JORNAL DE JULHO DE 2012
VIII Congresso Latino-Americano da OFS e JuFra - Argentina
O
Oitavo Congresso Latino-americano da OFS e JuFra foi celebrado nos dias 22 a 27
de Maio de 2012, na Casa do Cenáculo, “La Montonera” em Pilar, próximo a
Buenos Aires. A respeito da organização do Congresso, o Conselho Nacional da
OFS da Argentina realizou um belíssimo trabalho que permitiu ter, durante todos
os dias do Congresso, um ótimo clima de trabalho, momentos de oração e uma
profunda comunhão fraterna.
O tema principal do Congresso foi: “Franciscanos,
América Latina clama… Responderemos?” com o lema: "Presença e
compromisso dos franciscanos seculares na América Latina".
No Congresso estiveram presentes
representantes de vários países da América Latina: Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, Colômbia, Equador, Uruguai, Peru e Venezuela. O Congresso foi presidido
pela Ministra Geral da OFS, Encarnación del Pozo, que esteve acompanhada por
outros membros da presidência CIOFS: María Consuelo Núñez, Ana Fruk e os
Assistentes Gerais: Frei Ivan Matić, OFM, Frei Amanuel Mesgun Temelso, OFMCap e
Frei Amando Trujillo Cano, TOR.
Foi um momento de graças para todos os
participantes. Os dias foram de intensos trabalhos nos quais se pôde refletir
sobre a situação atual em que se encontra a OFS e a JuFra da América Latina. As
diversas apresentações durante o mesmo ajudaram os participantes a aprofundar
posteriormente nos grupos de trabalho e nas assembleias plenárias vários
aspectos da situação atual e dos desafios que se apresentam em seu caminho,
tratando de encontrar também respostas concretas para responder a estes
desafios. Com este propósito se prepararam as conclusões do Congresso como uma
ajuda concreta às Fraternidades nacionais de toda América Latina.
Um dia muito especial para todos os
participantes foi a sexta-feira, 25 de Maio, dia de festa nacional na
Argentina. Na manhã se concluiu um belíssimo encontro com as Irmãs Clarissas do
Mosteiro vizinho a Moreno e depois, na localidade de La Reja, havia se
organizado uma grande reunião da Família Franciscana na casa dos Frades
Conventuais. Neste encontro, participaram muitos membros das várias
Fraternidades da OFS e JuFra da Argentina. T
Trad. e Adapt. Cleiton Robson.
O Evangelho do envio dos Apóstolos pelo mundo afora
Lá vai ele, esse Francesco da cidade de Assis. O
coração dava muitas voltas dentro de seu peito. Não era mais o filho de Pietro
Bernardone e de Dona Joana. Era e não era. Estava se transformando. (...). As
pessoas se davam conta do processo de mudança. Francisco, fazendo sua
caminhada… viajou até os cantos mais recônditos de seu interior, deu
hospitalidade ao Espírito. Ficou meio pensativo… beijou um leproso… se vestiu
de trapos para sentir na carne a dureza da pobreza e de ser um pedinte de
esmolas. Homens bons e retos de Assis vinham ter com ele querendo viver sua
vida… mas ele se sentia meio perdido. Na verdade o que Deus estava querendo
dele?
Francesco entra na capela de Nossa Senhora dos
Anjos. Um sacerdote idoso celebra a Missa e lê o Evangelho da missão: os
apóstolos são convidados a irem pelo mundo a fora, a não se instalarem no
templo, a irem anunciar a Boa Nova, sem calçado, sem títulos, formulando votos
de paz, anunciando a liberdade do Evangelho. Francesco já usa as roupas de
ermitão e caminha com um cajado… Agora, ele vê seu caminho, ou seja, ser
andarilho, pregador ambulante, ele e seus irmãos, dois a dois. Leves, lépidos
sem o peso de estruturas, sem organizações burocráticas. (...)Francisco vai se
tornar o homem totus evangelicus. O Evangelho passava a tomar conta
dele, até o fim, até o morrer nu na terra nua, ali mesmo nesta abençoada capela
da Senhora dos Anjos. Ele pode dizer com toda veemência: “É isto que eu quero,
isto que busco de todo o meu coração. Agora está claro: eu serei com minha vida
e minha história, junto com meus irmãos o anunciador do Evangelho, fascinados
pelo Cristo que nos manda pelo mundo à maneira dos apóstolos”.
