INFORMATIVO
Ano IV - OUTUBRO
DE 2012 - Nº 05
ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA
O
BEM-AVENTURADO LUQUÉSIO
(Continuação)
V.
A Ordem Terceira
Quando uma alma se dá
a Deus sinceramente é natural que almeje a vida religiosa. Menosprezada do
mundo, que se tornou vil para ela, aí permanece deslocada e sente necessidade
de abandoná-lo: volta-se então para o claustro. Reconhece, por uma espécie de
instinto sobrenatural, que aí, nessa tranquila solidão, no abandono completo
em Deus, na oração contínua e numa vida metódica para o aperfeiçoamento do
amor, este poderá se dilatar à vontade e encontrar o alimento que lhe é
necessário.
Luquésio e Bona,
desapegados da terra, deviam experimentar esse desejo. Ouviam falar da vida
admirável que levavam os discípulos de Francisco e os invejavam. Ah, ser como
eles desembaraçados de todas as coisas e viver na simplicidade perfeita da
obediência e da pobreza! Mas, ah! eram casados e não se desmancha o laço que deu
a Santa Igreja. A questão lhes parecia, pois, insolúvel.
Bona dava muitas
vezes solução aos seus casos, mas, ao primeiro exame, as razões pareciam-lhe
fantásticas e irrealizáveis.
— Que pena, não
podermos entrar juntos num mosteiro!
— Pensas nisto? respondia
Luquésio sorrindo. Seria preciso, então, que nos retirássemos cada um para seu lado; eu iria
com os irmãos e tu para a casa das Senhoras Clarissas.
— Então não nos veríamos mais? exclamava
Bona. Oh, não, Luquésio, amo-te demais para isso. Depois, vê bem, preciso de
ti para continuar a servir ao Senhor: o ver-te tão bom, tão desprendido, tão piedoso
é uma força para mim.
A força de Luquésio era Francisco. Quando pensava nele, sentia-se elevado acima
de si mesmo e seu fervor aumentava de intensidade. Seu método de ascese era o
de se esforçar para se assemelhar a Francisco. Falava dele constantemente a
Bona e esta dava tudo para ver também o pobrezinho. Quanto a Luquésio,
gostaria imensamente de tornar a falar-lhe e expor-lhe suas dúvidas. Mas diziam que ele tinha partido para o Oriente com o rei Luís, a fim de ensinar a fé aos
infiéis.
Ora, anos depois de sua
conversão, eles souberam que Francisco voltara do Egito e que passava novamente
pela Toscana. Era em 1221. Luquésio desta vez não teve de ir ao seu encontro,
porque o irmão Francisco se deteve em Poggi-Bonzi.
O santo lhe pareceu tal como o
havia visto em São
Geminiano ; apenas mais magro e mais
seráfico. Desta vez foi com Bona que ele o ouviu pregar a palavra da verdade.
Em seguida visitou-o, apresentando-lhe a esposa.
— Irmão Francisco, disse Luquésio, nós temos
muita vontade de partilhar do vosso gênero
de vida. Mas somos
casados: devemo-nos separar?
— Absolutamente, respondeu Francisco,
permanecei juntos; pois juntos é que aprendestes a servir ao Senhor.
— Nesse caso, podeis indicar-nos a maneira de, mesmo casados,
podermos santificar-nos como os que vivem convosco?
Francisco observou-os
com amor. Ele acabava de resolver com o cardeal Hugolino, em Florença,
as bases da regra da Ordem III.
— Precisamente, respondeu ele, há algum tempo
já que penso em fundar uma terceira ordem, na qual os casados e os retidos no
mundo poderão servir a Deus com perfeição.
Muitos outros, impedidos de
entrar na primeira ordem ou na segunda, me fizeram o mesmo pedido
que vós. Podereis, portanto, ser os primeiros alistados na ordem: dessa
maneira, ficando no mundo não pertencereis mais a ele...
—
Sim, sim, é justamente isto! interrompeu Bona, radiante.
—
Pois o importante, notai bem, prosseguiu Francisco, não é o lugar, mas
o coração santificar-se é amar a Deus e servi-lo com pureza,
abnegação e amor; e isto se pode fazer em toda parte e em
todos os estados; pois o Senhor ordenou a todos que levassem uma vida perfeita.
Mas como não é bom que os homens fiquem isolados para praticar o bem, quero
reuni-los em fraternidades, sob a obediência de um diretor, e dar-lhes uma
regra, a fim de se animarem mutuamente e firmes perseverarem nos seus santos propósitos:
participarão, assim, das vantagens da vida religiosa, sem abandonarem as suas funções
seculares. — E passou a expor-lhes a norma de vida que havia imaginado para esta nova ordem.
— É uma grande graça e com felicidade minha mulher e eu seremos vossos primeiros recrutas.
No dia seguinte Francisco
anunciou publicamente seu plano de restauração no mundo, a vida cristã
perfeita; e grande número de homens e de mulheres apresentaram-se como
adeptos.
Luquésio tinha grande parte nesse
sucesso; pois se a princípio tinham zombado dele, o
contrário não se tardou
a verificar Sua piedade, seu desinteresse, sobretudo sua caridade lhe
haviam conquistado a estima e em seguida a admiração do povo de Poggi-Bonzi,
senão de todos, pelo menos dos melhores. Invejavam agora sua virtude, como
invejaram outrora a sua fortuna. E
muitos estavam prontos a seguir suas pegadas. A força onipotente do exemplo
havia-os conquistado. A presença do pobrezinho fez o resto.
Francisco reuniu-os numa capela que lhe havia sido dada, expôs-lhes a regra
e, depois de algumas reuniões, quando os julgou suficientemente preparados, diante de uma assistência comovida até às lágrimas, revestiu-os com um hábito cinzento levando uma corda à cintura. A primeira fraternidade da Ordem da
Penitência estava fundada.
Continua no informativo – Ano IV - NOVEMBRO DE 2012 -
Nº 06
SANTOS FRANCISCANOS
MES DE OUTUBRO
1 — B. Nicolau da Forca Palena, 3ª Ordem.
2 — BB. Miguel Jamada e Lourenço Jamada, 3ª Ordem, mártires do Japão.
3 — TRÂNSITO
DE S. FRANCISCO DE ASSIS
4 — SOLENIDADE DE S. FRANCISCO DE ASSIS
5 — BB. Luís
Maki e João Maki, 3ª Ordem, mártires no
Japão.
6 — S. Maria das Cinco Chagas, 3ª Ordem.
7 — NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
8 — B. Martinho Gomez,
3ª Ordem, mártir no Japão.
9 — BB. Gaspar Vaz e Maria Vaz, 3ª Ordem, Mártires do Japão.
10 — S. Daniel, 1ª Ordem, mártir em Ceuta.
11 — B. Luísa, 3ª Ordem, mártir no Japão
12 — S. Serafim de Montegranário, 1ª Ordem.
13 — BB. João Tomachi e seus filhos Domingos, Miguel,
Tomás e Paulo, 3ª Ordem, mártires
do Japão.
14 — BB. Ludovico Mihachi e seus filhos Francisco
e Domingos, 3ª Ordem, mártires do
Japão.
15 — B.Francisco de S. Boaventura, 1ª Ordem, mártir do
Japão.
16 — B. Tomás Tzugi, 3ª Ordem, mártir no Japão
17 — B. Baldassarre
de Chiavari, 1ª Ordem.
18 — B. Bartolomeu Laurel, 1ª Ordem, mártir no Japão.
19 — S. Pedro de Alcântara, 1ª Ordem.
20 — B. Contardo
Ferrini, 3ª
Ordem.
21 — S. Angelo, mártir de Ceuta, 1ª Ordem.
22 — B.Tiago de Strepa, 1ª Ordem.
23 — S. João de Capistrano, 1ª Ordem.
24 — B. Josefina
Leroux, 2ª Ordem, mártir.
25 — B. Domingos de S. Francisco, 1ª Ordem, mártir no
Japão.
26 — B. Boaventura
de Potenza, 1ª Ordem.
27 — B. Ludovico Baba, 3ª Ordem, mártir do Japão.
28 — B. Lúcia Fleites, 3ª Ordem, mártir do Japão
29 — B.Tomás de Florença, 1ª Ordem.
30— B. Angelo de Acri, 1ª Ordem.
31— B. Cristóvão
de Romagna, 1ª Ordem.
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