quarta-feira, 31 de agosto de 2016

ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE AGOSTO DE 2016


Meios para Subirmos o Alverne da Santidade

Amados irmãos e irmãs em Francisco. Nos dias de hoje, mais do nunca, a Igreja tem nos recomendado uma busca de santidade: no trabalho, na família, na Fraternidade da qual participamos e fizemos nossa profissão que tem um caráter perpétuo e santificante. Por isso, a Igreja nos ensina, que temos mergulhar nas fontes da Espiritualidade cristã e nós franciscanos seculares, somos privilegiados por termos meios que nos ajudam a subida do Alverne da santidade. Um dos meios para não se errar o caminho da subida ao Alverne da santidade é a direção espiritual, tão louvada pelos santos. Devemos fazer o mesmo, se quisermos galgar as alturas, onde um erro, um engano, uma falta de precaução, pode causar as mais sérias consequências. Eis o papel do diretor espiritual prudente e experimentado. Assim escrevia o Papa Leão XIII ao Bispo de Baltimore: "Os que procuram subir a montanha da perfeição, precisamente porque sobem um caminho menos frequentado, são mais expostos a enganos e, por isso mesmo, mais do que os outros, tem necessidade de um mestre espiritual. (Subida do Monte Alverne p.81 Vozes).
Outro meio para evitarmos quedas nesta subida é uma confiança na força da graça do perdão de Deus através do Sacramento da Confissão. A nossa confissão mensal ou semanal é uma fonte de graças. É o sangue de Cristo que nos purifica, que desapega a alma de suas misérias, que a levanta e  fortalece. Eis porque os santos, as almas fervorosas, perseveravam nessa escalada de perfeição reconhecendo que eram pecadores e que tanto necessitavam da graça de Deus. O próprio São Francisco dizia que a confissão é a coroa da humildade. Os soberbos, não se aproximam desse manancial de graças. Nosso Senhor Jesus Cristo dá autoridade para se perdoar pecados em seu nome quando diz: “àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.” (João20,23). Por isso, amados irmãos e irmãs, aproximemo-nos com regularidade, humildade e sinceridade dessa fonte de graça, lembrando dos cinco pontos para se fazer uma boa confissão: exame de consciência, arrependimento, bom propósito, acusação e satisfação. Sem a contrição do coração o Sacramento da Confissão sequer é válido. Santo Tomás escreve que "a matéria própria deste Sacramento são os atos do penitente, que têm, por sua vez, como matéria os pecados arrependidos e confessados e pelos quais cumpre uma satisfação. Daí se segue que a matéria remota da penitência são os pecados, não enquanto desejados na intenção, mas enquanto devem ser detestados e destruídos”. (Suma Teológica, III, q. 84, a. 2).
Mais há outra fonte mais fecunda e mais preciosa ainda, a fonte eucarística. Por isso, como franciscanos, saibamos participar bem da Santa Missa e nos aproximar com reverência e santo temor como fazia São Francisco de Assis.
O pobre de Assis certa vez, queria que se tivesse a maior reverência para com as mãos sacerdotais, pelo poder divino que lhes foi conferido para a confecção do Santo Sacramento. Dizia freqüentemente: “Se me acontecesse de encontrar ao mesmo tempo um santo descido do céu e um sacerdote pobrezinho, saudaria primeiro o presbítero, e me apressaria a beijar as suas mãos. Até diria: ‘Espera, São Lourenço, porque as mãos deste homem tocam a Palavra da vida e têm algo de sobre-humano". (Tomás de Celano, Segunda vida de São Francisco capítulo 152).
Para São Francisco, a Santa Missa era um mistério de graça tão sublime que, na carta ao Capítulo geral e a todos os frades, escreveu esta exclamação de fogo: «pasme o homem inteiro, estremeça todo o mundo e exulte o céu quando, sobre o altar, nas mãos do sacerdote, está Cristo, Filho do Deus vivo". (FRANCISCO DE ASSIS, Carta a toda a Ordem, n.26).
Nosso seráfico pai se preparava para a Santa Comunhão com um cuidado atentíssimo, não apenas com sua vida santa, diariamente rica de heroísmo, mas também com a Confissão Sacramental que prepara cada dia a sua alma para receber Jesus Eucarístico com a máxima candura da graça. Na carta a todos os fiéis, São Francisco escrevia assim: “Jesus quer que todos nos salvemos por Ele e o recebamos com coração puro e com nosso corpo casto, mas são poucos os que querem recebê-lo”. (FRANCISCO DE ASSIS, II Carta aos fiéis, nn. 14-15). A sua fé e o seu amor à Eucaristia irradiam-se por sua vida e pelos seus escritos com um fulgor luminoso. Escreveu uma vez aos frades: “rogo a todos vós, irmãos, com o beijo dos pés e com a caridade que posso, que manifesteis toda reverência e toda honra, tanto quanto puderdes, ao Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor nosso Jesus Cristo". (FRANCISCO DE ASSIS, Carta à toda a Ordem). Por isso, continua sua exortação com uma comparação muito apropriada: “como se mostrou aos santos apóstolos em Carne verdadeira, assim também a nós agora no Pão Sagrado. E como eles com a visão de sua Carne só viam a Carne dele, mas criam que era Deus contemplando com olhos espirituais; assim também nós, vendo o Pão e o Vinho com os olhos corporais, vejamos e creiamos firmemente que é seu Santíssimo Corpo e Sangue vivo e verdadeiro”. (FRANCISCO DE ASSIS, Admoestações, números 7-9.19-21). Então, façamos como nosso seráfico pai fez, adorando e venerando Jesus nas espécies eucarísticas, pois nossa Regra também nos recomenda: “Os franciscanos seculares, portanto, procurem a pessoa vivente e operante do Cristo nos irmãos, na Sagrada Escritura, na Igreja e nas ações litúrgicas. A fé de Francisco, que ditou estas palavras: “Nada vejo corporalmente neste mundo do Altíssimo Filho de Deus se não o seu Santíssimo Corpo e o Santíssimo Sangue, seja para eles inspiração e orientação da sua vida eucarística”. (Capítulo II n.5 Regra da Ordem Franciscana Secular).
Portanto, não tenhamos receio de subir o Alverne da santidade, através desses três meios recomendados pela Santa Igreja e por nosso pai Francisco, a direção espiritual, o Sacramento do perdão de Deus e o sublime Sacramento da Eucaristia. Ajudados pelo Senhor Jesus que se faz nosso amigo de caminhada e palas mãos maternais de Maria, chegaremos ao cume do Alverne. Paz e Bem a todos!
Irmão Daniel Silbernagel.