Eloi Leclerc, de maneira muito feliz, comenta esse
encontro de Francisco com o Evangelho: “Certamente, naquela manhã de 1208,
Francisco não tinha consciência do alcance de sua descoberta para o futuro da
Igreja; quando seu coração se tinha iluminado com a claridade do Evangelho que
ouvira. Não pensa nos hereges, nem nas cruzadas que o Papa projeta contra eles.
Quer apenas responder pessoalmente ao apelo do Senhor. Realiza algo de imenso
alcance ao tomar ao pé da letra o Evangelho que acabara de ouvir. (…). Numa
cristandade solidamente instalada e caracterizada pelo imobilismo do sistema
feudal, tal Evangelho soa estranhamente como apelo à mobilidade, à vida
itinerante. (...). Ao ouvir esse convite, Francisco sente que o seu próprio
corpo pede uma resposta. Só tem um desejo: quer partir, apressadamente quer
percorrer o mundo, “com passos grandes e paradisíacos”, no dizer de J. Delteil.
Numa Igreja que carrega o imenso peso de suas imensas propriedades de terra,
que tem calçados de chumbo, Francisco reencontra a leveza e a alegria da
caminhada, a exultação da juventude, a impaciência alegre do mensageiro. No
mesmo instante, arranca-se de toda instalação territorial, rejeita todo
domicilio fixo e todo feudo. Rompe com o sistema político-religioso de seu
tempo, o do “senhorio” da Igreja e dos “benefícios”. Redescobre o Evangelho
como movimento de Deus para os homens. Reencontra a missão” (E. Leclerc.
Francisco de Assis. O Retorno ao Evangelho, p. 51-52).
Ali começaria a aventura franciscana. Os frades
abriram as portas da prisão em que haviam colocado o Evangelho. Soltaram o
Evangelho. Nada de peso de estruturas. O Evangelho é um convite a
desinstalação. Nada de carga, mas leveza. (...). Abrir os braços para acolher a
vida e levá-la adiante. Os peregrinos e os viandantes encontram sua vocação na
página do Evangelho lida na Porciúncula e vêem concretizada na vida dos franciscanos
que são pessoas que respeitam as leis da sociedade e as orientações da Igreja,
mas são diferentes. Rezam como Jesus e Francisco. Aproximam-se as pessoas não
com desejo de enquadrá-las em estruturas fixas e esterilizantes. Mesmo quando
não se deslocam fisicamente os franciscanos, as clarissas e os membros da Ordem
Franciscana Secular são andarilhos em seu interior. Nada está acabado. Há
descobertas a serem feitas. O Espírito anda soprando de uma maneira diferente.
Esses franciscanos que gostam dos eremitérios gostam de dar uma de Marta e de
Maria, mas estão presentes no meio dos catadores de papel, dos alunos de uma
universidade, na pastoral para fazer dele uma ação evangelizadora, respeitando
etapas, sempre preparando os caminhos para a chegada do Senhor.
Frei Fernando Uribe, OFM, comentando o encontro de
Francisco com o Evangelho frisa o modo do ir pelo mundo, ou seja, sem nada que
dificulte o caminhar velozmente e plena liberdade, sem que os cuidado terrenos
entorpeçam a completa dedicação à tarefa de anunciadores do Reino. Estas
disposições vão aparecer na Regra da Ordem Primeira: espiritualidade da
desinstalação, da desapropriação, de pobres que são instrumentos de Deus no
mundo. O Senhor havia revelado a Francisco que ele devia viver conforme o Evangelho.
Para que mais? T
Ser idoso e ser
velho
“Idoso é quem tem muita idade; velho é quem
perdeu a jovialidade.
A
idade causa degeneração das células; a velhice, a degeneração do espírito.
Você
é idoso quando se pergunta se vale a pena;
Você é velho quando, sem pensar, responde que não.
