domingo, 9 de setembro de 2012

FOLDER DISTRIBUIDO NA MISSA DAS 1615 HORAS DO DIA 01 DE SETEMBRO DE 2012, NA IGREJA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS



Ano IV  -  SETEMBRO DE 2012 -  Nº  04

ESPIRITUALIDADE  FRANCISCANA

O BEM-AVENTURADO LUQUÉSIO

       IV. Discórdia em casa e acontecimentos que se seguiram

                                                    (Continuação)

O que ela observava era que a situação de casa se tornava insustentável: era esta invadida por uma procissão de men­digos e seu infeliz marido parecia-lhe só ocupar-se deles. Apesar de suas súplicas e de seus protestos, ele dava, sempre, esva­ziando os cofre e oss armários, despachando os móveis um após outro e, do mesmo modo, os objetos de valor. Bona se viu na emergência de esconder suas jóias. Algu­mas vezes quando ela queria preparar a refeição encontrava a cozinha e a adega vazia.
Depois o povo criticava: aquela triste residência se tornava escárnio do públi­co. Pois para todos Luquésio evidentemen­te era um desequilibrado". Corriam os mexericos tanto em Poggi-Bonzi como nas outras cidadezinhas. Todos se conheciam e havia sempre novidades a comentar-se na soleira das lojas, nos salões e nas ta­bernas, e, como se pode conjeturar, não é sempre a caridade que preside aos enre­dos. Assim, o caso de Luquésio produzia sussurro na cidade. Semelhante aconteci­mento era uma fortuna para as más lín­guas. Não faltava quem descobrisse, for­jasse alguma novidade para endossar ma­liciosamente ao pobre homem. Era tão di­vertido comentar aquelas novidades, so­bretudo a respeito de alguém que se in­veja. Os burgueses de Poggi-Bonzi, como Bonadona, eram incapazes de compreen­der algo daquela "divina loucura". Um santo é por natureza um incompreendi­do. "Eximido das preocupações humanas", é considerado pela multidão como um louco: e a multidão não percebe que ele é um inspirado". (Platão).
Mas que importava tudo isso a Luqué­sio, desde que o Espírito o inspirara? Ti­nha certeza de que via claramente e que os outros estavam cegos, como fora ele outrora. E gozava de uma felicidade inau­dita, uma alegria seráfica: pois o seu co­ração inebriado de amor surgia vitorioso das profundezas da renúncia.
Diante de seus olhos flutuava, como uma visão, o sorriso do pobrezinho, sua fisionomia angélica, seus olhos iluminados por uma chama interior. E isto o soerguia, co­mo uma asa, e o precipitava por sua vez sobre o coração de Cristo bendito.
Vivia com Deus, e amando Deus irra­diava sobre todos a caridade. E esta se elevava numa oração fervorosa pelo pró­ximo. Diariamente rogava ao Senhor que esclarecesse também sua companheira, o que por si só não podia conseguir. "Ó Je­sus, suplicava chorando, convertei minha Bona! Sabeis quanto eu a quero e co-mo desejo vê-la feliz, feliz como eu, meu Deus! Ela está ainda tão afastada, e eu sofro por vê-la assim... Ó bom Jesus, tende compaixão dela como divinamente tivestes de mim, ajudai-a, curai-a, também a ela".
Uma oração feita com tanto amor de­via ser atendida.
Um dia em que a afluência dos pobres tinha sido particularmente estorvante, Bona, tendo aberto a arca do pão para a mesa, verificou mais uma vez que ela estava completamente vazia: novamente ele tinha distribuído tudo. Despeitada, indignada, ela foi censurá-lo. Mas já outros pobres estavam presentes, e eis que Luquésio lhe disse:
 — Bona, traze-me alguns pães para es­ta pobre gente.
Era o cúmulo! Sua irritação explodiu. — Como, alguns pães?... Ah! vê como os jejuns e vigílias perturbaram-te o cére­bro! Sabes perfeitamente que deste tudo e que não resta para nós nem um peda­ço de pão! Zombas dos teus, porque nada merecem de ti, só tens coração para os estranhos...
—  Oh!  Bona, posso despedir estes po­bres de mãos vazias?
— Vai, pois, tu mesmo procurar com que alimentar estes insaciáveis!
Luquésio fixou nela um olhar doce e profundo:
—  Bona, disse ele, pensa   naquele que,  com cinco pães e dois peixinhos, alimen­tou milhares de pessoas... Vai ver, pen­sando nele e traze-me os pães.
Bona voltou à cozinha por capricho, pa­ra cortar aquela discussão inútil... Em todo caso, o olhar, a expressão de Luqué­sio a haviam tocado... Subjugada, qua­se inconsciente, abriu novamente a arca do pão: Estupefação! Maravilha! Estava repleta de ótimos pães frescos que pare­ciam apetitosos.
E a luz de Deus caiu sobre ela. Um mi­lagre! O dedo de Deus. Era ele quem se pronunciava para salvaguardar e aplau­dir a conduta de Luquésio! Como não crer, não aprová-la também ela? Meu Deus!...
Trêmula de emoção, Bonadona leva os pães e com as próprias mãos os distribui. Depois, quando ficaram sós:
Oh! meu Luquésio, exclamava ela caindo nos seus braços, és tu quem tem razão... Perdoa-me por não tê-lo com­preendido. Fui muito má... Mas agora eu vejo: sim, quero contigo servir a Deus e aos pobres... Desde este dia foram dois a levar vida cristã e sua habitação tor­nou-se uma casa de beneficência. Siste­maticamente atendiam à pobreza. Deram tudo, reservando, apenas, o necessário aos filhos para viverem honestamente. A be­la fortuna se dissipava por suas próprias mãos. Mas eles encontraram no plano su­perior do amor divino a união dos cora­ções e a alegria dos filhos da Luz. O próprio Deus selou a sua renúncia. To­mou-lhes os dois filhos, provendo a sorte deles com uma mão soberana.
E esta dor, santamente aceita, acabou de entregá-los a Deus. Daí em diante fo­ram apenas forasteiros na terra, peregri­nos do Reino.

