INFORMATIVO
Ano III - MARÇO DE 2012 - Nº 11
ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA
O BEM-AVENTURADO LUQUÉSIO
I. Um homem de negócios que não perdeu sua meta.
(Continuação)
Ah! não é um simples fracasso que possa dar conta de uma ambição jovem e ardente. Luquésio tomou sua resolução decididamente. A cidadezinha próxima de Poggi-Bonzi estava inteiramente ganha ao partido gibelino, ou ao menos os guelfos, vencidos aí, eram reduzidos ao silêncio: não havia razão para temer incidentes políticos, quanto mais que na cidade havia outros meios que não se encontravam em Caggiani. Luquésio mudou de aldeia e instalou-se em Poggi-Bonzi. Aí com uma tenacidade juvenil iniciou os negócios de corpo e alma. Começou com um negócio de salgados, juntamente com um balcão de câmbio. Foi uma ideia genial: um fazia progredir o outro; com um pouco de habilidade havia meios de conseguir, nessa combinação, belos lucros. Não precisava, bem entendido, apurar muito a honestidade, mas, como bom negociante, Luquésio tomava livremente sua resolução e praticava às mil maravilhas esta "moral comercial" toda particular aos aproveitadores de negó-cios que, naquela época, era, a meu ver, passàvelmente elástica.
A casa prosperava, pois ele tinha jeito para os negócios: era ele quem vendia o melhor toucinho, e a sua carne de porco salgada de fresco era afamada; suas maneiras amáveis atraíam os clientes e os ducados enchiam-lhe a gaveta do balcão.Não se envolvia mais em política, mas vendia aos ricos e lisonjeava os nobres. Depois lhes emprestava dinheiro e os ajudava na administração de seus bens: tinham necessidade dele — de sorte que começava a ter na "alta sociedade" de Poggi-Bonzi relações invejáveis. Desta vez ia de vento em popa!
Bonadona se sentia orgulhosa do marido, feliz de vê-lo manejar tão habilmente seu barco e fazer entrar dinheiro no cofre. Em linhas gerais, era um bom rapaz, generoso, de excelente caráter e a amava muito, satisfazia-lhe todos os caprichos, e dava-lhe lindas "toilettes" com as quais ela podia pavonear-se e brilhar na missa solene dos domingos.
Ambos, naturalmente, eram bons cristãos. Jamais faltaram a seus deveres, faziam suas orações, comungavam uma vez por ano, assistiam à missa uma vez por semana e até mesmo acompanhavam as procissões: desobrigavam-se destes deveres como pagavam o foro, o dízimo e o fogal, e isto feito, se consideravam quites para com Deus. Eram cristãos como os de seu tempo — aliás como a maior parte dos de hoje: a religião limitava-se às formalidades, jamais atingia os corações, nem tão pouco a vida. E a razão princi-pal deste mal era a mesma de hoje: os negócios.
As Comunas, os ofícios, o comércio haviam prodigiosamente transformado as condições da vida. As cidades pululavam de atividade: todo mundo vendia, especulava, enriquecia. O dinheiro outrora acumulado pelos nobres se deslocava,vindo encher os cofres dos burgueses. Todos esses novos ricos, naturalmente, pretendiam gozar dos bens adquiridos por um trabalho honesto: o luxo e o conforto se introduziram por toda parte; com eles, o prazer e, daí, a libertinagem. A plebe olhava com inveja estes felizardos da ocasião e procurava também prejudicá-los. Periòdicamente uma escassez reinava em alguma região: esta prova passageira só fazia excitar a cobiça e exasperar os ódios das classes. Nesta febre de ambição e de gozos, as almas haviam se desviado das coisas espirituais: absorvidas pelos cuidados temporais, não tinham mais tempo para se interessar pela religião. Haviam-se embrutecido, materializado, rebaixado. Continuavam a assistir aos ofícios pelo hábito adquirido, porque era costume, mas em meio das preocupações o Mâmon tinha suplantado Deus; os corações haviam passado da Igreja as lojas. Luquésio e sua esposa eram bem da atualidade: ressentiam-se exatamente do mal da época. Sim, eles "cumpriam os seus deveres", mas à noite, nas suas conversas íntimas, não era das Beatitudes que falavam nem do Reino do Céus, mas do dinheiro, das vantagens, das combinações e dos empreendimentos novos para aumentar sua fortuna em início. O que precisavam encontrar agora era algum negócio importante que permitisse abordar as altas especulações. Luquésio empreendeu o comércio de trigo e aguardava a oportunidade. Esta se apresentou: com seu tino para negócio soube percebê-la e explorá-la vantajosamente.
Prevendo uma carestia de víveres, tratou de bem prover seus celeiros. Como agente de câmbio, era conselheiro de vários negociantes fortes que nele depositavam toda confiança e dos quais fazia o que queria.
Convenceu-os de importantes entradas no porto que iam reduzir o preço do trigo, e persuadiu-os a lhe venderem o stock por baixo preço. Este monopólio acelerou a carestia.
Assim tornou-se Luquésio senhor da situação. Foi uma bela vitória. Todos o procuravam. Elevou o preço de seu trigo, realizando lucros estupendos. Sua casa, aonde o ouro afluía, tornou-se o centro da vida da cidade: era a fortuna!Entregue à luta e obcecado por semelhante sucesso, ele não tinha mais tempo de pensar nas misérias que a sua brilhante situação semeava em torno de si. Um dia, na verdade, um pobre camponês a quem suas manobras haviam arruinado, saiu da casa dele maldizendo-o e chamando-lhe de assassino: isto lhe tocou o coração e nessa noite não conseguiu dormir cedo. Logo, porém, recalcou esta sensibilidade, pois os negócios nada têm que ver com o sentimento. Precisava "progredir", e aquele que deseja o fim aceita os meios. Além disso, ele tinha dois filhos cujo futuro devia garantir: era dever de consciên-cia.
Continua no informativo – Ano III - MAIO DE 2012 - Nº 12
.X.X.X.X.X.X.X.
SANTOS FRANCISCANOS
MES DE MARÇO
1 — S. Francisco Fahelante, 3ª ordem, mártir do Japão
2 — S. Inês de Praga, 2ª Ordem.
3 — B. Inocêncio de Berzo, 1ª Ordem
4 — B. Cristóvão de Milão, 1ª Ordem
5 — S. João José da Cruz, 1ª Ordem
6 — SS. Cosme e Máximo Takeya, 3ª Ordem -
Mártires do Japão.
7 — S. Pedro Sukejiro, 3ª Ordem, mártir do Japão
8 — S. MiguelKosaki, 3ª Ordem, mártir do Japão
9 — S. Luís Ibaraki, 3ª Ordem, mártir do Japão
10 — B. Tomás Sen, 3ª Ordem, mártir da China11 — B. João Baptista de Fabriano, 1ª Ordem
12 — B. Simão Tchen, 3ª Ordem, mártir da China
13 — B. Agnelo de Pisa, 1ª Ordem
14 — B. Pedro U-Ngan-Pan, 3ª Ordem, mártir da China
15 — B. Matias Fan-TE, 3ª Ordem, mártir da China
16 — B. Pedro Tciang, 3ª Ordem, mártir da China
17 — B. Francisco Tciang,
18 — S. Salvador da Horta, 1ª Ordem
19 — S. José – Esposo da Virgem Maria – Solenidade
20 — B. Hipólito Galantini, 3ª Ordem
21 — B. João de Parma, 1ª Ordem
22 — S. Benvenuto de Osimo, 1ª Ordem
23 — B. Marcos de Montegallo, 1ª Ordem
24 — B. Diogo José de Cadiz, 1ª Ordem
25 — S. Tiago Jen, 3ª Ordem, mártir da China
26 — B. Pedro Wang, 3ª Ordem, mártir da China
27 — B. Tiago Tchao, 3ª Ordem, mártir da China
28 — B. Joana Maria Maillé, 3ª Ordem
29 — B. João Tciang, 3ª Ordem, mártir da China
30 — S. Pedro Regalado, 3ª Ordem
31 —B.Patrício Tong, III O., mártir da China