terça-feira, 22 de julho de 2014

ARAUTO DO GRANDE REI

BOLETIM INFORMATIVO DE JULHO DE 2014

Nós, filhos de Deus, permaneçamos na paz de Deus

Cristo acrescentou claramente uma lei que nos obriga a determinada condição: que peçamos a remissão das dívidas, se nós mesmos perdoar-mos aos nossos devedores, sabendo que não podemos alcançar o perdão pedido a não ser que façamos o mesmo em relação aos que nos ofendem. Por esta razão, diz em outro lugar: Com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos. E aquele servo que, perdoado de toda a dívida por seu senhor, mas não quis perdoar o companheiro, foi lançado ao cárcere. Por não ter querido ser indulgente com o companheiro, perdeu a indulgência com que fora tratado por seu senhor.
Cristo propõe o perdão com preceito mais forte e censura ainda mais vigorosa: Quando fordes orar, perdoai se tendes algo contra outro, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe os pecados. Se, porém, não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, não vos perdoará os pecados. Não te restará a menor desculpa no dia do juízo, quando serás julgado de acordo com tua própria sentença e o que tiveres feito, o mesmo sofrerás.
Deus ordenou que sejamos pacíficos, concordes e unânimes em sua casa. Mandou que sejamos tais como nos tornou pelo segundo nascimento; assim também ele nos quer renascidos e perseverantes. Deste modo nós, filhos de Deus, permaneçamos na paz de Deus e os que possuem um só Espírito tenham uma só alma e um só coração.
 Deus não aceita o sacrifício do que vive em discórdia e ordena deixar o altar e ir primeiro reconciliar-se com o irmão, para que, com preces pacíficas, possa Deus ser aplacado. Maior serviço para Deus é a nossa paz e concórdia fraterna e o povo que foi feito uno pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Nos sacrifícios que Abel e Caim foram os primeiros a oferecer, Deus não olhava os dons, mas os corações, de forma que lhe agradava pelo dom aquele que lhe agradava pelo coração. Abel, pacífico e justo, sacrificando com inocência a Deus, ensinou os outros a depositar seus dons no altar com temor de Deus, simplicidade de coração, empenho de justiça e de concórdia. Aquele que assim procedeu no sacrifício de Deus tornou-se merecidamente sacrifício para Deus. Sendo o primeiro a dar a conhecer o martírio, iniciou pela glória de seu sangue a paixão do Senhor, por ter mantido a justiça e a paz do Senhor. Esses serão, no fim, coroados pelo Senhor; esses, no dia do juízo, triunfarão com o Senhor.
Quanto aos discordantes, aos dissidentes, aos que não mantêm a paz com os irmãos, mesmo que sejam mortos pelo nome de Cristo, não poderão, conforme o testemunho do santo Apóstolo e da Sagrada Escritura, escapar do crime de desunião fraterna, pois está escrito: Quem odeia seu irmão é homicida. Não chega ao reino dos céus nem vive com Deus um homicida. Não pode estar com Cristo quem preferiu a imitação de Judas à de Cristo.
Do Tratado sobre a Oração do Senhor, de São Cipriano, bispo e mártir

História da Unificação da OFS do Brasil  
1955/1972
Especial para O Arauto do Grande Rei, da Fraternidade de Petrópolis,RJ
VII-2
Entre os anos de 1966 e 1968
Significativos acontecimentos para a OFS do Brasil - l
Continuação

Primeiro Encontro dos Superiores dos ramos masculinos da Família Franciscana no Brasil, em 1968

