quinta-feira, 29 de maio de 2014

ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE MAIO DE 2014

A vida em fraternidade: relação de intercâmbio e comunhão 

- Experimentemos e partilhemos a bondade de Deus. Para Francisco o seguimento de Jesus e seu projeto missionário se faz em fraternidade e fraternalmente. Comecemos por João 13,34-35. O texto deixa muito claro que o verdadeiro sinal do cristão, isto é, do seguidor de Jesus Cristo, é o amor mútuo. “Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. O amor mútuo é a nota característica fundamental do seguidor de Jesus.     
         Continuemos refletindo João 13,1-17, observando passo por passo a atitude de Jesus. Primeiro o despojamento da autoridade, ele tira o manto. Depois a investidura da condição de servo, cinge-se com uma toalha. Coloca a toalha no lugar de avental. Em seguida se põe a lavar os pés dos discípulos. Ora, porque os pés? Por que os pés são os servos das pessoas. São eles que as carregam. Por essa pratica Jesus ensina a servir os servos. Muitos não acham indigno nem desonroso servir senhores, pelo contrario, falam de “boca cheia”. Sou servo de fulano de tal. São raras as pessoas que publicam que servem servos. A dica de Jesus vai por aí. Discípulo de Jesus Cristo precisa servir os servos. A outra dica é que amar é servir. Amor autêntico se traduz em ação em favor dos pequenos.
         Para Francisco de Assis cada irmão é um dom, um presente do Senhor. O que ele faz com o dom? Busca orientação no Evangelho para saber. Crendo que foi o Senhor que enviou o irmão o Senhor também dirá o que fazer com ele. Assim, o centro da fraternidade não é nem Francisco que foi o primeiro, nem Bernardo, o novo irmão que esta chegando, mas Jesus que na verdade é o responsável pelo encontro dos dois. Francisco e Bernardo se encontram e formam fraternidade por Jesus e em Jesus.
         Vejamos ainda o que diz Espelho da Perfeição 85. Aí Francisco nos apresenta 9 frades com 17 virtudes e diz que eles, juntos, unidos, constituem o frade perfeito. Isso significa que o frade perfeito não é um individuo, mas uma fraternidade, os frades unidos, comungando e partilhando é que constituem uma perfeição. O que isso nos ensina? Que a maravilha que buscamos é construída com a partilha, a disponibilidade dos dons de cada irmão, mas nos diz também que o inferno se constitui da comunhão dos defeitos de cada um. Os mesmos 9 frades têm tantos defeitos quantas virtudes. Se optarem por colocar os defeitos para funcionar e se focarem neles vão ficar do jeito que o diabo gosta. A fraternidade ótima e a fraternidade péssima podem ser feitas com as mesmas pessoas. Depende da decisão que elas tomaram na relação de umas com as outras.

Fr. Moacir Casagrande OFMCap.

Espiritualidade e Saúde


1. O CAMINHO DA INICIAÇÃO:  O Iniciado (a) é aquele (a) que tem um Caminho Orientado. Seu caminho é orientado pelo Coração e pelo Desejo. O coração nos deixa afastar do caminho do Amor. Tem os seus passos orientado por uma Grande Convocação, por uma Inspiração e por Princípios que regem a sua vida. Em cada passo tem um Mestre que vai orientar a sua Vida.  INICIAÇÃO significa receber Algo Muito Grande e passar isto adiante. Não separar o que Deus uniu: corpo e alma, espírito e matéria.
2. A TEOLOGIA E ESPIRITUALIDADE NA SAÚDE: Deus prepara a Terra como um quadro para a existência da humanidade. A criatura huma-na está no centro do interesse do Criador. É criado por graça e chamado desde o início a um projeto salvífico. Cuidar do saudável é não depreciar a vida, mas assumir um sentido pleno. Viver é dom de Deus. Estar do lado da vida e prolongá-la. A saúde pertence à estrutura teológica e antropológica da pessoa. É um projeto de vida e perfeição, sempre se pode pedir mais cuidado à saúde. É a arte de viver. É a capacidade de apropriação e posse da corporeidade para levar a uma harmonia entre corpo, psique  e espírito.
3. A INCORPORAÇÃO DA SAÚDE À PASTORALPreparar bem os agentes da Pastoral da Saúde, com bagagem doutrinal adequada, porque eles estão muito próximos da complexa realidade do mundo da saúde e da doença. Pensar e projetar de modo diferente a ação evangelizadora de modo que ela esteja mais do lado da saúde. Não se fala mais da Pastoral dos Enfermos, do sofrimento e de Visitas a hospitais, mas sim de uma presença que leve o bem estar psicofísico do ser humano. Não falar de resignação e consolação, mas oferecer vida e vida em abundância (Jo 10,10). Uma Pastoral que acolhe o dom da vida e exorta a viver!  Não uma ação sacramentalista, mas evangelizadora.
4. A CONSCIÊNCIA DE QUE SOMOS TERAPEUTAS:  Terapeuta é aquele que cuida da totalidade do humano e da vida. É estar na raiz bíblica que nos testemunha que Deus tem como objetivo a cura total do ser humano. Anunciar a transformação do humano é trabalhar pela construção do Reino. Salvação, salus, sanar, cuidar, tudo deriva da saúde: a cura integral do ser humano. O ser humano é o resultado de relações recíprocas entre os componentes físicos, emotivos, mentais, espirituais e sociais.
5. COMPREENSÃO DO TERMO SAÚDE:  Etimologicamente  salus, salud, santé, health, e significa  totalidade e integridade. A saúde só tem sentido no quadro de uma visão holística do ser humano (Bernard Häring), ela remete ao centro. Saúde tem a ver com o ser humano que superou tudo o que é confuso, precário e fragmentado, que satisfez seu impulso infinito par a felicidade, a vida e a alegria, que chegou por completo ao que é ele mesmo.  Sociologicamente saúde é a busca e a fé comum da humanidade em buscar o melhor no nascimento e no decorrer da existência, criar um estilo de vida saudável que revele que concretize a epifania do humano pleno.  Antropologicamente é uma melhor visão do ser humano. Perguntar pela saúde é perguntar pelo ser humano. É um modo de estar no mundo de bem com a vida.  É a plena atenção ao bem estar, tanto físico, espiritual como psicológico, para criar um novo tipo de humanidade possível.
6. VIVER NUM ESTADO TERAPÊUTICO: Ultrapassar sempre as fronteiras do limite. Não instaurar o caos em si mesmo. Abrir as portas para o mais secreto e o mais íntimo de si mesmo. O que somos é o que nos nutre. O ser humano precisa dar um salto qualitativo: conectar a sua vida com seu centro sagrado e absoluto. Procurar uma nova maneira de existir, com mais profundidade e mais humanidade. Acender a Iluminação e percorrer um caminho de liberdade. Saúde é procurar um Encontro com o melhor e com o transcendente, seja qual for a forma ( amor, espiritualidade, religião sonhos ) como um Chamado, uma Vocação. O corpo é o apoio do raio divino.

