INFORMATIVO
Ano IV - AGOSTO
DE 2012 - Nº 03
ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA
O
BEM-AVENTURADO LUQUÉSIO
IV. Discórdia em casa e acontecimentos que se seguiram
(Continuação)
Chegou a vez dos
pobres. Foi Luquésio quem primeiramente os procurou. Logo depois eram os
pobres que vinham ter com ele, porque em dois dias se espalhou a novidade: como
todos aqueles que se mostram generosos, Luquésio se viu em breve assediado
por pedintes e infelizes de toda espécie. E ele, que de ora em diante só
almejava se despojar, indistintamente, dava a todos, observando como era mais
fácil desfazer uma fortuna do que edificá-la, e ainda mais agradável.
A pobre Bonadona não
se conformava com isso. Uma angústia oprimia-lhe o coração.
Debalde havia
Luquésio tentado explicar-lhe, com muita doçura e convicção, o que lhe havia
dito Francisco, mostrando-lhe que ele não podia guardar esses bens, falando-lhe
da justiça e do dever, do reino de Deus, do Céu e do inferno; ela, porém, nada
compreendia.
— Não praticaste nada de
mais, repetia-lhe com voz queixosa, fizeste como todo mundo! Lamentava-se,
chorava, suplicava para que não continuasse, que pensasse nos filhos, que não
os deixasse sem patrimônio. A tudo, Luquésio murmurava: — Nosso Senhor disse:
"Infelizes dos ricos!" Não
tornarei, pois, meus filhos infelizes — amaldiçoados como eu tenho sido.
Não!... Não!... Eu lhes ensinarei, sim, a trabalhar, a ser honestos e o Santo
Evangelho: isto lhes será mais útil do que as rendas.
Por fim, Bonadona,
irritada, encheu-o de censuras: homem sem coração! pai desnaturado! não tens
vergonha? Vais colocar-nos na indigência e forçar-nos a mendigar o pão!
Mas a resposta sempre
estava pronta.
Deus, dizia ele,
calmamente inspirado, da esmola fez um preceito e saberá prover a tudo: Ele o
disse e nunca permitirá que nos falte o necessário para vivermos, minha Bona.
Mas qual, semelhantes
razões não podiam convencê-la: tudo isso excedia infinitamente à sua
compreensão. Ah, quanto é difícil crer no Evangelho — e crendo viver na
integridade de sua sublime lógica!
— Enfim, choramingava ela, aonde queres tu
chegar? Até aonde vais dessa maneira?
— Bona, dizia ele com um sorriso, não éramos
felizes em Caggiani, dize? Seremos agora duplamente felizes por nos termos
associado aos pobres, como irmãos. É preciso tão pouco para ser feliz!
— Caggiani! Meu Deus, recuar até esse ponto!
Voltar a ser uma simples camponesinha, quando já fui uma grande dama! Não, é
demasiado atroz!...
E Bonadona ia chorar,
em casa das amigas, as loucuras de seu marido.
— Luquésio está
doente, diziam-lhe: ele há tempos está com o semblante ruim. O pobre homem
trabalhou demais. Deves fazer que ele se fortifique, que repouse e se alimente
melhor. Só assim essas ideias passarão.
Ah, era isso justamente o
que Luquésio não queria compreender. Jejuava de maneira inquietante, recusava
tomar vinho — para dá-lo aos mendigos — e não comia senão pão duro e espinafre
com água, como os miseráveis. Passava a maior parte das noites de joelhos,
rezando e lendo o Evangelho. Também emagreceu a olhos nus. Quando saía era para
ir à casa de algum pobre, ao hospital ou à igreja, onde era visto, durante
horas, mergulhado na oração, com o rosto banhado em lágrimas.
"Neurastenia
aguda com desvario religioso" diagnosticariam os nossos psiquiatras
modernos. E a origem do mal não teria escapado à sua perspicácia: Esgotamento
físico e intelectual com perturbações digestivas, provocando uma intoxicação
das células nervosas. Sem ter iguais conhecimentos, era exatamente o que
Bonadona julgava do estado do seu marido: certamente ele tinha um
"derrame biliar". Ela não reconhecia mais o seu Luquésio de outrora,
tão alegre, tão expedito, empreendedor, gozando da vida, e amando-a: agora ele
era silencioso, concentrado, tão afastado dela — pelo menos era o que lhe parecia.
