BOLETIM INFORMATIVO DE DEZEMBRO DE 2014
NATAL O NASCIMENTO DO SENHOR
“Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele
amados”!
Natal
Deus se comunica!
Deus não
quis permanecer só em seu indecifrável mistério. Não quis ficar isolado na sua
inacessível onipotência. Quis mostrar-se, fazer-se presente,
de um modo pleno e definitivo. Foi do seu desejo estabelecer uma comu-nhão conosco.
de um modo pleno e definitivo. Foi do seu desejo estabelecer uma comu-nhão conosco.
Por isso veio a nós! Penetrou na fragilidade
da criação. Ele quis nos presen-
tear. Não com um presente qualquer, uma sobra, algo que não mais lhe fazia falta… Deus presenteia nada mais nada menos do que a si mesmo.
Veio ao encontro de uma criatura especial, capaz de recebê-lo. Para poder se dar, precisa de alguém que possa receber. Este alguém é o ser humano.
O homem é o receptáculo de Deus. Nossa vida somente encontra sentido e verdadeira realização quando é capaz de receber e hospedar a Deus.
tear. Não com um presente qualquer, uma sobra, algo que não mais lhe fazia falta… Deus presenteia nada mais nada menos do que a si mesmo.
Veio ao encontro de uma criatura especial, capaz de recebê-lo. Para poder se dar, precisa de alguém que possa receber. Este alguém é o ser humano.
O homem é o receptáculo de Deus. Nossa vida somente encontra sentido e verdadeira realização quando é capaz de receber e hospedar a Deus.
A dimensão cósmica do Natal:
“Alegres pelo nascimento de Cristo, as montanhas
e as colinas se inclinam e os elementos do mundo, num inefável gozo, executam
neste dia uma melodia sublime”
(PL 86, 118 – Liturgia Antiga)
“Deus em seu Filho que nasce, enobrece
toda a criação, fazendo-a divina… (St. Atanásio). Há, pois, um caráter filial e
fraternal em toda a criação. Em Cristo, somos irmãos de todas as coisas… o
mundo foi visitado definitivamente por Deus. A criação se alegra, canta e se
extasia com o Hóspede divino.
Demos,
neste dia santo, água às nossas flores. Tratemos bem nossos animais. Saudemos a
natureza de nossas janelas. Pisemos com cuidado o chão dos nossos caminhos para
não atropelarmos nenhuma vida. Todos somos cristificados. Somos irmãos. E o irmãos
se tratam com carinho e cortesia.
“Demo-nos
presentes porque Deus nos deu um presente sem preço: deu-se a si mesmo num
menino!”
São
Francisco queria, neste dia em que o Verbo se fez carne, que todos comessem
carne fartamente. Que se jogassem sementes pelas estradas para que as aves
tivessem com que comer. Que aqueles que possuíssem um asno e um boi lhes dessem
muita forragem. Porque na noite santa do Natal, a Virgem colocou seu gracioso
Menino entre o asno e o boi. Que todos se lembrassem de que somos irmãos uns
dos outros e que se presenteas-sem mutuamente.
“O Natal ensina que o homem chegou em Deus
porque Deus chegou primeiro ao homem. E Deus chegou ao homem porque
havia, feita por Deus mesmo, uma abertura infinita nele. Ele era um vazio à
espera de uma plenitude. Eis que com a encarnação de Deus a abertura se
plenificou e o vazio se saciou. Assim, o homem tornou-se Deus porque Deus se
tornou homem. É a encarnação! “Na realidade, o mistério do homem só se ilumina
verdadeiramente no mistério do verbo encarnado… Cristo manifesta plenamente o
homem ao próprio homem e lhe descobre a sua
altíssima vocação”(Gaudium
et Spes, 22).
“Sempre
haverá uma estrela no caminho de quem procura.
