BOLETIM INFORMATIVO DE ABRIL DE 2015
"Era preciso que o Cristo padecesse"
Nas
leituras de hoje, encontramos alguns títulos do Cristo aos quais estamos pouco acostumados:
o Servo, o Santo e o Justo. Referem-se ao Servo Padecente do Dêutero-Isaías. Revelam um acontecimento importante no seio da
primitiva comunidade cristã: a releitura das Escrituras (A.T.) à luz
dos eventos da morte e ressurreição de Cristo. Tal releitura é, própriamente,
a obra do Espírito nos primeiros anos da jovem comunidade. Porém, Cristo
mesmo preside a esta obra, como nos mostra o evangelho de hoje
(a aparição aos Onze reunidos no cenáculo). Jesus lhes mostra o que “na Lei de
Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (as três partes das escrituras) está escrito
a respeito do Messias, especialmente, que ele deve sofrer e morrer e, no
terceiro dia, ressuscitar.
A comunidade dos primeiros
cristãos esforçou-se para reconhecer naquele que os judeus entregaram e mataram
(cf. At 3,13-14; 1ª leitura) aquele
que as Escrituras anunciaram. Tiveram que descobrir um fio escondido, que os
outros judeus (pois também eles eram judeus) não enxergaram: a figura do justo
oprimido, do servo sofredor, do messias humilde, do pequeno resto, do profeta
rejeitado… Enquanto o judaísmo em geral lia as Escrituras com os óculos de um
messianismo terrestre (geralmente nacionalista), os primeiros cristãos descobriram
na aniquilação e ressurreição de Cristo a atuação escatológica de Deus, a nova
criação, o início do Reino de Deus por meio de seu “executivo”, o Filho do
Homem (cf. Dn 7), que – acreditavam – voltaria em breve com a glória e o poder
do Céu. E este Filho do Homem era, exatamente, o messias desconhecido, presente
em textos que não descrevem o poderoso messias davídico, mas aquele que devia
sofrer e morrer.
Esse
trabalho da primitiva comunidade, iluminada pelo Espírito do ressuscitado, é um
exemplo para nós. Eles fizeram essa releitura para poder dizer aos judeus, em
categorias judaicas, que Jesus era, mesmo, o esperado, o dom de Deus, o sentido
pleno, a última palavra de nossa vida e de nossa história. Nós, hoje, devemos
anunciar a mesma mensagem utilizando as categorias de nosso tempo. Isso não é
simples, pois as categorias determinam em parte a percepção das coisas e,
portanto, também o conteúdo da mensagem. Devemos ler o “Antigo Testamento” de
nosso tempo, isto é, a linguagem em que nosso tempo exprime suas mais profundas
aspirações. Nem sempre é uma linguagem religiosa. Pode ser uma linguagem
política, “histórico-material” até! Como recuperá-la para dizer: “Jesus é o
Senhor”? Tarefa difícil, mas não impossível.
Nenhuma página do A.T. era
estritamente adequada para traduzir a mensagem das primeiras testemunhas de
Cristo, nem mesmo as páginas do Dêutero-lsaías (p.ex., o Servo de ls 53,12
aparece como recompensado, em sua vida, pela fama, a honra etc.; isso não se
aplica diretamente a Jesus). A mensagem transbordava das categorias. Isso
acontece também hoje, quando dizemos que em Jesus temos a “libertação”,
categoria socioeconômica da dialética materialista. Porém, a inadequação das
categorias não nos dispensa de usá-las para dizer aos
nossos contemporâneos,
numa linguagem que neles encontre ressonância, o que devemos testemunhar.
Exatamente para superar a limitação da linguagem e transmitir algo que é
“revelação”, algo que não está no poder de nossa palavra, age em nós, até hoje,
o Espírito, que, nos primeiros cristãos, completou o que Jesus havia iniciado
naquela tarde: a releitura das Escrituras.
A
história pós-pascal é uma história de meditação e interpretação do evento de
Jesus Cristo. Devemos continuar essa história. Mas ela é, também e sobretudo, a
história da encarnação de sua mensagem no amor fraterno, conforme o preceito de
Jesus (cf. 2ª leitura). Esta encarnação é, certamente, a melhor “tradução” da
mensagem pascal. No amor fraterno da comunidade cristã, o mundo enxerga o
Ressuscitado, o Cristo vivo.
