BOLETIM
INFORMATIVO DE AGOSTO DE 2013
SANTA CLARA DE ONTEM E DE SEMPRE
Francisco e Clara povoam nosso imaginário cristão e franciscano. Francisco é o
irmão, o pai, o amigo, o apaixonado por Cristo, aquele que reescreve o
Evangelho, o homem novo, o criador de um mundo reconciliado, o apaixonado pelo
que é pequeno e simples, que morre cantando as glórias do senhor deitado na
terra nua, nosso Francisco de ontem e de sempre. Francisco que deu nome ao Papa
Bergoglio.
Clara, a luminosa, a mulher de São Damião, a amiga incondicional de São
Francisco, a plantinha do Seráfico Pai, a filha de dona Ortolana, a irmã das
irmãs de São Damião. Passou ela a vida toda nos exíguos espaços daquela
igrejinha, realizando com ternura tarefas e coisas extremamente simples:
acolher as irmãs, não deixar que passassem frio, dormir em austero leito,
conversar com o Amado, viver sempre com o Amado , em todos os momentos,
mulher extremamente carinhosa com o Pai Francisco, sofreu e exultou quando
soube que ele tinha nas mãos, nos pés e no coração as chagas do Amor que não é
amado, mulher que conservou no coração as lembranças dos frades, mulher terna e
mansa, mas também vigorosa e forte, quase que exigindo do Papa o privilégio da
pobreza, mulher corajosa, doente anos a fio mas sempre serena e pacífica.
Francisco e Clara não saem do nosso imaginário. Com Francisco aprendemos a
gritar que o Amor precisa ser amado. Com Clara somos convidados a ter um
coração iluminado e apaixonado pelo Esposo.
Festejamos com alegria Clara. Nunca podemos separá-la do irmão Francisco.
Com carinho,
Frei Almir Ribeiro
Guimarães, OFM.
SACERDOTE QUE MOROU NA CIDADE PODE VIRAR SANTO
Um
padre franciscano que foi ordenado sacerdote em Petrópolis pode ser declarado
santo. Frei Bruno, que nasceu em 1876 na Alemanha e morreu em 1960 em Santa
Catarina, teve seu nome aceito pelo Vaticano. Segundo Frei Alberto Beckhãuser,
que há anos pesquisa o tema, existem inúmeros depoimentos, principalmente no
sul do país, que creditam ao religioso a cura de doenças. Ele acredita que o
processo de beatificação esteja concluído em aproximadamente cinco anos.
O
processo de beatificação do Frei Bruno – nascido em 1876 em Dusseldorf, na
Alemanha, e ordenado sacerdote em Petrópolis em 1901 – foi aceito pelo
Vaticano. Simples, pobre humilde, zeloso, e caridoso são algumas das
características de Frei Bruno, apontadas por quem conviveu com o religioso.
Todos os anos, em Joaçaba, Santa Catarina, onde o religioso viveu seus últimos
anos de vida, acontece uma procissão que pede a beatificação do Frei.
Frei
Bruno faleceu no dia 25 de fevereiro de 1960 e seu enterro entrou para a
história de joaçaba, já que foi o maior visto na cidade.
Frei
Bruno era conhecido por não aceitar carona. Ele percorria a pé os caminhos
entre uma e outra comunidade e surpreendia os fiéis que o tinham visto pelo
caminho. Isso porque, ao chegar na cidade, o frei já estava lá. Frei Bruno era
incansável em suas visitas as famílias, benzendo as casas.
Tribuna
de Petrópolis.
Coral
Canarinhos perde seu eterno regente
*
14/06/1935 + 06/08/2013
Com pesar, noticiamos o falecimento de Frei José Luiz Prim,
nesta noite, às 20h00, no Hospital Santa Isabel, de Blumenau.
Em
sua generosidade, Frei José Luiz Prim enviou à Secretaria Provincial, em abril
de 2012, uma autobiografia resumida. Aliás, em sua pasta há belos textos sobre
sua vocação e vida franciscana e também sobre sua experiência como educador e
regente dos Canarinhos de Petrópolis. Demos, pois, mais uma vez, voz a Frei
José Luiz, que descreve sua vida em 3º pessoa.
