quarta-feira, 12 de novembro de 2014

ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE OUTUBRO DE 2014

MONUMENTO SÃO FRANCISCO E O CRUCIFIXO
(70 anos de sua construção - 1944 - 2014)



Por iniciativa de Frei Atico Eyng, OFM., muito digno guardião do Convento de Petrópolis e, então diretor da Fraternidade local da Ordem Terceira (OFS) foi inaugurado no dia 04 de outubro de 1944, festa de São Francisco, no jardim da Casa da OFS, este tão Belo monumento representando em escultura o que antes, Murillo representara em pintura: o abraço recíproco de São Francisco e Jesus crucificado.
O monumento foi feito em cimento armado e artisticamente moldado, com vista para o pátio da Igreja do Sagrado Coração de Jesus.
O historiador e Franciscano Secular desta Fraternidade, no ato da inauguração do monumento, nos fala um pouco da espiritualidade que dali podemos absorver.
"A figura que primeiro chama a atenção do espectador é a de S. Francisco. Dir-se-ia que o santo subiu correndo o Calvário e, chegado ao alto, ali deparando com Nosso Senhor crucificado, precipitou-se para ele e abraçou-o, cheio de afeto e de compaixão, ávido de acariciar, de consolar, de aliviar em suas terríveis penas Aquele que ali está pregado, sofrendo por todos os homens e por todos abandonado... E ai está, parece-me, nesse impulso, nesse gesto que o artista fixou, o essencial da espiritualidade franciscana.
Franciscanismo é ação, é realização, é transposição em atos de ideias e sentimentos: São Francisco ali está efetivamente agindo: sobe, corre, abraça, chora, consola...
E, sobretudo, franciscanismo é catolicismo, do mais legitimo, do mais acendrado. Abraçando a Jesus e chegando os lábios à ferida aberta no seu peito, São Francisco faz um gesto de caridade, mas que é também um ato de fé e de esperança sobrenatural, e, além de tudo, de voluntária inclusão na Igreja Católica. Se é ao homem que sofre que aparentemente ele se abraça para o consolar, esse homem, no entanto, é seu Deus, o Filho do Pai Eterno, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade: ele o sabe, como nós o sabemos. Abraçando-o ele cumpre todo o preceito da caridade: ama a Deus e ama ao seu próximo, ama a Deus no seu próximo, e nesse Homem, que é Deus, ele ama ao mesmo tempo toda a Humanidade que ele representa e cujo resgate assumiu.
Alçando-se para abraçar, tremulo de santo amor e de respeito, esse Homem, que é o seu Deus, São Francisco confessa por seu gesto a sua viva Fé na Divindade de Cristo. Abraçando-o nesse transporte de afeto, elevando- se para ele de braços erguidos, São Francisco implicitamente espera como o bom ladrão, a salvação eterna da sua alma, e, como nunca age sozinho ou só para si mesmo, essa esperança ele a partilha com todos os pobres pecadores aos quais é sua pregar o Evangelho e aos quais irá comunica-la. E MP gestp qie faz S. Francisco, pequenino e humilde, com os pés na terra, para elevar-se até Jesus, posto mais alto do que ele e quase totalmente desprendido da terra, mas não tanto que o impeça de abraçar-se a ele e de aproximar os lábios da chaga aberta no divino lado, dir-se-ia que o santo vê claramente no Crucificado, não só o Homem das Dores, Não só o Deus humanado, mas também o Cristo Total, a humanidade toda santificada pelo sacrifício de Jesus, o Corpo Místico de Cristo, a Igreja Católica, instituída por Jesus, sua continuadora no tempo. Assim entendido, o gesto de S. Francisco não tem unicamente um sentido histórico ou simbólico, mas, propriamente um sentido místico - e significa a sua afetuosa união com a Igreja, cuja autoridade reconhece, cuja fé partilha, e de cujos sacramentos, emanados do sangue redentor de Cristo, se abebera avidamente, para beneficio seu e de todos a quem irá transmitir as graças recebidas.
Se a Figura de S. Francisco é a que primeiro nos atrai a atenção nesse grupo, a que depois a conserva é a que o domina todo, a do próprio crucificado. Domina-o porque muito mais elevada e central que a de S. Francisco; porque a ele é que conduzem os movimentos e os olhos do santo que a abraça; e porque nela afinal é que se concentram os pensamentos de quem contempla e estuda o grupo.
Pregado na cruz que tornou, por isso, objeto da nossa veneração e o sinal pelo qual o cristão se afirma e reconhece, Jesus representa aí, em primeiro lugar, o homem injustamente condenado, o homem que sofre e que agoniza, o homem que tem de pagar com a sujeição ao mal, à dor e à morte, a herança trágica que defluiu da desobediência dos nossos primeiros pais: decaído, por culpa sua, da sua originária grandeza, o homem é um ser naturalmente mesquinho e sofredor.
Mas não é só a humanidade que Jesus representa na cruz, representa também a divindade. Ele aí é o Deus que se encarnou para redimir os homens, condenados pelo pecado; é o Deus que satisfaz a ofensa a Deus, irrogada pelo primeiro homem e que só pelo voluntário sacrifício de um Homem-Deus poderia ser dignamente reparada. É o Deus que se fez homem, para que o homem pudesse tornar a Deus. Nesse crucificado espelha-se o sentido transcendente da vida humana: é pela aceitação do sofrimento a exemplo de Jesus e em união com Ele para expiação de suas culpas e purificação da sua alma, que o homem consegue chegar à plenitude do seu destino; é incorporando-se a Jesus que a humanidade se liberta da sua natural miséria.

