quinta-feira, 10 de novembro de 2016

ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE OUTUBRO DE 2016


Bem-aventurado Contardo Ferrini


Professor da Terceira Ordem (1859-1902). Beatificado por Pio XII no dia 13 de abril de 1947.

Contardo Ferrini, chamado "astro de santidade e de ciência", nasceu em Milão, no norte da Itália, a 5 de abril de 1859. Contardo Ferrini tinha extrema inteligência. Filho de Rinaldo e Luiza, ambos, desde cedo, cuidaram para o integral desenvolvimento de sua potencialidade. Seu pai, um professor e engenheiro, incutiu-lhe o desejo de buscar o conhecimento nas fontes verdadeiras e uni-lo à fé. Esta última parte sempre foi muito desprezada pela maioria dos intelectuais. Porém Contardo foi um dos juristas mais apreciados e um dos grandes romancistas do seu tempo. Um grande professor e intelectual, mas muito diferente e especial também. O
que o tornava realmente destacado era sua dedicação religiosa, num tempo em que a Igreja atravessava profunda crise de fé e enfrentava grande oposição. Já era assim quando nasceu, no dia 5 de abril de 1859, em Milão, Itália. E continuaria sendo nas décadas seguintes.
No plano intelectual, foi brilhante. Com dezessete anos, já havia estudado hebraico, siríaco, sânscrito, copta e iniciava o curso de Direito na Universidade de Pávia. Especializou-se em direito romano e para isso, além de estudar latim, grego e alemão, paralelamente aprendeu espanhol, inglês e francês. Laureado em 1880, como prêmio a universidade deu-lhe uma bolsa de estudos, o que proporcionou-lhe a oportunidade de estudar na Universidade de Berlim. Com vinte e quatro anos, já lecionava direito criminal e direito romano, viajando pelo exterior e realizando conferências e palestras.
No plano espiritual, foi exemplar. Mesmo depois de aguentar e sofrer com as gozações dos companheiros de universidade por causa da religiosidade, foi crescendo na fé. Fez voto de castidade em 1881, e assistia à missa diariamente. Humilde, seu amor aos mais pobres o fez participar das obras da Sociedade de São Vicente de Paulo. Simples, seu amor à natureza - praticava alpinismo - o fez tornar-se terciário franciscano em 1886. Juntando os dois planos, foi um homem completo, amigo, solidário, lutador das causas contra o divórcio, dos excessos de materialismo e em defesa da infância abandonada. Especialmente, quando foi eleito conselheiro municipal de Milão. Vivia para os estudos, as aulas, a igreja e as orações solitárias em casa, mas estava sempre à disposição de todos os que o procuravam para pedir ajuda, conselhos e orientações pessoais.
Nas férias, sempre viajava para Suna, uma região montanhosa destinada à pratica do alpinismo. Lá, conheceu um religioso apreciador e praticante desse esporte, Achille Ratti, mais tarde Pio XI, promotor de sua beatificação. Foi lá que contraiu a doença que o levou à morte em 17 de outubro de 1902, o tifo.
Deixou um legado literário importante: os escritos jurídicos de Ferrini resultam nos cinco volumes conhecidos como "Obras de Contardo Ferrini", os estudos espirituais chamados de "Escritos religiosos de Contardo Ferrini" e "A vida".
O papa Pio XII beatifieou-o em 1947. No mesmo ano, o bem-aventurado Contardo Ferrini foi proclamado patrono da Faculdade Paulista de Direito, da Pontifícia Universidade Católica, e a Sala de Reuniões da mesma homenageia o seu nome. A celebração litúrgica em sua memória ocorre no dia de sua morte.
Tinha apenas quarenta e três anos de idade quando, aos 17 de outubro de 1902, descansou na paz do Senhor.

                         Fonte: "Santos Franciscanos para cada dia", Ed. Porziuncola.