Continua no informativo – Ano IV -            OUTUBRO DE 2012  -  Nº  05



SANTOS FRANCISCANOS

MES DE SETEMBRO

1  — B. João Francisco Burté, 1ª Ordem, mártir
2 —  B. Severino Jorge Girault,3ª Ordem, Mártir
3 — B. Apolinário de Posat, 1ª Ordem, mártir.
4 — S. Rosa de Viterbo, 3ª Ordem.
5 — B. Gentil  de  Matelica,  1ª Ordem, mártir.
6 — B. Liberato de Loro  Piceno,  1ª Ordem.
7 — B. Peregrino de Falerone, 1ª Ordem.
8 — B. Serafina Sforza, 2ª Ordem.
9 — B. Jerônimo Torres,1ª Ordem, mártir no Japão
10 — B. Apolinário  Franco, 1ª Ordem, mártir no Japão.
11 — B. Boaventura de  Barcelona, 1ª Ordem.
12 — B. Francisco de Calderola, 1ª Ordem.
13 — B. Gabriel da Madalena, 1 ª Ordem,  mártir no Japão.
14 — B. Ludovico   Sasanda, 1ª Ordem, mártir no  Japão.
15 — B. Antonio de S. Boaventura, 1ª Ordem, mártir no Japão.
16 — B. Antonio de S.Francisco, 1ª Ordem, mártir no Japão.
17 — ESTIGMAS   DE   S. FRANCISCO   DE ASSIS (1224)
18 — S. José de Cupertino, 1ª Ordem.
19 — B. Francisco de Santa Maria, 1ª Ordem, mártir do Japão.
20 — S. Francisco Maria de Camporosso,1ª Ordem
21 — B. Delfina  de Glandeves, 3ª Ordem.
22 — B. Inácio de Santhiá, 1ª Ordem.
23 — BB. Francisco   Hubyoe,   Caio   liyemon, 
         Tomás linemon,  Leão   Satzuma  e  Luís
          Matzuo, 3ª Ordem, mártires no Japão.
24 — S. Pacífico de S. Severino, 1ª Ordem.
25 — B. Lúcia  de  Caltagirone,  3ª Ordem.
26 — S. Elzeário de Sabran, 3ª Ordem.
27 — B. Luís Guanela, 3ª Ordem.
28 — B. Bernardino de Feltro, 1ª Ordem.
29 — B. João Dukla, 1ª Ordem.
30 — B. Félix Meda de Milão, 2ª Ordem
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terça-feira, 4 de setembro de 2012