Quando lhe falava era para fazer-lhe sermões, esforçando-se por arrastá-la
às suas extravagâncias.
Sim, Luquésio queria
convencê-la de partilhar com ele seu tesouro. E era com um amor mais elevado
que a amava, infinitamente com mais ternura, nobreza e dedicação do que
anteriormente.
E Bona devia reconhecer
perfeitamente que apesar de sua loucura, como dizia ela, ele tinha se tornado
melhor, mais terno, mais cordato em tudo; jamais ele se zangava — nem mesmo
tinha esses movimentos de mau humor como dantes; só a si próprio censurava.
Mas era precisamente
esta caridade e esta humildade que lhe desagradava e a irritava. Oh, como ela
preferia a sua antiga maneira de ser!Luquésio sofria — era seu único sofrimento — verificar esta distância, em favor da qual nada podia fazer, de sua querida Bona ainda tão inferior, engolfada nessas coisas que ele considerava agora tão desprezíveis. Ele a lastimava e por isso mesmo lhe mostrava ainda maior afeição. De boa vontade insistia em catequizá-la com a incapacidade de um neófito. Mas seu zelo intempestivo a indispunha ainda mais; e este amor novo, não obstante tão elevado, tão puro, não a impressionava... Não podia ver nem compreender isso, pois era apenas uma "boa cristã", a luz do alto não a tocara ainda; julgava como uma alma terrestre, de acordo com a prudência da carne, e nada entendia da prudência do espírito que conduzia seu marido a novas vias. Dessa forma, um terrível malentendido reinava naquele lar e Bonadona se tornava dia a dia mais infeliz e irritada.
Continua no informativo – Ano IV - SETEMBRO DE 2012 -
Nº 04
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SANTOS
FRANCISCANOS
MES DE AGOSTO
1 — B..Francisco Pinazzo, 1ª Ordem, mártir.
2 — JUBILEU DA PORCIUNCULA
3 — B.João Tiago
Fernandes, 1ª Ordem, mártir.
4 — S. João Maria Vianey, 3ª Ordem.
5 — B. Francisco de Pesaro, 3ª Ordem.
6 — B. Agatângelo de Vendome, 1ª Ordem, Martir
7 — B. Cassiano de Nantes, 1ª Ordem, mártir.
8 — S. DOMINGOS DE
GUSMÃO
9 — B. Vicente de Áquila, 1ª Ordem.
10 — B. João do
Alverne, 1ª Ordem.
11 — SANTA CLARA DE ASSIS, 2ª Ordem.
12 — B. Ludovico Sotelo, 1ª Ordem, mártir no Japão.
13 — B. Sante
de Montebaroccio, 1ª Ordem.
14 — S. Maximiliano Maria Kolbe, 1ª Ordem.
15 — ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
16 — S. Roque de Montpellier, 3ª Ordem.
17 — B.Paula
Montaldi, 2ª Ordem.
18 — S. Beatriz
da Silva, 2ª Ordem.
19 — S. Luís de Tolosa, 1ª Ordem.
20 — B. Francisco
Galvez, 1ª Ordem, mártir.
21— S. Pio X, 3ª
Ordem.
22 — B.Timóteo
de Monticchio, 1ª Ordem.
23 — B. Bernardo de Offida, 1ª Ordem.
24 — B. Pedro da Assunção, 1ª Ordem, mártir.
25 — S. Luís, Rei da França, PATRONO DA TERCEIRA ORDEM.
26 — B. João de Santa Marta, 1ª Ordem, mártir
27 — B. Ricardo de Santa Ana, 1ª Ordem, mártir
28 — B. Vicente
Ramirez, 1ª Ordem, mártir.
29 — B. João de Perusa, 1ª Ordem, mártir.
30 — B. Pedro de Sassoferrato, 1ª Ordem, mártir
31 — B. Pedro de Ávila, 1ª Ordem, mártir do Japão.
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