Do livro “Liturgia Dominical”,
de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
Os franciscanos na Liturgia e na
Piedade popular (Parte I)
Cleiton Robsonn.
Um dos serviços providenciais
dos Minoritas foi estender uma ponte estreita entre a vida litúrgica
tradicional, encerrada nos mosteiros e colegiados, e as exigências religiosas
da nova sociedade que vinha se estruturando. A mobilidade e os novos rumos do
apostolado, junto com a intensidade dos estudos, não se ajustavam com as longas
horas diárias da liturgia laudatória desenvolvida pelo monaquismo. Não é, pois,
de estranhar que, usando a faculdade de que no século XIII gozava todo
instituto religioso de ordenar livremente sua vida litúrgica, os Franciscanos
fossem evoluindo para um culto mais abreviado e, ao mesmo tempo, mais próximo à
piedade individual.
Prosseguindo nesta
tendência de abreviar o tempo das horas canônicas, com a autorização de
Gregório IX, a Ordem promoveu para si uma primeira reforma, e uma segunda,
tempos mais tarde; consistiam, sobretudo, em abreviar as orações
extraordinárias, como o Ofício dos Defuntos e o Pequeno Ofício da Virgem;
o autor delas foi Frei Haymo de Faversham. Ainda assim, havia um setor da Ordem
que achava excessivamente longo e pesado o ofício diário e dessa queixa, São
Boaventura faz menção em um dos seus opúsculos; entretanto, os adversários de
fora acusavam os Franciscanos de revolucionar a liturgia eclesiástica. Nicolau
III (1277-1280) estendeu a todas as igrejas de Roma o Breviário Franciscano
reformado, que no decorrer do século XIV se estendeu a toda a Igreja latina.
Até na evolução do Missal
Romano, isto é, o que era usado pela Cúria Romana, também adotado
pela Ordem, influíram os Franciscanos. Frei Haymo fez uma nova relação
das rubricas da missa. É difícil determinar com precisão, até que
ponto foi obra dos Franciscanos o predomínio definitivo das rubricas e fórmulas
próprias da missa no século XIII, como as do ofertório e as que precedem a
comunhão: o que se constata é que várias das rubricas atuais aparecem pela
primeira vez nos decretos litúrgicos dos Capítulos Gerais da Ordem; isso sem
tomar em conta as seqüências e festas novas que dos códices franciscanos
passaram ao missal romano para toda a Igreja.
Da convivência extra-litúrgica
com os mistérios revelados por meio da meditação pessoal e do contato pastoral
com o povo cristão, para quem o ciclo litúrgico já dizia muito pouco,
originou-se uma notável mudança no calendário litúrgico: muitas das “devoções”
que se foram impondo sob a influência franciscana passaram à categoria de
solenidades. Cada decisão Capitular dos Franciscanos, neste ponto, deixou marca
imediata no ano eclesiástico.
Em 1260, inclui-se no
calendário franciscano a festa da Santíssima Trindade,
que já vinha sendo celebrada em algumas regiões; em 1334, João XXII a estendia
a toda a Igreja. Tiveram maior difusão, por obra dos filhos de São Francisco,
as festas e devoções relacionadas com a vida de nosso Senhor Jesus Cristo. A representação
plástica do “Nascimento” já
existia anteriormente, porém, os franciscanos deram-lhe grande impulso,
orientados por São Francisco desde a celebração em Greccio (1223).
O culto da Paixão
do Senhor foi o que
mais se destacou na piedade difundida pelo exemplo e pregação dos Franciscanos,
sobretudo, a prática da Via Crucis, que tanta
difusão alcançou. Em São Francisco o
amor à Paixão era inseparável da Sagrada Eucaristia, promovida ardentemente por
cartas e exortações.
No século XV, São Bernardino de
Sena tomou como bandeira de seu apostolado o Santíssimo Nome de Jesus.
