segunda-feira, 12 de maio de 2014

ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE ABRIL DE 2014

JUBILEU DO NASCIMENTO DE SÃO LUIZ REI DE FRANÇA

Nossa Ministra Geral, Encarnación Del Pozo, em agosto de 2013,
 nos escreveu sobre o Jubileu de nascimento de São Luís.

Em 25 de agosto, celebramos a festa de São Luís IX, rei de França, que a Igreja deu como Patrono, ao lado de Santa Isabel de Hungria, à Ordem Franciscana Secular e à Terceira Ordem Regular. É, portanto, um momento de celebração e ale­gria para todos e cada um de nós. Também é momento de nos apro­fundarmos na sua vida e em suas atitudes de governante, empenhado sem limites, com a sociedade de seu tempo, assim como na difusão da sua fé e de seu amor a Jesus, pobre e ao crucificado.
Parafraseando algumas passa­gens do Testamento de São Luís a seu filho, desejo recordar, para be­nefício de todos nós, alguns princí­pios de essencial importância nos quais fundamentou a sua vida:
"É necessário evitar sempre todo pecado grave, e estar disposto a sofrer qualquer outro mal, antes de cometer um pecado mortal. O mais importante da vida é amar a Deus com todo o coração. Quando chegam as dores e os sofrimentos é necessário oferecer tudo por amor a Deus e pela reparação de nossos pe­cados. E nas horas de sucesso e pros­peridade dar graças ao Senhor e não se dedicar às glórias do desperdício. No templo é necessário comportar--se com supremo respeito. Com os pobres e aflitos é necessário extre­ma generosidade. Devemos dar gra­ças a Deus por seus benefícios, e Ele nos concederá muitos favores. Com a Santa Igreja Católica nós sejamos sempre filhos fiéis e respeitosos".
Estes conselhos, ditos por um rei, são dignos de admiração e refle­xão. São um programa de vida cristã e franciscana, que deveríamos me­ditar frequentemente.
No dia 24 de agosto do ano 1270 sentiu que ia morrer e pediu os san­tos sacramentos. De vez em quando repetia: "Senhor, eu estou contente porque irei à sua casa no céu para adorar-te e amar-te para sempre". A 25 de agosto às três da tarde, excla­mou: "Pai, em suas mãos encomen­do o meu espírito", e morreu santa­mente.
Ao felicitar a todos meus irmãos e irmãs, em nome da Presidência do Conselho Internacional da Ordem Franciscana Secular, desejo anun­ciar-lhes o seguinte:
No dia 25 de abril de 2014, se completam 800 anos do nascimento de São Luís. Por isso, estou feliz ao anunciar-lhes que a Presidência do CIOFS, decidiu abrir um ano de come­morações, para nos aprofundarmos na vida do nosso Santo Patrono e para nos enriquecermos com o teste­munho e a coerência de sua vida. O centenário será encerrado em 2015.
Este Ano Jubilar será celebra­do junto com os nossos irmãos e irmãs da Terceira Ordem Regular de São Francisco e a Conferência Internacional da TOR (CFI-TOR).
Mais adiante os informaremos as propostas e iniciativas para co­memorar, com simplicidade, cle­mência, misericórdia e humildade -virtudes que eram norma e forma de vida para São Luís o 8° Centenário de seu nascimento. Esperamos que desde já vocês se empenhem em aquecer motores para estarem pre­parados e bem animados para que o centenário não seja apenas centra­do nas celebrações, mas se conver­ta em um tempo significativamente formativo e de interiorização pesso­al e fraterna, sobre os aspectos fun­damentais da nossa vida cristã, para que nossa vocação seja enriquecida e nossa missão seja fortemente impulsionada neste momento concre­to da história do mundo e da Igreja, que, com o Papa Francisco, nos cha­ma a manifestar e iluminar com nos­sa fé, os que estão ao nosso redor.
Com todo meu amor, felicito calorosa e fraternalmente a todos. Vossa irmã e Ministra Geral.