Você é velho quando, sem pensar, responde que não.
Você
é idoso quando sonha;
Você é velho quando apenas dorme.
Você é velho quando apenas dorme.
Você
é idoso quando ainda aprende;
Você é velho quando já nem ensina.
Você é velho quando já nem ensina.
Você
é idoso quando se exercita;
Você é velho quando apenas descansa.
Você é velho quando apenas descansa.
Você
é idoso quando ainda sente amor;
Você é velho quando só sente ciúmes.
Você é velho quando só sente ciúmes.
Você
é idoso quando o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida;
Você é velho quando todos os dias parecem o último da longa jornada.
Você é velho quando todos os dias parecem o último da longa jornada.
Você
é idoso quando o seu calendário tem amanhãs;
Você é velho quando ele só tem ontens.
Você é velho quando ele só tem ontens.
O
idoso se renova a cada dia que começa; o velho se acaba a cada noite que
termina, pois, enquanto o idoso tem os olhos postos no horizonte, de onde o sol
desponta e ilumina a esperança, o velho tem sua miopia voltada para as sombras
do passado.
O
idoso tem planos; o velho tem saudades.
O
idoso curte o que lhe resta da vida;
o velho sofre o que o aproxima da morte.
o velho sofre o que o aproxima da morte.
O
idoso leva uma vida ativa, plena de projetos e prenhe de esperança.
Para ele o tempo passa rápido, mas a velhice nunca chega.
Para o velho suas horas se arrastam destituídas de sentido.
Para ele o tempo passa rápido, mas a velhice nunca chega.
Para o velho suas horas se arrastam destituídas de sentido.
As
rugas do idoso são bonitas, porque foram marcadas pelo sorriso;
as rugas do velho são feias, porque foram vincadas pela amargura.
as rugas do velho são feias, porque foram vincadas pela amargura.
Em
suma, idoso e velho podem ter a mesma idade no cartório,
mas tem idades diferentes no coração.
mas tem idades diferentes no coração.
Que
você, idoso, viva uma longa vida, mas não fique velho nunca”
Jorge
R. Nascimento
História da Unificação da OFS do
Brasil
1955/1972
Especial para O Arauto do Grande
Rei, da Fraternidade de Petrópolis,RJ
VI – 2
Congresso de Caxias do Sul
Fevereiro de 1966
2 –
Importante por sua programação temática
O 2º Congresso Nacional da Ordem
Terceira Franciscana tinha um objetivo básico a realizar, como expressamente
desejava Frei Mateus. Mediante o estudo refletido de um tema central e das
teses ou subtemas propostos deveriam os leigos Terceiros, junto com seus
Diretores religiosos, aprofundar seus conhecimentos sobre o que é importante
saber para se viver bem a espiritualidade da Ordem Terceira.
Para tal, numa das reuniões de
janeiro de 1965, em que se tratou da preparação do Congresso de Caxias do Sul,
Frei Mateus apresentou sua proposta do tema central para o Congresso e de cinco
teses ou subtemas, tendo sido aprovados.
Na mesma ocasião, ficou decidido
que a Comissão Central constituiria uma Subcomissão para examinar os textos das
teses a serem elaboradas pelas equipes provinciais relatoras. A Subcomissão
poderia apresentar sugestões aos autores da tese e, afinal, deveria aprovar o
texto reelaborado e definitivo.
Então, antes do Congresso, os
Comissários Provinciais distribuiriam as teses aprovadas às suas Fraternidades
Locais. Cabia aos irmãos e irmãs estudar esses textos e aplicá-los à situação
particular da Fraternidade. Assim, tirariam proveito em favor de sua formação e
da renovação da Fraternidade.
Vê-se, pois, que esses cuidados
na elaboração das teses e em seu estudo e aplicação à vida das Fraternidades,
como de fato aconteceu, foi mais uma razão suficiente para justificar a
importância atribuída ao Congresso de Caxias do Sul. Tem cabimento, porém, a
observação de Frei Mateus nos Anais do Congresso (pág. 24):
“Nem todas as Fraternidades
fizeram o trabalho do estudo das teses, como se pedia. Mas, podemos dar o
testemunho de que, em muitas, se foram formando equipes, que tomaram gosto
pelos círculos de estudo. Depois do Congresso, deram um impulso à sua
organização.”
