INFORMATIVO
Ano III - MAIO
DE 2012 - Nº 12
ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA
O
BEM-AVENTURADO LUQUÉSIO
I. Um homem de
negócios que não perdeu sua meta.
(Continuação)
Mas o verdadeiro
motivo que arrastava Luquésio, a contragosto, a formar a sua consciência, era
que o conhecimento da sua injustiça havia firmado o problema complicado da
restituição, visto não se renunciar facilmente aos bens já adquiridos.
Ele estava tão bem
instalado! Morava agora numa bela casa, grande como um palácio, com chaminés de
mármore, tapetes cobrindo o soalho, móveis de madeiras preciosas e uma
quantidade de raros bibelots. Nos jantares que oferecia a amigos
escolhidos, sentia-se ufano em exibir sua baixela de prata. E quando Luquésio
passava pelas ruas, os chapéus desciam até ao chão diante de suas vestes de
brocado. Sem dúvida se lembravam de que maneira ele havia conseguido tudo
aquilo e comentavam com reserva; não obstante, reconheciam o fruto da
habilidade e esses maldizentes intimamente o invejavam, convencidos de que no
lugar dele teriam feito o mesmo. Havia sido bem sucedido, por conseguinte
devia ser respeitado.
Afinal era rico,
tendo-se tornado um personagem de destaque, respeitado, lisonjeado, vivendo
com largueza, recebido na alta sociedade e gozando de uma vasta influência na
cidade de Poggi-Bonzi. Os sonhos se tinham realizado; digo melhor: ele os havia
realizado jovem ainda — pois com menos de 30 anos conseguiu mais do que outros
em toda a vida. Sua casa abrigava o que se chama uma família feliz.
II.
O
despertar do erro.
Eis que no momento de
gozar da fortuna, Luquésio pasmou por não se sentir plenamente satisfeito e
nada feliz. No luxo, com este conforto, estas honras que tanto trabalho lhe
deram para conseguir, eis que se sentia desorientado, embaraçado, alheio,
como se estas coisas não tivessem sido feitas para ele, como se nada tivesse
desejado de tudo daquilo.
Por que razão toda
essa agitação, todo esse trabalho para chegar a uma vida efêmera, insípida,
vazia, que não lhe significava mais nada?
Para resolver este
confuso enigma, Luquésio repassava instintivamente na imaginação os anos
decorridos; parecia-lhe tê-los passado numa espécie de inconsciência. E
terminava, imaginando-se jovem em Caggiani, antes de tudo isto acontecer, e
convencia-se de que tinha, então, uma alma feliz, mais livre que a do momento
presente.
Na trégua que se
operava depois da luta, parecia-lhe encontrar-se a si mesmo, que descuidosamente,
como alguém, foi perdido de vista por longos anos. Encontrava-se com o seu coração:
e era este que se sentia desgostoso.
Verificava uma coisa
estranha: a tendência contínua destes anos, para um alvo determinado e
obcecante, havia de certa forma abafado e imobilizado sua alma no que ela
tinha de melhor; a luta pelo dinheiro o tinha tão bem confiscado, a ponto de
substituí-lo por um estrangeiro: um cruel e cobiçoso comerciante. No fundo,
ele era naturalmente reto, bom, generoso mesmo. E agora que se lhe deparava
a ocasião de entrar em si mesmo, essa bondade inata se insurgia, reclamava
contra o "outro", recordando à consciência de Luquésio sua
injustiça, sua dureza, todas as vítimas que havia feito. E as noites se
tornavam agitadas. Durante as horas de penosa sonolência, imagens deploráveis
e sinistras, em longas sarabandas, passavam diante dos seus olhos; via lares
arruinados, famílias esfomeadas lançadas à rua, vendas pungentes de
mobiliários, mães que o olhavam fixamente, mostrando-lhe seus filhos
macilentos, pais que lhe estendiam os punhos, amaldiçoando o monopolista ...