                                                                                                     Autor: Mesquita Pimentel, OFS, Petrópolis
Revista Eco Seráfico, Fevereiro de 1945.
Órgão Oficial da Ordem Franciscana Secular do Brasil;
(Revista que antecede a Paz e Bem.)



II EXPOSIÇÃO DE IMAGENS DE SÃO FRANCISCO



Dos dias 01 de outubro ao dia 04 de outubro, aconteceu em nossa fraternidade a 2a exposição de imagens de São Francisco de Assis.
As imagens foram cedidas por Frei Gilmar José da Silva, OFM, Pároco do Convento de Santo António e, filho de nossa irmão Ministra Maria Aparecida. Frei Gilmar, ao longo de sua caminhada vem colecionando imagens belíssimas de São Francisco com as diversas expressões artísticas de nosso Brasil a fora.
A exposição ficou a disposição para visitação dos dia 01 à 4 de outubro tendo uma boa frequência de visitações e encanto daqueles que vieram visitar pois, embora seja o 2° ano de exposição, a cada ano, com a boa disposição e talento artístico de nosso querido frei Gilmar, a montagem ficou exposta de forma completamente diferente da 1a e com muitas outras novas imagens.

JUBILEU E PROFISSÃO SOLENE NA OFS DE PETRÓPOLIS

Desde sua fundação em nossa cidade, a Fraternidade Franciscana Secular de Petrópolis, celebra a profissão solene dos que desejam abraçar a forma de vida evangélica de nosso Seráfico Pai São Francisco no dia 04 de outubro, dia em que a Igreja celebra sua entrada na casa do Pai.
Neste ano, fizeram o pedido de admissão à profissão os nossos irmãos: Carla Roberta de Sá  e Silvestre do Amaral.