Tal preparação não aconteceu
para o Congresso de São Lourenço. Estávamos, portanto, avançando, progredindo.
Daí, repito, a importância de mais esse aspecto do Congresso de Caxias do Sul.
Conscientemente, aproveito a
oportunidade para colocar como informação sobre cada subtema abaixo, a
transcrição de Frei Mateus sobre o conteúdo de cada tese e a transcrição do
resultado da reflexão dos congressistas para a prática e a vivência dessas
mesmas proposições.
Sinto-me contente por poder
trazer à consideração dos meus irmãos e irmãs de hoje a riqueza doutrinal,
segura, e vivencial contida nesses pequenos trechos citados.
Ainda merecem ser meditados...
Tema Central
A nossa missão franciscana na
Igreja é viver, de maneira exemplar, o santo Evangelho de N. Sr. Jesus Cristo.
O tema central reproduz a definição
constante do artigo 2º das Constituições da Ordem Terceira Secular, de 1957.
Era uma definição clara e simples da essência da vocação cristã.
Acrescentava-lhe, porém, uma característica expressiva. Indicava que essa
vivência cristã era u’a “missão franciscana na Igreja”. Isto é, que essa
vocação deve ser vivida à maneira de Francisco de Assis. Resumindo. Ele fez do
Cristo, dom de amor do Pai no presépio, na cruz e na Eucaristia, o centro
propulsor de toda sua vida no relacionamento com Deus, com os homens e com a
natureza. Assim devem fazê-lo os seguidores do Pobrezinho de Assis. Na Regra da
OFS, de 1978, aprovada e confirmada pelo Papa Paulo VI, é o que, hoje, está
formulado a partir do número 4 sobre a forma de vida do franciscano secular.
As cinco teses propostas
são o desdobramento pedagógico e prático de como se deve realizar e vivenciar o
tema central.
O que segue contém um extrato do
que pensava Frei Mateus sobre as teses por ele apresentadas, e do que consta
das súmulas do temário, aprovadas pelo Plenário do Congresso. Foram extraídas
de “PAZ E BEM” de 1965, nº III, págs. 86 a 90 e de 1966, nº II – III, págs. 17
a 25. Objetivo. Dizer algo sobre o conteúdo dessas teses e, quiçá, suscitar
reflexão.
1ª tese
A mística do santo Evangelho
“Trata-se de acender em nós todos a
grande força impulsora do amor franciscano. E nós o faremos, como São
Francisco, pelo contato pessoal nosso com as grandes realidades do Evangelho.
Pelo amor ao Pai do céu. Pelo amor a Cristo, nosso Irmão. Amor este que é
inspirado pelo Espírito do Senhor e realizado como ideal no Coração Imaculado
da Mãe de Deus. Quando faltar este amor, deixa de haver movimento franciscano,
porque, sem a mística, tudo ficará parado e morto. É, portanto, absolutamente
necessário que cada um de nós tenha ardendo dentro de si aquela mística do amor
a Deus. É o que deve promover a primeira tese.” (Frei Mateus in “Paz e Bem”,
1965, III, pág. 86).
“Os meios do Terceiro
franciscano para viver este amor e doação total residem no seguinte:
1) na profissão da
Regra (consagração da vida secular, aceita pela Igreja);
2) na visão evangélica
e franciscana do mundo, adquirida no noviciado e aprofundada na profissão,
através:
a)
do amor filial ao Pai, a exemplo de Cristo,
b)
da intimidade fraternal com o Cristo e pela sua imitação cada vez mais fiel,
c)
do serviço a Cristo, especialmente, em todos os necessitados do corpo e da
alma;
3) na vida e piedade
litúrgicas (Missa e Ofício);
4) na vida e piedade
pessoal (eclesial, eucarística, mariana e devoção à Paixão de Cristo) sempre
informada pela liturgia.”