Importa
procurar…”
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O teu desejo é a tua oração
Meu coração grita e geme de dor (Sl 37,9). Há gemidos ocultos que não são ouvidos
pelos homens. Contudo, se o coração está possuído por tão ardente desejo que a
ferida interior do homem se manifesta em sons externos, procuramos a causa e
dizemos a nós mesmos: talvez ele tenha razão de gemer, e talvez lhe tenha
sucedido algo. Mas quem pode compreender esses gemidos, senão aquele a cujos
olhos e ouvidos eles se dirigem? Por isso diz: Meu coração grita e geme de dor. Porque os homens, se ouvem às
vezes os gemidos de um homem, ouvem freqüentemente os gemidos da carne; mas não
ouvem o que geme em seu coração.
E
quem seria capaz de compreender por que grita? Escuta o que diz: Diante de vós está todo o meu desejo (Sl
37,10). Não diante dos homens, que não podem ver o coração, mas diante de vós
está todo o meu desejo. Se, pois, o teu desejo está diante do Pai, ele que vê o
que está oculto, te recompensará.
Teu desejo é a tua oração; se o desejo é
contínuo, também a oração é contínua.
Não foi em vão que o Apóstolo disse: Orai
sem cessar (1Ts 5,17). Será preciso ter sempre os joelhos em terra, o corpo
prostrado, as mãos levantadas, para que ele nos diga: Orai sem cessar? Se é isto que chamamos orar, não creio que
possamos fazê-lo sem cessar.
Há
outra oração interior e contínua: é o desejo. Ainda que faças qualquer outra
coisa, se desejas aquele repouso do sábado eterno, não cessas de orar. Se não
queres cessar de orar, não cesses de desejar.
Se
teu desejo é contínuo, a tua voz é contínua. Ficarás calado, se deixares de
amar. Quais são os que se calaram? Aqueles de quem foi dito: A maldade se espalhará tanto, que o amor de
muitos esfriará (Mt 24,12).
O
arrefecimento da caridade é o silêncio do coração; o fervor da caridade é o
clamor do coração. Se tua caridade permanece sempre, clamas sempre; se clamas
sempre, desejas sempre; se desejas, tu te recordas do repouso eterno.
Diante de vós está todo o meu desejo. Se
o desejo está diante de Deus, o gemido não estará? Como poderia ser assim, se o
gemido é a expressão do desejo?
Por
isso o salmista continua: Meu gemido não
vos é oculto (Sl 37,10). Não é oculto para Deus, mas é oculto para a
multidão dos homens. Ouve-se por vezes um humilde servo de Deus dizer: Meu gemido não vos é oculto e vê-se
também esse servo sorrir. Será por que o desejo está morto em seu coração? Se o
desejo permanece, também permanece o gemido; este nem sempre chega aos ouvidos
dos homens, mas nunca está longe dos ouvidos de Deus.
Dos Comentários sobre os
Salmos, de Santo Agostinho, bispo
O que está por trás da festa do Natal
Frei Luiz Iakovacz
Quando
chega dezembro, todos, quase que automaticamente, nos ligamos ao Natal, a festa
mais esperada do ano. Com oferta de empregos temporários e o décimo terceiro
nas mãos, o comércio explora, exaustivamente, a compra de presentes; doam-se
Cestas de Natal; empresas e pastorais promovem encerramento das atividades com
‘amigo secreto’; a Ceia é recheada de comida-bebida e troca de presentes;
outros viajam para encontrarem familiares; e muito mais!
Nós,
cristãos, precisamos priorizar Jesus Cristo. Ele não é um acréscimo ao que foi
dito acima, mas a essência de tudo. Para isso, a Igreja oferece vários meios,
sendo que a Liturgia é o principal deles.
O profeta
Isaías anuncia que o Messias nascerá de uma donzela (Is 7,14) e que se chamará
“Príncipe da Paz” (Is 9,5); por isso, uma das realidades dos tempos messiânicos
é a harmonia entre os seres humanos e, estes, com a natureza (Is 11,6-9).
João Batista é a voz que grita, conclamando o
povo a uma verdadeira conversão, aplainando as montanhas da autossuficiência e
nivelando os buracos que causam a queda de tantos irmãos.
Ele quer
endireitar a vida dos que andam transviados em vista da vinda do Senhor (Lc
3,3-6). A pessoa de Maria, mãe e agraciada por Deus, nos lembra a ternura
feminina no lar e na sociedade.