Autor: Frei Vitório Mazzuco


 Dama Pobreza e o estudo

 Há uma riqueza que não se vê: o saber. Há moedas muito pesadas e pouco sonoras, que podem impor aos outros muita sujeição e lançar em nós mais orgulho do que as moedas verdadeiras: os livros.
Como, pois, se poriam de acordo a Dama Pobreza e o estudo? No século XIII os livros eram manuscritos e em per­gaminho, ligados em madeira ou em couro com fechos de metal, nem eram manejáveis como os atuais. Poderiam pos­suí-los os cavaleiros da Pobreza?
Esta pergunta, nem mais nem menos, foi a que Ricardo da Marca, que era nobre e culto, capaz de tudo abandonar sem dificuldade, exceto o estudo, fez a São Francisco, num dia em que o visitava no bispado de Assis. E respondeu-lhe o santo: "Os irmãos só devem ter a veste que a nossa regra concede, o cíngulo e os calções".
"Mas, disse-lhe o outro, que farei eu, que tenho tantos livros que valem mais de cinquenta libras?" E se entristecia por dever abandoná-los.
"Vede! exclamou São Francisco, quereis ser considera­dos pelos homens como frades menores e observantes do Evangelho, mas na realidade quereis ter dinheiro!"
Nos jovens, porém, o desejo de possuir livros não nascia da avidez de coisas ricas e raras, e sim da sede de saber e de glória. O santo, que lia nas consciências (os livros mais interessantes do mundo e os mais difíceis), pedindo-lhe um noviço permissão para possuir um saltério, respondeu: "O imperador Carlos, Orlando e Olivério, todos os paladinos valentes nas armas, que perseguiram os infiéis, com muita fadiga e não menos trabalho, até à morte, obtiveram vitórias memoráveis e finalmente conquistaram a glória do martírio, morrendo em combate na defesa de Cristo. Há muitos, po­rém, que só com a narração de tamanhos gestos pretendem alcançar a homenagem e o louvor dos homens. Como estes há entre nós muitos que pretendem, lendo e pregando a obra dos santos, alcançar honra e glória".
Assim, sabiamente, São Francisco queria fazer servir à virtude a ambição dos jovens, contrapondo a glória das rea­lizações à glória das palavras, o heroísmo da guerra ao das mesas de estudo. Mas o noviço tornou ao assalto, porque, não querendo, todavia, desobedecer, desejava por todos os meios e modos encontrar escapatória à dura obediência. São Francisco, sentado junto ao fogo, escutou-o. E, visto que a paixão do moço não se inclinava ao bem, mostrou-lhe as suas consequências.
"Quando possuíres um saltério, quererás um breviário. E quando tiveres o breviário, sentar-te-ás numa cadeira como um grande prelado e dirás ao teu irmão: traze-me o bre­viário". Depois, como se não pudesse censurar os outros semacusar-se a si próprio, apanhou no fogão um punhado de cinza e espalhou sobre a cabeça, dizendo: "Também que­ro um breviário! também quero um breviário!" E enquanto o noviço corava como uma cereja, o santo confessou:
"Irmão, também, certa vez, fui tentado a possuir livros, mas não sabendo a respeito a vontade do Senhor, tomei o Evangelho e pedi-lhe que ma fizesse ver. Acabada a oração, logo à primeira abertura, caíram-me sob os olhos as seguin­tes palavras: "A vós foi dado conhecer o mistério do reino de Deus, mas aos outros é ele proposto em parábolas".
E acrescentou: "Tantos são os que espontaneamente se elevam a ciência, que será feliz o que se fizer estéril por amor de Deus".
Queria dizer que a sabedoria verdadeira não vem dos livros, mas da fé, da humildade e das obras, e como prova disto observava duas coisas: Primeiro, que o homem, na rea­lidade, só sabe o que pratica e somente é bom orador na medida em que faz o que diz; segundo, que a ciência nada pode contra o sofrimento, deixando-nos de mãos vazias na hora das tribulações.  
Quando, porém, se lhe apresentou um jovem no qual o amor ao estudo era verdadeira vocação sem mistura de curio­sidade, de vaidade ou de soberba, tanto que o sufocava como tentação, São Francisco disse: "Estuda e ensina, a fim de que não se extinga em ti o espírito de oração", E este jovem se chamou Santo António de Pádua.
Porque o que São Francisco combatia como contrário à Pobreza do coração era a ciência enfatuada que não se transforma em vida, o estudo sem meditação, a meditação sem obras, a admiração sem imitação, o estudo egoísta que se compraz em si e jamais se sacrifica pelos outros.
Dama Pobreza só está de acordo com o estudo quando este é caritas.

Extraído do livro ‘São Francisco de Assis’
Maria Sticco.



