BOLETIM
INFORMATIVO DE ABRIL DE 2013
Da Primeira Apologia a favor dos cristãos, de São
Justino, mártir
(Cap.66-67: PG 6,427-431)
(Séc.I)
A celebração da Eucaristia
A ninguém é permitido participar da Eucaristia, a não ser àquele que,
admitindo como
verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo batismo
para a remissão dos
pecados e a regeneração, leve uma vida como Cristo ensinou.
Pois não é pão ou vinho comum o que recebemos. Com efeito, do
mesmo modo como Jesus
Cristo, nosso salvador, se fez homem pela Palavra de Deus e assumiu a
carne e o sangue para a
nossa salvação, também nos foi ensinado que o alimento sobre o qual foi
pronunciada a ação de
graças com as mesmas palavras de Cristo e, depois de transformado, nutre
nossa carne e nosso
sangue, é a própria carne e o sangue de Jesus que se encarnou.
Os apóstolos, em suas memórias que chamamos evangelhos, nos
transmitiram a recomendação
que Jesus lhes fizera. Tendo ele tomado o pão e dado graças,
disse: Fazei isto em memória de
mim. Isto é o meu corpo (Lc 22,19; Mc 14,22); e tomando
igualmente o cálice e dando graças,
disse: Este é o meu sangue (Mc 14,24), e os deu somente
a eles. Desde então, nunca mais
deixamos de recordar estas coisas entre nós. Como que possuímos,
socorremos a todos os
necessitados e estamos sempre unidos uns aos outros. E por todas as
coisas com que nos
alimentamos, bendizemos o Criador do universo, por seu Filho Jesus
Cristo e pelo Espírito
Santo.
No chamado dia do Sol, reúnem-se em um mesmo lugar todos os que
moram nas cidades ou
nos campos. Lêem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos
profetas, na medida em que
o tempo permite.
Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para
aconselhar e exortar os presentes à
imitação de tão sublimes ensinamentos.
Depois, levantamo-nos todos juntos e elevamos as nossas preces;
como já dissemos acima, ao
acabarmos de rezar, apresentam-se pão, vinho e água.Então o que preside
eleva ao céu, com
todo o seu fervor, preces e ações de graças, e o povo aclama: Amém. Em
seguida, faz-se entre
os presentes a distribuição e a partilha dos alimentos que foram
eucaristizados, que são também
enviados aos ausentes por meio dos diáconos.
Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que
se recolhe é colocado à
disposição do que preside. Este socorre os órfãos, as viúvas e os que,
por doença ou qualquer
outro motivo se acham em dificuldade, bem como os prisioneiros e os
hóspedes que chegam de
viagem; numa palavra, ele assume o encargo de todos os necessitados.
Reunimo-nos todos no dia do Sol, não só porque foi o primeiro dia em que
Deus,
transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque
neste mesmo dia Jesus
Cristo, nosso salvador, ressuscitou dos mortos. Crucificaram-no na
véspera do dia de Saturno; e
no dia seguinte a este, ou seja, no dia do Sol,aparecendo aos seus
apóstolos e discípulos,
ensinou-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno de
consideração.
Libertos da Tibieza
Em
alguns períodos da nossa vida, podemos detectar em nós alguns dos sintomas da
tibieza: a frieza, a apatia, o desânimo, a insatisfação com Deus e conosco
mesmo, a falta de estímulos para a oração diária, e até mesmo a falta de forças
para decidir por algo ou desistir de alguma coisa. Se sofremos deste mal, há
esperança para nós e o remédio é infalível: precisamos de um novo, belo e santo
Pentecostes!
É
preciso, em primeiro lugar, tomar consciência da nossa condição de necessitados
de uma renovação constante do Espírito Santo em nossa vida. O clamor constante
e a abertura necessária à ação da graça farão de nós homens e mulheres
fervorosos, capacitados pelo Espírito a transbordar no mundo o amor infinito de
Deus.
Uma
alma tíbia é uma alma morna, fraca, preguiçosa, desanimada e sem fervor. Esta
“doença” traz sérias conseqüências, não só à nossa vida espiritual, mas a todas
as realidades da nossa existência. Ela é conseqüência do pecado e desenvolve-se
com facilidade nas almas que não são muito amigas das renúncias, sacrifícios e
orações. Mas pouco adianta dizer, simplesmente, que é preciso aplicar à doença
da tibieza o remédio do fervor. Seria como dizer a um doente que o remédio para
ele é a saúde, ignorando que este é o seu problema: a falta de saúde.
O
único remédio contra a tibieza é o Espírito Santo, porque não existe verdadeiro
fervor se não for inflamado pelo fogo do Espírito. O pecado endurece o coração
e torna a pessoa indiferente a Deus. O Espírito nos aponta as raízes do pecado,
fortalece-nos para a batalha, fecunda em nós os seus dons, purifica-nos, aquece
e inflama o nosso ser.
O
Espírito Santo não se contenta em purificar-nos do pecado, mas prolonga a sua
ação em nós até nos fazer “fervorosos no Espírito”. Comporta-se em nós como o
fogo quando se apega à lenha úmida: primeiro a expurga, arrancando-lhe com
barulho todas as impurezas, depois a inflama progressivamente, até que se torne
toda incandescente e ela mesma se transforme em fogo. Ele, que faz novas todas
as coisas, quer fazer fervorosos os homens tíbios.
Concretamente,
isto quer dizer que o Espírito Santo nos preserva de cair na tibieza, e se por
acaso já nos encontrarmos neste estado, livra-nos dela. É impossível sair da
tibieza sem uma intervenção decisiva do Espírito; se tentarmos fazê-lo
mergulharemos ainda mais no pecado do orgulho.
Olhemos
para os apóstolos antes de Pentecostes: eram tíbios, incapazes de vigiar uma
hora, discutiam sempre sobre quem seria o maior, ficavam espantados diante de
qualquer ameaça. Depois que o Espírito veio sobre eles como línguas de fogo,
tornaram-se a imagem viva do zelo, do fervor e da coragem. Fervorosos no
pregar, no louvar a Deus, no fundar e organizar as Igrejas e, enfim, no
sacrificar a vida por Cristo.
Cirilo
de Jerusalém escreve: “Os apóstolos receberam o fogo que queima os espinhos dos
pecados e dá esplendor à alma”, e um escritor medieval escreve: “O Paráclito
que, em línguas de fogo, desceu sobre os apóstolos e os discípulos, desce
também sobre nós como fogo: para queimar e destruir a culpa, para purificar a
natureza, para consolidar e aperfeiçoar a graça, para expulsar a preguiça de
nossa tibieza e acender em nós o fervor do seu amor” (Hermann de Runa, Sermões
Festivos, 31).
Muitos
santos passaram por um longo período de tibieza, mas nenhum deles foi santo sem
ter sido encharcado, queimado, transformado pelo poder e ação viva do Espírito
Santo.
“Passei
nesse mar tempestuoso quase vinte anos, ora caindo ora levantando. Mas
levantava-me mal, pois tornava a cair. Tinha tão pouca perfeição que, por assim
dizer, nenhuma conta fazia de pecados veniais. Se temia os mortais não era a
ponto de me afastar dos perigos. Sei dizer que é uma das vidas mais penosas que
se possa imaginar. Nem me alegrava em Deus, nem achava felicidade no mundo. Em
meio aos contentamentos mundanos, a lembrança do que devia a Deus me
atormentava. Quando estava com Deus, perturbavam-me as afeições do mundo”
(Santa Teresa de Jesus, Vida, 8,2).
Quando
invocamos o Espírito, clamamos: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos
vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”, e ainda: “Aquece o que está
frio”. Às vezes este clamor também é frio, porque fria é a nossa esperança. Em
Ezequiel 37 temos outra imagem clara de um povo tíbio: “nossos ossos estão
secos, nossa esperança está morta”, mas é a poderosa ação do Espírito Santo que
faz estes ossos secos retornarem à vida.
Com
o auxílio da graça, portanto, é possível sair da tibieza e passarmos da
condição de frios e temerosos a fervorosos no Espírito!
Consagrada na Comunidade de Vida Shalom
Josefa
Alves
Bibliografia consultada:
Cantalamessa, Raniero. O canto do Espírito. São Paulo: Vozes, 1998.
FRASES DO PAPA
A vida do Bom Pastor
Hoje seria
possível fazer uma meditação sobre a oração do dia:
“Que o rebanho na sua fragilidade alcance a fonte donde provém a
força de seu Pastor”. De fato, na 2ª leitura (Ap), encontramos
novamente a imagem do Cordeiro que conduz o rebanho (cf. dom. pass.),
agora, porém, com a conotação de “Pastor”. Esta combinação de idéias
não causa surpresa dentro do gênero literário do Ap! Vimos, domingo passado,
que a imagem do Cordeiro implica em solidariedade com o rebanho, solidariedade
que o leva a tornar-se vítima expiatória e/ou pascal. A mesma solidariedade
aparece no texto de hoje, na visão da multidão dos eleitos, que se tornaram
solidários com o Cordeiro imolado, por sua fidelidade na perseguição. A
solidariedade com o Cordeiro, no sangue do martírio, lava-os, toma-os
imaculados como ele. E, por seu lado, o Cordeiro, tal um pastor que apascenta
suas ovelhas, as conduz à fonte das águas, a fonte de consolação: Deus, que
enxugará toda lágrima de seus olhos.
O evangelho
medita praticamente a mesma idéia, embora Jesus aí apareça somente como Pastor
e não (também) como Cordeiro. Na primeira e na segunda parte da alegoria do Bom
Pastor (cf. 4º dom. pascal A e B), aprendemos que o Bom Pastor “dá vida
em abundância” (10,10) e, soberanamente, dá “sua vida” pelas ovelhas (Jo
10,11-18). Já sabemos que se trata da vida divina. Hoje aparece o mistério de
onde provém este dom: a união de Cristo com o Pai. Somos conduzidos à fonte da
água da vida (cf. Ap 7,17), Deus mesmo (Jo 10,27-30). Na atual composição do 4º
evangelho, este trecho é separado dos anteriores por um novo cenário, a
festa da Dedicação do Templo (Jo 10,22; a parte anterior situava-se na
seqüência da festa dos Tabernáculos, iniciada em Jo 7). Este novo cenário
indica um crescendo na impaciência dos judeus com relação ao messianismo de
Jesus: “Se tu és o Cristo, dize-nos abertamente” (10,24). Esta provocação
suscita uma afirmação mais clara da unidade de Jesus e o Pai, a ponto de
provocar uma acusação da blasfêmia e uma tentativa de apedrejamento (10,31).
Contudo, o ser Messias de Jesus consiste, exatamente, em conduzir-nos à
contemplação do Pai dele (14,9). Ele nos dá uma vida que ninguém nos pode
tirar, porque ele é um com o Pai. Se o seguirmos, estaremos na mão de Deus. Se
nos solidarizarmos com ele – e esta é a “lição” de hoje – alcançaremos a fonte
donde ele tira sua força, sua inabalável vida divina. Somos convidados, hoje, a
seguir o Cordeiro aonde ele for, solidários com ele na morte e na vida: então
participaremos da vida da qual ele mesmo vive, a vida de Deus. Devemos
deixar-nos guiar por um Pastor que dá sua vida por nós, pois esta vida não é
sua, mas a de Deus. Ora, em que consiste esta “condução”? “Quem quiser ser meu
discípulo, assuma sua cruz e siga-me … Quem perder sua vida, há de realizá-la …
Onde eu estiver, ali estará também meu servo … ” (10 12,23ss; Mc 8,34ss).
Palavras paradoxais, que significam: a fonte da vida e da força de Jesus é o
Deus-amor, o Deus da doação da vida. Quem está bem instalado na sua igrejinha
não gosta de ouvir tal mensagem. Esquiva-se, chamando-a de romantismo. Ou, se a
gente insiste, diz que é desordem e subversão … Assim aconteceu com Paulo e
Barnabé, quando foram pregar para os judeus de Antioquia da Pisídia (na
Turquia). O resultado foi muito bom para os pagãos, pois rejeitados pelos
judeus, Paulo e Barnabé se dirigiram a eles (1ª leitura). Não falta atualidade
a esta história. No momento em que a Igreja latino-americana toma consciência
da inviabilidade de uma cristandade cúmplice de injustiça institucionalizada,
os senhores dessa cristandade rejeitam e até matam agentes de pastoral, padres,
bispos … mas o povo, que era considerado incapaz de um cristianismo “decente”,
recebe com ânimo o convite de se constituir em comunidade de Cristo.
Do
livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
Oração pelo Capítulo Regional em Pentecostes
OFS do Brasil - Região
Sudeste 2 (RJ/ES)
"Senhor Jesus, a messe é grande,
mas os operários são poucos. Rogamos-te, pois que envieis operários para a
messe. Então Senhor ao ouvir teu apelo nos colocamos ao teu dispor e dizemos:
EIS-ME AQUI SENHOR. Queremos ser como nosso seráfico Pai São Francisco que lhe
perguntou: Senhor que queres que eu faça? E tu nos respondes: junte-se a outros
homens de boa vontade e construam um mundo mais fraterno; junte-se a outros
homens de boa vontade e pelo seu testemunho tomem iniciativas corajosas na
promoção da justiça; junte-se a outros homens de boa vontade e comprometam-se
com opções concretas e coerentes com sua fé e assumam sua profissão.
Trabalhando, participem na criação e na redenção da comunidade humana. Por isso
Senhor, pra responder ao teu apelo de amor, ajude-nos a sermos portadores de
paz lembrando que ela deve ser construída incessantemente. Ajude-nos Senhor, a
sermos mensageiros da perfeita alegria, para que saibamos ter a humildade de
ver que pouco ou nada fizemos e que portanto é necessário começar tudo de novo.
Que Maria Santíssima, a Medianeira de todas as Graças, estrela da evangelização
nos ajude a chegar as águas mais profundas da santidade e da missão e lancemos
nossas redes para melhor servir o nosso Regional. Amém!"
José Renato Vargas, OFS
Fraternidade São Sebastião
Tijuca, Rio de Janeiro - RJ
Seguindo com a nossa preparação para o Capitulo Eletivo Regional
que será rea-lizado nos dias 17, 18 e 19 de MAIO, du-rante a festividade de
PENTECOSTES, publicamos a ORAÇÃO DO CAPÍTULO ELETIVO REGIONAL, que deverá ser
reproduzida e entregue a todos os irmãos de nossas fraternidades para que possam participar ativamente, com suas
orações diárias, deste momento singular
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