(Súmulas, “Paz e Bem”, 1966,
II-III, pág. 18)
2ª tese
O espírito de pobreza vivida
pelos leigos
“São Francisco, empolgado pelo
Cristo dos Evangelhos, não pensa mais em outra coisa senão em viver como Cristo, que era pobre
e humilde na sua vida e crucificado
por nosso amor na sua morte. A forma do Evangelho que Francisco escolhe
como forma de vida para si e para os seus é servir ao Senhor na pobreza e na
humildade, “porque o Senhor se fez pobre por nós neste mundo.”
O espírito de pobreza é que mais
caracteriza o franciscanismo... Pois, é pela pobreza que o amor franciscano se
torna generoso e heróico... (É pelo espírito de pobreza que se refreia) o
terrível instinto de propriedade e do domínio sobre os outros, causador da
escravidão social... que se abre a estrada para a justiça, a caridade e todo o
bem... sem o qual não há solução alguma para a distribuição justa das riquezas
na sociedade humana.” (Frei Mateus, ibidem, págs. 86-87).
“O espírito de pobreza para o
leigo, em síntese e em essência, deve consistir no espírito de amor a Deus,
manifestado no desapego, no desprendimento e na disponibilidade de cada um em
relação às coisas e bens e ao seu próximo... O necessário, pois, é que (o
franciscano secular) formule e aplique o espírito de pobreza a si próprio, às
suas próprias condições, atos, procedimentos, bens e posses na consideração do
que exprimem e refletem em relação a seu próximo. Tudo sempre derivado de
autêntico e consciente amor a Deus.”
(Súmulas, ibidem, págs. 19-20)
3ª tese
Espírito de caridade fraterna
em meio de um mundo cheio de ódio e egoísmo.
“A caridade fraterna é o ponto
culminante do franciscanismo. O próprio Cristo vê nela o distintivo do seu
discípulo. Amar o próximo como a si mesmo é o mandamento principal que se
identifica com o próprio amor de Deus. Amar a Cristo nos mínimos irmãos será a
exigência decisiva no julgamento do fim
do mundo. Amar como Cristo nos amou. O fraternismo universal do
franciscanismo é o mais belo fruto da mística do Evangelho e do espírito de
pobreza. Esse espírito de caridade fraterna ajudará a recuperar o Paraíso pela
paz, pela justiça e misericórdia entre os homens.
O Congresso de Caxias do Sul
deverá suscitar um grande movimento de apoio mútuo em que todos os franciscanos
se possam sentir, na realidade, como uma só grande família de irmãos.”
(Frei Mateus, ibidem, págs. 87-88)
“O amor de Deus, que se fez
homem, exige a nossa doação total por Cristo, na sua imitação. Deve manifestar-se,
no Terceiro, no campo natural e sobrenatural: na família, na Fraternidade e na
sociedade. Amar a Cristo, Deus e homem, é amar a todos os irmãos, solidário com
Ele. Por isso, a Fraternidade deve ser uma escola de caridade fraterna. O mundo
de hoje, ao contrário, se desajusta cada vez mais pela falta de vivência da
caridade e pelo esquecimento de Deus. O que impera é o materialismo, o egoísmo,
o hedonismo, a inversão de valores, o desconhecimento da dignidade da pessoa
humana como filho de Deus.
Cabe, pois, ao Terceiro viver a
caridade fraterna. Ainda que seja ele apenas uma formiguinha, estará
contribuindo nessa obra imensa de reconstrução do mundo, segundo o plano de
Deus”
(Súmulas, ibidem, págs. 21-22)
4ª tese
O espírito comunitário como
Cristo o quer na Igreja, na Fraternidade e na Família.
“O espírito de amor, de pobreza
e de caridade fraterna exclui inteiramente o obstáculo da vida comunitária, que
é o falso individualismo, isto é, o egoísmo mesquinho e interessado que sobrepõe
os interesses particulares aos da comunidade. O espírito comunitário
franciscano respeita, porém, o valor individual de cada pessoa, pois, uma é
diferente da outra e todas têm o direito de plena liberdade de desenvolver os
dons recebidos de Deus. Mas, a todos une o amor comum e o respeito mútuo, que
os leva a congregar as suas forças a serviço do mesmo Mestre e Senhor. Por essa
forma, cada irmão se abre para o diálogo, para a equipe, para o trabalho em
conjunto. É este o espírito comunitário franciscano que se mostrará na família,
na Fraternidade, na Igreja e na sociedade.”