Porém, é
oportuno dizer que o Natal de Jesus foi muito conflitivo.
Maria,
com seu “sim”, aceitou a maternidade, sendo virgem. Como explicá-la a José, seu
noivo, e à comunidade?! Quem iria acreditar que era obra do Espírito Santo (Lc
1,35)? Conforme o costume judaico, todo o adultério, seguido ou não de uma
gravidez, era passível de denúncia pública e até de apedrejamento. Se Deus
interveio junto a José para que acolhesse Maria e adotasse o filho, dando-lhe o
nome e a linhagem davídica (Mt 1,20-21), não podemos, também, desconsiderar a
postura de Maria que, com sua ternura e convicção em assumir as consequências
do seu “sim”, ajudou “acalmar” esta constrangedora situação.
Como não
pensar na inviabilidade de alguém, prestes a dar a luz, fazer uma viagem no
lombo de um burrinho de, aproximadamente 150 km , por causa do recenseamento? (Lc 2,1-7).
Que dizer de um nascimento numa gruta e do recém-nascido estar envolto em
“paninhos” (Lc 2,12), isto é, em extrema pobreza?
Como não
pensar na morte sanguinária e sumária das crianças de Belém por que o rei
Herodes temia perder o trono (Mt 2,16-18)? Como não pensar na fuga apressada
para o Egito (Mt 2,13-15)? Como não pensar na “tristeza interior” de José que,
ao voltar do Egito, tinha a intenção de morar em Belém, mas sabendo que o filho
de Herodes era tetrarca da região e, por isso, foi a Nazaré, fora da jurisdição
de Arquelau?”(Mt 2,1923)?
Pode ser
que essa conflituosa situação do nascimento de Jesus não tenha acontecido
“ipsis litteris”, isto é, assim como os Evangelhos nos relatam. Estes foram
escritos muitos anos depois e, talvez, sem provas consistentes.
Uma
coisa, porém, é certa: precisamos ter uma postura de insatisfação com o “natal
comercial” e com o “romântico presépio” de São Francisco. Quiçá, ele também
esteja inconformado. Somemo-nos a ele e a todos os que lutam por um Natal mais
cristão.
Símbolos natalinos
Presépio - Palavra hebraica que significa manjedoura,
estábulo.
Boi e jumento - Imagem presente nos escritos apócrifos. No
imaginário popular, estes animais representam o calor da criação que quer ver
vivo tudo o que nasce e deve viver.
Anjos cantores - Anunciam uma boa notícia: “Glória no mais alto dos
céus e paz na terra aos homens de boa vontade”. Mensageiros dos céus que
confirmam o nascimento do Filho de Deus. Os traços infantis dos anjos
representam, na tradição cristã do Natal, sinal de pureza
e inocência.
Estrela - Tem 4 pontas e 1 cauda luminosa. As 4 pontas
representam as 4 direções da terra: norte, sul, este e oeste, de onde vêm os
homens para adorar a grande luz que é o Filho de Deus. Lembra que Ele veio para
todos.
Os três Reis Magos - Receberam nomes populares: Baltazar (deformação
de Baal-Shur-Usur-Baal, que protege a vida do rei), Belquior e Gaspar. Eles
trazem ouro, incenso e mirra para o Menino Rei, Deus e Salvador. Significam três grandes dimensões do ser humano: espírito,
corpo e coração. No século XV, lhes são atribuídas etnias: Belquior (ou
Melchior) passa a ser da raça branca; Gaspar, amarelo, e Baltazar, negro, para
simbolizar o conjunto da humanidade que vê e conhece o Salvador.
Pinheiro de Natal - Da tradição medievais, de fundo
cristão, que reúne dois símbolos religiosos: a luz e a vida. Faziam alusão ao
Paraíso, representado plasticamente por uma árvore carregada de frutos.
Representa a fecundidade.
Bolas coloridas - Simbolizam os frutos, dons maravilhosos daquela
árvore viva que é Jesus. São as boas ações daqueles que vivem em Jesus e como
Jesus.