Na piedade franciscana, a
humanidade de Cristo não podia deixar de estar ligada à Santíssima Virgem
Maria. Não falamos do entusiasmo com que se promoveu a devoção à Imaculada
Conceição, considerada desde o início do século XIV, como insígnia
e glória da Ordem. A festa da Visitação,
introduzida no calendário minorítico, estendeu-se a toda a Igreja, no século
XV. Aos Franciscanos deve-se a adição das palavras “Rogai por nós,
pecadores, agora e na hora da nossa morte”, na Ave-Maria. O toque dos sinos e a
oração do Angelus, que no início se faziam só para a “Oração da
Noite”, em memórias da Assunção e, depois, três vezes ao dia; deve-se a uma
iniciativa de Frei Bento de Arezzo (+1282), acolhida pelos Capítulos Gerais,
desde meados do século XIII. Um decreto do Beato João de Parma introduziu, em
1254, as antífonas finais da Virgem no ofício
divino, adotadas depois no breviário romano. Do mesmo modo que os
dominicanos, também os franciscanos tiveram (e ainda têm) seu Rosário,
chamado de “as sete alegrias da Virgem Maria”, grandemente
propagado por São Bernardino e São João de Capistrano.
Da feliz união entre a Liturgia e
religiosidade popular nasceram as “representações sagradas” – peças teatrais,
altos – das quais os grandes impulsores foram os Franciscanos. Costumavam estar
a cargo da Ordem terceira, hoje a OFS (Ordem Franciscana Secular).
Nos primeiros séculos franciscanos, a
atividade litúrgica foi significativamente ampla e eficaz. A opção feita por
São Francisco em sua Regra: “Os
clérigos façam o ofício divino segundo a forma da Santa Igreja Romana”,
levou a uma difusão sempre mais ampla dos livros litúrgicos romanos.
A fidelidade franciscana ao rito romano foi
tamanha que a Ordem foi responsável pela disseminação dos livros litúrgicos da
Sé de Roma entre os povos que ainda adotavam a liturgia galicana ou formas
particulares do rito romano. Sem a Ordem franciscana, dificilmente a Europa
adotaria em peso esse rito. Desse modo, diferentemente de outras Ordens(Carmelita, Cisterciense,
Cartuxa, Premonstratense, Dominicana etc), os franciscanos sempre utilizaram o
rito romano.
Ainda assim, particularidades
litúrgicas foram aprovadas
pelo Papa para os três ramos das Ordem primeira (OFM, OFMConv e OFMCap). Não se
tratava de um rito próprio, nem de uma variação do rito romano, mas de uma
adaptação simples ao espírito do franciscanismo.
Como dissemos, não é de
calendário que falamos aos nos referir às particularidades litúrgicas da Ordem,
e sim de costumes aprovados por Roma para serem
inseridos no Missal e no breviário, de tal sorte que seus livros
não são apenas romanos, mas verdadeiramente romano-seráficos.
Um dos costumes na Missa
franciscana é o uso do amito sobre a cabeça, no lugar
do barrete e celebrar a Missa de pés descalços ou de sandálias, mas
nunca com sapatos. Tal costume surgiu somente no século XX,
durante a segunda guerra mundial, em que os frades “disfarçaram-se” de Padres
Seculares para não serem mortos. Na Europa em geral - e depois em todo o mundo
- desde a Regra feita por São Francisco, “os
frades podem usar calçados, de acordo com os lugares e regiões frias”,
ou seja, apenas por questões de preservar a própria saúde física; mas em nenhum
lugar ao longo da história houve o costume do uso de sapatos para as
celebrações.
Outro costume, mas apenas da
Ordem dos Frades Menores Capuchinhos é a insersão, no Confiteor, do nome de São
Francisco, após os demais santos. Tal provisão foi dada pelo
Papa somente aos Capuchinhos, não aos frades da OFM nem aos Conventuais.
Ainda na OFMCap, usa-se, em sua
particularidade litúrgica do rito romano, o incenso em algumas Missas de certas
solenidades, mesmo que não seja uma Missa Solene nem uma Missa Cantada
(lembrando que, na forma clássica do rito romano, o incenso só era usado nelas,
nunca da Missa meramente rezada ou Missa baixa).
