segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O ARAUTO DO GRANDE REI

JORNAL DE SETEMBRO DE 2012

A Glória e a Exaltação de Cristo é a Cruz

Celebramos a festa da cruz; por ela as trevas são repelidas e volta a luz. Celebramos a festa da cruz e junto com o Crucificado somos levados para o alto para que, abandonando a terra com o pecado, obtenhamos os céus. A posse da cruz é tão grande e de tão imenso valor que seu possuidor possui um tesouro. Chamo com razão tesouro aquilo que há de mais belo entre todos os bens pelo conteúdo e pela fama. Nele, por ele e para ele reside toda a nossa salvação, e é restituída ao seu estado original.
Se não houvesse a cruz, Cristo não seria crucificado. Se não houvesse a cruz, a vida não seria pregada ao lenho com cravos. Se a vida não tivesse sido cravada, não brotariam do lado as fontes da imortalidade, o sangue e a água, que lavam o mundo. Não teria sido rasgado o documento do pecado, não teríamos sido declarados livres, não teríamos provado da árvore da vida, não se teria aberto o paraíso. Se não houvesse a cruz, a morte não teria sido vencida e não teria sido derrotado o inferno.
É, portanto, grande e preciosa a cruz. Grande sim, porque por ela grandes bens se tornaram realidade; e tanto maiores quanto, pelos milagres e sofrimentos de Cristo, mais excelentes quinhões serão distribuídos. Preciosa também porque a cruz é paixão e vitória de Deus: paixão, pela morte voluntária nesta mesma paixão; e vitória porque o diabo é ferido e com ele a morte é vencida. Assim, arrebentadas as prisões dos infernos, a cruz também se tornou a comum salvação de todo o mundo.
É chamada ainda de glória de Cristo, e dita a exaltação de Cristo. Vemo-la como o cálice desejável e o termo dos sofrimentos que Cristo suportou por nós. Que a cruz seja a glória de Cristo, escuta-o a dizer: Agora, o Filho do homem é glorificado e nele Deus é glorificado e logo o glorificará (Jo 13,31-32). E de novo: Glorifica-me tu, Pai, com a glória que tinha junto de ti antes que o mundo existisse (Jo 17,5). E repete: Pai, glorifica teu nome. Desceu então do céu uma voz: Glorifiquei-o e tornarei a glorificar Qo 12,28), indican­do aquela glória que então alcançou na cruz.
Que ainda a cruz seja a exaltação de Cristo, escuta o que ele próprio diz: Quando eu for exaltado, atrairei então todos a mim (cf. Jo 12,32). Bem vês que a cruz é a glória e a exaltação de Cristo.
Santo André de Creta, Bispo (Séc. VIII).


Dia  da escuta ao Irmão hanseniano (26 de agosto)