Fortaleza:

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Refletimos nas catequeses passadas sobre os primeiros três dons do Espírito Santo: a sabedoria, o entendimento e o conselho. Hoje pensemos naquilo que o Senhor faz: Ele vem sempre para nos apoiar na nossa fraqueza e faz isto com um dom especial: o dom da fortaleza.
1. Há uma parábola, contada por Jesus, que nos ajuda a acolher a importância deste dom. Um semeador sai para semear; nem toda a semente que espalha, porém, dá fruto. Aquilo que acaba pelo caminho é comido pelos pássaros; aquilo que cai em terreno rochoso ou em meio a espinhos semeia, mas logo é secado pelo sol ou sufocado pelos espinhos. Somente aquilo que termina em terreno bom pode crescer e dar fruto (cfr Mc 4, 3-9 // Mt 13, 3-9 // Lc 8, 4-8). Como o próprio Jesus explica aos seus discípulos, este semeador representa o Pai, que espalha abundantemente a semente da sua Palavra. A semente, porém, muitas vezes encontra a aridez do nosso coração e, mesmo quando é acolhida, corre o risco de permanecer estéril. Com o dom da fortaleza, em vez disso, o Espírito Santo liberta o terreno do nosso coração, liberta-o do torpor, das incertezas e de todos os nossos medos que possam impedi-Lo, de modo que a Palavra do Senhor seja colocada em prática, de modo autêntico e alegre. É uma verdadeira ajuda este dom da fortaleza, dá-nos força, liberta-nos também de tantos impedimentos.
2. Há também momentos difíceis e situações extremas nas quais o dom da fortaleza se manifesta de modo extraordinário, exemplar. É o caso daqueles que se encontram diante de experiências particularmente duras e dolorosas, que perturbam suas vidas e de seus entes queridos. A Igreja resplandece com o testemunho de tantos irmãos e irmãs que não exitaram em dar a própria vida para permanecerem fiéis ao Senhor e ao seu Evangelho. Mesmo hoje não faltam cristãos que em tantas partes do mundo continuam a celebrar e a testemunhar a sua fé, com profunda convicção e serenidade, e resistem mesmo quando sabem que isso pode comportar um preço mais alto. Também nós, todos nós, conhecemos pessoas que viveram situações difíceis, tantas dores. Pensemos naqueles homens, naquelas mulheres que levam uma vida difícil, lutam para levar adiante a família e educar os filhos: fazem tudo isso porque há o espírito de fortaleza que os ajuda. Quantos homens e mulheres – nós não sabemos seus nomes – que honram nosso povo, nossa Igreja, porque são fortes: fortes em levar adiante sua vida, sua família, seu trabalho, sua fé. Estes nossos irmãos e irmãs são santos, santos no cotidiano, santos escondidos em meio a nós: têm justamente o dom da fortaleza para poder levar adiante o seu dever de pessoas, de pais, de mães, de irmãos, de irmãs, de cidadãos. Temos tantos! Agradeçamos ao Senhor por estes cristãos que são de uma santidade escondida: é o Espírito Santo que têm dentro que os leva adiante! E nos fará bem pensar nessas pessoas: se elas fazem tudo isso, se elas podem fazê-lo, por que não eu? E nos fará bem também pedir ao Senhor que nos dê o dom da fortaleza. 
3. Não é preciso pensar que o dom da fortaleza seja necessário somente em algumas ocasiões, ou em situações particulares. Este dom deve constituir um pano de fundo do nosso ser cristão, na ordinariedade da nossa vida cotidiana. Como disse, em todos os dias da vida cotidiana devemos ser fortes, temos necessidade desta fortaleza, para levar adiante a nossa vida, a nossa família, a nossa fé. O apóstolo Paulo disse uma frase que nos fará bem ouvir: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fil 4, 13). Quando enfrentamos a vida ordinária, quando vêm as dificuldades, recordemos isto: “Tudo posso naquele que me fortalece”. O Senhor nos dá a força, sempre, não a deixa faltar. O Senhor não nos dá uma prova maior do que podemos tolerar. Ele está sempre conosco. “Tudo posso naquele me fortalece”.
Queridos amigos, às vezes podemos ser tentados a nos deixar levar pela preguiça ou, pior, pelo desânimo, sobretudo diante dos cansaços e das provações da vida. Nestes casos, não vamos desanimar, invoquemos o Espírito Santo para que, com o dom da fortaleza, possa aliviar o nosso coração e comunicar nova força e entusiasmo na nossa vida e no nosso seguimento a Jesus.
Papa Francisco
Quarta-feira, 14 de maio de 2014


 São Luiz
Rei de França

Luís nasceu em Poissy, em 1215. Por ocasião do batismo, sua mãe, Branca de Castela, rainha de grandes dotes morais e intelectuais, estreitou-o ternamente contra o coração, dizendo: "Filhinho, agora, és um templo do Espírito Santo, conserva sempre teu coração puro e jamais o manches com o pecado!"
O maior empenho da boa mãe era incutir no espírito do filho um grande horror ao pecado e repetia-lhe estas palavras:"Meu filho, preferia ver-te morto e sem as insígnias do poder real, a saber-te manchado por um pecado mortal".
Estas e outras semelhantes exortações não deixavam de causar profunda impressão na alma da criança. Branca de Castela teve o maior cuidado em escolher ótimos professores e instrutores para o futuro rei.
Com a morte do pai, Luís foi coroado rei com doze anos, sob a regência de sua mãe Branca de Castela.
Em 1234, contraiu matrimônio com Margarida de Provença, princesa de grandes virtudes, como ele. Do matrimônio nasceram onze filhos.
Tendo completado os vinte e um anos de idade, assumiu o governo, continuando a ser o mesmo filho obediente e respeitoso para com sua mãe.
Luís soube conciliar com suas preocupa­ções governamentais uma piedade profunda, o espírito de penitência e grande caridade para com todos.
Ele assistia diariamente à santa missa, recebendo o "Pão dos Fortes" e levantava-se para rezar as Matinas. Ouvindo dizer que os nobres o censuravam por assistir à missa todos os dias, respondeu que "se ele dedicasse tempo dobrado para os jogos ou para a caça, ninguém o repreenderia!"
Sua maior preocupação no governo foi a administração da justiça, dedicando todos os dias algumas horas a ouvir qualquer pessoa que tivesse negócios a tratar.
Na opinião do grande bispo Bossuet, São Luís foi o rei mais santo e mais justo. Ele foi o protótipo do rei feudal, santo na vida pública e familiar; cuidou ao mesmo tempo dos interesses da França e da religião, que sempre amou e protegeu. Seu amor pessoal a Cristo, à Igreja e ao papa, levou-o a organizar duas vezes a cruzada, para libertar os lugares consagrados à memória de Cristo da profanação dos muçulmanos. Mas, não foi feliz: depois de uma primeira vitória no Egito, foi em seguida derrotado e feito prisio­neiro. Conseguiu a liberdade, só depois de cinco anos, a preço de ouro. Voltou para França, onde tinha falecido sua santa mãe.
Quinze anos depois, organizou mais uma cruzada; esta vez, foi a peste que vitimou grande parte do exército e a ele próprio.
Antes de fechar os olhos para o sono da morte, Luís entregou o governo ao filho Filipe. Com piedade que a todos comoveu, recebeu os santos sacramentos. Em sua grande humildade pediu que o deitassem sobre a cinza e, assim, com os braços cruzados sobre o peito, os olhos elevados ao céu, exalou o último suspiro, em 25 de agosto de 1270, na idade de 55 anos.
A fama de santidade e os milagres verifica­dos sobre seu túmulo levaram o Papa Bonifá­cio VIII a conferir-lhe oficialmente o título de santo.Seu nome entrou na galeria dos heróis e santos da Igreja e da França.
http://santuariocoracaodejesus.blogspot.com.br/