(Frei Mateus, ibidem, pág. 88)
“Os homens só se realizam
plenamente dentro do plano de comunidade com Deus e entre si. O Deus Trino nos
revela uma vida comunitária, por excelência. O Terceiro vive a sua vida de
filho de Deus na comunidade da família, da Igreja, da sociedade e da
Fraternidade. Deve, por isso, esforçar-se para satisfazer às exigências de
melhor vida comunitária em todos esses ambientes. Em particular, na sua
Fraternidade.”
(Súmulas, ibidem, págs.23-24)
5ª tese
Consagração do mundo pelo
trabalho diário
“O tema está bem entrosado com o
pensamento do Concílio Vaticano II que declarou “específico dos leigos, por sua
própria vocação, procurar o Reino de Deus, exercendo funções temporais e
ordenando-as segundo Deus. Vivem no século, isto é, em todos e em cada um dos
ofícios e trabalhos do mundo. Vivem nas condições cotidianas da vida familiar e
social, pelas quais sua existência é como que urdida. Lá são chamados por Deus
para que, exercendo seu próprio ofício, guiados pelo espírito evangélico, a
modo de fermento, de dentro, contribuam para a santificação do mundo. E assim
manifestam Cristo aos outros, especialmente pelo testemunho de sua vida
resplandecente em fé, esperança e caridade. A eles, portanto, cabe de maneira
especial iluminar e ordenar de tal modo todas as coisas temporais, às quais
estão intimamente unidos, que elas continuamente se façam e cresçam, segundo
Cristo, para louvor do Criador e do Redentor.” (Lumen Gentium, 31).
“Podemos dizer que, para a Ordem
Terceira, o tema não é novo. Pio XI (Aquiles Ratti) definiu o espírito do
Terceiro franciscano como um apostolado de vida cristã levada a toda parte, a
todos lugares, a todos os ambientes, a todas as instituições sociais. Pio XII
(Eugênio Pacelli) assinalou que foi precisamente a intenção de São Francisco
formar pela Ordem Terceira um exército de penetração no meio do mundo que, como
seculares, deviam santificar os trabalhos que cuidam dos interesses temporais.”
(Frei Mateus, ibidem, pág. 89)
“Em imitação de Cristo, que pela
Encarnação quis consagrar o mundo, o Terceiro, animado pelo amor a Deus e ao
próximo, procura consagrar o mundo pelo sacerdócio comum, exercendo
conscientemente:
a)
o múnus
sacerdotal com a consagração do mundo pela oferta da vida cotidiana
b)
o múnus profético
com a evangelização do mundo pelo testemunho da fé
c)
o múnus régio
pela restauração da ordem temporal segundo as normas evangélicas.
Trabalho
é toda a atividade humana considerada como continuação da obra de Deus, criando
e conservando o mundo. No reino da graça é um meio de santificação, como Cristo
no-lo ensinou pelo seu exemplo e palavra.”
(Súmulas,
ibidem, págs. 24-25)
“Podemos,
portanto, resumir a vida do Evangelho para a Ordem Terceira nas cinco teses
expostas e refletidas no Congresso de Caxias do Sul:
1)
na mística do
amor
2)
na forma do
Evangelho em pobreza e humildade
3)
na caridade
fraterna, distintivo do discípulo de Cristo
4)
no espírito
comunitário de quem está todo empenhado na reconstrução da casa de Deus
5)
na consagração do
mundo pela fermentação evangélica no trabalho de todos os dias.”
(Frei Mateus, ibidem, pág. 90)
(continua no informativo de agosto)
Paulo Machado da Costa e Silva,OFS
Nota: – Os artigos podem ser transcritos,
indicando-se a procedência.
À medida que esses artigos vão sendo
publicados no jornalzinho da nossa Fraternidade, eles serão
colocados em nosso blog: ofssagradopetropolis@blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário