INFORMATIVO
Ano IV - DEZEMBRO
DE 2012 - Nº 07
ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA
O
BEM-AVENTURADO LUQUÉSIO
VI. Religiosos no inundo.
(continuação)
A maior parte das horas passava nos hospitais
vizinhos, onde desempenhava, sem contar, o papel de enfermeiro. Quanto ao seu
próprio hospital, sua casa cheia de doentes pobres, era o domínio de
Bonadona: era ela a mãe de todos, trabalhando andando, preparando unguentos e
tisanas, enquanto rezava, cantava e... jamais se sentiu tão venturosa.
Luquésio ia ele próprio procurar os
doentes e conduzia-os à sua casa, sustentando-os, tomando-os em seus braços, carregando-os aos ombros.
E assim, certo dia, um rapaz avistou-o
acompanhado de dois enfermos e com um terceiro nas costas. Este devia ter uma
má aparência, pois na passagem o malcriado disse: — Ai, é o diabo que está
sentado nas tuas costas!
— Não, replicou o santo, compadecido,
não é o demônio e sim nosso Senhor Jesus Cristo!
Ora, imediatamente o estouvado ficou
mudo. Lançou-se aos pés de Luquésio, chorando e lamentando de mãos postas; e
o bom Samaritano, tendo rezado, restituiu-lhe o uso da palavra, dizendo suavemente — Vai em paz e não peques mais contra a santa caridade.
Luquésio cercava os seus
queridos enfermos de cuidados tão
maternais e mostrava-lhes uma ternura tão sincera, falava-lhes com tanta
persuasão que atingia suas almas enquanto cuidava do corpo; tanto assim que
vários deles, a princípio ásperos e revoltantes, se converteram sob o domínio
de sua bondade à pobreza e à vida de perfeição.
Somente a caridade alcança idênticos
triunfos.
Qualquer desgraça, toda necessidade física ou moral, nele, sem dúvida, encontrava um acolhimento amigo.
Um solicitador é para nós um importuno
suas visitas são consideradas fontes de aborrecimentos e a sua repetição produz geralmente inúmeras apreensões. E é por isso que uma das grandes preocupações do mundo é resguardar-se desses indesejáveis.
Luquésio, porém, os procurava — e nisso era heróico. Não esperava que lhe viessem pedir auxílio; generosamente ia ao encontro das dificuldades e trabalhos que a
caridade impõe. Ficava à espreita da miséria a fim de remediá-la. O campo de
sua caridade alargava-se cada vez mais e sua existência não era mais que um desapego sem interesse. Se o trabalho constituía sua felicidade, é porque havia bem
aprendido de Francisco o segredo da "alegria perfeita"; e nunca era
demais.
Existiam entre Poggi-Bonzi e Sena vastas planícies paludosas, as Maremmas, focos de febres e de moléstias. Os seus habitantes
dizimados e paupérrimos, eram na maior parte atingidos pela malária e
encontravam-se muito abandonados: ninguém por lá passava com receio do espantoso
contágio. Isto não podia deixar de solicitar a diligente compaixão de
Luquésio: Conservara seu espírito empreendedor suas iniciativas, porém, eram
todas em benefício do próximo. Fez-se
médico, comprou um jumentinho, carregava-o de febrífugos e de tônicos e
punha-se a percorrer as Maremmas. De choupana em choupana, sob um sol ardente,
na atmosfera sufocante desses pântanos, arriscando-se ao contágio, ia tratar, consolar, ajudar amar esses
infelizes: e, diz seu biógrafo, que mais do que suas drogas, somente sua
presença curava.
Para recompensar-lhe a maravilhosa
caridade, Deus dignou-se agora favorecê-lo: Luquésio fazia milagres. Isso o tornava ainda mais humilde e quando lhe faziam elogios, respondia com
simplicidade. "Oh! um homem só vale o que é diante de Deus". Mas
esse poder sobrenatural lhe confirmava uma influência decisiva da qual ele se
aproveitava para atrair as almas ao bem, propagar cada vez mais a Ordem III e nela alistar novos recrutas. Esta
Ordem viu congregar-se em seu grêmio a maior parte da população.