segunda-feira, 12 de maio de 2014

FOLDER DISTRIBUÍDO NA MISSA DAS 16:15 HORAS DO DIA 03 DE MAIO DE 20124 NA IGREJA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

INFORMATIVO

Ano V  -  MAIO DE 2014 -  Nº  12

ESPIRITUALIDADE  FRANCISCANA

SÃO  LUIS, REI  DE  FRANÇA

O BOM REI

"A paz e a bênção do Altíssimo, veio a nós através do pobre", teria dito certa vez o bom Rei de França. Ele foi também famoso por sua caridade.
Depois de Deus, o seu grande amor vol­via-se para os pobres, para os doentes e para todos aqueles que sofriam enfermi­dades e misérias quer no corpo, quer na alma. E quantos não sofriam de ambas as doenças!
Sua grande bondade foi também testemu­nhada pelas obras de misericórdia e pelos grandes donativos. Ele alimentava diariamente uma grande leva de pobres, não contentando-se com aqueles que co­miam em sua própria mesa, e dos quais humildemente lavava os pés doentes e fatigados.
São Luís, não contente de haver fun­dado para eles, hospitais e hospícios, cha­madas as "Casas de Deus", ele próprio os visitava, curava e lhes prestava os mais humildes serviços. Seu reinado foi ponti­lhado por imensas "Casas de Deus".
Frei Leger, um dos leprosos assistidos por ele, não queria comer senão pela mão de São Luís, tanto assim que o santo Rei, pegava com precaução cada bocado de co­mida e tirava os grãos de sal, que pudes­sem fazer sangrar as feridas dos lábios e da boca corroída do pobre frade.

Dentre estes hospitais, uma fundação imensamente tocante foi a dos "300", para abrigar trezentos cavaleiros que voltaram cegos, das Cruzadas (1254). A fundação serviu ainda por muito tempo, para outros igualmente aflitos e doentes. Ainda ou­tros hospitais foram fundados em: Pontoise, Vernon e Compiègne, bem como as "Casas das Filhas de Deus", para cuidar das infelizes mulheres decaídas.
Os "Ensinamentos", que Luís IX deixou escritos para seu filho Felipe e sua filha Izabel, os discursos, que serviram para as investigações preparatórias de sua cano­nização, e as anedotas de Joinville, mos­tram-nos que Luís  IX foi um homem de profundo senso comum, possuindo ener­gia infatigável, um humor graciosamente bondoso e jocoso, e constantemente res­guardando-se da tentação de ser ditador. Através de suas qualidades pessoais e de sua santidade, conservou e preservou por muitos anos o prestígio da monarquia francesa. Sua canonização foi proclama­da em Orvieto, por Bonifácio VIII, no ano de 1297.

O REI DE TODAS AS VIRTUDES

São Luís, o rei, era perfeito na sua bon­dade e admirável no controle de seu tem­peramento, porquanto possuía um caráter vivaz e de natureza marcante.
Ele próprio se impunha mortificações: tornar-se doce, quando o seu eu lhe im­punha o contrário. E mais ainda: ele gos­tava de tornar-se modesto, inimigo das comodidades e de tudo o que pudesse fazê-lo brilhar. Empenhava-se em dissi­mular seus sacrifícios e atos meritórios, o que não lhe era fácil, por ser Rei.
São Luís foi no século XIII, o último cruzado convicto. Foi capturado no Egito em 1250. Suas virtudes suscitaram a ad­miração dos muçulmanos, que o denomi­naram o "sultão preto". Voltando à França, somente em 1254, empreendeu uma última cruzada, morrendo de febre, dian­te de Tunes, em 1270.
A imagem de um moribundo, numa tenda branca sob o sol africano, ficou gra­vada no coração de seu povo.