No dia 26 de agosto, o nosso regional organizou o IV dia da escuta. A nossa Fraternidade contou com uma vã e mais a colaboração de nosso irmão Silvestre que se predispôs a ir com seu veiculo pessoal para levar mais outros irmãos (ãs), que não poderiam ir por falta de lugar na vã.
Mas de que trata o dia da escuta?
O nosso carisma, segundo o próprio São Francisco, iniciou com o encontro com o leproso:
 “Foi assim que o Senhor me concedeu a mim, Frei Francisco, iniciar uma vida de penitência: como estivesse em pecado, parecia-me deveras insuportável olhar para leprosos. E o Senhor mesmo me conduziu entre eles e eu tive misericórdia com eles. E enquanto me retirava deles, justamente o que antes me parecia amargo se me converteu em doçura da alma e do corpo. E depois disto demorei só bem pouco e abandonei o mundo”. (Test. 1-3).
Queremos reviver a experiência que o nosso Pai São Francisco viveu a fim de que nos convertamos também, pois, a conversão é um processo que dura toda a nossa vida. São Francisco, não somente viveu a experiência do primeiro encontro, mas teve misericórdia para com eles e deixou o mundo.
Esta experiência se estendeu para quem participou e, alem deste, de muitos outros aspectos. O reencontro com irmãos de outras fraternidades, a troca de experiências, o poder ver a dimensão em que o nosso regional se encontra, com fraternidades se iniciando. O calor da acolhida tanto dos irmãos da própria comunidade, que trabalharam duro desde a véspera, para nos acolher, bem como a organização do evento em si, que foi muito bom.  
Os irmãos, vitimas da enfermidade, nos fizeram ver o preconceito da sociedade com eles, que ainda é muito grande. Também se queixaram da indiferença do governo, que os deixa em condições de vida muito precária nesta colônia; contudo, nos acolheram com muita alegria.
A visita aconteceu em Itaboraí, no Hospital Estadual Tavares de Macedo. Esta, foi fundada em 27 de abril de 1936, quando a enfermidade era considerada contagiosa e, por isto, era preciso ser isolado.
A ONU, em 1920, considerando a situação aflitiva dos hansenianos à época, resolveu enviar ajuda financeira às nações com maiores problemas com a lepra, dentre eles o Brasil. Então, o governo de Getulio Vargas recebeu uma verba internacional que foi aplicada na construção de mais de 30 colônias de leprosos (naquela época), onde existiria um hospital para os doentes e casa para os familiares. (CREMERJ)
A colônia Tavares de Macedo, hoje, ela é uma comunidade que, segundo informações a respeito do ultimo senso, conta com aproximadamente sete mil habitantes, seiscentos são portadores da doença.
A hanseníase é uma das doenças mais antigas na história da medicina. É causada pelo bacilo de Hansen, o Mycobacterium leprae: um parasita que ataca a pele e nervos periféricos, mas pode afetar outros órgãos como o fígado, os testículos e os olhos. Não é, portanto, hereditária.
Esta doença só é capaz de contaminar outras pessoas pelas vias respiratórias, caso o portador não esteja sendo tratado. Entretanto, segundo a Organização Mundial de Saúde, a maioria das pessoas é resistente ao bacilo e não a desenvolve. Aproximadamente 95% dos parasitas são eliminados na primeira dose do tratamento. Sendo assim, hoje, já esta confirmado que o isolamento não se faz mas necessário, e o convívio com a família e a sociedade só vem a somar na vida destas pessoas.
No quarto domingo de agosto de 2013, acontecerá o V dia da escuta. Os irmãos podem começar a se programar para sentir também esta experiência.




História da Unificação da OFS do Brasil
1955/1972

Especial para  O Arauto do Grande Rei, da Fraternidade de Petrópolis,RJ

VII – 1

Entre os anos de 1966 e 1968


                O 2º Congresso Nacional da OFS do Brasil, realizado em Caxias do Sul, RS, de 7 a 13 de fevereiro de 1966, foi encerrado oficialmente no domingo, dia 13.
                Mas, foi encerrado mesmo?
                Pois, escreve Frei Mateus num editorial: “O Congresso de Caxias do Sul não parou! É o nosso movimento pós-conciliar que não pode parar!” (Cf. “Paz e Bem”, 1966, julho-agosto, 1ª contra-capa).
                De fato, a marcha para a unificação não parou.
                Há um registro nos Anais do Congresso de Caxias do Sul, 1966, pág. 79:
                “Na noite do encerramento do Congresso, em Caxias do Sul, reuniu-se a cúpula nacional (da OFS), de padres e leigos das três Obediências: Frei Mateus Hoepers, Frei Aloísio de Garibaldi, Frei Jerônimo Campioni, Dra. Mariana de Lorena Bastos, Sylvio Vieira de Carvalho, Gen. Luiz Guimarães Regadas, Presidente da Comissão Central e Prof. Dr. Paulo Machado da Costa e Silva, Secretário Geral do Congresso. Só faltou o Dr. Celso Alves de Araújo, Presidente Nacional dos (Terceiros) Capuchinhos, que já à tarde, tivera que viajar.
                Nessa reunião ficou combinado que, provisoriamente, continuassem em exercício dos seus cargos os Presidentes (nacionais obedienciais) nomeados a título precário, em função do Congresso. Em reunião posterior, se deverá tratar da organização definitiva. Aliás, já estava planejado um encontro interobediencial, a ser realizado na Casa de Retiros na Gávea” (no Rio de Janeiro).
                Os presentes a essa reunião assinalaram também que o Congresso de Caxias do Sul indicava claramente que se devia continuar trabalhando pela urgente realização em favor da OFS nacional unificada, em vez de dividida, em função das Obediências de seus Comissários e Assistentes.
               