A  PAZ  E  O  PERDÃO

Pequena meditação sobre a paz e o perdão nos escritos de Francisco de Assis.
Os irmãos não ostentarão um ros­to triste. Mostrando semblante fecha­do darão demonstração de hipocrisia. "E guardem-se os irmãos de se mos­trarem em seu exterior como tristes e sombrios hipócritas. Mas antes se comportem como gente que se ale­gra no Senhor, satisfeitos e amáveis, como convém"
(Regra não Bulada, 7,15).
Uma Fraternidade com esta carac­terística, do "rosto alegre", irradia a paz. Os irmãos busquem especialmente nu­trir o espírito do perdão: amar os que nos perseguem, o acusam, censuram e atacam ( cf. Regra Bulada 10).
Francisco rezava, dizendo: "aqui­lo que nós não conseguimos perdoar completamente, fazei com que o consiga­mos para que possamos efetivamente amar nossos inimigos" (Laudes). "Pois nosso Senhor Jesus Cristo cujas pega­das devemos seguir, chamou de amigo seu traidor e se entregou de livre von­tade aos que o crucificavam" (Regra não Bulada 22). E ainda: "Ama verda­deiramente seu inimigo aquele que não se contristar pela injúria recebida, mas por amor de Deus se afligir com o pecado que está na alma dele e por meio de obras lhe manifesta sua cari­dade" (Admoestação 9).
Uma vez que os irmãos devem amar seus inimigos, não haverão de se escandalizar com o pecado do outro. Francisco insistiu bastante nesta necessidade da paz. Nada pode perturbar o servo de Deus a não ser o pecado. "Ao servo de Deus nada deve desa­gradar senão o pecado. Mas se uma pessoa pecasse de qualquer forma que seja, e o servo de Deus ficasse por isso perturbado e enraivecido - a não ser por caridade - entesouraria riquezas de culpa para si" (Admoestação 11). Assim, os irmãos não têm que se enrai­vecerem nem se perturbarem devido ao pecado de quem quer que seja. "E tomem cuidado de não se encolerizar ou se perturbar com o pecado de al­guém, porque ira e perturbação en­travam a caridade em si e nos outros" (Regra Bulada 7).
O que não se irrita, nem se pertur­ba pelo que acontece vive na retidão e sem apropriação. Bem-aventurado o servo que nada retém para si, dan­do a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (cf. Admoestação 11). Os irmãos não ficam defendendo seus direitos. Se fizerem assim se deve ao fato de não terem paciência nem humildade (cf. Admoestação 13). "Bem-aventurados os pobres de espí­rito porque deles é o Reino dos céus. Muitos há que são zelosos na oração e no culto divino e praticam muito a abstinência e a mortificação corporal. Mas, por causa de uma única palavra, que lhes pareça ferir o próprio eu, ou de alguma coisa que se lhes tire, logo se mostram escandalizados e per­turbados..." (Admoestação 14) Para concluir: "São verdadeiramente pací­ficos, os que no meio de tudo quanto padecem neste mundo, se conservam em paz, interior e exteriormente por amor de nosso Senhor Jesus Cristo" (Admoestação 15).
Extraído do livro: Dome Sainte Pauvreté (A Senhora santa pobreza)
Paul Huguet - Ed. Franciscaines, p. 66-68.

Divagações e reflexões em torno do tema da formação

1. Desnecessário dizer que num tempo de instabilidade e mudanças profundas no mundo, na sociedade, na Igreja e em nossa Ordem é sempre um grande desafio e bravura sem nome querer refletir sobre a formação. No momento tem gosto de provisório e de passageiro. Fica, no entanto, a certeza de que nossos irmãos, os que já estão conosco e os que estão chegando, têm direito a uma formação. Desafio particular é fazer com que seja bem “azeitada” a formação permanente. Apesar de todas as perplexidades, os formadores são chamados a transmitir um gosto pelo amanhã, um desejo que formandos se lancem na aventura humana, cristã e franciscana. Somos convidados a fazer com que as pessoas ergam a cabeça e sintam que podem ir em frente, apesar de todas as correções de rota a serem feitas no caminho. Uma palavra forte: coragem.
2. Numa sociedade que duvida de tudo e de si mesma, que alimenta uma visão “desencantada” do mundo, exprimindo-se com indiferença e mesmo um certo deboche diante de tudo, será preciso mostrar confiança no futuro. Apegamo-nos ao Evangelho, à tradição sólida dos documentos fundantes de nossa vida e vamos aguardando a sinalização do Espírito que sopra onde quer e para onde quer.
3. Tão ou mais importante que a formação inicial é a permanente. Nossas fraternidades franciscanas seculares são espaços de estudo, de reflexão, de ajustes. Não podemos simplesmente pular de tema em tema, de assunto em assunto. Cada fraternidade local, unida ao Nacional, terá um programa a seguir, temas a discutir. Trata-se de degustar as coisas interiormente. “Não é o muito saber que alimenta a alma, mas degustar as coisas interiormente” (Santo Inácio).
4. Não se trata apenas de ilustrar a mente com aspectos da fé e ângulos importantes da perspectiva franciscana de viver. Os que chegam e os que já estão precisam ser cristãos, santos, atuantes e com identidade franciscana clara. Este pensamento de Montaigne pode nos ajudar: “Ensinar não é encher vasos, mas acender luzes…”. Trata-se de um ensino com sabedoria.
5. Será preciso trabalhar valores humanos: percorrer as trilhas da maturidade, sair da superficialidade, ter coragem e força de vontade, saber o que significa assumir um compromisso, ter gosto pela convivência, viver com as diferenças, fugir de uma mentalidade restauracionista, rejeitar fanatismos, ter senso de humor, aprender a julgar fatos e acontecimentos.
6. Será fundamental experimentar Deus na oração, no irmão, na Escritura sempre, no começo, no meio e no fim, na formação inicial e na formação permanente, na primavera e no outono, até o fim.
7. Num tempo de profundas transformações, também no campo da fé será sempre necessário responder a pergunta de Jesus: “O que dizem os homens a respeito de mim e o que vocês dizem?” Uma adequada compreensão da dimensão da ressurreição do Senhor e de sua presença entre nós é de fundamental importância.
8. A formação será profundamente cristã e não marcada por devocionalismos. Há que estudar de verdade. Livros e textos serão colocados à disposição das equipes locais de formação. Cada um a partir do ponto em que se encontra não pode parar.
9. Deverão ser realçadas algumas das características do franciscano: simplicidade, vida belamente despojada, gosto pela fraternidade, sensibilidade para com as periferias, mentalidade de cuidador daquilo que é frágil, senso de minorismo.
10. As pessoas precisam ter consciência de que em nossas reuniões e encontros vamos descobrir caminhos novos que ainda não foram pisados. Num tempo de profundas transformações não é possível canonizar esquemas mortos, mas será preciso atentar para caminhos que o Espirito vai nos mostrar ou já está nos mostrando.
11. Os franciscanos, nossos formandos, precisam ser atuantes na Igreja, mas não de qualquer modo. Não se apresentam apenas para “tocar” para frente o que já vem sendo feito. Precisam refletir, discernir, estudar. Serão competentes nos serviços que aceitam: catequese, evangelização, acompanhamento dos jovens, das famílias.
12. No tempo da formação inicial os irmãos precisam assimilar uma biografia antiga e outra moderna de São Francisco. Parece necessário que ao menos conheçam a “Legenda dos Três Companheiros”. Desnecessário dizer que os “Escritos de São Francisco” precisam fazer parte do patrimônio pessoal de cada franciscano.
13. Os assistentes serão valiosos colaboradores tanto na formação inicial quanto na permanente. Usarão da palavra, ensinarão o método do ver julgar agir, farão com que as pessoas cultivem uma delicadeza de consciência, acompanharão atentamente os encontros formativos. Bem de perto seguirão os passos dos que se preparam para a profissão e se fazem pastores do pequeno rebanho.

Frei Almir Ribeiro Guimarães,
Assistente nacional da Ordem Franciscana Secular.

A ressurreição não é o final feliz de uma linda fábula 

  A ressurreição de Jesus não é o final feliz de uma linda fábula, mas a intervenção de Deus Pai, disse o Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira na Praça S. Pedro. Antes da catequese, o Pontífice percorreu a Praça de papamóvel para saudar os mais de 30 mil fiéis e peregrinos provenientes de várias partes do mundo.
Ao tomar a palavra, Francisco falou da liturgia do dia, que nos apresenta a narração da traição de Judas, como se Jesus tivesse um preço e estivesse num mercado. Este ato dramático marca o início da Paixão de Cristo, um percurso doloroso que Ele escolhe com absoluta liberdade e que atinge o ponto mais profundo na morte de cruz: morre como um derrotado, um falido!  
“Olhando Jesus na sua paixão, nós vemos como num espelho os sofrimentos da humanidade e encontramos a resposta divina ao mistério do mal, da dor e da morte. Tantas vezes, sentimos horror pelo mal e pela dor que nos circunda e nos perguntamos como Deus permite o sofrimento e a morte, principalmente dos inocentes. Quando vemos as crianças sofrerem, é uma ferida no coração. E Jesus toma todo este mal, este sofrimento sobre si”, explicou Francisco.
“Nós esperamos que Ele, na sua onipotência, derrote a injustiça, o mal, o pecado e o sofrimento com uma vitória divina triunfante. Ao contrário, Deus nos mostra uma vitória humilde, que humanamente parece uma falência”, observou.
Mas, acrescentou o Papa, aceitando esta falência por amor, supera-a e vence-a. “Trata-se de um mistério desconcertante se, depois de todo o bem que realizara, não tivesse existido esta morte tão humilhante, Jesus não teria mostrado a medida total do seu amor. A falência histórica de Jesus e as frustrações de muitas esperanças humanas são a estrada mestra, por onde Deus realiza a nossa salvação. É uma estrada que não coincide com os critérios humanos; pelo contrário, inverte-os: pelas suas chagas fomos curados”, disse.
Segundo Francisco, quando tudo parece perdido, é então que Deus intervém com a força da ressurreição: “A ressurreição de Jesus não é o final feliz de uma linda fábula, mas a intervenção de Deus Pai, quando toda a esperança humana já tinha desmoronado. E também nós somos chamados a seguir Jesus por este caminho de humilhação”.
E ensinou: Quando acontecer que, mergulhados na mais densa escuridão, não enxergarmos qualquer via de saída para as nossas dificuldades, então é o momento da nossa humilhação e despojamento total, é a hora em que experimentamos como somos frágeis e pecadores. “Nesse momento, não devemos mascarar a nossa falência, mas, cheios de confiança em Deus, abrir-nos à esperança, como fez Jesus”, prosseguiu.
O Papa então concluiu sua catequese com um conselho: “Queridos irmãos e irmãs, nesta semana nos fará bem pegar o crucifixo nas mãos e beijá-lo muitas vezes. E dizer: obrigado Jesus, obrigado Senhor!”.


ESPIRITUALIDADE E SAÚDE


Algumas ideias para a reflexão

Há uma busca, na contemporaneidade, do tríplice sentido de ciência, crença e saúde. É um interesse existencial que une o viver saudável, o conhecimento científico e o mergulho no mundo do transcendente. Há pesquisas que provam e comprovam que o cultivo da fé, o caminho espiritual, a participação em uma comunidade fazem bem a saúde e ajudam as pessoas a viverem com mais sentido, a viverem mais tempo. Fé é um fator de saúde!
O conceito atual de espiritualidade está mais desvinculado de uma religião e podemos dizer que “espiritualidade é a busca de sentidos, uma ligação com uma força interna e externa que envolve a convicção de que se está realizando um papel e um propósito inalienáveis numa vida que é um dom, uma vida que traz a responsabilidade de realizar o pleno potencial que se tem como ser humano. É ser capaz de alcançar um sentido de paz, alegria, realização e transcendência por meio do vínculo com Algo maior que o próprio eu”. (William Breitbart, psiquiatra).
Espiritualidade é uma construção de fé e sentidos. Vejamos a formulação de Victor Frankl que assim esquematiza a conscientização da dimensão espiritual dentro da experiência humana:
1. Sentido da Vida: A vida é um dom e tem sentido e estes sentidos nunca se esgotam, mesmo no último momento. Os sentidos podem sofrer alterações, mas nunca desaparecem.
2. Vontade de Sentido: O desejo de descobrir sentido na existência humana.
3. Liberdade da Vontade: Ter a liberdade de descobrir sentido na existência e escolher uma atitude diante dos limites e do sofrimento.
4. O Sentido na Vida: preencher a vida de criatividade, experiência e atitude.
A espiritualidade é saudável enquanto traz calma, amor e senso de pertença, que tem uma correlação física positiva em relação à saúde. Quando ela é moralista traz muita culpa, pecado e demônio e isto não é saudável. A prece contínua e apaixonada traz muita tranquilidade, gratidão e um estado físico e mental positivo. Quantas pessoas não melhoraram ao saber que muitos oravam por ela.
A espiritualidade é a abertura da consciência ao significado e a totalidade da vida, e isto traz qualidade ao processo vital. Há algo de sadio em preencher a vida com o mitificante, o imaginário, o simbólico e o espiritual.
A espiritualidade leva à uma transformação da visão de mundo, nas quais as coisas se integram como e uma melodia, o que nos faz reconciliar com o nosso universo interior e exterior.
O ser humano, em suas dimensões de ser e agir, recebe muitas denominações: Homo faber/economicus - aquele que produz, aquele que consome, aquele que tem uma forte experiência criadora. Homo amans - aquele que ama, que permite integração afetiva e social.Homo patiens - aquele que sofre e integra em sai finitude. Homo religious – o que transcende e busca o significado da vida.
Na junção de todas estas denominações é que ele conquista o ethos da saúde. É a sua luta heroica para estar bem em tudo o que é e faz. Sai de seu mundo interno e vai expandir-se para o mundo externo. Precisa ganhar o mundo, vive a luta pela sobrevivência e pela autoafirmação.  É a sua maior abertura ao outro diferente de si mesmo, abertura ao sentimento, compaixão, cooperação, e as suas indagações pelo sentido de viver.
A vivência  atenta destas fases possibilita uma vida saudável, insere no fluxo natural da vida e o faz integrar as perdas e a ressignificação. Elaborar uma compreensão das perdas e sofrimentos faz parte do crescimento pessoal. A aceitação e assimilação do sofrimento é uma conquista da vitalidade psicológica do indivíduo, e isto permite forjar uma estrutura psíquica capaz de suportar a verdade da alternância de opostos, das perdas e ganhos que fazem parte da realidade da vida.
Saúde e Espiritualidade, tema desta série, pode não dar muitas respostas, mas aponta para um Caminho. Um caminho de transformação e de construção do humano.
São as nossas buscas numinosas e espirituais. O que é o numinoso? É a faculdade de pensar, a inteligência contemplativa que procura compreender o visível carnal e o invisível espiritual, a fala audível e o silêncio inaudível, buscar a parte mais elaborada da totalidade: corpo, mente, alma e coração.
 As nossas buscas que animam a nossa vida. O numinoso se manifesta na natureza, na arte, no encontro, no amor, no espírito, de um coração para outro coração. O numinoso pode ocorrer em um local sagrado ou na leitura de um texto, numa aula; no decorrer de um acidente ou de um sofrimento físico e psíquico intolerável. Pode acontecer através de uma experiência do absurdo, onde somos obrigados, às vezes, a ir além da razão; ou em uma experiência de solidão, quando, de repente, nos sentimos envolvidos por uma Presença. É o local onde o Divino se reflete no humano.
Saúde e Espiritualidade tem que fazer este encontro porque nós estudamos demais o ser humano a partir de suas doenças, quando poderíamos conhecê-lo melhor a partir de seu estado de realização.
A nossa dificuldade com este tema Saúde e Espiritualidade é que a saúde está associada ou ligada à doença, quando ela é outra questão. Saúde é fazer que o coração e o corpo estão pedindo. Mesmo assim, a perspectiva conceitual de opostos continua. Paul Tillich diz: “A saúde é um termo incompreensível se não for confrontado com seu oposto”.
A Espiritualidade quer ajudar a sairmos da compreensão que o caminho, para se chegar a saúde, passa através da enfermidade. A saúde não é algo que fica escondido até que a doença a faça aparecer. Será que somente a doença nos faz descobrir o corpo? Saúde não é não sentir nada. Ou será que precisamos mais sofrer do que desfrutar? A sabedoria popular diz que saúde a gente aprecia quando a perdemos.
Precisamos recuperar a dimensão Terapêutica do Mistério da Salvação. A atividade Terapêutica de Cristo não foi só curar doenças, mas instaurar o Projeto Salvífico do Pai, isto é, o Sadio da Existência: um desejo de viver e viver em plenitude!
Frei Vitório Mazzuco



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