DUAS IMAGENS

O rei santo, sonha com sua amada França, longínqua, com seus bosques e prados, verdejantes, frescos e perfumados.
As maçãs começam por avermelhar-se, e as ameixas caem sobre a relva.
Ele revê um dos prados às margens do Sena, junto aos muros do palácio; o jar­dim cheio dos galhos frondosos, onde tan­tas vezes brincaram seus queridos filhos.
Mas, havia chegado o seu fim aqui na terra. Deixou para seu filho os grandes e paternais ensinamentos, que seu confes­sor Guillaume de Braulier teve o cuidado de nos contar.
Pela última vez abraçou seu amigo e confessor, solicitando que o deixassem a sós. Pediu o viático. Muito fraco, mal podia levantar a cabeça. Porém, quando seu Deus lhe foi trazido, o santo Rei valendo-se de uma força superior, pos-se de joe­lhos e fez sua profissão de fé a seu confessor. "Acreditas firmemente que este é o verdadeiro Cristo?"
"Sim, "respondeu ele" e eu acredita­rei ainda mais quando O vir tal como os apóstolos O viram no dia da Ascensão."
Depois, recebendo a extrema unção, res­pondeu às preces da Igreja, caindo em profundo silêncio.
Foi tão longo esse silêncio, que, todos os que ali estavam reunidos à sua volta, se puseram a soluçar, julgando-o morto.
Mas, de repente, num relance, exclamou com voz forte: "Senhor, olhai nosso povo, santificai nosso povo"; e, destarte, implo­rava a Deus por seu povo.
A noite, passou-a suavemente, balbu­ciando de quando em vez: "Iremos a Je­rusalém". Invocava São João, a quem sua mãe Branca de Castella, o havia consa­grado ainda bem pequenino, e à Santa Genoveva, protetora de sua amada cidade de Paris.
Luís estava deitado num leito de cedro; vestia uma camisa de dormir, cingido de um cilício, como havia pedido antes de perder a consciência.
E assim permaneceu, imóvel, silencioso, sem dar sinal de vida. No dia seguinte, às três horas da tarde, começou a falar claramente, podendo-se ouvi-lo recitar o Salmo de Davi: "Senhor, eu entrarei em vossa casa, adorarei vosso santo templo, e glorificarei Vosso Nome". Como de seu hábito, recitou o salmo em latim.
De braços cruzados sobre o peito, São Luís entregou sua alma ao Deus, que ele tanto amava e venerava aqui na terra. Era o dia 25 de agosto de 1270.

Continua no informativo – Ano IV -            JUNHO DE 2014  -  Nº  01

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SANTOS FRANCISCANOS

MES DE MAIO

1 — B. Juliano de Istria,  1ª Ordem
2 — B. Vivaldo de S. Gimignano,  3ª Ordem.
3 — B. Petronila de Troyes, 2ª Ordem.
4 — B. Ladislau de Gielnow, 1ª Ordem.
5 — B. Benvenuto de Recanati, 1ª Ordem.
6 — B. Bartolomeu de Montepulciano, 1ª Ordem
7 — B. Maria de Santa Natália, 3ª Ordem Regular, mártir da China
9 — S. Catarina de Bolonha, 2ª Ordem.
10 — B. Félix de Nicósia, 1ª Ordem.
11 — S. Inácio de Laconi, 1ª Ordem.
12 — B. João de Cetina, 1ª Ordem, mártir
13 — B. Pedro de Duenas,  1ª Ordem, mártir
14 — B. Crispim de Viterbo, 1ª Ordem.
15 —  B. Humiliana Cerchi, 3ª Ordem.
16 — S. Margarida   de   Cortona, 3ª Ordem.
17 — S. Pascoal de Bailão,  1ª Ordem.
18 — S. Félix de Cantalício, 1ª Ordem.
19 — S. Teófilo da Corte
20 — S. Bernardino de Sena, 1ª Ordem.
21 — S. Ivo de Bretanha, 3ª Ordem.
22 — B. João Forest, 1ª Ordem, mártir
23 — B. João de Prado, 1ª Ordem, mártir
24 — DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE S. FRANCISCO EM ASSIS
25 — B. Gerardo   de   Vilamagna, 3ª Ordem.
26 — B. Estêvão de  Narbona, 1ª Ordem, mártir
27 — B. Raimundo de Carbona, 1ª Ordem, Mártir
28 — S. Maria Ana de Jesus Paredes, 3ª Ordem
29 — B. Herculano de Piegaro, 1ª Ordem.
30 — B. Camila Baptista Varano, 2ª Ordem.
31 — S. Fernando III,Rei de Castela, 3ª Ordem

ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE ABRIL DE 2014

JUBILEU DO NASCIMENTO DE SÃO LUIZ REI DE FRANÇA

Nossa Ministra Geral, Encarnación Del Pozo, em agosto de 2013,
 nos escreveu sobre o Jubileu de nascimento de São Luís.

Em 25 de agosto, celebramos a festa de São Luís IX, rei de França, que a Igreja deu como Patrono, ao lado de Santa Isabel de Hungria, à Ordem Franciscana Secular e à Terceira Ordem Regular. É, portanto, um momento de celebração e ale­gria para todos e cada um de nós. Também é momento de nos apro­fundarmos na sua vida e em suas atitudes de governante, empenhado sem limites, com a sociedade de seu tempo, assim como na difusão da sua fé e de seu amor a Jesus, pobre e ao crucificado.
Parafraseando algumas passa­gens do Testamento de São Luís a seu filho, desejo recordar, para be­nefício de todos nós, alguns princí­pios de essencial importância nos quais fundamentou a sua vida:
"É necessário evitar sempre todo pecado grave, e estar disposto a sofrer qualquer outro mal, antes de cometer um pecado mortal. O mais importante da vida é amar a Deus com todo o coração. Quando chegam as dores e os sofrimentos é necessário oferecer tudo por amor a Deus e pela reparação de nossos pe­cados. E nas horas de sucesso e pros­peridade dar graças ao Senhor e não se dedicar às glórias do desperdício. No templo é necessário comportar--se com supremo respeito. Com os pobres e aflitos é necessário extre­ma generosidade. Devemos dar gra­ças a Deus por seus benefícios, e Ele nos concederá muitos favores. Com a Santa Igreja Católica nós sejamos sempre filhos fiéis e respeitosos".
Estes conselhos, ditos por um rei, são dignos de admiração e refle­xão. São um programa de vida cristã e franciscana, que deveríamos me­ditar frequentemente.
No dia 24 de agosto do ano 1270 sentiu que ia morrer e pediu os san­tos sacramentos. De vez em quando repetia: "Senhor, eu estou contente porque irei à sua casa no céu para adorar-te e amar-te para sempre". A 25 de agosto às três da tarde, excla­mou: "Pai, em suas mãos encomen­do o meu espírito", e morreu santa­mente.
Ao felicitar a todos meus irmãos e irmãs, em nome da Presidência do Conselho Internacional da Ordem Franciscana Secular, desejo anun­ciar-lhes o seguinte:
No dia 25 de abril de 2014, se completam 800 anos do nascimento de São Luís. Por isso, estou feliz ao anunciar-lhes que a Presidência do CIOFS, decidiu abrir um ano de come­morações, para nos aprofundarmos na vida do nosso Santo Patrono e para nos enriquecermos com o teste­munho e a coerência de sua vida. O centenário será encerrado em 2015.
Este Ano Jubilar será celebra­do junto com os nossos irmãos e irmãs da Terceira Ordem Regular de São Francisco e a Conferência Internacional da TOR (CFI-TOR).
Mais adiante os informaremos as propostas e iniciativas para co­memorar, com simplicidade, cle­mência, misericórdia e humildade -virtudes que eram norma e forma de vida para São Luís o 8° Centenário de seu nascimento. Esperamos que desde já vocês se empenhem em aquecer motores para estarem pre­parados e bem animados para que o centenário não seja apenas centra­do nas celebrações, mas se conver­ta em um tempo significativamente formativo e de interiorização pesso­al e fraterna, sobre os aspectos fun­damentais da nossa vida cristã, para que nossa vocação seja enriquecida e nossa missão seja fortemente impulsionada neste momento concre­to da história do mundo e da Igreja, que, com o Papa Francisco, nos cha­ma a manifestar e iluminar com nos­sa fé, os que estão ao nosso redor.
Com todo meu amor, felicito calorosa e fraternalmente a todos. Vossa irmã e Ministra Geral.