“Frei
José Luiz Prim realizou seu ideal de vida como sacerdote franciscano da Ordem
dos Frades Menores. Nasceu na Varginha, região interior de Santo Amaro da
Imperatriz, SC, no dia 14 de junho de 1935, e foi o último dos 16 filhos de
uma família de colonos. Além de todos esses, os pais tiveram mais duas
filhas adotivas. Duas de suas irmãs abraçaram a vida religiosa. Desde criança teve
grande inclinação para a música. Na infância viveu um ambiente de grande
religiosidade e os padres franciscanos muito frequentavam a sua casa, dado que
tanto o pai quanto a mãe tinham um irmão na Ordem Franciscana. Isto fez com que
sua vocação para a vida franciscana e sacerdotal despertasse já na infância, e
se mantivesse acesa pela vida inteira.
“O
ideal da vida religiosa e do cultivo da música conviveram por todos os anos de
sua formação. Assim, durante os estudos no Seminário de Agudos, SP, formou-se
no curso de Piano no Conservatório Dramático e Musical de Bauru, que mais tarde
se transformou na Escola de Música Pio XII e passou para Faculdade de
Música. Quando padre jovem, foi transferido para o Seminário de Agudos, na
qualidade de professor e educador. Ali formou-se na Faculdade de Música e de
Letras com Inglês. Após conduzir por oito anos as atividades musicais do
Seminário de Agudos, dedicou todo um ano a estudos de extensão de Música em São
Paulo, preparando-se para assumir a direção do Instituto dos Meninos Cantores
de Petrópolis em 1973. Permaneceu nessa atividade por 28 anos, até o ano 2000.
O Instituto mantém o famoso Coral dos Meninos Cantores de Petrópolis,
conhecidos como os “Canarinhos de Petrópolis”.
“Como
regente desse coral, Frei Prim realizou numerosas excursões artísticas por
diversos Estados do Brasil. Organizou e dirigiu também 6 excursões
internacionais. Por 4 vezes teve o privilégio de apresentar seu coro diante do
Papa. Da primeira vez, cantou integrado com o enorme coro de 12.000 vozes de
Meninos e Jovens Cantores, reunidos na Basílica de São Pedro, em Roma, para o
XV Congresso Internacional de Meninos Cantores. Nas outras 3 apresentações com
a presença do Santo Padre, teve o privilégio de ter o coro cantando como
solista em certos momentos da celebração. Frei José Luiz considera essas
apresentações diante do Papa como os maiores eventos de sua vida como regente
do coral.
“Após
o ano de 2000, por decisão própria, resolveu renunciar aos trabalhos com o
coral, para dedicar-se à evangelização nas paróquias. A partir de então
trabalhou em Pato Branco, Rodeio e Ituporanga, e atualmente (2012) se encontra
na Paróquia-Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Blumenau.
“Nos
28 anos em que regeu o Coral dos Canarinhos, sempre manteve o cultivo e o
interesse pelo Canto Religioso Popular, muito incentivado pela Igreja após o
Concílio Vaticano II. O próprio Coral, além da polifonia apresentada nas
celebrações, sempre cantava esse gênero de música, para dar ao povo a
possibilidade de uma participação ativa. No gênero do Canto Religioso Popular,
compôs ainda no tempo de permanência com os Canarinhos a Missa em honra do
Santo Frei Galvão, publicada pela Editora Vozes. E poucos anos após,
compôs as Missas do Sagrado Coração de Jesus e da Imaculada Conceição,
com letra de Frei José Moacyr Cadenassi, da Ordem dos Frades Menores
Capuchinhos. Este CD foi lançado pela Paulus. A mesma editora publicou há pouco
tempo um CD quase todo de sua autoria, com Letra e Música da Missa em honra de
Nossa Senhora Aparecida e Partes Fixas da Missa.
Para
comemorar os 800 anos de fundação da Ordem de Santa Clara (1212-2012), compôs a
Missa de Santa Clara de Assis. A gravação foi realizada em estúdio de Blumenau,
SC, e a fabricação do CD foi realizada na Zona Franca de Manaus”.
“Evangelizar, levando ao mundo a mensagem do Reino,
iluminada pela mística de São Francisco de Assis, este sempre foi meu ideal de
vida”.
R.I.P.
Frei Walter de Carvalho Júnior
FRANCISCO DE ASSIS E FRANCISCO DE ROMA
Desde
que assumiu o nome de Francisco, o
bispo de Roma eleito e, por isso, Papa, faz-se inevitável a comparação
entre os dois Franciscos. Ademais, o Francisco de Roma explicitamente se remeteu ao Francisco de Assis.
Evidentemente não se trata de mimetismo, mas de constatar pontos de inspiração
que nos indicarão o estilo que o Francisco de Roma quer conferir à direção da Igreja
universal.