O ARAUTO DO GRANDE REI


JORNAL DE AGOSTO DE 2012

Deus Pode ser encontrado no coração do homem

Na vida humana, a saúde do corpo é boa coisa, mas o que torna feliz não é saber em que consiste a saúde, mas viver com saúde. Com efeito, se alguém, muito entretido em elogiar a saúde, toma alimentos que causam maus humores e doenças, de que lhe aproveitam, quando fica doente, os louvores à saúde? De modo semelhante entendamos, o Senhor não diz que a felicidade não está em conhecer algo sobre Deus, mas ter Deus em si. Bem-aventurados os que têm coração puro porque verão, eles próprios, a Deus.
 Não me parece que Deus vá colocar-se perante quem o contempla por ter purificado os olhos da alma, mas que talvez a magnificência desta palavra nos sugira aquilo que expressou mais claramente a outros: O reino de Deus está dentro de vós. Por aí ficamos sabendo como quem purificou seu coração de todo o criado e de toda paixão má verá em sua própria beleza a imagem da natureza divina.
Creio que o Verbo incluiu, nestas poucas palavras que disse, o seguinte conselho: “Ó vós, homens, que tendes algum empenho em contemplar o verdadeiro bem, quando ouvirdes falar da majestade divina exaltada acima dos céus, de sua glória inefável, de sua indizível beleza, não vos deixeis levar pelo desespero por não poderdes ver o que desejais!”
Se, por uma vida intensa e diligente, lavares de novo as sujeiras que mancham e escurecem o coração, resplandecerá em ti a divina beleza. Como acontece com o ferro, preto antes, retirada a ferrugem pelo polimento, começa a mostrar seu brilho ao sol, assim o homem interior, a quem o Senhor dá o nome de coração, quando limpar as manchas de ferrugem que surgiram em sua forma pela corrupção, recuperará a semelhança com sua principal forma original e se tornará bom. Pois o semelhante ao bom é bom.
Por conseqüência, quem se vê a si, em si vê a quem deseja. Deste modo é feliz quem tem o coração puro porque, olhando sua pureza, pela imagem descobre a forma principal. Aqueles que vêem o sol refletido num espelho, embora não tenham os olhos fixos no céu, não vêem menos seu esplendor do que aqueles que olham diretamente para o próprio sol; da mesma forma, também vós, embora sem possuirdes a capacidade de contemplar a luz inacessível, se voltardes à beleza e à graça da imagem que vos foi dada no início, em vós mesmo tereis o que procurais.
A pureza, a ausência das paixões desregradas e o afastamento de todo o mal é a divindade. Se, portanto, se encontrarem em ti, Deus estará totalmente em ti. Quando, pois, teu espírito estiver puro de todo vício, liberto de todo mau desejo e longe de toda nódoa, serás feliz pela agudeza e luminosidade do olhar, porque aquilo que os impuros não podem ver, tu, limpo, o perceberás. Retirada dos olhos da alma a escuridão da matéria, pela serenidade pura contemplarás claramente a beatificante visão. E esta, o que é? Santidade, pureza, simplicidade, todo o esplendor da luminosa natureza divina, pelos quais Deus se deixa ver.

Das Homilias de São Gregório de Nissa, bispo

Quem tem “chispas” de vocação franciscana?
Quando falamos em vocação estamos diante do mistério. Precisamos tirar as sandálias dos pés. Na página em que contemplamos um certo Francisco de Assis, queremos elencar alguns sinais que mostrariam a alguém que ele pode ter vocação para ser franciscano ou franciscana. Seriam umas “chispas”… A brilhar no caminho. Quem, eventualmente, poderia seguir esse caminho?