Na volta para o Rio, seja destacado que já se tinha informação de que, muito breve, seria dada autorização pelos Superiores Maiores paras se iniciar a revisão ou adaptação tanto da Regra de 1883, dada pelo Papa Leão XIII, como das Constituições de 1957 e do Cerimonial da OFS.
                De fato. Após longo e acurado estudo, os Comissários Gerais para a OTF, haviam apresentado aos Ministros Gerais uma proposta de estudos para a renovação ou adaptação da legislação da Ordem Terceira Secular às orientações  do Concílio Vaticano II e às exigências de nossos tempos. Tal proposta foi aprovada pelos Superiores Maiores. E, a 7 de março de 1966, também a Sagrada Congregação dos Religiosos concedeu a necessária licença para se tratar do assunto.
                De imediato, os quatro Comissários Gerais da OTF, em 9 de março de 1966, publicaram e expediram: “Normas para a reforma da Regra, das Constituições e do Ritual da OTF. Tais “Normas” só chegaram ao Secretariado Nacional em abril/maio, sendo publicadas em “Paz e Bem” de 1966, julho/agosto, págs. 98-100.
                Observe-se que, após o Congresso de Caxias do Sul, a questão da UNIFICAÇÃO da OFS do Brasil não era a única preocupação primordial, urgente, a ser tratada. Haja vista que os Superiores Maiores haviam determinado que toda a atenção e esforço deveriam ser dedicados ao estudo e à preparação de propostas para a REFORMULAÇÃO da REGRA e do CERIMONIAL da OFS. E não seria um trabalho rápido, como alguns esperavam. Em verdade, dados o cuidado e a seriedade com que foi realizado, estendeu-se por longos 12 anos até sua aprovação final, em 1978, com a Regra de Paulo VI.

                Considerando-se o exposto e por amor à brevidade e clareza, os diversos acontecimentos, ocorridos nesse intervalo de 1966 e 1967, podem ser agrupados sob dois tópicos distintos. Num, se observarão os passos dados para a unificação da OFS do Brasil, mediante, sobretudo, os estudos para a reformulação da Regra da OFS. Noutro, estarão diversos acontecimentos que, embora não especificamente, também contribuíram, direta ou indiretamente, para a dita unificação da OFS.
                Antes, porém, para melhor compreensão, é indispensável, a meu ver, que se recorde como se avançou, no início, nessa caminhada para a unificação, entre os anos de 1955 e 1966.

Nas páginas 18 a 27 de “Paz e Bem” de 1966, há importante estudo de Frei Mateus Hoepers sobre “Breve história (de 1939 a 1966) dos Movimentos nacionais na OTF do Brasil”.
                Merece destaque o tópico “Encontro nacional franciscano”, em Ipanema,GB, nos dias 17, 18 e 19 de julho de 1955, antecedendo o Congresso Eucarístico Internacional no Rio de Janeiro. Desse Encontro e da tese de Frei Egberto Prangenberg,OFM, resultaram duas importantes realizações:
                – a fundação, em 1957, da Conferência Nacional dos Comissários Provinciais da OTF;
                – a criação do Secretariado Nacional da OTF como órgão executivo da Conferência.
                Esses dois organismos foram fundamentais e básicos para a renovação da vida de nossas Fraternidades e para uma nova mentalidade de Diretores e Irmãos/ãs Seculares em relação à OTF.
Em 1962, aconteceu o fim da Conferência dos Comissários Provinciais. No entanto, eles passaram todas as atribuições da Conferência para a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil e para Frei Mateus Hoepers,OFM. Mantiveram-no como Secretário Nacional da OTF. Garantiu-se, assim, a continuidade do trabalho por uma nova OTF.
                Em 1963, realizou-se o 1º Congresso Nacional da OTF, em São Lourenço,MG, importante pelo promissor entrosamento e colaboração entre seculares e Comissários e Diretores, como observa Frei Mateus.
                O ano de 1964, conforme decidido, foi todo dedicado à intensificação da formação mais aprofundada dos Terceiros e, em conseqüência, dos próprios Assistentes.
                Em 1965, houve o Encontro de confraternização interobediencial na Guanabara para comemorar os 50 anos de vida religiosa de Frei Mateus Hoepers, sendo transformado, por insistência dele, em decidida e intensa preparação do 2º Congresso Nacional da OFS do Brasil.

