Ano IV - SETEMBRO
DE 2012 - Nº 04
ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA
O BEM-AVENTURADO
LUQUÉSIO
IV. Discórdia em casa e acontecimentos
que se seguiram
(Continuação)
O que ela observava
era que a situação de casa
se tornava insustentável: era esta invadida por uma procissão de mendigos e
seu infeliz marido parecia-lhe só ocupar-se deles. Apesar de suas súplicas e de
seus protestos, ele dava, sempre, esvaziando os cofre e oss armários, despachando
os móveis um após outro e, do mesmo modo, os objetos de valor. Bona se viu na emergência
de esconder suas jóias. Algumas vezes quando ela queria preparar a refeição
encontrava a cozinha e a adega vazia.
Depois o povo criticava:
aquela triste residência se tornava escárnio do público. Pois para todos
Luquésio evidentemente era um desequilibrado". Corriam os mexericos
tanto em Poggi-Bonzi como nas outras cidadezinhas. Todos se conheciam e havia
sempre novidades a comentar-se na soleira das lojas, nos salões e nas tabernas,
e, como se pode conjeturar, não é sempre a caridade que preside aos enredos.
Assim, o caso de Luquésio produzia sussurro na cidade. Semelhante acontecimento
era uma fortuna para as más línguas. Não faltava quem descobrisse, forjasse
alguma novidade para endossar maliciosamente ao pobre homem. Era tão divertido
comentar aquelas novidades, sobretudo a respeito de alguém que se inveja. Os
burgueses de Poggi-Bonzi, como
Bonadona, eram incapazes de compreender algo daquela "divina
loucura". Um santo é por natureza um incompreendido. "Eximido das
preocupações humanas", é considerado pela multidão como um louco: e a
multidão não percebe que ele é um inspirado". (Platão).
Mas que importava
tudo isso a Luquésio, desde que o Espírito o inspirara? Tinha certeza de que
via claramente e que os outros estavam cegos, como fora ele outrora. E gozava
de uma felicidade inaudita, uma alegria seráfica: pois o seu coração
inebriado de amor surgia vitorioso das profundezas da renúncia.
Diante de seus olhos
flutuava, como uma visão, o sorriso do pobrezinho, sua fisionomia angélica, seus olhos iluminados por
uma chama interior. E isto o soerguia, como uma asa, e o precipitava por sua
vez sobre o coração de Cristo bendito.
Vivia com Deus, e amando Deus
irradiava sobre todos a caridade. E esta se elevava numa oração fervorosa pelo
próximo. Diariamente rogava ao Senhor que esclarecesse também sua
companheira, o que por si só não podia conseguir. "Ó Jesus, suplicava
chorando, convertei minha Bona! Sabeis quanto eu a quero e co-mo desejo vê-la
feliz, feliz como eu, meu Deus! Ela está ainda tão afastada, e eu sofro por vê-la assim... Ó bom Jesus,
tende compaixão dela como divinamente tivestes de mim, ajudai-a, curai-a, também a ela".
Uma oração feita com tanto amor devia ser atendida.
Um dia em que a afluência dos
pobres tinha sido particularmente estorvante, Bona, tendo aberto a arca do pão
para a mesa, verificou mais uma vez que ela estava completamente vazia:
novamente ele tinha distribuído tudo. Despeitada, indignada, ela
foi censurá-lo. Mas já outros pobres estavam presentes, e eis que Luquésio lhe
disse:
— Bona, traze-me alguns pães para esta pobre
gente.
Era o cúmulo! Sua
irritação explodiu. — Como, alguns pães?... Ah! vê como os jejuns e vigílias
perturbaram-te o cérebro! Sabes perfeitamente que deste tudo e que não resta
para nós nem um pedaço de pão! Zombas dos teus, porque nada merecem de ti, só
tens coração para os estranhos...
— Oh!
Bona, posso despedir estes pobres de mãos vazias?
— Vai, pois, tu mesmo
procurar com que alimentar estes insaciáveis!
Luquésio fixou nela
um olhar doce e profundo:
— Bona, disse ele, pensa naquele que, com cinco pães e dois peixinhos, alimentou milhares
de pessoas... Vai ver, pensando nele e
traze-me os pães.