Há um
ponto inegável comum: a crise da instituição eclesiástica. O jovem Francisco
diz ter ouvido uma voz vinda do Crucifixo de São Damião que lhe
dizia:”Francisco repara a minha Igreja porque está em ruínas”.
No
tempo de São Francisco de Assis triunfava
o Papa Inocêncio III (1198-1216)
que se apresentava como “representante de Cristo”. Com ele se alcançou o
supremo grau de secularização da instituição eclesiástica com interesses
explícitos de “dominium mundi”, da
dominação do mundo. Efetivamente, por um momento, praticamente, toda a Europa
até a Rússia estava submetida ao Papa. Vivia-se na maior pompa e glória. Em
1210, sob muitas dúvidas, Inocêncio III reconheceu
o caminho de pobreza de Francisco de Assis.
A crise era teológica: uma Igreja-Império temporal e sacral contradizia tudo o
que Jesus queria.
Francisco viveu a antítese do projeto imperial
de Igreja. Ao evangelho do poder, apresentou o poder do evangelho: no
despojamento total, na pobreza radical e na extrema simplicidade. Não se situou
no quadro clerical nem monacal, mas como leigo se orientou pelo evangelho
vivido ao pé da letra nas periferias das cidades, onde estão os pobres e
hansenianos e no meio da natureza, vivendo uma irmandade cósmica com todos os
seres. Da periferia falou para o centro, pedindo conversão. Sem fazer uma
crítica explícita, iniciou uma grande reforma a partir de baix, mas sem romper
com Roma. Encontramo-nos face a um gênio cristão de sedutora humanidade e de
fascinante ternura e cuidado pondo a descoberto o melhor de nossa humanidade.
Estimo
que esta estratégia deve ter impressionado a Francisco de Roma.
Há que reformar a Cúria e os hábitos clericais de todas as igrejas. Mas não se
precisa criar uma ruptura que dilacerará o corpo da cristandade.
Outro
ponto que seguramente terá inspirado a Francisco de Roma: a centralidade que
Francisco de Assis conferiu aos pobres. Não organizou nenhuma obra para os
pobres, mas viveu com os pobres e como os pobres. O Francisco
de Roma, desde que o conhecemos, vive repetindo: o problema dos
pobres não se resolve sem a participação dos pobres, não pela filantropia, mas
pela justiça social. Esta diminui as desigualdades que castigam a América
Latina e, em geral, o mundo inteiro.
O terceiro ponto de inspiração é de grande atualidade: como nos relacionar com a Mãe Terra e com os bens e serviços escassos. Na fala inaugural de sua entronização, Francisco de Roma usou mais de 8 vezes a palavra cuidado. É a ética do cuidado, como eu mesmo tenho insistido fortemente, a que vai salvar a vida humana e garantir a vitalidade dos ecossistemas. Francisco de Assis, patrono da ecologia, será o paradigma de uma relação respeitosa e fraterna para com todos os seres, não em cima mas ao pé da natureza.
O terceiro ponto de inspiração é de grande atualidade: como nos relacionar com a Mãe Terra e com os bens e serviços escassos. Na fala inaugural de sua entronização, Francisco de Roma usou mais de 8 vezes a palavra cuidado. É a ética do cuidado, como eu mesmo tenho insistido fortemente, a que vai salvar a vida humana e garantir a vitalidade dos ecossistemas. Francisco de Assis, patrono da ecologia, será o paradigma de uma relação respeitosa e fraterna para com todos os seres, não em cima mas ao pé da natureza.
Francisco
de Assis entreteve com Clara uma relação de grande amizade e de verdadeiro
amor. Exaltou a mulher e as virtudes considerando-as “damas”. Oxalá inspire a
Francisco de Roma uma relação para com as mulheres, a maioria da Igreja, não só
de respeito, mas de valorização de seu protagonismo, na tomada de decisões
sobre os caminhos da fé e da espiritualidade no novo milênio.
Por fim, Francisco de Assis é, segundo o filósofo Max Scheler, o protótipo ocidental da razão cordial e emocional. É ela que nos faz sensíveis à paixão dos sofredores e aos gritos da Terra. Francisco de Roma, é um claro exemplo da inteligência cordial que ama o povo, abraça as pessoas, beija as crianças e olha amorosamente para as multidões. Se a razão moderna não se amalgamar à sensibilidade do coração, dificilmente seremos levados a cuidar da Casa Comum, dos filhos e filhas deserdados e alimentar a convicção bem franciscana de que abraçando afetuosamente o mundo, estaremos abraçando a Deus.
