segunda-feira, 9 de setembro de 2013

ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE AGOSTO DE 2013

SANTA CLARA DE ONTEM E DE SEMPRE



                Francisco e Clara povoam nosso imaginário cristão e franciscano. Francisco é o irmão, o pai, o amigo, o apaixonado por Cristo, aquele que reescreve o Evangelho, o homem novo, o criador de um mundo reconciliado, o apaixonado pelo que é pequeno e simples, que morre cantando as glórias do senhor deitado na terra nua, nosso Francisco de ontem e de sempre. Francisco que deu nome ao Papa Bergoglio.
                Clara, a luminosa, a mulher de São Damião, a amiga incondicional de São Francisco, a plantinha do Seráfico Pai, a filha de dona Ortolana, a irmã das irmãs de São Damião. Passou ela a vida toda nos exíguos espaços daquela igrejinha,  realizando com ternura tarefas e coisas extremamente simples: acolher as irmãs, não deixar que passassem frio, dormir em austero leito, conversar com o Amado, viver  sempre com o Amado , em todos os momentos, mulher extremamente carinhosa com o Pai Francisco, sofreu e exultou quando soube que ele tinha nas mãos, nos pés e no coração as chagas do Amor que não é amado, mulher que conservou no coração as lembranças dos frades, mulher terna e mansa, mas também vigorosa e forte, quase que exigindo do Papa o privilégio da pobreza, mulher corajosa, doente anos a fio mas sempre serena e pacífica.
                Francisco e Clara não saem do nosso imaginário. Com Francisco aprendemos a gritar que o Amor precisa ser amado. Com Clara somos convidados a ter um coração iluminado e apaixonado pelo Esposo.
                Festejamos com alegria Clara. Nunca podemos separá-la do irmão Francisco.


Com carinho,
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM.



SACERDOTE QUE MOROU  NA CIDADE PODE VIRAR SANTO 

Um padre franciscano que foi ordenado sacerdote em Petrópolis pode ser declarado santo. Frei Bruno, que nasceu em 1876 na Alemanha e morreu em 1960 em Santa Catarina, teve seu nome aceito pelo Vaticano. Segundo Frei Alberto Beckhãuser, que há anos pesquisa o tema, existem inúmeros depoimentos, principalmente no sul do país, que creditam ao religioso a cura de doenças. Ele acredita que o processo de beatificação esteja concluído em aproximadamente cinco anos.
O processo de beatificação do Frei Bruno – nascido em 1876 em Dusseldorf, na Alemanha, e ordenado sacerdote em Petrópolis em 1901 – foi aceito pelo Vaticano. Simples, pobre humilde, zeloso, e caridoso são algumas das características de Frei Bruno, apontadas por quem conviveu com o religioso. Todos os anos, em Joaçaba, Santa Catarina, onde o religioso viveu seus últimos anos de vida, acontece uma procissão que pede a beatificação do Frei.
Frei Bruno faleceu no dia 25 de fevereiro de 1960 e seu enterro entrou para a história de joaçaba, já que foi o maior visto na cidade.
Frei Bruno era conhecido por não aceitar carona. Ele percorria a pé os caminhos entre uma e outra comunidade e surpreendia os fiéis que o tinham visto pelo caminho. Isso porque, ao chegar na cidade, o frei já estava lá. Frei Bruno era incansável em suas visitas as famílias, benzendo as casas.
Tribuna de Petrópolis.