Bona voltou à cozinha
por capricho, para cortar aquela discussão inútil... Em todo caso, o olhar, a
expressão de Luquésio a haviam tocado... Subjugada, quase inconsciente,
abriu novamente a arca do pão: Estupefação! Maravilha! Estava repleta de
ótimos pães frescos que pareciam apetitosos.
E a luz de Deus caiu
sobre ela. Um milagre! O dedo de Deus. Era ele quem se pronunciava para
salvaguardar e aplaudir a conduta de Luquésio! Como não crer, não aprová-la
também ela? Meu Deus!...
Trêmula de emoção, Bonadona leva os pães e com as
próprias mãos os distribui. Depois, quando ficaram sós:
Oh! meu Luquésio,
exclamava ela caindo nos seus braços, és tu quem tem razão... Perdoa-me por não tê-lo compreendido.
Fui muito má... Mas agora eu vejo: sim, quero contigo servir a Deus e aos
pobres... Desde este dia foram dois a levar vida cristã e sua habitação tornou-se
uma casa de beneficência. Sistematicamente atendiam à pobreza. Deram tudo,
reservando, apenas, o necessário aos filhos para viverem honestamente. A bela
fortuna se dissipava por suas próprias mãos. Mas eles encontraram no plano superior
do amor divino a união dos corações e a alegria dos filhos da Luz. O próprio
Deus selou a sua renúncia. Tomou-lhes os dois filhos, provendo a sorte deles
com uma mão soberana.
E esta dor, santamente aceita,
acabou de entregá-los a Deus. Daí em diante foram apenas forasteiros na terra,
peregrinos do Reino.
Continua no informativo – Ano IV - OUTUBRO DE 2012 -
Nº 05
SANTOS FRANCISCANOS
MES DE SETEMBRO
1 — B. João
Francisco Burté, 1ª Ordem, mártir
2 — B.
Severino Jorge Girault,3ª Ordem, Mártir
3 — B. Apolinário de Posat, 1ª Ordem, mártir.
4 — S. Rosa de Viterbo, 3ª Ordem.
5 — B. Gentil
de Matelica, 1ª Ordem, mártir.
6 — B. Liberato de Loro
Piceno, 1ª Ordem.
7 — B. Peregrino de Falerone, 1ª Ordem.
8 — B. Serafina Sforza, 2ª Ordem.
9 — B. Jerônimo Torres,1ª Ordem, mártir no Japão
10 — B. Apolinário
Franco, 1ª Ordem, mártir no Japão.
11 — B. Boaventura de
Barcelona, 1ª Ordem.
12 — B. Francisco de Calderola, 1ª Ordem.
13 — B. Gabriel da Madalena, 1 ª Ordem, mártir no Japão.
14 — B. Ludovico
Sasanda, 1ª Ordem, mártir no Japão.
15 — B. Antonio de S. Boaventura, 1ª Ordem, mártir no
Japão.
16 — B. Antonio de S.Francisco, 1ª Ordem, mártir no
Japão.
17 — ESTIGMAS
DE S. FRANCISCO DE ASSIS
(1224)
18 — S. José de Cupertino, 1ª Ordem.
19 — B. Francisco de Santa Maria, 1ª Ordem, mártir do
Japão.
20 — S. Francisco Maria de Camporosso,1ª Ordem
21 — B. Delfina de
Glandeves, 3ª Ordem.
22 — B. Inácio de Santhiá, 1ª Ordem.
23 — BB. Francisco
Hubyoe, Caio liyemon,
Tomás
linemon, Leão Satzuma
e Luís
Matzuo,
3ª Ordem, mártires no Japão.
24 — S. Pacífico de S. Severino, 1ª Ordem.
25 — B. Lúcia
de Caltagirone, 3ª Ordem.
26 — S. Elzeário de Sabran, 3ª Ordem.
27 — B. Luís Guanela, 3ª Ordem.
28 — B. Bernardino de Feltro, 1ª Ordem.
29 — B. João Dukla, 1ª Ordem.
30 — B. Félix Meda de Milão, 2ª Ordem
.
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