                Em fevereiro de 1966, a realização desse Congresso, em Caxias do Sul,RS, “mexeu” com a vida das Fraternidades da Ordem Terceira, transformando-as.
                De volta ao Secretariado Nacional, no Rio de Janeiro, Frei Mateus continua informando em “Paz e Bem” o que ia ocorrendo com a OTF em Roma, em outros países e aqui. Assim, a páginas 28 a 32 do nº 1 de 1966, há referências ao Chile, à Espanha, à França, à Itália (Roma); a págs. 127-128, a Alemanha, discute se a OTF é uma Ordem ou não; a págs. 140-144, a França, faz a declaração sobre a Fraternidade de São Francisco; a págs. 145-146, é apresentada a Cooperação do Brasil para a revisão da Regra e do Cerimonial; a págs. 174-185 – há a exposição e discussão sobre “Um governo próprio na Ordem Terceira”, apresentada em “Der Ordens-Direktor” (Alemanha) e comentada por Frei Mateus.
                No encontro interobediencial, realizado na Casa de Retiros Pe. Anchieta, na Gávea,GB, de 22 a 24 de julho de 1966, bom espaço do tempo foi dedicado à preocupação sobre como atrair e organizar a juventude para e na OTF.

                No Congresso da Ordem Primeira, em Belo Horizonte,MG, de 9 a 16 de novembro de 1966, organizado pelo CEFEPAL, uma de suas preocupações, como desejavam os Superiores Maiores, era com a renovação da Ordem Terceira Secular. Ao concluírem o Encontro, aprovaram quatro artigos sobre o relacionamento da Ordem Primeira com a Ordem Terceira. Importantíssimo pelo seu conteúdo e caráter então definidor é o artigo 1º, que transcrevo:
                “Art. 1º - A Ordem Terceira Secular não seja considerada súdita da Ordem Primeira e, sim, uma verdadeira Ordem com governo próprio, sendo parte integrante da Família Franciscana. Ela reparte com os outros ramos a mesma vocação e missão.”
                Isto, no Brasil, era o reconhecimento da unidade da OTF, alicerce para sua unificação.
                Simultaneamente, a multiplicação de Encontros Distritais reunia e unia as Fraternidades Locais, difundindo entre irmãos e irmãs informações e vivência do carisma franciscano, embora, nem sempre como um  carisma próprio de seculares e, não, de frades e freiras.

                1967 foi o ano da apresentação de propostas para a reformulação da Regra da OTF.
                Esses estudos de Fraternidades Locais, apresentados como colaboração aos seus Dirigentes Obedienciais, significaram para muitos irmãos(ãs) a descoberta de temas como o da unidade, do governo interno e externo e o da unificação da OTF. É o que se depreende de muitas respostas também, enviadas ao Secretariado Nacional. Depois de consolidadas na resposta de cada Obediência, elas foram encaminhadas à Comissão da Regra, em Roma. (Cf. “Paz”, 1967, págs. 48-61; 77-87; 149-151, em especial, os pontos concordantes dos Congressos de Saint-Avold e de Chicago).
                A reformulação da Regra pelos leigos da Obediência dos Capuchinhos também foi enviada a Roma. No entanto, no capítulo da organização e governo, mantiveram a subordinação da OTF à Ordem Primeira, fragilizando, assim, a autonomia da Ordem Terceira. (“Paz e Bem”, 1967, 108-116).
                Na contribuição das Fraternidades da Obediência Conventual, embora tenham mantido a distinção entre governo externo (dos frades) e governo interno (dos leigos), consideraram imprópria a interferência da Ordem Primeira na administração interna das Fraternidades e acentuaram a necessidade do apostolado leigo para a OTF. (“Paz e Bem”, 1967, págs. 117-122).
                Em 21 de maio de 1967 (Cf. “Paz e Bem”, págs. 126-128), num Encontro Distrital, em Araruama,RJ, irmãs e irmãos levantaram algumas indagações à reformulação que se vinha fazendo. Frei Mateus Hoepers, que participava, e estava satisfeito com a participação e interesse dos leigos, pode esclarecer tais dúvidas e perguntas. Também lembrou que nada se muda na Regra, no Cerimonial e nas Constituições sem que se tenha antes uma autorização ou uma legislação nova, aprovada pela Santa Sé.
                Como se vê, por toda parte se trabalhava, interessada e dedicadamente, para a reformulação da nova Regra da OFS com muito estudo e colaboração. Procurava-se atender à solicitação dos Superiores às aspirações dos próprios irmãos e à orientação do Concílio Vaticano II.


                                                                                               (continua no informativo de outubro)
                                            
                                                                                                         Paulo Machado da Costa e Silva,OFS

  
Nota: – Os artigos podem ser transcritos, indicando-se a procedência.
             À medida que esses artigos vão sendo publicados no jornalzinho da nossa Fraternidade, eles serão
              colocados em nosso blog: ofssagradopetropolis@blogspot.com


        O Serafim do Amor

Realizei alguns retiros no Monte Alverne, na região da Toscana, onde Francisco vivenciou os estigmas. Lá, encontrei um monge budista. Quando perguntei o seu nome, ele respondeu: “Eu não tenho nome. Chamamos este lugar de encontro. Quero que você me chame Francisco”.
As boas fontes franciscanas dizem que, de repente, Deus tocou profundamente Francisco. Ele é um imitador perfeito dos caminhos do Senhor Jesus, e todo aquele que é marcado pelos dedos terríveis desse amor, a ele é impossível não trazer essas marcas em seu corpo. Teologicamente, espiritualmente, dizemos que o anjo, o Serafim alado, veio e marcou o corpo dele com aquelas chagas do Amado. E para sempre o amor tomou forma num corpo. Porque o amor estava no seu coração, e o que está no coração toma conta do corpo, da história, da vida e deixa marcas profundas.
As pessoas que se amam verdadeiramente vão ficando parecidas, não é mesmo? Às vezes observamos que, quanto mais velhos ficam nossos pais, mais se assemelham fisicamente. Naquele retiro eu queria entender o que significavam as chagas de Francisco. O monge me respondeu que, de acordo com sua cultura oriental, todas as nossas energias, o nosso potencial de amor, a nossa fonte do amor, brotam de dentro para fora, e não de fora para dentro. Ele disse que, em sua grande capacidade de amar, Francisco explodiu, seu coração se fez como o Sagrado Coração. O coração de quem ama muito faz assim: Pluf! Salta para fora. E o coração dele abriu-se em chagas, em estigmas. Enraizado naquela terra, naquele chão que ele conhecia e pisava, seus pés ficaram marcados com as chagas do Amor.
A concretude do amor estava nas suas mãos, nos seus pés. É nas extremidades vitais que circulam as energias mais poderosas. E foi aí que o amor transbordou na vida de Francisco. Penso que, quando amamos profundamente, todas as experiências humanas e religiosas nos marcam com as marcas profundas do amor. Quem dá o coração, recebe corações. Isso eu aprendi com Francisco, com o cristianismo e também com o budismo. Eu tenho um mestre taoísta, Chuang Tzu. Eu o leio com a mesma paixão que leio o Evangelho, com a mesma paixão com que leio as fontes franciscanas.
Do texto “Dançar o Amor”, de Frei Vitório Mazzuco F°.

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