Velas - Na chama da vela estão presentes todas as forças
da natureza. Vela acesa é símbolo de individuação dos anos vividos. Tantas
velas, tantos anos. E um sopro pode apagá-las para que de novo possamos
reacendê-las no ano vindouro. Para os cristãos, as velas simbolizam a fé e o
amor consumido em favor da causa do Reino de Deus. Velas são como vidas
entregues para viver.
Sinos natalinos - As renas carregam sinos de anúncio e de convocação.
Os sinos simbolizam o respeito ao chamado divino e evocam, quando presos em
torres, tudo o que está suspenso entre o céu e a terra, e portanto, são o ponto
de comunicação entre ambos.
Cartões,
presentes e ceia de Natal - A ceia nos lembra o ato de Amor de Jesus. Lembra também nossa origem
judaica enquanto religião que celebra a fé em torno de uma mesa de família.
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Maternidade divina de Maria
Frei Clarêncio Neotti, OFM
O
primeiro dos quatro dogmas marianos é o da maternidade divina de Maria. Primeiro,
historicamente. Primeiro, como razão de todos os outros. O dogma que declara
verdade de fé que Maria é Mãe de Deus foi proclamado pelo Concílio de Éfeso, no
ano 431. Maria recebeu o nome de “Theotokos”, palavra grega que diz exatamente
“Mãe de Deus”, e foi julgado insuficiente o título de “Christotokos”, ou seja
“Mãe de Cristo”.
A
controvérsia era chefiada, de um lado, pelo Patriarca de Constantinopla,
Nestório, bispo famoso como orador sacro, como líder e organizador, como
conhecedor das Escrituras; por outro lado, o Patriarca de Alexandria, Cirilo,
também exímio pregador, teólogo refinado, excelente bispo. Ambos tinham
seguidores bispos, padres, leigos.
Nestório
ensinava que Maria era só mãe do Cristo-homem, porque lhe parecia absurdo uma
criatura ser mãe do criador. Cirilo contestava com veemência, afirmando que
não podia haver dois Cristos, um homem e outro Deus. E havendo um Cristo só,
embora com duas naturezas inseparáveis, Maria era mãe do Cristo-homem e mãe do
Cristo-Deus, portanto sua maternidade era tão divina quanto humana, ela era
verdadeiramente “Theotokos”, Mãe de Deus. O Concílio deu razão a Cirilo e
declarou herética a posição de Nestório que, humildemente, se retirou da vida
pública e voltou à vida que levava antes de ser bispo e patriarca, a vida de
monge.
Na carta encíclica “Fulgens Corona”, com que o
Papa Pio XII comemorou os cem anos do dogma da Imaculada Conceição,
vem lembrado que a maternidade divina de Maria constitui a mais alta missão, depois da que recebeu o Cristo, na face da
terra, e que esta missão exige a graça divina em toda a sua plenitude. Continua
o Papa: “Na verdade, desta sublime missão de Mãe de Deus nascem, como duma
misteriosa e limpidíssima fonte, todos os privilégios e graças, que adornam,
duma forma admirável e numa abundância extraordinária, a sua alma e a sua vida.
Por isso, com razão declara Santo Tomás de Aquino que a Bem-Aventurada Virgem
Maria, pelo fato de ser Mãe de Deus, recebe do bem infinito, que é Deus, uma
certa dignidade infinita” (n.10).
Embevecido
diante do mistério da maternidade divina de Maria, São Boaventura (+1274),
compôs um longo hino de louvor à maneira do Te Deum. Destaco alguns versos:”Os
coros dos anjos, com vozes incessantes, te proclamam: santa, santa, santa, ó
Maria, Mãe de Deus, mãe e virgem ao mesmo tempo! Os céus e a terra estão cheios
da majestade vitoriosa do Fruto do teu ventre! O glorioso coro dos apóstolos te
aclama Mãe do Criador! Celebram-te todos os profetas, porque deste à luz o
próprio Deus! A imensa assembléia dos santos mártires te glorifica como Mãe do
Cristo. A multidão triunfante dos confessores prostra-se diante de ti, porque
és o Templo da Trindade!”.
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