Continua no próximo
boletim
CURSO BÁSICO DO CARISMA MISSIONÁRIO FRANCISCANO (C.B.C.M.F.)
“Francisco
deitado sobre a terra nua, ali em Santa Maria dos Anjos em Porciúncula,
despojado do seu cilício, a mão esquerda sobre a chaga do lado direito para
ocultá-la, fixando com os olhos o céu como gostava de fazer e suspirando com
toda a alma à glória eterna... Disse aos irmãos: ‘Cumpri a minha missão: que
Cristo vos ensine a cumprir a vossa’”.
Este
breve texto tirado das Fontes Franciscanas (São Boaventura na sua Legenda Maior
14,3 e Tomás de Celano na sua Segunda Vida (Biografia) nº 214) é o resumo do
convite ao seguimento de Cristo, feito pelo nosso Pai Francisco.
Para
alertar às irmãs e irmãos de hoje, foi criado em 1982 o Curso Básico do Carisma
Missionário Franciscano. O que é carisma? CARISMA (em grego “charisma”)quer dizer uma dádiva, um
dom, um presente pessoal, uma marca ou uma VOCAÇÂO. Esta é a palavra chave dos
que se propuseram a fazer como aqueles que idealizaram o Curso e o reformularam
definitivamente em 1994.
Carisma,
no nosso contexto (uso) significa uma dádiva (dom) divina, que Francisco
recebeu para a sua comunidade, para cumprir uma tarefa específica na Igreja.
Em 1994, como disse acima,
em Assis, foi feita nova redação após profundas reflexões recolhidas e
comparadas. Uma equipe de língua alemã foi encarregada de redigir novo texto
elaborado.
No Brasil este curso foi
aplicado em várias regiões pela F.F.B. (Família Franciscana do Brasil) já a
partir de 1995. No Nordeste, Região II, aconteceu em 2003.
Na nossa Escola Permanente
de Formação no Rio de Janeiro, ele foi dado de forma resumida conforme as
possibilidades, de acordo com a Coordenação Regional de Formação da OFS.
Aqui, na nossa Fraternidade
do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis, passamos a aplicá-lo a partir do dia
15 de maio de 2012, sempre às 3ªs.feiras. Portanto, no mês de maio
próximo estaremos completando o 3º ano de implantação do Curso (CBCMF) aqui.
O CBCMF é composto de vinte
e cinco (25) fascículos ou lições. Nestes três anos já passamos por quinze (15)
e estamos atualmente no início da 16ª lição: “O Encontro com os Muçulmanos”.
Qual
a finalidade do CBCMF para a nossa Fraternidade?
No início foi preparar irmãs
e irmãos que quisessem melhorar sua formação para serem os futuros formadores e
darem assistência ao Conselho e à Fraternidade naquilo que diz respeito à vida
e Espiritualidade Franciscana. Para tal foi pedida a aprovação do Conselho e da
Irmã Ministra, bem como ao Padre Assistente e do Assistente Jurídico, o Irmão
Paulo Machado.
Após o Capítulo Eletivo de
2015, julgou-se por bem solicitar ao novo Conselho a aprovação da continuação
do curso (CBCMF). Esta solicitação e aprovação deu-se na reunião do novo e do
antigo Conselho em 21 de março de 2015, tal como consta no livro de Atas.
O que se quer mais? É
simplesmente passar à Fraternidade mensalmente uma pequena porção do CBCMF para
benefício de todos em breves e objetivos artigos.
Lembrem-se de que cada irmã
e irmão de estar sempre ligado à sua formação doméstica, isto é, em
casa: leitura DIÁRIA dos Evangelhos e das Cartas, da Regra, das
Constituições Gerais e as biografias de nosso Pai São Francisco, de Nossa Mãe
Clara e dos santos e santas franciscanas, bem como dos ensinamentos dos papas.
Paz e Bem!
A Formação.
Complete
a bênção:
O _________ te _________ e te
___________!
O Senhor te mostre a sua
___________ e se compadeça de ______!
O ___________ volva o seu rosto
para ti e te dê a ________!
O Senhor te _____________!
Em nome do ______ e do
___________ e do ______________________. Amém!
(Nm 6,24-26)
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