Coral Canarinhos perde seu eterno regente



* 14/06/1935     + 06/08/2013 
 Com pesar, noticiamos o falecimento de Frei José Luiz Prim, nesta noite, às 20h00, no Hospital Santa Isabel, de Blumenau.
Em sua generosidade, Frei José Luiz Prim enviou à Secretaria Provincial, em abril de 2012, uma autobiografia resumida. Aliás, em sua pasta há belos textos sobre sua vocação e vida franciscana e também sobre sua experiência como educador e regente dos Canarinhos de Petrópolis. Demos, pois, mais uma vez, voz a Frei José Luiz, que descreve sua vida em 3º pessoa.
“Frei José Luiz Prim realizou seu ideal de vida como sacerdote franciscano da Ordem dos Frades Menores. Nasceu na Varginha, região interior de Santo Amaro da Imperatriz, SC, no dia 14 de junho de 1935, e foi o último dos 16 filhos de uma  família de colonos. Além de todos esses, os pais tiveram mais duas filhas adotivas. Duas de suas irmãs abraçaram a vida religiosa. Desde criança teve grande inclinação para a música. Na infância viveu um ambiente de grande religiosidade e os padres franciscanos muito frequentavam a sua casa, dado que tanto o pai quanto a mãe tinham um irmão na Ordem Franciscana. Isto fez com que sua vocação para a vida franciscana e sacerdotal despertasse já na infância, e se mantivesse acesa pela vida inteira.
“O ideal da vida religiosa e do cultivo da música conviveram por todos os anos de sua formação. Assim, durante os estudos no Seminário de Agudos, SP, formou-se no curso de Piano no Conservatório Dramático e Musical de Bauru, que mais tarde se transformou na Escola de Música Pio XII e passou  para Faculdade de Música. Quando padre jovem, foi transferido para o Seminário de Agudos, na qualidade de professor e educador. Ali formou-se na Faculdade de Música e de Letras com Inglês. Após conduzir por oito anos as atividades musicais do Seminário de Agudos, dedicou todo um ano a estudos de extensão de Música em São Paulo, preparando-se para assumir a direção do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis em 1973. Permaneceu nessa atividade por 28 anos, até o ano 2000. O Instituto mantém o famoso Coral dos Meninos Cantores de Petrópolis, conhecidos como os “Canarinhos de Petrópolis”.
“Como regente desse coral, Frei Prim realizou numerosas excursões artísticas por diversos  Estados do Brasil. Organizou e dirigiu também 6 excursões internacionais. Por 4 vezes teve o privilégio de apresentar seu coro diante do Papa. Da primeira vez, cantou integrado com o enorme coro de 12.000 vozes de Meninos e Jovens Cantores, reunidos na Basílica de São Pedro, em Roma, para o XV Congresso Internacional de Meninos Cantores. Nas outras 3 apresentações com a presença do Santo Padre, teve o privilégio de ter o coro cantando como solista em certos momentos da celebração. Frei José Luiz considera essas apresentações diante do Papa como os maiores eventos de sua vida como regente do coral.
“Após o ano de 2000, por decisão própria, resolveu renunciar aos trabalhos com o coral, para dedicar-se à evangelização nas paróquias. A partir de então trabalhou em Pato Branco, Rodeio e Ituporanga, e atualmente (2012) se encontra na Paróquia-Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Blumenau.
“Nos 28 anos em que regeu o Coral dos Canarinhos, sempre manteve o cultivo e o interesse pelo Canto Religioso Popular, muito incentivado pela Igreja após o Concílio Vaticano II. O próprio Coral, além da polifonia apresentada nas celebrações, sempre cantava esse gênero de música, para dar ao povo a possibilidade de uma participação ativa. No gênero do Canto Religioso Popular, compôs ainda no tempo de permanência com os Canarinhos a Missa em honra do Santo Frei Galvão, publicada pela Editora  Vozes. E poucos anos após, compôs as Missas do Sagrado Coração de Jesus e da  Imaculada Conceição, com letra de Frei José Moacyr Cadenassi, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Este CD foi lançado pela Paulus. A mesma editora publicou há pouco tempo um CD quase todo de sua autoria, com Letra e Música da Missa em honra de Nossa Senhora Aparecida e Partes Fixas da Missa.
Para comemorar os 800 anos de fundação da Ordem de Santa Clara (1212-2012), compôs a Missa de Santa Clara de Assis. A gravação foi realizada em estúdio de Blumenau, SC, e a fabricação do CD foi realizada na Zona Franca de Manaus”.
“Evangelizar, levando ao mundo a mensagem  do Reino, iluminada pela mística de São Francisco de Assis, este sempre foi meu ideal de vida”.
R.I.P.            
Frei Walter de Carvalho Júnior        