A entrada na Ordem se efetua mediante um período de iniciação que dura um ano, um tempo de formação que dura dois anos e a profissão da Regra (cf. Regra 23).
Desde o ingresso na Fraternidade se inicia c caminho de formação, que deve se desenvolver por toda a vida. Lembrados de que o Espírito Santo é o principal agente de formação e sempre prontos a colaborar com Ele, são responsáveis pela formação:o próprio candidato, para desenvolver a vocação recebida do Senhor de modo sempre mais perfeito, toda a Fraternidade, que é chamada a ajudar com a acolhida, a oração e o exemplo, o Ministro com o conselho, o Mestre de Formação e o Assistente, como guia espiritual.
O período de iniciação é uma fase preparatória ao tempo de formação propriamente dito e é destinado ao discernimento da vocação e ao recíproco conhecimento entre a Fraternidade e o aspirante.
Ao longo deste período de iniciação que durará 1 ano, o formador com o aspirante irão refletir sobre temas da dimensão humana que contribuem para que recebam as orientações sobre a dignidade da pessoa humana e sua vocação, conforme dispõe a Igreja e os documentos da OFS: "Cristo que é o novo Adão, revelando o mistério do Pai e do seu amor, desvenda, também, plenamente o homem ao homem; e o faz perceber sua altíssima vocação". E, "Aquele que segue o Cristo, Homem perfeito, se torna ele mesmo mais homem" (GS 22,41).
Findo o período de iniciação, o candidato irá apresentar ao Ministro da fraternidade o seu pedido de admissão por escrito o que o ingressará no tempo de formação que começa com o rito da admissão realizado segundo o documento da OFS que orienta sobre o Ritual próprio para cada celebração.
Assim o candidato inicia o primeiro ano de formação que irá refletir sobre a dimensão Cristã e um segundo ano que trará a dimensão franciscana. Deve-se notar que, durante o período destes três anos, estas três dimensões, humana, cristã e franciscana estarão sempre interligadas e aprofundadas de forma ordenada ao longo do tempo e deverá ser reavivada durante a vida do professo.
Terminada a etapa de formação inicial, pede-se ao Ministro da Fraternidade para emitir a Profissão.
A profissão é o ato eclesial solene pelo qual o candidato, lembrado do chamamento recebido de Cristo, renova as promessas batismais e afirma publicamente o próprio compromisso de viver o Evangelho nas atividades do mundo, segundo o exemplo de São Francisco e seguindo a Regra da OFS. Como foi mencionado acima, é costume que a Profissão Solene se realize sempre no dia de nosso Fundador, dia 04 de outubro. Sendo assim, foi aniversario de profissão de todos os membros da mesma. Destacou-se na celebração o Jubileu de nossas irmãs: Gloria Gonçalves da Silva - 50 anos; Georgina Bertieli França - 25 anos e nossa irmã Ministra, Maria Aparecida Oliveira da Silva - 25 anos. Também comemoramos os 70 anos de profissão de nossa irmã Terezinha Fiorini da Silva.

Ao final da celebração, como de costume, os irmãos se dirigiram a sede da Fraternidade para se confraternizarem pelo dia festivo.

Fonte: Constituições Gerais da OFS;
Livro Vida em Fraternidade
Tempo de formação para a Vida Franciscana
Secular.