1. Pessoas normais, não exaltadas, que vivem a vida de todos os dias, com gosto, mas com uma pontinha de santa insatisfação. Pessoas que têm um pé na terra e o outro querendo atingir as estrelas. Pessoas normais, sinceras, sem duplicidade, capazes de se deixarem instruir por outros mais sábios e mais prudentes.
2. Pessoas que, devido a situações pessoais e a circunstâncias próprias foram levadas a fazer uma experiência de proximidade com Jesus: por ocasião de um sucesso ou de um fracasso na vida; de uma profunda experiência de abandono; num desejo incontido de generosidade (desejo de dar tudo) etc. No meio de tudo isso, tais pessoas sentem ressoar dentro delas convites ao seguimento do Senhor. Sentem um apelo que vem de fora.
3. Os que se apresentam em nossas fraternidades franciscanas seculares ou de vida consagrada são pessoas desejosas de experimentar a fraternidade. Estão embebidas das passagens dos evangelhos que falam do amor pelo irmão, pela vida fraterna como sacramento do reino: viver com…, sonhar com… ajudar as pessoas a sobreviverem.
4. Pessoas que se sentem convocadas as se desvencilharem de coisas e de bens, sobretudo de si mesmas. Querem aprender a conviver com aquele que sendo rico se tornou pobre e servo de todos. Deixaram-se tocar pela kenosis de Jesus.
5. Pessoas que, como Francisco, desejam se fazer próximas das pessoas: conviver com os que precisam de convivência, ir de lugar em lugar dizer que o Amor precisa ser amado, estabelecer o diálogo neste mundo de compartimentalizações e fechamentos. São pessoas que não existem para viver em ninho fechado. Também não querem simplesmente serem instrumentos de organizações frias.
6. Pessoas que não tenham espírito de carreirismo, que não visam promoções nem busca de lucros pessoais, que não assinam nem subscrevem sem pensar os estatutos da sociedade de consumo. São pessoas livres.
7. Pessoas que hoje reagem contra todo formalismo da fé, que sonham com uma pastoral feita por etapas, catecumenal, desejosos de dar sua colaboração para ações evangelizadoras novas no seio da Igreja.
8. Pessoas que experimentam uma sadia tensão entre contemplação e ação. Como Francisco estão sempre procurando lugares silenciosos e ermos para se “perderem” em Deus e, ao mesmo tempo, dizem a quem precisar que podem contar com eles. Mas não querem ser “ativistas” tontos que sobem e descem, entram e saem. Têm sempre saudade em visitar seu interior. Assim, irão pelo mundo mais à maneira de Francisco, transpirando ardor.
9. Pessoas que foram também conhecendo a figura encantadora e bela de Clara de Assis. Algumas dessas pessoas andaram lendo as cartas de Clara a Inês de Praga e ficaram encantadas com a mística da contemplação clariana. Ficaram profundamente impressionadas com as descrições do espelho. Da contemplação de Cristo no espelho: a pobreza, a humildade, a beleza do esposo pobre. “Vou correr sem desfalecer, até me introduzires na minha adega, até que a tua esquerda esteja sobre a minha cabeça, tua direita me abrace, toda feliz e me dês o beijo de tua boca” (4Carta a Inês 31-32).
10. Pessoas que sentem que sua vida poderá ser a de “cuidadoras” dos bens da terra, do verde, da água, do meio ambiente. Mas também cuidadoras dos irmãos mais simples, dos que não têm vez nem voz, dos que vivem nas trevas de um mundo louco consumista, materialista, imediatista. Pessoas cuidadoras da vida, da fragilidade da vida da criança que ainda não nasceu e do velho que precisa morrer com dignidade.
Frei Almir Ribeiro Guimarães



Congresso Clariano da FFB em Canindé
                                                      Abertura
Três mil pessoas, entre religiosos e leigos, chegaram a Canindé  na quinta-feira, dia 9, para a abertura do Congresso Clariano, que teve a saudação de boas vindas do bispo Dom Antônio Roberto Cavuto, de Itapipoca (CE), que ressaltou o carisma franciscano: “Estamos celebrando a grande festa de Clara de Assis. O povo presente nesse encontro traz consigo a lembrança da presença viva da maior amiga de Francisco, que deixou para trás sua riqueza para seguir os passos do grande defensor da ecologia”, disse.


Na sexta-feira (10/8), Frei Vitório Mazzuco foi o palestrante e  abordou o tema principal do Congresso “Clara de Assis e de hoje: Caminho de Unidade”. O dia foi encerrado com a celebração eucarística presidida pelo  secretário-geral da CNBB, Dom Frei Leonardo Steiner, que é frade franciscano desta Província.


Às 9 horas da manhã do dia 11, a primeira reflexão trouxe o tema “Mãe Clara – Rosto Feminino do Carisma”, tendo como palestrante Irmã Maria Clara do Santíssimo Sacramento.  Frei Ederson Queiroz foi o mediador.
À tarde, outro momento de reflexão com a quadra paroquial lotada para ouvir Frei Almir Guimarães e o tema “Milagre do Pão”.
O grande encontro foi encerrado com a Missa de Ação de Graças das 19 horas, presidida por Dom Frei José Belisário da Silva, vice-presidente da CNBB, e frade da Província de Santa Cruz.
       O encontro contou com a presença de irmãs de nossa fraternidade, cito a do Sagrado Coração de Jesus de Petropolis, irmãs da fraternidade de Santo Cristo e da Fraternidade da Porciuncula com um total de 24 pessoas.  
Que estas festividades nos ajude a refletir mais sobre o exemplo de Francisco e Clara de Assis para que possamos a cada instante viver a verdadeira ...
Paz e bem!


História da Unificação da OFS do Brasil
1955/1972
Especial para O Arauto do Grande Rei, da Fraternidade de Petrópolis,RJ
VI – 3
Congresso de Caxias do Sul
Fevereiro de 1966
Importante pela forma de sua realização
Em verdade, o Congresso de Caxias do Sul teve uma forma própria de preparação e de realização.

         Seu grande objetivo, aos poucos mais evidenciado e percebido, era levar os participantes a refletirem e compreenderem que a Ordem Terceira Franciscana Secular, na forma em que a estavam vivendo, necessitava voltar às suas origens e se atualizar, respondendo ao apelo  da Igreja, dirigido aos leigos pelo Concílio Vaticano II.
         Como fazê-lo? Pela volta às suas raízes e aos objetivos de seu fundador, levando em conta as exigentes realidades do mundo contemporâneo. Isto requeria mudança de mentalidade, sem se perder de vista a natureza e os objetivos da Ordem Terceira de São Francisco de Assis.
         Para tal, contribuiu decisivamente a forma pela qual as cinco teses do Congresso foram preparadas e estudadas, assim como o público por elas atingido, como já foi referido. Igual peso tiveram os numerosos “Congressinhos” realizados por grupos de Fraternidades Locais para se prepararem para o Congresso de Caxias do Sul ou para estudarem e debaterem  as teses enviadas.
         Mais, O Padre Diretor (agora Assistente), que, antes, falava e decidia e os Irmãos e Irmãs, que escutavam e obedeciam, agora, cada dia mais, se uniam fraternalmente para conviverem os ideais da Ordem Terceira e refletirem sobre as necessidades e aspirações atuais.
         Embora sobre isto já se tenha exposto em artigos anteriores, não é demais repetir, porque aqui se acentua como se realizou a mudança de mentalidade entre os membros da Ordem I e da Ordem III. É verdade que, de ordinário, qualquer mudança de mentalidade é lenta, em geral, muito lenta...
         Ainda em relação às teses do Congresso, merece ser destacado que, desde então, elas já continham diversos pontos fundamentais, que foram acolhidos e incluídos na reformulada Regra da OFS, que nos foi dada pelo Papa Paulo VI, em 1978, preciosa jóia da espiritualidade franciscana secular.

         Sobre tudo isso, também em nível internacional, é o que posso testemunhar devido à minha participação na “Comissão da Regra”, em seus longos debates de preparação, graças às propostas, que, como porta-voz, eu levava do Brasil para Roma.
         Sob a orientação de Frei Mateus, no Secretariado Nacional da OFS, diversos Assistentes e dedicados e competentes Irmãos e Irmãs preparavam essas propostas. Partindo de nossas realidades, não se esqueciam de que a Regra a ser reformulada, devia ser objetiva, clara e simples, capaz de servir a todas as Fraternidades do mundo. Esse trabalho deles é merecedor de recordação e de nossos agradecimentos. Assim como, depois, continuaram trabalhando nas propostas para a formulação das novas Constituições Gerais da OFS, definitivamente aprovadas pela Congregação pata os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, em 8 de dezembro de 2000, e promulgadas pela Ministra Geral da OFS, Emanuela De Nunzio, em 6 de fevereiro de 2001.
        
Passemos, porém, ao exame de como se realizou o Congresso de Caxias do Sul, que, em verdade, se realizou em três tempos: antes, durante o evento e depois.

         Para esse Congresso, como bem observou Frei Mateus Hoepers, houve importante preparação remota, que, desde meados dos anos 50, foi acontecendo nas Províncias e em grupos de Fraternidades com a realização de cursos e de encontros, orientados e divulgados pelo “Eco Seráfico” e pelo boletim “Paz e Bem”. (Cf. Frei Mateus Hoepers,OFM, em “Breve história dos movimentos nacionais na OFS do Brasil” – in “Paz e Bem”, 1966, jan.-fev., págs 18-27).
         Providência importante para o Congresso foi a organização de duas Comissões. A Comissão Central, no Rio de Janeiro, preocupou-se com estabelecer os objetivos e o conteúdo do Congresso, a sua preparação e divulgação. A Comissão Local, em Caxias do Sul,RS, encarregou-se de dar condições e suporte para que o Congresso se pudesse realizar adequadamente. E ambas as Comissões estavam perfeitamente entrosadas.

         Como vimos, o estudo das teses do Congresso se constituiu num grande esforço para ampliar a formação de nossos Irmãos e Irmãs. Necessitavam de melhor conhecimento da própria Ordem Terceira Franciscana e da sua específica vocação. Mais. Ele promoveu uma vivência mais consciente desse mesmo carisma, como leigos ou seculares, não, como mini-frades e mini-freiras. De igual formação sobre a OTF se beneficiaram também os próprios Assistentes.

         A propaganda e divulgação do Congresso pela Comissão Central também foi intensa. Mediante concurso de cartazes realizado nas Fraternidades Locais, depois, lançado entre escolares com apoio de professores e de autoridades estaduais e municipais, os ideais de São Francisco de Assis, sua vida e sua obra tiveram ampla divulgação. Irradiava-se o Franciscanismo, o Congresso e a Ordem Terceira eram propagados. A juventude brasileira teve oportunidade de conhecer o Pobrezinho de Assis e de demonstrar grande interesse pela figura atraente de um santo tão atual, quase contemporâneo. A respeito, uma Irmã, que viveu essa experiência no colégio, disse-me que foi, então, que despertou seu interesse por São Francisco e, mais tarde, sua vocação como franciscana secular.
         Mais. O Presidente da Comissão Central, o General Luiz Guimarães Regadas e a Vice-Presidente, Dª Noêmia Eloya de Siqueira foram incansáveis nesse trabalho de divulgação. Prepararam  e remeteram  centenas de correspondências. Realizaram também visitas pessoais, servindo-se ambos do amplo leque de suas relações pessoais e sociais. O que importava era tornar conhecido o evento e ampliar a participação de Irmãos e Irmãs de todos os quadrantes do Brasil.