Luquésio rolava no leito, enterrava o rosto no travesseiro quente, para fugir
às visões importunas. Mas o suplício continuava; a seus ouvidos chegava sem
interrupção a voz daquele infeliz que, tomando co-nhecimento de sua ruína,
lhe havia gritado ao retirar-se: "Deus te amaldiçoe, assassino!" E
no seu coração sentia novamente um choque idêntico ao que sofrera um dia sob
a injúria sanguinolenta. Oh, esta rápida cena de alguns segundos, este gesto
desesperado e indignado, este olhar cheio de ódio, como se havia, entre tantos
outros, instalado, incrustado na sua retina! Uma voz rouca, de repente
alterada, vibrava constantemente aos
seus ouvidos: "Assassino! Assassino!..." Sim, era verdade! Ele
havia sido assassino, tomando o pão dos outros; havia odiosamente explorado a
miséria para enriquecer, e havia abusado da boa fé da pobre gente que nele
confiara: e era ele, Luquésio, que, quase sem o saber, tinha chegado a esse
ponto! E então se amaldiçoava: — "Miserável, eis que centenas de infelizes
te cobrem de maldições. Um dia eles se erguerão contra ti, diante de
Deus, e então..." E de
súbito um terror atroz apoderava-se dele, com o pensamento no juizo, pois sua fé
permanecia intacta... "Sim, é uma outra maldição que cairá
sobre ti; então... E tu ficarás à esquerda... à esquerda, meu Deus! Para
sempre!... Ah, imbecil, de que te
serviram estes ducados e estes carlins que amontoaste, estas terras que
compraste e esta baixela de que te orgulhas? Assassino! é de teus homicídios
que te orgulhas!"
Continua no informativo – Ano IV - JUNHO DE 2012 -
Nº 01
SANTOS
FRANCISCANOS
MES DE MAIO
1 — B. Juliano de Istria,
1ª Ordem
2 — B. Vivaldo de S. Gimignano, 3ª Ordem.
3 — B. Petronila de Troyes, 2ª Ordem.
4 — B. Ladislau de Gielnow, 1ª Ordem.
5 — B. Benvenuto de Recanati, 1ª Ordem.
6 — B. Bartolomeu de Montepulciano, 1ª Ordem
7 — B. Maria de Santa Natália, 3ª Ordem Regular,
mártir da China
8 — IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA
9 — S. Catarina de Bolonha, 2ª Ordem.
10 — B. Félix de Nicósia, 1ª Ordem.
11 — S. Inácio de Laconi, 1ª Ordem.
12 — B. João de Cetina, 1ª Ordem, mártir
13 — B. Pedro de Duenas,
1ª Ordem, mártir
14 — B. Crispim de Viterbo, 1ª Ordem.
15 —
B. Humiliana Cerchi, 3ª Ordem.
16 — S. Margarida
de Cortona, 3ª Ordem.
17 — S. Pascoal de Bailão, 1ª Ordem.
18 — S. Félix de Cantalício, 1ª Ordem.
19 — S. Teófilo da Corte
20 — S. Bernardino de Sena, 1ª Ordem.
21 — S. Ivo de Bretanha, 3ª Ordem.
22 — B. João Forest, 1ª Ordem, mártir
23 — B. João de Prado, 1ª Ordem, mártir
24 — DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE S. FRANCISCO
EM ASSIS
25 —B. Gerardo de
Vilamagna, 3ª Ordem.
26 — B. Estêvão de
Narbona, 1ª Ordem, mártir
27 — B. Raimundo de Carbona, 1ª Ordem, Mártir
28 — S. Maria Ana de Jesus Paredes, 3ª Ordem
29 — B. Herculano de Piegaro, 1ª Ordem.
30 — B. Camila Baptista Varano, 2ª Ordem.
31— S. Fernando III,Rei de
Castela, 3ª Ordem
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