São Luís de França e os Franciscanos - XV

Boaventura também era admirado por Luís

Frei Sandro Roberto da Costa, ofm

O encontro e as palavras proféticas de Hugo de Digne certamente impressionaram profundamente o espírito de Luís, educado desde criança num ambiente de piedade, que favorecia uma mística religiosa e devocional, de busca de realizar, na terra, o reino de Deus. Mas já antes deste encontro o rei mantinha, em sua "entourage", além dos dominicanos, religiosos franciscanos empenhados com a seriedade da reforma dos costumes. Um dos franciscanos mais próximos de Luís é o mestre da Universidade de Paris, Eudes de Rigaud.
Eudes era mestre regente do convento de Paris e mestre de teologia na universidade daquela cidade. Foi o sucessor de Jean de Ia Rochelle e de Alexandre de Hales, e foi mestre de São Boaventura. Eudes é um dos "Quatro Mestres", que redigiram o comentário oficial da Regra franciscana, em 1242. Em 1248 foi nomeado arcebispo da diocese de Rouen, a mais importante da França, mas continuou fazendo parte do círculo dos amigos do rei, sendo um dos frades franciscanos mais íntimos de Luís: "Seu mais próximo conselheiro e amigo", nas palavras de Lê Goff.
Em 1255 ele celebrou o casamento da filha de Luís, Isabel. A partir de 1258 Eudes se encontra frequentemente na "Sorte. Em novembro de 1258 presidiu a missa no aniversário de morte de Luís VIII, pai do rei. Os documentos testemunham vários encontros do rei com o arcebispo franciscano, em 1259 e 1260, quando da morte de seu herdeiro, o primogênito Luís. Em 1261 ele foi convidado a pregar na Saint-Chapelle. Sabe-se que, quando o rei estava na abadia de Royalmont, pedia que Eudes presidisse a celebração, como na festa de Pentecostes de 1262. A presença de Eudes na corte se justifica também pelas missões diplomáticas que o rei lhe confiara, como o tratado entre a Franca e a Inglaterra, em 1259. Em 1264 Eudes tornou-se membro do Parlamento de Paris.
Destaque-se, no comportamento do arcebispo franciscano, seu espírito reformador e de combate aos abusos no clero regular e secular. Visitando incansavelmente todos os mosteiros, abadias e conventos masculinos e femininos de sua arquidiocese, Eudes conseguiu dar uma nova imagem à Igreja. Seus escritos somam mais de mil páginas, consistindo hoje num documento de valor inestimável para conhecermos a realidade da Igreja em uma região da França, no século XIII. Antes de morrer, Luís o designou um de seus executores testamentários. Eudes também tornou-se membro do Conselho de Regência encarregado de governar a Franca, sendo o primeiro membro nomeado pelo rei Felipe III, sucessor de Luís, quando ainda se encontrava em Cartago, em outubro de 1270.
Ainda no campo intelectual, outro mestre franciscano de Paris muito próximo do rei é Gilberto de Tournai. Das poucas informações que nos chegaram sobre ele, sabemos que era mestre de teologia em Paris, amigo de São Boaventura e de Luís, e pregador de cruzadas. Escreveu várias obras de cunho pedagógico. Algumas dessas obras nasceram da amizade com o rei, como a Eruditio Regum et Príncipum (Educação dos reis e dos príncipes), uma coleção de três cartas escritas em 1259, endereçadas a Luís, versando sobre os princípios necessários ao bom governo dos príncipes. Depois de 1261, Gilberto abandonou a cátedra para viver uma vida de oração e contemplação. A pedido de Boaventura, participou do 2°. Concílio de Lião, em 1274, onde teria apresentado sua obra De Scandalis Ecclesiae.
Boaventura de Bagnoregio era um dos maiores pregadores da época, mestre da universidade de Paris até 1257, quando foi eleito Ministro Geral dos Franciscanos, também era admirado por Luís, que o convidava para pregar em sua presença. Boaventura pregou pelo menos dezenove vezes diante do rei.
A proximidade e intimidade entre Luís e os franciscanos mostra-se numa querela séria, que estourou na Universidade de Paris. Entre 1254 e 1257, alguns mestres seculares colocaram em questão o estilo de vida dos mendicantes, uma novidade que, segundo eles, ia contra o Direito Canónico, especificamente por causa do princípio mendicante e do ensino universitário e da pregação. O chefe dos seculares era Guilherme de Saint-Amour. Depois de uma acirrada polêmica, com a intervenção dos maiores mestres da época, Boaventura e Tomás de Aquino, entre outros, a Santa Sé reconheceu, por duas vezes, o direito dos frades. O rei Luís executou imediatamente as ordens em favor dos frades. Obrigou Saint-Amour a entregar seus cargos e benefícios, proibiu-o de pregar e ensinar, e o exilou da França 

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