         Ainda mais. Para que o Congresso não fosse apenas palestras, teoria, intenções, mas ação e vivência, desde fevereiro de 1965, se decidiu que as Fraternidades Locais respondessem a um questionário. Sobre o quê? Sobre como estavam sendo realizadas e cumpridas as resoluções do Congresso de São Lourenço. As respostas exigiam reflexão e verdade. Revelavam tanto a realidade de cada Fraternidade Local e Regional, como as deficiências, as dificuldades e os avanços existentes em cada uma delas. (Cf. o questionário em “Paz e Bem”, 1965, págs. 59/60).
E quais eram essas resoluções? Referiam-se à reunião mensal – aos círculos familiares – Ao uso efetivo do boletim “Paz e Bem” – ao movimento da Juventude – à organização do Distrito – à organização nacional. Cada item do questionário era estimulado por uma série de perguntas, que, respondidas, levariam os participantes a chegarem a algumas conclusões sobre como renovarem suas Fraternidades e a  eles próprios. Era, portanto, um questionário que “mexia” com a vida das Fraternidades e a dos Irmãos.
         Houve respostas animadoras. As subcomissões revisoras do questionário, ao final do Congresso, puderam apresentar as suas conclusões, que se encontram publicadas em “Paz e Bem” de 1966, a págs. 26-39.
         Em 1965/66, ainda era muito forte a distinção entre governo externo e governo interno da OTF. As respostas ao questionário deixam claro, no entanto, o desejo e as aspirações dos irmãos por uma nova Ordem Terceira reformulada em sua organização e vitalidade.


         Afinal, o que ocorreu de importante na realização desse 2º Congresso Nacional da OFS?
         Respondemos convictos: Muita coisa...
Desde a chegada da Comissão Central a Caxias do Sul, no sábado, 5 de fevereiro, e a perfeita recepção, planejada com detalhes, se teve a certeza de que tudo estava preparado para perfeito funcionamento do Congresso, graças ao trabalho eficiente da Comissão Local e das suas  Subcomissões, orientadas por Frei Aloísio de Garibaldi,OFM Cap.. No dia seguinte, a Comissão Central visitou os locais programados para a realização do evento e para acolhimento dos congressistas e verificou a excelência do que havia sido organizado.
A chegada dos outros dirigentes de Fraternidades, no dia 7, surpreendeu, porque incluía congressistas e muitos outros, que, antecipando, devido a dificuldades pelas longas distâncias, só deveriam chegar para o final do Congresso. Mesmo assim, todos foram devidamente acolhidos e alojados, porque numerosas famílias de Caxias do Sul haviam posto suas casas a serviço do Congresso e dos seus participantes. E era de se vêr como todos esses peregrinos se mostravam alegres, satisfeitos e agradecidos pela acolhida tão fraterna e generosa das famílias caxienses.

Houve o caso de um irmão pernambucano, Henrique Cortez, que, pouco antes de chegar a Caxias do Sul, sofreu um derrame cerebral. Internado, recebeu o melhor tratamento. Ele e a esposa ofereceram todo esse sofrimento pelo êxito do Congresso. A caridade fraterna dos irmãos sempre os amparou e, até, arrecadaram o dinheiro necessário para a volta de avião para Recife, um mês depois.

Voltando ao Congresso.
Foi solene a sessão de abertura, precedida, à tarde, por Missa na Catedral, presidida pelo bispo Dom Benedito Zorzi, que deu todo seu apoio e presença aos atos do Congresso. Igualmente, autoridades e representantes das instituições culturais e sociais se fizeram presentes, manifestando satisfação e apoio ao evento, que se realizava.
Internamente, as Missas comunitárias e a grande celebração na igreja dos Capuchinhos deram um toque da profunda e participada religiosidade desse Congresso.
E o Congresso fluía.

Nas denominadas “salas provinciais” se reuniam os integrantes das respectivas Províncias dos Menores, dos Capuchinhos e dos Conventuais. Comissários, Diretores e leigos, em convívio aberto, fraterno,  trabalhando muito e bem, preparavam as súmulas das cinco teses e as conclusões práticas. Depois, apenas o relator e os porta-vozes de cada uma das Províncias procuravam acertar uma formulação comum a ser levada a plenário. Esse intercâmbio entre líderes das várias Províncias e Obediências foi uma experiência de grande valor. Igual trabalho e resultado foram verificados nas Comissões.
As sessões plenárias, graças a essa preparação, correram tranqüilas. Após a exposição de uma súmula pelo relator, a palavra era posta à disposição do porta-voz da Província autora para dar sua opinião e transmitir alguma experiência já tentada e os seus resultados.

Os porta-vozes intervenientes foram os que seguem.
Frei Aloísio Heumesser,OFM (Meriti,RJ), sobre modelo prático da reunião mensal.
Dª. Ruth Soares da Costa (Ipanema,GB), sobre círculos especiais de casais, viúvos e viúvas, jovens e adolescentes.
Antônio Praxedes (Niterói,RJ) sobre o governo interno e externo e sua possível reformulação.
Dª. Maria Benta Goulart Borges (Ituporanga,SC) sobre observações práticas relativas à Ordem Terceira e a vida social.
Germano Romer (Blumenau,SC) sobre meios práticos para dar formação a dirigentes para as diversas funções na Fraternidade.
Dª Elza Meurer (Blumenau,SC) sobre sugestões relativas à Seção Infantil da Ordem Terceira, a saber, Cordígeros ou Arautos.
Agostinho Lopes (São Paulo,SP) sobre os trabalhos realizados pela Comissão Especial para a Juventude Franciscana. Observam os Anais, pág. 57: “Foi certamente o grupo que suscitou o maior interesse no Congresso.”

O Congresso de Caxias do Sul não foi, porém, apenas uma seqüência de reuniões de trabalho nas Comissões e no Plenário ou de celebrações comunitárias. Ele também teve, à noite, sessões recreativas com números de arte, com canções, danças folclóricas e brincadeiras regionais. Desses momentos de recreio, de alegria e de encanto, participaram a Sociedade Caxiense de Cultura Artística, as próprias religiosas da Congregação de São José, cujo colégio foi a sede do Congresso, o Centro de Tradições Gaúchas, Rincão da Lealdade e congressistas contagiados por essa alegria sadia. No penúltimo dia, no sábado, todos os congressistas foram homenageados com um grande churrascos em estilo gaúcho.
Sobre esses momentos de lazer, cabe registrar oportuna observação de Frei Mateus em Anais, pág. 61:
“Pois, é muito importante para o espírito de família que, nas Fraternidades da OFS, haja esses programas festivos.” Eis um lembrete, que não deve ser esquecido.

Ainda nesse sábado, à tarde, as sessões plenárias foram de intenso trabalho, dedicado à revisão do 1º Congresso das OFS, em São Lourenço.
No domingo, pela manhã, foi necessária mais uma sessão plenária para a leitura das atas e para a aprovação das Moções apresentadas.
Ao final, coube a Frei Aloísio de Garibaldi pronunciar as palavras de encerramento da Assembléia. Os aplausos dos congressistas transformaram-se em homenagem delirante e sincera ao mérito desse denodado batalhador do Congresso.
Nesse domingo, 13 de fevereiro de 1966, à tarde, houve a Missa campal de encerramento do Congresso, na grande praça Rui Barbosa, em frente às escadarias da igreja Catedral. Reuniu cerca de 3.000 congressistas e um número imenso da população local. Presidiu-a o Sr. Bispo D. Benedito Zorzi.

O Padre secular Kerginaldo Memória, terceiro franciscano da Guanabara, que depois se fez Capuchinho, anunciou na hora do Evangelho, a escolha de Recife, em Pernambuco, como sede do futuro Terceiro Congresso Nacional da OFS.

No ofertório, os congressistas fizeram a renovação de sua Profissão na Ordem Franciscana Secular.

Na hora da consagração, as bandeiras das Fraternidades, simbolizando todas as Fraternidades do Brasil, se inclinaram reverentes em homenagem ao Cristo presente no altar.

Na Comunhão, em ação de graças, os congressistas se uniram ao Senhor para viverem uma vida em santidade, de acordo com o ideal evangélico, que haviam solenemente professado.

Com a bênção final, estava encerrado o 2º Congresso Nacional da Ordem Franciscana Secular do Brasil.
Deus seja louvado!
                                                                                               (continua no informativo de setembro)


        

        


                                                                                                                    
                                                                                                         Paulo Machado da Costa e Silva,OFS

Nota: – Os artigos podem ser transcritos, indicando-se a procedência.
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