Os Irmãos Salteadores


 “Moravam os frades numa casinha no Monte Casale. Alguns assaltantes que moravam num bosque roubavam viajantes. Ás vezes, iam pedir comida aos frades. Uns davam, pedindo-lhes que mudassem de vida. Outros não davam nada aos ladrões...
 São Francisco chegou e eles contaram-lhe o caso. Ele disse que, se seguissem seu conselho, os ladrões mudariam de vida.
Ele falou: procurem os ladrões e digam: ‘Irmãos ladrões, vinde a nós, pois somos irmãos e vos trazemos bom vinho e bom pão’. Estendam uma toalha no chão e lhes sirvam pão e vinho com humildade. Depois, peçam que não batam em ninguém e não causem mal às pessoas.
No dia seguinte, levem também ovos e queijo. Peçam-lhes que se convertam a Deus.
Agradecidos, os ladrões começaram a trazer lenha para os frades. Eles converteram-se e foram respeitados e amados”.[1]
Em Iniciação Antiga e Moderna o Sr. Heindel diz que “O verdadeiro Místico não tem
necessidade de pregar. Seus atos, e até mesmo sua presença silenciosa, são mais poderosos do que o mais profundo discurso preparado pelos sábios doutores de filosofia”.
Para ilustrar o Sr. Heindel cita uma passagem da vida de São Francisco. Certa vez, Francisco convidou um jovem do convento para ir ao povoado pregar. Muito contente seguiu o jovem o tempo todo conversando com Francisco sobre as coisas espirituais e o que nos conduz a Deus. Passaram por quase todas as ruas, parando às vezes para dirigir palavras delicadas e bondosas aos que encontravam. Caindo a tarde São Francisco resolveu voltar ao mosteiro. O jovem lembrou que haviam se esquecido de pregar. São Francisco respondeu: “Meu filho enquanto caminhávamos estávamos pregando aos que nos observavam. Nossas vestes simples revelaram que servimos a Deus. Os pensamentos dos que nos viram dirigiram-se logo para o céu... Estivemos pregando um sermão mais poderoso e eloquente do que se tivéssemos ido à praça  e com eles ao nosso redor tivéssemos feito uma exortação sobre a Santidade”.    
Em Gubbio, uma cidade não muito distante de Assis havia um lobo enfurecido que matava pequenos animais para comer, espalhando assim pavor entre os habitantes. Francisco, passando por lá, defrontou-se com o lobo e com ele conversou. O lobo dava sinais de entendimento movendo a cabeça e uma das patas. Prometeu-lhe Francisco que o povo de Gubbio iria alimentá-lo a partir daquele dia e que ele não necessitaria mais matar para comer. Assim Francisco amansou o lobo que viveu ainda mais dois anos.
Francisco fez muitas viagens pela Europa, tendo ido também aos lugares santos na Palestina.       
Em 1220 estando doente e enfraquecido quase cego, entregou a direção da Ordem a Pietro Cattani que fez sua partida um ano depois. Então, Frei Elias foi nomeado para seu posto.
“Francisco tinha, por hábito, retirar-se para um local bem tranqüilo, para meditar, chamado de Eremo delle Carceri (que significa local solitário em meio a um bosque e próprio para retiro sacro). Este lugar diz-se ter pertencido aos Templários”.[2] 

                                              Fonte: Colaboração de Luigi Zampieri, enviado por Ildefonso Silveira


A Prece da Fé


A meditação é, acima de tudo, a prece da fé.  Conhecemos Cristo, principalmente, não através do pensamento, mas, através da fé.  A meditação, a prece pura, é a prece da fé.  Deixando para trás os pensamentos, as palavras e, assim por diante, somos deixados com a palavra, o mantra, a ação de pura fé.  Isso nos faz compreender, por experiência, o que é a fé.  A fé não é o nosso conjunto de crenças.  A fé não é o mesmo que a nossa teologia.  A fé é nosso relacionamento com outra pessoa.  A fé é nossa capacidade de manter um relacionamento.  Dizemos, por exemplo, que somos fiéis à nossa comunidade, fiéis no casamento, fiéis na amizade.  Fé é a capacidade que temos, e o dom que recebemos, de manter um relacionamento.  Só podemos conhecer outra pessoa, se mantivermos com ela um relacionamento.  Aqui não se trata tanto dos pensamentos que abrigamos, mas, do relacionamento que abrigamos.
Em grande parte, fomos iniciados em nosso relacionamento com Cristo, ainda crianças. 
Jesus era como um amigo da família, um dos adultos de nossa família, amigo de nossos pais, sacerdotes e professores.  Ao amadurecermos, passamos a conhecer esse amigo da família como uma pessoa adulta, com nossos próprios meios, passamos a conhecê-lo pessoalmente.  A fé cresce e se desenvolve.
Nossa fé em Jesus foi construída, não tanto sobre o que se diz a respeito dele, quanto sobre o que ele disse acerca de si mesmo: foi construída sobre o próprio auto-conhecimento dele.  Nesse ponto se encontra a autoridade dele, da mesma maneira que, nossa própria fé em nós mesmos, por exemplo, foi construída muito mais sobre o que sabemos de nós, do que sobre o que os outros podem dizer a nosso respeito.
O que Jesus disse acerca de si mesmo é isto, os sete ‘Eu sou’s de Jesus:  
Eu sou a verdadeira videira  (Jo 15:1).
Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.  (Jo 14:6).
Eu sou a porta   (Jo 10:7).
Eu sou o pão da vida.  (Jo 6:35).
Eu sou o bom pastor  (Jo 10:14).
Eu sou a luz do mundo  (Jo 8:12).
Eu sou a ressurreição.  (Jo 11:25).
Esses termos nos sugerem que Jesus se nos revela, não como um objeto de adoração, não como uma imagem de culto, mas, como um mestre que demanda nossa completa reverência e amor; como um orientador que demanda nossa total confiança e entrega; como um irmão; como um amigo: “Já não vos chamo servos,... mas, vos chamo amigos ”.  Alguém que sabemos amou os seus neste mundo, alguém que não é um moralista, mas, um libertador, um mestre do Caminho, um orientador, uma porta, o Caminho, com ele em espírito para o Pai.
Amadurecemos nossa fé, de maneira mais eficaz, por meio da prece, por meio da profundidade da prece.  Nossa prece está sempre se aprofundando e, amadurecendo.  Transitamos, talvez, além de certos tipos de prece, não porque sejam ruíns, mas, simplesmente, porque crescemos em um mais profundo relacionamento com Cristo.  Quando iniciamos esse relacionamento, talvez, tenhamos uma grande dependência de fotografias, imagens mentais dessa pessoa.  Porém, à medida que amdurecemos, à medida que nos tornamos mais capacitados para o relacionamento humano, então, essa fotografia, imagem mental de Cristo, cede passagem, cada vez mais, ao encontro com a verdadeira pessoa.  Esse encontro que ocorre, principalmente, no nível de nosso coração, na nossa experiência pessoal, então, torna-se maravilhosamente enriquecido na Eucaristia, na escritura, na comunidade, em todas as outras maneiras pelas quais, também, encontramos a pessoa ressuscitada de Jesus.
O Espírito opera constantemente em nós, preparando-nos para vê-lo, para ver Jesus, cada vez mais claramente.  Acredito que o ponto de partida seja o de que Jesus nos encontra, a ovelha desgarrada.  Nos Evangelhos, Jesus fala muito mais acerca de Deus nos buscar, do que acerca do dever humano de buscar a Deus.  Nossa fé em Jesus foi construída sobre essa confiança, de que ele nos habita, buscando-nos, no sentido de que por meio dessa busca ele nos afasta de nosso ego e nos aproxima de nosso verdadeiro eu.  Esta é a jornada da prece cristã: com Jesus, no Espírito, em direção ao Pai.
Aquilo que ele nos ensina sobre a prece, no Evangelho de Mateus, por exemplo, no sermão da montanha, nos dirige a esta experiência da presença que habita o interior de nossos próprios corações: em interioridade, na fé, na confiança, na atenção (concentrai-vos no Reino), e em paz, acima das preocupações e das ansiedades.  Ele nos ensina o caminho da prece pura.  Porém, acima de tudo, ele nos ensina a orar, por orar conosco e, em nós.  Cristo ora em nós.  A mente do Cristo, a consciência humana do Cristo em nós.  Assim, Cristo ora em nós, através de uma misteriosa união, e ele é o mestre da prece.  A prece de Jesus, o Verbo encarnado, é a prece perfeita do ser humano.  Ninguém poderia fazer melhor do que isso e, portanto, ele é aquele que nos ensina a orar.  Ele é o mestre da prece pura.  Ele medita em nosso interior, realizando seu verdadeiro eu como o Filho unido ao Pai, assim como, nós realizamos nosso verdadeiro eu.  A prece que é no espírito, a prece dele que está além de pensamentos e de palavras, além do ego, o verdadeiro eu dele, uno com o Pai e, simultaneamente, uno conosco: esse é o mistério da prece cristã.  Jesus, que é uno com o Pai, também, está presente no interior de cada um de nós, em cada um de nós, de maneira exclusiva e universal.  Vê-lo, é ver o Pai.
Assim, o ponto de partida da prece cristã é o de adentrarmos a prece do Cristo através de nossa união com a consciência humana dele.  E, devemos encontrar nosso verdadeiro eu, de modo a encontrá-lo.  Devemos deixar o eu para trás, de modo a seguí-lo.
Isto, também, é do Evangelho de João:
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós; e nós vimos a sua glória, glória que ele tem junto ao Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade.
Pois de sua plenitude todos nós recebemos graça por graça.  Porque a Lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.  Ninguém jamais viu a Deus: o Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o deu a conhecer.  (Jo. 1:14,16-18).
Dom Laurence Freeman, OSB 




quarta-feira, 10 de agosto de 2016

FOLDER DISTRIBUÍDO NA MISSA DAS 16:15 HORAS DO DIA 06 DE AGOSTO DE 2016 NA IGREJA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


FRATERNIDADE FRANCISCANA SECULAR DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS DE PETRÓPOLIS

RUA FREI LUIZ,26
CEP 25685-020 PETRÓPOLIS – RJ
Blog: ofssagradopetropolis.blogspot.com
E-MAIL: ofssagradopetropolis@gmail.com
TEL: (24) 2242-7984

Reunião mensal: 3° domingo às 14:00 horas – com a Missa aberta a todos às 16:00 horas
Expediente da Secretaria: 3ª e 5ª feiras das       14:00 às 17:00 horas.
Missa no 1° sábado de cada mês às 16:15
 horas na Igreja do Sagrado Coração de Jesus

INFORMATIVO
Ano VIII  AGOSTO DE 2016 -  Nº  02

SANTA CLARA DE ASSIS


                                                                          Frei Hugo D. Baggio,OFM


VITÓRIA  SOBRE  OS  PARENTES –
(continuação )

Os parentes, mormente o tio Monaldo, estavam indignados. E com razão, pois todos cochi­chavam e riam dos Scifi. Que uma pobre aldeã se fizesse monja, todos compreendiam, mas que um rebento da orgulhosa família dos Scifi desse tal passo, isso era demais. O orgulho de Monaldo não suportava o golpe. Faria vingança. E que vingança!
Ajuntou um grupo de cavaleiros armados até os dentes e, montados em seus ginetes, ruma-ram para o convento.
Quando o grupo passava, os plebeus e merca­dores se riam, dizendo a meia voz:
— Uma escolta de homens com lanças e es­padas para buscar uma fraca e indefesa donzela. .. Ridículo!
Clara conhecia a índole do tio e por isso não se surpreendeu quando viu o grupo chegar, sob as ordens do furioso Monaldo. Preparou-se para a luta que se desenhava séria.
          Ante o grupo surgiu a figura de Clara, calma e serena, sob seu hábito grosseiro e descalça. A ira do tio atingiu o auge, ante tal aparição. Mas conteve-se. Procurou, primeiramente, com bons modos induzir a sobrinha a que voltasse para o palácio. Apelou para a honra da família, para a dor da mãe, para o amor das irmãs. Mas Clara era inabalável.
Então a paciência de Monaldo acabou. Quis levá-la à força, pois havia prometido que viva ou morta haveria de reconduzi-la.
Clara refugiou-se então junto ao altar. Mas também lá chegaram os seus perseguidores. Nem o altar lhes tolheria os passos. Mas deu-se algo de inesperado. .. Num gesto majestoso, com uma mão segurou-se ao altar e com a outra arrancou o véu que lhe cobria a cabeça, fazendo-lhes ver o sacrifí­cio consumado. As louras tranças tinham ficado aos pés do altar da Porciúncula.
Diante de tal visão, capitularam os persegui­dores. Blasfemando, retiraram-se do santuário. Compreenderam que fôrça alguma a arrancaria dali.
Clara caiu de joelhos ante o Crucifixo.

A VINDA DE INÊS

Clara vencera a grande batalha. Os parentes quiseram reconduzi-la ao mundo, mas ela deu mais valor ao conselho de Jesus: "Quer alguém ser meu discípulo? Deixe pais e irmãos, casa e família, e siga-me".
Soror Clara, em sua nova vida, estava plena­mente feliz. De quando em quando, porém, a sau­dade e a lembrança dos entes queridos batiam-lhe às portas do coração. E, com maior insistência, a recordação da irmã Inês, jovem de 15 anos, terna e delicada e muito parecida com Clara, na pureza e na piedade. Quanto desejava tirá-la do mundo e tê-la ao seu lado!
Para isso pedia insistentemente a Deus que iluminasse sua irmã e a atraísse ao mesmo cami­nho. Deus ouviu-lhe as súplicas.
          Certa manhã, soror Clara foi avisada de que alguém desejava falar-lhe. Desceu ao locutório e oh! surpresa! outra não era senão a sua querida Inês. Lançaram-se ambas uma nos braços da outra, entre lágrimas de alegria, desabafando as saudades, silenciosamente curtidas.
Inês contou que não podendo mais suportar a separação fugira, às ocultas, do castelo e viera encontrar-se com Clara. Ficou encantada com os rudes trajes de soror Clara, que lhe aumentavam a beleza. No castelo lhe haviam descrito horrivel­mente o hábito da nova monja. Mas ficou penali­zada em vê-la tão pobre e sobretudo... descalça.
A este primeiro encontro seguiram-se muitos outros e cada vez mais frequentes. Paulatinamen­te, soror Clara ia doutrinando a irmã: falava-lhe da beleza do sacrifício, da doçura da pobreza, da felicidade de servir a Deus e sobretudo da santa paz da solidão, e o fazia com o arrebatamento das almas possuídas por um grande ideal.
Inês entusiasmou-se. E um dia abandonou de­finitivamente o palácio paterno e correu a lançar-se nos braços de Clara.
—  Querida irmã, aqui me tens. Já não suporto viver longe de ti.  Quero imitar-te na tua vida po­bre. Como tu serei discípula de Francisco.
As lágrimas tolheram a palavra de soror Clara. Só teve um gesto: tomou a irmã pela mão e le­vou-a aos pés do Crucifixo, onde ambas se ajoe­lharam.
—  Demos graças a   Deus, querida   irmã,   por ter ele ouvido minhas súplicas e iluminado o teu coração. Feliz serás por teres ouvido sua   divina inspiração. Mas prepara  teu ânimo para    a luta, pois ela se aproxima tremenda. O mundo não se deixa  roubar tão facilmente.
Naquele 14 de abril de 1212, soror Clara re­cebia a primeira companheira na Ordem das Po­bres Damas. Era o primeiro fruto do seu exemplo. 