A Misericórdia na história e na vida 
dos frades Capuchinhos

São Francisco antes da sua conversão tinha uma repulsa de estar perto dos leprosos, no entanto a providência divina levou o pobrezinho de Assis a ter uma experiência de conversão justamente entre aqueles que ele mais desprezava, os leprosos. Interessante observarmos que o santo de Assis não fala que teve misericórdia e sim que fez
misericórdia, ele não teve pena dos leprosos. Fazer misericórdia aqui significa que São Francisco amou aqueles leprosos, pois para ele, naqueles pobres miseráveis que estavam excluídos do convívio social por motivo de sua enfermidade, o seráfico pai viu a figura de Cristo chagado, pobre e desprezado. Para nós franciscanos a misericórdia não é apenas olhar a miséria em que o irmão se encontra e começar a condená-lo, apontando o dedo no rosto do outro e dizendo que ele está errado, mais sim estar do lado da pessoa caída e resgatar a sua dignidade de irmão e principalmente de filho de Deus, que é amado pelo Pai.
Mais especificamente queremos refletir a misericórdia na espiritualidade capuchinha. Os frades capuchinhos desde os primeiros momentos da reforma sempre tiveram como meio de apostolado e também parte essencial do carisma, o perdão e a misericórdia. Podemos observar isto nos escritos dos primeiros anos da reforma capuchinha, como um texto das constituições da Albacina que foram as primeiras da Ordem: "Recordem-se também de que nosso pai São Francisco costumava dizer que, se quisermos levantar alguém que tivesse caído, precisamos agir por piedade, como fez Cristo, piedosíssimo Salvador, quando lhe foi apresentada a adúltera, e não estar com rígida justiça e crueldade sobre o pecador. E mais: Cristo, Filho de Deus, para salvar-nos, desceu do céu sobre a cruz e aos pecadores humilhados mostrou toda doçura possível. Pensem também que, se Deus devesse julgar-nos com justiça rígida, poucos ou nenhum se salvaria [...] como dizia o pai São Francisco, todos nós faríamos muito pior se Deus não nos preservasse com sua graça". (Fontes Capuchinhas do Primeiro Século 332).
Nossos frades sempre levaram isso sempre muito a sério, pois como se sentiam pecadores e necessitados da graça divina, como uma vez falaram de São Leopoldo Mandic tinham "as mangas largas", ou seja, eram muito indulgentes e generosos em dar o perdão.
Esta liberalidade no perdão também foi atestada pela história, desde os primeiros frades até hoje os capuchinhos sempre foram os grandes confessores da Igreja. Aqui podemos recordar algumas figuras que nos atestam essa "fama" no bom sentido da palavra. Em primeiro lugar o que mais lembramos é de São Pio de Pietrelcina, o frade sacerdote italiano que teve em seu corpo os estigmas do Senhor. São Pio se destacou muito como confessor, a tal ponto que ele ficava até 16 horas dentro do confessionário a cada dia, atendendo centenas de pecadores que vinham para se confessar. E como São Pio foi um santo quase contemporâneo a nós, temos a graça de ter muitas coisas sobre ele escrita, e podemos ler o testemunho de Katharina Tangari descreveu como era se confessar ao Padre Pio:
"... Padre Pio primeiramente questiona quanto tempo se passou desde nossa última confissão. Esta primeira pergunta estabelece um contato entre Padre Pio e o penitente; de repente parece que Padre Pio sabe tudo sobre nós. Se nossas forem pouco claras e inexatas, ele as corrige; temos a sensação de que... seu olho pode ver nossa alma como verdadeiramente ela é ante Deus".
Outro santo que podemos destacar foi São Leopoldo Mandic. Este tinha no coração o desejo de ser missionário no oriente entre os ortodoxos para reconduzi-los ao seio da Santa Igreja, entretanto como tinha uma saúde muito frágil os superiores não o permitiram partir em missão. Todavia ele para não trair este chamado divino, se ofereceu pelos orientais no confessionário.
O confessionário foi o principal instrumento para a realização de tal oferecimento. Nele permanecia todos os dias mais de dez horas, às vezes doze, atendendo almas às quais consolava, orientava e ministrava o Sacramento da Reconciliação. Jamais deixou de mostrar-se solícito com quem o procurava, mesmo quando se tratava de pessoas impertinentes ou quando o horário já era tardio. O pequeno espaço de sua cela-confessionário transformou-se para ele num verdadeiro campo de batalha. Dizia com frequência: "Devo fazer tudo só para o bem das almas, tudo, tudo mesmo! Quero e devo morrer lutando". Poderíamos destacar também outros frades capuchinhos, Frei Damião de Bozano, missionário do nordeste, entre outros frades que nós mesmos conhecemos e damos testemunho que foram insignes confessores. Estamos no ano santo da Misericórdia, e o papa Francisco escolheu como ícones da Misericórdia Divina justamente esses dois frades que foram citados aqui; São Pio de Pietrelcina e São Leopoldo Mandic, homens que viveram a Misericórdia do Senhor no seu tempo principalmente através do sacramento da penitência e da direção espiritual. Os corpos destes dois santos foram levados a Roma para serem venerados na Basílica de São Pedro. Na oportunidade o papa celebrou uma missa com a presença de cerca de 4.000 frades capuchinhos.
Durante a homilia o papa Francisco deu seu testemunho durante a sua homilia dizendo que tinha em Buenos Aires um frade capuchinho amigo seu que foi enviado aos 70 anos a um santuário para confessar. Aquele homem, disse o papa, "tinha uma fila de pessoas: sacerdotes, fiéis, ricos e pobres... Ele era um grande 'perdoador', sempre achava o jeito de perdoar ou pelo menos deixar aquela alma em paz com um abraço". E continua o papa: "Uma vez eu o encontrei e ele me disse: eu acho que peco porque perdoo muito. Sempre encontro  um jeito de perdoar". "E o que você faz?", perguntou o então cardeal Bergoglio. "Eu vou à capela, diante do tabernáculo, e digo: 'me perdoa, Senhor, acho que hoje eu perdoei demais. Mas, Senhor, foste tu que me deste o 'mau' exemplo!".
O papa reconhece e confirma a tradição dos capuchinhos falando aos frades reunidos na Basílica de São Pedro: "A sua tradição capuchinha é uma tradição de perdão". Ouvir isso de um papa, para nós capuchinhos é uma enorme alegria, pois é como a confirmação da nossa identidade e carisma apostólico por parte da Igreja. O capuchinho se destaca ao perdoar porque também ele se reconhece pecador, e se coloca de mãos vazias diante de Deus reconhecendo a grandeza de Deus que se fez homem para nos salvar, e o frade olha para si e no seu interior diz: O que fiz para merecer tanto amor assim? E é isso que os capuchinhos querem ser para o mundo sinais da Misericórdia.

A sabedoria de Deus

                                                         Publicado por Rui Apoliano | 21/05/2016 - 00:01

Vivemos cercados de mistérios. A vida é um mistério. O amor é um mistério. O sofrimento é um mistério. A morte e um mistério. O que virá após esse mundo em que vivemos também é um mistério. E o mistério não é algo incompreensível. É algo que vai se revelando aos poucos a partir dos conhecimentos adquiridos. Quanto mais aprofundar nesses conhecimentos tanto mais irá descobrindo riquezas intelectuais e, ao mesmo tempo, irá se convencendo do tão pouco que conhece e sabe a respeito dessas maravilhas. Somente a sabedoria poderá penetrar o mistério. Essa sabedoria não necessariamente será adquirida com o passar dos anos ou com os
conhecimentos somados em nossa mente. A sabedoria é fruto da reflexão exercitada no dia a dia da vida. Não tem idade. Tem intensidade. Pessoas jovens podem possuir mais sabedoria do que os de idade avançada. Ela se forma na análise da realidade, no jeito de se posicionar frente a essa realidade e o sentido que lhe for atribuído.
A sabedoria não é fruto de pesquisas. Ela é fruto do amor que se dedica àquilo que se descobriu e se cultiva como valor. A sabedoria é o prazer que sente e alimenta quem encontrou um tesouro. Vai e vende tudo o que possui para adquirir esse tesouro e zelar por ele.
A sabedoria possui características humanas e divinas. É humana por abrir horizontes novos, valores encantadores, pensamentos conscientes e sonhos maravilhosos. A pessoa sábia é humilde e simples, alegre e contente por se deliciar desse mundo fantástico de crenças e de credos. Existe também a sabedoria divina. É a sabedoria que nos ensina que o Pai é quem ama, o Filho é o amado e o Espírito é o amor. E o amor tende a transbordar em generosidade, em compaixão e em misericórdia. E é esse amor de Deus que muitos buscam entender. E, como não conseguem, preferem se isolar em suas crenças ou em suas indiferenças. Sabemos, porém, que a sabedoria de Deus não contem nada de estranho. Ela se revela nas criaturas e nos fenômenos mais simples da natureza. A beleza e o perfume de uma flor, o encanto de uma paisagem a melodia sonora de um canto de pássaro, o amanhecer sempre novo de cada dia. Tudo revela a sabedoria de Deus.
Não haverá a necessidade de desvendar todos os mistérios de Deus. É bom procurar descobrir algumas de suas riquezas e encantos. O melhor, porém, será perceber sua presença e sua graça nos gestos e nos sentimentos em cultivar valores e sonhos. A sabedoria de Deus se revela no gesto da mãe acariciando e amamentando seu filho. Essa sabedoria se revela na delicadeza do pai ou da mãe ao sentar com seu filho, ou sua filha e buscar uma luz para iluminar as dúvidas e as angustias que possam envolver uma decisão. Essa sabedoria se revela no momento em que o casal se recolhe para trocar ideias, elaborar planos buscando a luz divina para esclarecer dúvidas e acertar pontos de vista.
A sabedoria de Deus está no coração e na mente de quem acredita na possibilidade de superar dúvidas, elaborar projetos, rever atitudes e construir caminhos de esperança.



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