e união, alegria e esperança para a realização de um grande evento e de um sonho acalentado.
           
            Deus seja louvado!

                                                                                                               (continua no informativo de junho)
                                            
                                                                                                         Paulo Machado da Costa e Silva,OFS

Nota: – Os artigos podem ser transcritos, indicando-se a procedência.
             À medida que esses artigos vão sendo publicados no jornalzinho da nossa Fraternidade, eles serão
              colocados em nosso blog: ofssagradopetropolis@blogspot.com

FOLDER DISTRIBUIDO NA MISSA DAS 16:15 HORAS DO DIA 03 DE MAIO DE 2012


INFORMATIVO

Ano III  -  MAIO DE 2012 -  Nº  12

ESPIRITUALIDADE  FRANCISCANA

O BEM-AVENTURADO LUQUÉSIO

I. Um homem de negócios que não perdeu sua  meta.
(Continuação)

Mas o verdadeiro motivo que arrastava Luquésio, a contragosto, a formar a sua consciência, era que o conhecimento da sua injustiça havia firmado o problema complicado da restituição, visto não se renunciar facilmente aos bens já adquiri­dos.
Ele estava tão bem instalado! Morava agora numa bela casa, grande como um palácio, com chaminés de mármore, tape­tes cobrindo o soalho, móveis de madeiras preciosas e uma quantidade de raros bibelots. Nos jantares que oferecia a amigos escolhidos, sentia-se ufano em exibir sua baixela de prata. E quando Luquésio pas­sava pelas ruas, os chapéus desciam até ao chão diante de suas vestes de brocado. Sem dúvida se lembravam de que maneira ele havia conseguido tudo aquilo e comen­tavam com reserva; não obstante, reco­nheciam o fruto da habilidade e esses mal­dizentes intimamente o invejavam, con­vencidos de que no lugar dele teriam fei­to o mesmo. Havia sido bem sucedido, por conseguinte devia ser respeitado.
Afinal era rico, tendo-se tornado um personagem de destaque, respeitado, lison­jeado, vivendo com largueza, recebido na alta sociedade e gozando de uma vasta influência na cidade de Poggi-Bonzi. Os sonhos se tinham realizado; digo melhor: ele os havia realizado jovem ainda — pois com menos de 30 anos conseguiu mais do que outros em toda a vida. Sua casa abri­gava o que se chama uma família feliz.

II.                O  despertar do erro.

Eis que no momento de gozar da for­tuna, Luquésio pasmou por não se sentir plenamente satisfeito e nada feliz. No lu­xo, com este conforto, estas honras que tanto trabalho lhe deram para conseguir, eis que se sentia desorientado, embaraça­do, alheio, como se estas coisas não tives­sem sido feitas para ele, como se nada ti­vesse desejado de tudo daquilo.
Por que razão toda essa agitação, todo esse trabalho para chegar a uma vida efê­mera, insípida, vazia, que não lhe signi­ficava mais nada?
Para resolver este confuso enigma, Lu­quésio repassava instintivamente na ima­ginação os anos decorridos; parecia-lhe tê-los passado numa espécie de incons­ciência. E terminava, imaginando-se jo­vem em Caggiani, antes de tudo isto acon­tecer, e convencia-se de que tinha, então, uma alma feliz, mais livre que a do mo­mento presente.
Na trégua que se operava depois da luta, parecia-lhe encontrar-se a si mesmo, que descuidosamente, como alguém, foi perdi­do de vista por longos anos. Encontrava-se com o seu coração: e era este que se sentia desgostoso.
Verificava uma coisa estranha: a ten­dência contínua destes anos, para um al­vo determinado e obcecante, havia de cer­ta forma abafado e imobilizado sua alma no que ela tinha de melhor; a luta pelo dinheiro o tinha tão bem confiscado, a ponto de substituí-lo por um estrangeiro: um cruel e cobiçoso comerciante. No fun­do, ele era naturalmente reto, bom, ge­neroso mesmo. E agora que se lhe depara­va a ocasião de entrar em si mesmo, es­sa bondade inata se insurgia, reclamava contra o "outro", recordando à consciên­cia de Luquésio sua injustiça, sua dureza, todas as vítimas que havia feito. E as noi­tes se tornavam agitadas. Durante as ho­ras de penosa sonolência, imagens deplo­ráveis e sinistras, em longas sarabandas, passavam diante dos seus olhos; via lares arruinados, famílias esfomeadas lançadas à rua, vendas pungentes de mobiliários, mães que o olhavam fixamente, mostran­do-lhe seus filhos macilentos, pais que lhe estendiam os punhos, amaldiçoando o mo­nopolista ... Luquésio rolava no leito, en­terrava o rosto no travesseiro quente, para fugir às visões importunas. Mas o suplício continuava; a seus ouvidos chegava sem interrupção a voz daquele infeliz que, to­mando co-nhecimento de sua ruína, lhe ha­via gritado ao retirar-se: "Deus te amal­diçoe, assassino!" E no seu coração sen­tia novamente um choque idêntico ao que sofrera um dia sob a injúria sanguinolen­ta. Oh, esta rápida cena de alguns segun­dos, este gesto desesperado e indignado, este olhar cheio de ódio, como se havia, entre tantos outros, instalado, incrustado na sua retina! Uma voz rouca, de repen­te alterada,   vibrava constantemente aos seus  ouvidos: "Assassino!   Assassino!..." Sim, era verdade! Ele havia sido assassino, tomando o pão dos outros; havia odiosa­mente explorado a miséria para enrique­cer, e havia abusado da boa fé da pobre gente que nele confiara: e era ele, Luquésio, que, quase sem o saber, tinha chegado a esse ponto! E então se amaldiçoava: — "Miserável, eis que centenas de infelizes te cobrem de maldições. Um dia eles se er­guerão contra ti,  diante de  Deus,  e en­tão..." E de súbito um terror atroz apo­derava-se dele, com o  pensamento no juizo,  pois sua fé  permanecia intacta... "Sim, é uma outra maldição que cairá sobre ti; então... E tu ficarás à esquerda... à es­querda, meu Deus! Para sempre!...  Ah, imbecil, de que te serviram estes ducados e estes carlins que amontoaste, estas ter­ras que compraste e esta baixela de que te orgulhas? Assassino! é de teus homicí­dios que te orgulhas!"



Continua no informativo – Ano IV -            JUNHO DE 2012  -  Nº  01



SANTOS FRANCISCANOS

MES DE MAIO

1 — B. Juliano de Istria,  1ª Ordem
2 — B. Vivaldo de S. Gimignano,  3ª Ordem.
3 — B. Petronila de Troyes, 2ª Ordem.
4 — B. Ladislau de Gielnow, 1ª Ordem.
5 — B. Benvenuto de Recanati, 1ª Ordem.
6 — B. Bartolomeu de Montepulciano, 1ª Ordem
7 — B. Maria de Santa Natália, 3ª Ordem Regular, mártir da China
8 — IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA
9 — S. Catarina de Bolonha, 2ª Ordem.
10 — B. Félix de Nicósia, 1ª Ordem.
11 — S. Inácio de Laconi, 1ª Ordem.
12 — B. João de Cetina, 1ª Ordem, mártir
13 — B. Pedro de Duenas,  1ª Ordem, mártir
14 — B. Crispim de Viterbo, 1ª Ordem.
15 —  B. Humiliana Cerchi, 3ª Ordem.
16 — S. Margarida   de   Cortona, 3ª Ordem.
17 — S. Pascoal de Bailão,  1ª Ordem.
18 — S. Félix de Cantalício, 1ª Ordem.
19 — S. Teófilo da Corte
20 — S. Bernardino de Sena, 1ª Ordem.
21 — S. Ivo de Bretanha, 3ª Ordem.
22 — B. João Forest, 1ª Ordem, mártir
23 — B. João de Prado, 1ª Ordem, mártir
24 — DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE S. FRANCISCO EM ASSIS
25 —B. Gerardo   de   Vilamagna, 3ª Ordem.
26 — B. Estêvão de  Narbona, 1ª Ordem, mártir
27 — B. Raimundo de Carbona, 1ª Ordem, Mártir
28 — S. Maria Ana de Jesus Paredes, 3ª Ordem
29 — B. Herculano de Piegaro, 1ª Ordem.
30 — B. Camila Baptista Varano, 2ª Ordem.
31— S. Fernando III,Rei de Castela, 3ª Ordem