FRANCISCO DE ASSIS E FRANCISCO DE ROMA 

Desde que  assumiu o nome de Francisco, o bispo de Roma eleito e, por isso,  Papa, faz-se inevitável a comparação entre os dois Franciscos. Ademais, o Francisco de Roma explicitamente se  remeteu ao Francisco de Assis. Evidentemente não se trata de mimetismo, mas de constatar pontos de inspiração que nos indicarão o estilo  que o Francisco de Roma quer conferir à direção da Igreja universal.
Há um ponto inegável comum: a crise da instituição eclesiástica. O jovem Francisco diz ter ouvido uma voz vinda do Crucifixo de São Damião que lhe dizia:”Francisco repara a minha Igreja porque está em ruínas”.
No tempo de São Francisco de Assis triunfava o Papa Inocêncio III (1198-1216) que se apresentava como “representante de Cristo”. Com ele se alcançou o supremo grau de secularização da instituição eclesiástica com interesses explícitos de “dominium mundi”, da dominação do mundo. Efetivamente, por um momento, praticamente, toda a Europa até a Rússia estava submetida ao Papa. Vivia-se na maior pompa e glória. Em 1210, sob muitas dúvidas, Inocêncio III reconheceu o caminho de pobreza de Francisco de Assis. A crise era teológica: uma Igreja-Império temporal e sacral contradizia tudo o que Jesus queria.
Francisco viveu a antítese do projeto imperial de Igreja. Ao evangelho do poder, apresentou o poder do evangelho: no despojamento total, na pobreza radical e na extrema simplicidade. Não se situou no quadro clerical nem monacal, mas como leigo se orientou pelo evangelho vivido ao pé da letra nas periferias das cidades, onde estão os pobres e hansenianos e no meio da natureza, vivendo uma irmandade cósmica com todos os seres. Da periferia falou para o centro, pedindo conversão. Sem fazer uma crítica explícita, iniciou uma grande reforma a partir de baix, mas sem romper com Roma. Encontramo-nos face a um gênio cristão de sedutora humanidade e de fascinante ternura e cuidado pondo a descoberto o melhor de nossa humanidade.
Estimo que esta estratégia deve ter impressionado a Francisco de Roma. Há que reformar a Cúria e os hábitos clericais de todas as igrejas. Mas não se precisa criar uma ruptura que dilacerará o corpo da cristandade.
Outro ponto que seguramente terá inspirado a Francisco de Roma: a centralidade que Francisco de Assis conferiu aos pobres. Não organizou nenhuma obra para os pobres, mas viveu com os pobres e como os pobres. O Francisco de Roma, desde que o conhecemos, vive repetindo: o problema dos pobres não se resolve sem a participação dos pobres, não pela filantropia, mas pela justiça social. Esta diminui as desigualdades que castigam a América Latina e, em geral, o mundo inteiro.
O terceiro ponto de inspiração é de grande atualidade: como nos relacionar com a Mãe Terra e com os bens e serviços escassos. Na fala inaugural de sua entronização, Francisco de Roma usou mais de 8 vezes a palavra cuidado. É a ética do cuidado, como eu mesmo tenho insistido fortemente, a que vai salvar a vida humana e garantir a vitalidade dos ecossistemas. Francisco de Assis, patrono da ecologia, será o paradigma de uma relação respeitosa e fraterna para com todos os seres, não em cima mas ao pé da natureza.
Francisco de Assis entreteve com Clara uma relação de grande amizade e de verdadeiro amor. Exaltou a mulher e as virtudes considerando-as “damas”. Oxalá inspire a Francisco de Roma uma relação para com as mulheres, a maioria da Igreja, não só de respeito, mas de valorização de seu protagonismo, na tomada de decisões sobre os caminhos da fé e da espiritualidade no novo milênio.
Por fim, Francisco de Assis é, segundo o filósofo Max Scheler, o protótipo ocidental da razão cordial e emocional. É ela que nos faz sensíveis à paixão dos sofredores e aos gritos da Terra. Francisco de Roma, é um claro exemplo da inteligência cordial que ama o povo, abraça as pessoas, beija as crianças e olha amorosamente para as multidões. Se a razão moderna não se amalgamar à sensibilidade do coração, dificilmente seremos levados a cuidar da Casa Comum, dos filhos e filhas deserdados e alimentar a convicção bem franciscana de que abraçando afetuosamente o mundo, estaremos abraçando a Deus.




SÃO LUÍS IX - REI DE FRANÇA
São Luís tornou-se célebre por seu proverbial espírito de justiça e equidade. Para coibir as transgressões e excessos dos juízes, oficiais e outros cargos públicos, nomeava juízes extraordinários a fim de examinar sua conduta e rever seus julgamentos. Premiava os que exerciam com honra e responsabilidade seus encargos. E aos que agiam mal, aplicava exemplar punição.
E, coisa espantosa para os homens dos nossos dias, ele mesmo julgava, sem demoras nem burocracias, os pleitos que eram levados ao seu conhecimento sob o famoso carvalho de Vincennes.
Perronde Fonteinnes e Geffroy de Villete eram juristas de reconhecida competência.
Justiça e misericórdia alternavam-se em suas decisões. O próprio irmão de Luís IX, Carlos d'Anjou, que mandara prender injustamente um cavaleiro, foi intimado a comparecer em Vincennes e ali se apresentou acompanhado por seus melhores especialistas. Mas o cavaleiro tinha como advogados, por ordem do rei, os mais ilustres conselheiros jurídicos da Coroa, e obteve a justa reparação.
Detentor dos mais altos títulos de nobreza, esse rei de França preferia assinar simplesmente "Luís de Poissy", pois nessa cidade recebera o Batismo e considerava sua maior dignidade o ter sido batizado. Em meio a todas as suas obrigações de soberano, recitava todos os dias as Horas Litúrgicas e lia com assiduidade a Sagrada Escritura e os Padres da Igreja. Confessava-se com frequência e exigia, como penitência, que o confessor o açoitasse com um flagelo trazido por ele mesmo. Segundo alguns autores, levava sua devoção a este Sacramento a ponto de não permitir ao sacerdote chamá-lo de"majestade", pois no Tribunal da Reconciliação ele não era rei, mas filho, e o Ministro de Deus não era súdito seu, mas pai..
Seu amor a Deus e aversão ao pecado tornavam-no capaz de suportar quaisquer males. Um dia perguntou a seu fiel amigo e conselheiro:
— Joinville, o que preferes: contrair a lepra ou cometer um pecado mortal?
— Prefiro cometer trinta pecados mortais a contrair a lepra!
— Falas como um insensato — contestou o rei —, pois não há lepra tão vil como a de estar em pecado mortal. É verdade que, ao morrer, o homem livra-se da lepra do corpo; mas quem cometeu pecado mortal não tem certeza, na hora da morte, se seu arrependimento é suficiente para obter o perdão de Deus. Assim, peço-te que, por amor a Deus e a mim, prefiras padecer em teu corpo a lepra e toda outra doença, a ter em tua alma o pecado mortal.7
Seu amor ao próximo e sua solicitude para com os pobres eram reflexo do desvelo da Divina Providência. Conta-se que, numa abadia próxima a Paris, havia um monge no qual a lepra já devastara toda a face. O santo rei o visitava regularmente. Em certa ocasião, levou- lhe perdizes de sua cozinha para alimentá-lo melhor e ajudou-o a comer, colocando os pedaços de carne em sua boca.

Insigne fruto desse fervor é um monumento que atravessou os séculos, causando até hoje admiração em todos quantos o visitam: a Sainte-Chapelle. Construída para abrigar uma relíquia da coroa de espinhos de Nosso Senhor Jesus Cristo, ela é um resumo da fé e grandeza dessa alma régia! Quando em 1239 chegou a terras francesas a preciosa relíquia,o piedoso monarca foi recebê-la nas proximidades de Sens e depositou-a provisoriamente na Capela de São Nicolau. Inaugurada em 1248 a Sainte-Chapelle, instalou-a nessa capela-relicário por ele idealizada com tanta veneração.



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