Este zelo, esta abnegação, esta sublime
bondade eram a chama que subia da fornalha de um outro amor: o de Jesus Cristo
ao qual havia se entregue de corpo e alma. Como seu mestre, o seráfico estigmatizado
estava inebriado deste único amor. Sua vida era uma contínua oração, um fervoroso
ímpeto para aquele que o havia conquistado e se tornado seu tudo. Interior ou
exteriormente, no trabalho ou em repouso, em caminho ou em casa, seu espírito
não cessava de orar. Seu labor excessivo não o impedia jamais de se ocupar da "única coisa necessária", a santa contemplação; na igreja ou, à
noite, à cabeceira dos doentes, conseguia encontrar longas horas nas quais,
dando largas ao seu coração, evadia-se do mundo, em ardentes colóquios com o
Bem-Amado; algumas vezes era visto imóvel, insensível, transfigurado e cercado
de uma luz celeste. Saía desses êxtases com a alma renovada e
radiosa.
Meditava
constantemente sobre a pobreza e os sofrimentos de Jesus e de Maria Este
pensamento lhe arrancava lágrimas e não sabia mais o que inventar, para como
eles aspirar à maior pobreza e a mais sofrimento. Com Bonadona levava, por amor de Cristo,
uma vida extremamente penosa e mortificante: deitavam-se sobre o ladrilho, traziam
cilício e entregavam-se a rigorosas disciplinas; não se permitiam gozar de
nenhum prazer, sendo a abstinência e o jejum habituais em sua casa.
Juntos rezavam, unidos recebiam o único pão que tinha ainda sabor ao seu paladar santificado; juntos amavam a Jesus com um amor que, dia a dia, os consumia cada vez mais: e este amor e esta união com o Senhor da felicidade punha em
seus corações gozos inefáveis, transportes de uma alegria pura e imensa como o céu, e esta "paz de Cristo que ultrapassa todo sentimento".
Dando tudo,
descobriram o Reino dos Céus; encontraram a felicidade.
— Oh! sim, Luquésio, dizia Bonadona, tinhas
toda razão: é necessária pouca coisa para ser feliz; basta amar a Deus.
E era com lágrimas de ventura que agradecia a seu esposo o ter-lhe indicado o caminho da felicidade.
Morreram no mesmo dia e exatamente à
mesma hora. Deus fez a tocante graça de
poderem, estando unidos na terra por uma união celeste, mais forte do que a primeira voar à Cidade eterna, para a qual haviam em harmonia viajado e
lutado, e de não se terem separado nem uma hora neste mundo nem no outro.
Isso aconteceu a 9 de
abril de 1260, entre os perfumes da primavera italiana, depois de 40 anos
desta vida heroica.
Continua no informativo – Ano IV - JANEIRO DE 2013 -
Nº 08
SANTOS FRANCISCANOS
MES DE DEZEMBRO
1 — B. Antonio Bonfadini, 1ª Ordem
2 — B. Carlos de
Blois, 3ª Ordem.
3 — S. Donino, mártir de Ceuta, 1ª Ordem.
4 — B. Pedro de Sena,
3ª Ordem.
5 — S. Hugolino,
mártir de Ceuta, 1ª Ordem
6 — S. Samuel, mártir de Ceuta, 1ª Ordem
7 — S. Maria José
Rosselo, 3ª Ordem.
8 — IMACULADA CONCEIÇÃO
9 — B. João Romano,
3ª Ordem, mártir no Japão
10 — B. Engelberto Kolland, 1ª Ordem, mártir
11 —
B. Hugolino Magalotti, 3ª Ordem.
13 — B. Conrado de Ofida, 1ª Ordem.
14 — B. Bártolo de S. Gimignano, 3ª Ordem.
15 — B. Maria
Francisca Schervier, 3ª Ordem Regular
17 — B. João de Montecorvino, 1ª Ordem, culto ainda não
aprovado
22 — S. Francisca Xavier Cabrini, 3ª Ordem.
23 — B. Nicolau Fatore, 1ª Ordem.
25 — SOLENIDADE DA NATIVIDADE DE JESUS
26 — B. Bentivólio de Bonis, 1ª Ordem.
29 — B. Gerardo de Valença, 1ª Ordem
30 — B. Margarida Colona, 2ª Ordem
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