A  PAZ  E  O  PERDÃO

Pequena meditação sobre a paz e o perdão nos escritos de Francisco de Assis.
Os irmãos não ostentarão um ros­to triste. Mostrando semblante fecha­do darão demonstração de hipocrisia. "E guardem-se os irmãos de se mos­trarem em seu exterior como tristes e sombrios hipócritas. Mas antes se comportem como gente que se ale­gra no Senhor, satisfeitos e amáveis, como convém"
(Regra não Bulada, 7,15).
Uma Fraternidade com esta carac­terística, do "rosto alegre", irradia a paz. Os irmãos busquem especialmente nu­trir o espírito do perdão: amar os que nos perseguem, o acusam, censuram e atacam ( cf. Regra Bulada 10).
Francisco rezava, dizendo: "aqui­lo que nós não conseguimos perdoar completamente, fazei com que o consiga­mos para que possamos efetivamente amar nossos inimigos" (Laudes). "Pois nosso Senhor Jesus Cristo cujas pega­das devemos seguir, chamou de amigo seu traidor e se entregou de livre von­tade aos que o crucificavam" (Regra não Bulada 22). E ainda: "Ama verda­deiramente seu inimigo aquele que não se contristar pela injúria recebida, mas por amor de Deus se afligir com o pecado que está na alma dele e por meio de obras lhe manifesta sua cari­dade" (Admoestação 9).
Uma vez que os irmãos devem amar seus inimigos, não haverão de se escandalizar com o pecado do outro. Francisco insistiu bastante nesta necessidade da paz. Nada pode perturbar o servo de Deus a não ser o pecado. "Ao servo de Deus nada deve desa­gradar senão o pecado. Mas se uma pessoa pecasse de qualquer forma que seja, e o servo de Deus ficasse por isso perturbado e enraivecido - a não ser por caridade - entesouraria riquezas de culpa para si" (Admoestação 11). Assim, os irmãos não têm que se enrai­vecerem nem se perturbarem devido ao pecado de quem quer que seja. "E tomem cuidado de não se encolerizar ou se perturbar com o pecado de al­guém, porque ira e perturbação en­travam a caridade em si e nos outros" (Regra Bulada 7).
O que não se irrita, nem se pertur­ba pelo que acontece vive na retidão e sem apropriação. Bem-aventurado o servo que nada retém para si, dan­do a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (cf. Admoestação 11). Os irmãos não ficam defendendo seus direitos. Se fizerem assim se deve ao fato de não terem paciência nem humildade (cf. Admoestação 13). "Bem-aventurados os pobres de espí­rito porque deles é o Reino dos céus. Muitos há que são zelosos na oração e no culto divino e praticam muito a abstinência e a mortificação corporal. Mas, por causa de uma única palavra, que lhes pareça ferir o próprio eu, ou de alguma coisa que se lhes tire, logo se mostram escandalizados e per­turbados..." (Admoestação 14) Para concluir: "São verdadeiramente pací­ficos, os que no meio de tudo quanto padecem neste mundo, se conservam em paz, interior e exteriormente por amor de nosso Senhor Jesus Cristo" (Admoestação 15).
Extraído do livro: Dome Sainte Pauvreté (A Senhora santa pobreza)
Paul Huguet - Ed. Franciscaines, p. 66-68.

Divagações e reflexões em torno do tema da formação

1. Desnecessário dizer que num tempo de instabilidade e mudanças profundas no mundo, na sociedade, na Igreja e em nossa Ordem é sempre um grande desafio e bravura sem nome querer refletir sobre a formação. No momento tem gosto de provisório e de passageiro. Fica, no entanto, a certeza de que nossos irmãos, os que já estão conosco e os que estão chegando, têm direito a uma formação. Desafio particular é fazer com que seja bem “azeitada” a formação permanente. Apesar de todas as perplexidades, os formadores são chamados a transmitir um gosto pelo amanhã, um desejo que formandos se lancem na aventura humana, cristã e franciscana. Somos convidados a fazer com que as pessoas ergam a cabeça e sintam que podem ir em frente, apesar de todas as correções de rota a serem feitas no caminho. Uma palavra forte: coragem.
2. Numa sociedade que duvida de tudo e de si mesma, que alimenta uma visão “desencantada” do mundo, exprimindo-se com indiferença e mesmo um certo deboche diante de tudo, será preciso mostrar confiança no futuro. Apegamo-nos ao Evangelho, à tradição sólida dos documentos fundantes de nossa vida e vamos aguardando a sinalização do Espírito que sopra onde quer e para onde quer.
3. Tão ou mais importante que a formação inicial é a permanente. Nossas fraternidades franciscanas seculares são espaços de estudo, de reflexão, de ajustes. Não podemos simplesmente pular de tema em tema, de assunto em assunto. Cada fraternidade local, unida ao Nacional, terá um programa a seguir, temas a discutir. Trata-se de degustar as coisas interiormente. “Não é o muito saber que alimenta a alma, mas degustar as coisas interiormente” (Santo Inácio).
4. Não se trata apenas de ilustrar a mente com aspectos da fé e ângulos importantes da perspectiva franciscana de viver. Os que chegam e os que já estão precisam ser cristãos, santos, atuantes e com identidade franciscana clara. Este pensamento de Montaigne pode nos ajudar: “Ensinar não é encher vasos, mas acender luzes…”. Trata-se de um ensino com sabedoria.
5. Será preciso trabalhar valores humanos: percorrer as trilhas da maturidade, sair da superficialidade, ter coragem e força de vontade, saber o que significa assumir um compromisso, ter gosto pela convivência, viver com as diferenças, fugir de uma mentalidade restauracionista, rejeitar fanatismos, ter senso de humor, aprender a julgar fatos e acontecimentos.
6. Será fundamental experimentar Deus na oração, no irmão, na Escritura sempre, no começo, no meio e no fim, na formação inicial e na formação permanente, na primavera e no outono, até o fim.
7. Num tempo de profundas transformações, também no campo da fé será sempre necessário responder a pergunta de Jesus: “O que dizem os homens a respeito de mim e o que vocês dizem?” Uma adequada compreensão da dimensão da ressurreição do Senhor e de sua presença entre nós é de fundamental importância.
8. A formação será profundamente cristã e não marcada por devocionalismos. Há que estudar de verdade. Livros e textos serão colocados à disposição das equipes locais de formação. Cada um a partir do ponto em que se encontra não pode parar.
9. Deverão ser realçadas algumas das características do franciscano: simplicidade, vida belamente despojada, gosto pela fraternidade, sensibilidade para com as periferias, mentalidade de cuidador daquilo que é frágil, senso de minorismo.
10. As pessoas precisam ter consciência de que em nossas reuniões e encontros vamos descobrir caminhos novos que ainda não foram pisados. Num tempo de profundas transformações não é possível canonizar esquemas mortos, mas será preciso atentar para caminhos que o Espirito vai nos mostrar ou já está nos mostrando.
11. Os franciscanos, nossos formandos, precisam ser atuantes na Igreja, mas não de qualquer modo. Não se apresentam apenas para “tocar” para frente o que já vem sendo feito. Precisam refletir, discernir, estudar. Serão competentes nos serviços que aceitam: catequese, evangelização, acompanhamento dos jovens, das famílias.
12. No tempo da formação inicial os irmãos precisam assimilar uma biografia antiga e outra moderna de São Francisco. Parece necessário que ao menos conheçam a “Legenda dos Três Companheiros”. Desnecessário dizer que os “Escritos de São Francisco” precisam fazer parte do patrimônio pessoal de cada franciscano.
13. Os assistentes serão valiosos colaboradores tanto na formação inicial quanto na permanente. Usarão da palavra, ensinarão o método do ver julgar agir, farão com que as pessoas cultivem uma delicadeza de consciência, acompanharão atentamente os encontros formativos. Bem de perto seguirão os passos dos que se preparam para a profissão e se fazem pastores do pequeno rebanho.

Frei Almir Ribeiro Guimarães,
Assistente nacional da Ordem Franciscana Secular.

A ressurreição não é o final feliz de uma linda fábula 

  A ressurreição de Jesus não é o final feliz de uma linda fábula, mas a intervenção de Deus Pai, disse o Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira na Praça S. Pedro. Antes da catequese, o Pontífice percorreu a Praça de papamóvel para saudar os mais de 30 mil fiéis e peregrinos provenientes de várias partes do mundo.
Ao tomar a palavra, Francisco falou da liturgia do dia, que nos apresenta a narração da traição de Judas, como se Jesus tivesse um preço e estivesse num mercado. Este ato dramático marca o início da Paixão de Cristo, um percurso doloroso que Ele escolhe com absoluta liberdade e que atinge o ponto mais profundo na morte de cruz: morre como um derrotado, um falido!  
“Olhando Jesus na sua paixão, nós vemos como num espelho os sofrimentos da humanidade e encontramos a resposta divina ao mistério do mal, da dor e da morte. Tantas vezes, sentimos horror pelo mal e pela dor que nos circunda e nos perguntamos como Deus permite o sofrimento e a morte, principalmente dos inocentes. Quando vemos as crianças sofrerem, é uma ferida no coração. E Jesus toma todo este mal, este sofrimento sobre si”, explicou Francisco.
“Nós esperamos que Ele, na sua onipotência, derrote a injustiça, o mal, o pecado e o sofrimento com uma vitória divina triunfante. Ao contrário, Deus nos mostra uma vitória humilde, que humanamente parece uma falência”, observou.
Mas, acrescentou o Papa, aceitando esta falência por amor, supera-a e vence-a. “Trata-se de um mistério desconcertante se, depois de todo o bem que realizara, não tivesse existido esta morte tão humilhante, Jesus não teria mostrado a medida total do seu amor. A falência histórica de Jesus e as frustrações de muitas esperanças humanas são a estrada mestra, por onde Deus realiza a nossa salvação. É uma estrada que não coincide com os critérios humanos; pelo contrário, inverte-os: pelas suas chagas fomos curados”, disse.
Segundo Francisco, quando tudo parece perdido, é então que Deus intervém com a força da ressurreição: “A ressurreição de Jesus não é o final feliz de uma linda fábula, mas a intervenção de Deus Pai, quando toda a esperança humana já tinha desmoronado. E também nós somos chamados a seguir Jesus por este caminho de humilhação”.
E ensinou: Quando acontecer que, mergulhados na mais densa escuridão, não enxergarmos qualquer via de saída para as nossas dificuldades, então é o momento da nossa humilhação e despojamento total, é a hora em que experimentamos como somos frágeis e pecadores. “Nesse momento, não devemos mascarar a nossa falência, mas, cheios de confiança em Deus, abrir-nos à esperança, como fez Jesus”, prosseguiu.
O Papa então concluiu sua catequese com um conselho: “Queridos irmãos e irmãs, nesta semana nos fará bem pegar o crucifixo nas mãos e beijá-lo muitas vezes. E dizer: obrigado Jesus, obrigado Senhor!”.


ESPIRITUALIDADE E SAÚDE


Algumas ideias para a reflexão

Há uma busca, na contemporaneidade, do tríplice sentido de ciência, crença e saúde. É um interesse existencial que une o viver saudável, o conhecimento científico e o mergulho no mundo do transcendente. Há pesquisas que provam e comprovam que o cultivo da fé, o caminho espiritual, a participação em uma comunidade fazem bem a saúde e ajudam as pessoas a viverem com mais sentido, a viverem mais tempo. Fé é um fator de saúde!
O conceito atual de espiritualidade está mais desvinculado de uma religião e podemos dizer que “espiritualidade é a busca de sentidos, uma ligação com uma força interna e externa que envolve a convicção de que se está realizando um papel e um propósito inalienáveis numa vida que é um dom, uma vida que traz a responsabilidade de realizar o pleno potencial que se tem como ser humano. É ser capaz de alcançar um sentido de paz, alegria, realização e transcendência por meio do vínculo com Algo maior que o próprio eu”. (William Breitbart, psiquiatra).
Espiritualidade é uma construção de fé e sentidos. Vejamos a formulação de Victor Frankl que assim esquematiza a conscientização da dimensão espiritual dentro da experiência humana:
1. Sentido da Vida: A vida é um dom e tem sentido e estes sentidos nunca se esgotam, mesmo no último momento. Os sentidos podem sofrer alterações, mas nunca desaparecem.
2. Vontade de Sentido: O desejo de descobrir sentido na existência humana.
3. Liberdade da Vontade: Ter a liberdade de descobrir sentido na existência e escolher uma atitude diante dos limites e do sofrimento.
4. O Sentido na Vida: preencher a vida de criatividade, experiência e atitude.
A espiritualidade é saudável enquanto traz calma, amor e senso de pertença, que tem uma correlação física positiva em relação à saúde. Quando ela é moralista traz muita culpa, pecado e demônio e isto não é saudável. A prece contínua e apaixonada traz muita tranquilidade, gratidão e um estado físico e mental positivo. Quantas pessoas não melhoraram ao saber que muitos oravam por ela.
A espiritualidade é a abertura da consciência ao significado e a totalidade da vida, e isto traz qualidade ao processo vital. Há algo de sadio em preencher a vida com o mitificante, o imaginário, o simbólico e o espiritual.
A espiritualidade leva à uma transformação da visão de mundo, nas quais as coisas se integram como e uma melodia, o que nos faz reconciliar com o nosso universo interior e exterior.
O ser humano, em suas dimensões de ser e agir, recebe muitas denominações: Homo faber/economicus - aquele que produz, aquele que consome, aquele que tem uma forte experiência criadora. Homo amans - aquele que ama, que permite integração afetiva e social.Homo patiens - aquele que sofre e integra em sai finitude. Homo religious – o que transcende e busca o significado da vida.
Na junção de todas estas denominações é que ele conquista o ethos da saúde. É a sua luta heroica para estar bem em tudo o que é e faz. Sai de seu mundo interno e vai expandir-se para o mundo externo. Precisa ganhar o mundo, vive a luta pela sobrevivência e pela autoafirmação.  É a sua maior abertura ao outro diferente de si mesmo, abertura ao sentimento, compaixão, cooperação, e as suas indagações pelo sentido de viver.
A vivência  atenta destas fases possibilita uma vida saudável, insere no fluxo natural da vida e o faz integrar as perdas e a ressignificação. Elaborar uma compreensão das perdas e sofrimentos faz parte do crescimento pessoal. A aceitação e assimilação do sofrimento é uma conquista da vitalidade psicológica do indivíduo, e isto permite forjar uma estrutura psíquica capaz de suportar a verdade da alternância de opostos, das perdas e ganhos que fazem parte da realidade da vida.
Saúde e Espiritualidade, tema desta série, pode não dar muitas respostas, mas aponta para um Caminho. Um caminho de transformação e de construção do humano.
São as nossas buscas numinosas e espirituais. O que é o numinoso? É a faculdade de pensar, a inteligência contemplativa que procura compreender o visível carnal e o invisível espiritual, a fala audível e o silêncio inaudível, buscar a parte mais elaborada da totalidade: corpo, mente, alma e coração.
 As nossas buscas que animam a nossa vida. O numinoso se manifesta na natureza, na arte, no encontro, no amor, no espírito, de um coração para outro coração. O numinoso pode ocorrer em um local sagrado ou na leitura de um texto, numa aula; no decorrer de um acidente ou de um sofrimento físico e psíquico intolerável. Pode acontecer através de uma experiência do absurdo, onde somos obrigados, às vezes, a ir além da razão; ou em uma experiência de solidão, quando, de repente, nos sentimos envolvidos por uma Presença. É o local onde o Divino se reflete no humano.
Saúde e Espiritualidade tem que fazer este encontro porque nós estudamos demais o ser humano a partir de suas doenças, quando poderíamos conhecê-lo melhor a partir de seu estado de realização.
A nossa dificuldade com este tema Saúde e Espiritualidade é que a saúde está associada ou ligada à doença, quando ela é outra questão. Saúde é fazer que o coração e o corpo estão pedindo. Mesmo assim, a perspectiva conceitual de opostos continua. Paul Tillich diz: “A saúde é um termo incompreensível se não for confrontado com seu oposto”.
A Espiritualidade quer ajudar a sairmos da compreensão que o caminho, para se chegar a saúde, passa através da enfermidade. A saúde não é algo que fica escondido até que a doença a faça aparecer. Será que somente a doença nos faz descobrir o corpo? Saúde não é não sentir nada. Ou será que precisamos mais sofrer do que desfrutar? A sabedoria popular diz que saúde a gente aprecia quando a perdemos.
Precisamos recuperar a dimensão Terapêutica do Mistério da Salvação. A atividade Terapêutica de Cristo não foi só curar doenças, mas instaurar o Projeto Salvífico do Pai, isto é, o Sadio da Existência: um desejo de viver e viver em plenitude!
Frei Vitório Mazzuco