A VITÓRIA DE INÊS

Imagine-se o alvoroço do palácio dos Scifi, quando deram pelo desaparecimento de Inês. Que Clara tivesse abandonado o solar, ainda passava. Já se haviam conformado com o inevitável. Mas que também Inês seguisse o mesmo caminho... era demais. O furor chegou ao auge. A ousadia tem limites.
O povo redobrou seus comentários e se ria sastisfeito das peças que as donzelas pregaram aos orgulhosos condes. Queriam vê-las casadas com nobres que aumentassem o brilho dos seus brasões e o ouro das suas arcas. E agora, uma a uma fu­giam para o convento e, o que era mais grave, atraí­das pelo filho de um simples mercador, Francis­co, o louco das ruas de Assis.

Continua no informativo – Ano VIII -            SETEMBRO DE 2016  -  Nº  03

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SANTOS FRANCISCANOS

MES DE AGOSTO

1 — B..Francisco Pinazzo, 1ª Ordem, mártir.
2 — JUBILEU DA PORCIUNCULA
3 — B.João Tiago  Fernandes,  1ª Ordem, mártir.
4 — S. João Maria Vianey, 3ª Ordem.
5 — B. Francisco de Pesaro, 3ª Ordem.
6 — B. Agatângelo de Vendome, 1ª Ordem,  Mártir
7 — B. Cassiano de Nantes, 1ª Ordem, mártir.
8 — S. DOMINGOS    DE    GUSMÃO
9 — B. Vicente de Áquila, 1ª Ordem.
10 — B. João  do  Alverne,  1ª Ordem.                                      
11 — SANTA CLARA DE ASSIS, 2ª Ordem
12 — B. Ludovico Sotelo, 1ª Ordem, mártir no Japão.
13 — B. Sante de Montebaroccio, 1ª Ordem.
14 — S. Maximiliano Maria Kolbe, 1ª Ordem.
15 — ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
16 — S. Roque de Montpellier, 3ª Ordem.
17 — B.Paula  Montaldi,  2ª Ordem.
18 — S. Beatriz  da  Silva, 2ª Ordem.
19 — S. Luís de Tolosa, 1ª Ordem.
20 — B. Francisco  Galvez, 1ª Ordem, mártir.
21—  S. Pio X, 3ª Ordem.
22 — B.Timóteo de Monticchio, 1ª Ordem.
23 — B. Bernardo de Offida, 1ª Ordem.
24 — B. Pedro da Assunção, 1ª Ordem, mártir.
25 — S. Luís, Rei da França, PATRONO DA TERCEIRA  ORDEM.
26 — B. João de Santa Marta, 1ª Ordem, mártir
27 — B. Ricardo de Santa Ana, 1ª Ordem, mártir
28 — B. Vicente Ramirez,  1ª Ordem, mártir.
29 — B. João de Perusa, 1ª Ordem, mártir.
30 — B. Pedro de Sassoferrato, 1ª Ordem, mártir
31 — B. Pedro de Ávila, 1ª Ordem, mártir do Japão.