Por fim, Francisco de Assis é, segundo o filósofo Max Scheler, o protótipo ocidental da razão cordial e emocional. É ela que nos faz sensíveis à paixão dos sofredores e aos gritos da Terra. Francisco de Roma, é um claro exemplo da inteligência cordial que ama o povo, abraça as pessoas, beija as crianças e olha amorosamente para as multidões. Se a razão moderna não se amalgamar à sensibilidade do coração, dificilmente seremos levados a cuidar da Casa Comum, dos filhos e filhas deserdados e alimentar a convicção bem franciscana de que abraçando afetuosamente o mundo, estaremos abraçando a Deus.
SÃO
LUÍS IX - REI DE FRANÇA
São Luís tornou-se
célebre por seu proverbial espírito de justiça e equidade. Para coibir as
transgressões e excessos dos juízes, oficiais e outros cargos públicos, nomeava
juízes extraordinários a fim de examinar sua conduta e rever seus julgamentos.
Premiava os que exerciam com honra e responsabilidade seus encargos. E aos que
agiam mal, aplicava exemplar punição.
E,
coisa espantosa para os homens dos nossos dias, ele mesmo julgava, sem demoras
nem burocracias, os pleitos que eram levados ao seu conhecimento sob o famoso
carvalho de Vincennes.
Perronde
Fonteinnes e Geffroy de Villete eram juristas de reconhecida competência.
Justiça
e misericórdia alternavam-se em suas decisões. O próprio irmão de Luís IX,
Carlos d'Anjou, que mandara prender injustamente um cavaleiro, foi intimado a
comparecer em Vincennes e ali se apresentou acompanhado por seus melhores especialistas.
Mas o cavaleiro tinha como advogados, por ordem do rei, os mais ilustres
conselheiros jurídicos da Coroa, e obteve a justa reparação.
Detentor
dos mais altos títulos de nobreza, esse rei de França preferia assinar
simplesmente "Luís de Poissy", pois nessa cidade recebera o Batismo e
considerava sua maior dignidade o ter sido batizado. Em meio a todas as suas
obrigações de soberano, recitava todos os dias as Horas Litúrgicas e lia com
assiduidade a Sagrada Escritura e os Padres da Igreja. Confessava-se com
frequência e exigia, como penitência, que o confessor o açoitasse com um
flagelo trazido por ele mesmo. Segundo alguns autores, levava sua devoção a
este Sacramento a ponto de não permitir ao sacerdote chamá-lo
de"majestade", pois no Tribunal da Reconciliação ele não era rei, mas
filho, e o Ministro de Deus não era súdito seu, mas pai..
Seu
amor a Deus e aversão ao pecado tornavam-no capaz de suportar quaisquer males.
Um dia perguntou a seu fiel amigo e conselheiro:
—
Joinville, o que preferes: contrair a lepra ou cometer um pecado mortal?
—
Prefiro cometer trinta pecados mortais a contrair a lepra!
—
Falas como um insensato — contestou o rei —, pois não há lepra tão vil como a
de estar em pecado mortal. É verdade que, ao morrer, o homem livra-se da lepra
do corpo; mas quem cometeu pecado mortal não tem certeza, na hora da morte, se
seu arrependimento é suficiente para obter o perdão de Deus. Assim, peço-te
que, por amor a Deus e a mim, prefiras padecer em teu corpo a lepra e toda
outra doença, a ter em tua alma o pecado mortal.7
Seu
amor ao próximo e sua solicitude para com os pobres eram reflexo do desvelo da
Divina Providência. Conta-se que, numa abadia próxima a Paris, havia um monge
no qual a lepra já devastara toda a face. O santo rei o visitava regularmente.
Em certa ocasião, levou- lhe perdizes de sua cozinha para alimentá-lo melhor e
ajudou-o a comer, colocando os pedaços de carne em sua boca.
Insigne
fruto desse fervor é um monumento que atravessou os séculos, causando até hoje
admiração em todos quantos o visitam: a Sainte-Chapelle. Construída para
abrigar uma relíquia da coroa de espinhos de Nosso Senhor Jesus Cristo, ela é
um resumo da fé e grandeza dessa alma régia! Quando em 1239 chegou a terras
francesas a preciosa relíquia,o piedoso monarca foi recebê-la nas proximidades
de Sens e depositou-a provisoriamente na Capela de São Nicolau. Inaugurada em
1248 a Sainte-Chapelle, instalou-a nessa capela-relicário por ele idealizada
com tanta veneração.
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