INFORMATIVO
Ano III - FEVEREIRO DE 2012 - Nº 10
ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA
O BEM-AVENTURADO LUQUÉSIO
I. Um homem de negócios que não perdeu sua meta.
Em princípios do século XIII, vivia em Caggiani, cidade de Toscana, um homem honrado, que se chamava Luquésio.
Casado ainda jovem, cheio de saúde, de projetos e de ilusões, ativo, inteligente, de espírito empreendedor, ele via abrirem-se diante de si os horizontes da vida e estava decidido a começar aí o seu caminho.
Seus bons pais lhe haviam ensinado a ir à missa nos domingos, a nunca mentir nem roubar e a se portar irrepreensivelmente: era essa, pouco mais ou menos toda a sua bagagem religiosa e moral. Também não tinham sido os sonhos de ascetismo que haviam alimentado a sua jovem imaginação. Essas coisas lhe eram tão desconhecidas como a álgebra. Mas viver, lutar para viver e por melhor viver, como havia visto fazer seus pais, como via todo mundo fazer, oh! isto ele compreendia... Como acontece à maior parte dos homens, havia formado o seu ideal no que presenciara.
Tornar-se rico e, um dia, quem sabe? ser chefe em sua aldeia; estes dois esplendores representavam aos seus olhos o ápice da vida feliz. Duas ambições que se resolviam nesta outra: privar com os nobres. Com efeito, "ele tinha boa aparência, porte atraente, elegante e desembaraçado no falar e em todas as suas maneiras, vantagens que ele desejara fazer valer nas relações com pessoas nobres e distintas" (1).Sua esposa Bonadona, que era verdadeiramente uma boa mulherzinha, partilhava dos mesmos sonhos e esperanças.
Ah, dizia ela ao marido, quando nós formos ricos... teremos uma bela e grande casa... um castelo!... E tu comprarás somente vestidos de seda para mim e um colar de pérolas, como aquele de dona Mona; não é?
E seus olhos fixavam-se esbugalhados, cheios de sorrisos cobiçosos, sobre o fausto ambicionado.
Luquésio fazia mais que sonhar. Havia refletido bem, calculado, estudado todas as probabilidades e se pôs à obra com entusiasmo. Meteu-se ao mesmo tempo nos negócios e na política, e eis o bom do Luquésio empenhado pela fortuna e pela glória.
As pequenas repúblicas italianas viviam, então, uma vida febricitante e turbulenta, cujas paixões invadiam até as menores aldeias. Todo mundo fazia política. Era o tempo das Comunas: povo e burgueses, libertos de ontem, mantinham as liberdades adquiridas e agitavam-se para conquistar novos direitos. Os nobres resistiam com um orgulho áspero, a fim de salvaguardarem seus privilégios comprometidos: daí um estado violento, agitado à menor eventualidade por colisões sangrentas.
Esta situação se agravava por uma questão de política exterior: a luta entre o imperador e o Papa. Frederico II manobrava para anexar a Itália; apoiava-se sobre os nobres, que viam no seu triunfo a ocasião de restaurar o antigo regime: era o partido gibelino.
O povo, por reação, havia se colocado sob o estandarte dos papas, que se tornavam desse modo os campeões da nova ordem e da liberdade; era o partido guelfo.Guelfos e gibelinos, povo e nobreza, burgueses e aristocratas, defrontavam-se numa luta sem tréguas. Por toda parte as duas facções conservavam milícias armadas.
Nessa desordem, cada um escolhia o partido. E, como é costume nas coisas políticas, não é sempre por motivos desinteressados que se abraça uma das causas; as conveniências pessoais, as pequenas disputas de família, os ódios das classes, as vantagens imediatas, pesavam muito mais na balança do que as considerações de ordem social ou religiosa.
Uma multidão de cristãos convictos, por motivos diversos, punha-se sem vacilar em oposição à Santa Sé. Fascinados pela liberdade conquistada e extraviados pelas complicações da política, os fiéis tinham-se desacostumado a obedecer.
Assim fez Luquésio. A ambição o excitava; queria subir ràpidamente na escala social; desejava ardentemente igualar-se aos nobres, ser admitido no seu círculo: para isso era preciso pôr-se ao lado deles. Depois os gibelinos eram o partido distinto da época e a vaidade de Luquésio inclinava-o para ele: envolveu-se na política gibelina, enquanto se ocupava de seu comércio.
Foi bem sucedido ao princípio. Bonito rapaz, com facilidade de expressão, não tardou a tornar-se chefe de facção e capitão da juventude armada do lugar. Já antegozava da vitória.
Não conhecia os homens; devia perceber em breve que a vida é mais complicada do que supunha. Um concorrente explorou suas tendências gibelinas muito enraizadas, e como a massa era guelfa, desviou da lojinha de Luquésio a melhor parte da clientela. Os negócios começaram a perigar. Luquésio ficou logo em má posição. Por repercussão, sua influência política se ressentiu também. Era uma mesquinha estréia para o pobre ambicioso. Como, enfim, em negócios todos os meios são bons, seu rival fez correr por sua conta histórias deprimentes: a situação de Luquésio tornava-se insustentável em Caggiani. Ele aprendia à sua custa que é perigoso envolver a política nos negócios.
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(1) "Lê palmier séraphique", de Paul Guérin. T. IV, p. 259.
Continua no informativo – Ano III - MARÇO DE 2012 - Nº 11
SANTOS FRANCISCANOS
MES DE FEVEREIRO
1 — B. André dei Conti, 1ª Ordem.
2 — B. Verdiana de Castelfiorentino, 3ª Ordem
3 — S. Joana de Valois, 3ª Ordem Regular,
Fundadora das Irmãs da SS. Anunciada.
4 — S. José de Leonessa, 1ª Ordem.
5 — S. Tomás de Ize, 3ª Ordem, mártir do
Japão.
6 — S. Pedro Baptista Blasquez, 1ª Ordem,
mártir do Japão.
7 — S. Coleta de Corbia, 2ª Ordem.
8 — B. João de Triora, 1ª Ordem, mártir.
9 — B. Antônio de Stroncone, 1ª Ordem.
10 —B. Egídio Maria de S. José, 1ª Ordem.
11— B. Clara de Rimini, 2ª Ordem.
12 —B. Rizzerio de Muccia, 1ª Ordem.
13 — S.Francisco de Meaco, 3ª Ordem,
mártir
do Japão.
14 — S.Tomás de Nagasaki, 3ª Ordem,
mártir do Japão.
15 — Trasladação do Corpo de S.Antônio de
Lisboa
16 — B. Filipa Mareri, 2ª Ordem.
17 — B. Lucas Belludi, 1ª Ordem.
18 — S. Joaquim Sakakibara, 3ª Ordem,
mártir do Japão.
19 — S. Conrado de Placenza, 3ª Ordem.
20 — B. Pedro de Treia, 1ª Ordem.
21 — S. Leão Karasuma, 3ª Ordem, mártir
do Japão.
22 — S. Boaventura de Meaco, 3ª Ordem,
mártir do Japão.
23 — B. Isabel de França, 2ª Ordem.
24 — S. Matias de Meaco, 3ª Ordem, mártir
do Japão.
25 — B. Sebastião de Aparício, 1ª Ordem.
26 — S. Antônio de Nagasaki, 3ª Ordem,
mártir do Japão.
27 — S. Paulo Suzuki, 3ª Ordem, mártir do
Japão
28 — B. Antonia de Florença, 2ª Ordem.
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