Logo em seguida ao encerramento da 8ª Assembléia Geral da Conferência dos Religiosos do Brasil, reunida em São Paulo, realizou-se em Ipanema, Rio de Janeiro,GB, nos dias 27 e 28 de julho de 1968, por iniciativa do Secretariado do CEFEPAL, esse primeiro Encontro dos responsáveis de todas as Obediências pela Família Franciscana no Brasil. (Cf. “Paz e Bem”, nos V e VI, set.-dez. 1968, págs. 173-179).
Estavam presentes, a convite do CEFEPAL, Madres Superioras da Terceira Ordem Regular e os três Presidentes Obedienciais da Ordem Terceira Secular.
Além dos relatórios sobre a “Situação da Família Franciscana Masculina no Brasil”, foi apresentado e discutido, preliminarmente, um anteprojeto de “Declaração de vida da Família Franciscana no Brasil”, a ser reexaminado, inclusive pelos franciscanos seculares, para possível votação em julho de 1969. (Cf. PAZ E BEM 1968, set.-dez., págs. 153-161).
À noite do primeiro dia, coube aos Ministros ou Presidentes Nacionais da OFS apresentarem seus relatórios sobre a “Situação da Ordem Terceira Secular no Brasil”. Falou, primeiro, o Dr. Celso Alves de Araujo pelos Terceiros dos Capuchinhos. Depois, pelos Terceiros da Obediência dos Franciscanos Menores, falei eu, que isto escrevo. O Sr. José Luiz Coelho falou, a seguir, pelos Terceiros dos Conventuais.
O Dr. Celso não apresentou relatório. Agradeceu o apoio dado pelos Frades Capuchinhos, que se esforçam para que seus Terceiros se unam e se conscientizem de sua vocação e missão na Igreja. Leu, ainda, trechos de Mensagem, que havia dirigido aos Superiores Capuchinhos, reunidos em Salvador,BA, no início do ano. Foi aplaudido.
Em continuação, pelos Terceiros dos Menores, apresentei o relatório mimeografado, que foi distribuído aos presentes. Declarei-me, então, sumamente contente e agradecido porque, pela primeira vez, os Franciscanos Seculares eram admitidos neste Encontro na condição e na igualdade de irmãos.
Passando ao relatório, de início, argumentou-se e se concluiu pela defesa da atualidade e da eficácia permanentes da Ordem Terceira de São Francisco, tanto agora, como foi no século de sua fundação. Isto, porque a Ordem Terceira encerra uma fórmula evangélica, válida e atual para a renovação da vida cristã. Ela não é uma instituição envelhecida e ultrapassada. Ao contrário, está em perfeita sintonia com a Igreja do Concílio Vaticano II. Por isso mesmo, nossas Fraternidades, para serem fiéis à sua vocação, terão que renovar-se, transformar-se, trocando o isolacionismo, em que vivem, por um fraternismo aberto e universal, conscientes de que a autêntica vivência cristã e franciscana se traduz no espírito de serviço ao próximo, a todos os homens, nossos irmãos. Insiste-se, por isso, que o grau de renovação e de atualização da Ordem Terceira, no Brasil e no mundo, vai depender, e muito, de cada Terceiro, de cada Fraternidade e de cada Padre Assistente.
O relatório, a seguir, passou a enumerar pontos negativos e positivos existentes em nossas Fraternidades. Importava conhecê-los para serem corrigidos ou aperfeiçoados.
Eis os pontos NEGATIVOS apontados:
a) – a tríplice ignorância de muitos irmãos (doutrinária ou religiosa, eclesial e vocacional), o que é grave e urgente a se superar;
b) – a idade avançada dos irmãos (70% têm mais de 50 (cinqüenta) anos);
c) – a rotina na realização da reunião mensal das Fraternidades;
d) – o isolamento em que vivem as Fraternidades, fechadas em si mesmas;
e) – a falta de líderes e de uma organização leiga devido à nossa dependência dos Diretores da Ordem Primeira (governo externo);
f) – assistência deficienteinsuficiente aos Terceiros, dada pela Ordem Primeira.
Agora, já se está fazendo um esforço para superar esses pontos negativos, ou ao menos, reduzir sua influência negativa.
Passemos aos pontos considerados POSITIVOS. Ei-los:
a) – a realização de dois Congressos Nacionais Terciários Interobedienciais, tendo o último, o de Caxias do Sul, longa preparação nas Fraternidades;
b) – a doutrinação, a formação espiritual e as informações, preparadas por Frei Mateus e outros, são regularmente divulgadas pelo Boletim “PAZ E BEM”, que já atinge quase todas as Fraternidades das três Obediências;
c) – o amiudar-se de contatos e encontros entre Fraternidades e Obediências;
d) – o agora animador interesse da Ordem Primeira pela Ordem Terceira Secular;
e) – o início da descoberta pelas Religiosas Franciscanas de que os irmãos e irmãs da Ordem Terceira Secular também são membros da Família e precisam de seu interesse, ajuda e estímulo;
f) – a crescente preocupação de numerosos Terceiros de se atualizarem de acordo com a Igreja do Vaticano II, como demonstraram, no ano passado, ao enviarem sugestões para o anteprojeto de reformulação da Regra da OFS;
g) – a compreensão da importância da coleta de dados e informações sobre a OTSF e os Terceiros, como se está começando a fazer.
Ao concluir esta parte, aproveitei para insistir na esperança de se poder ver, em breve, no Brasil, uma OFS unida e de acordo com o Concílio Vaticano II.
Em continuação, foi apresentada uma série de votos ou propostas aos Superiores da Ordem Primeira para que eles dessem uma resposta. Eis os tais votos:
a) – que a Ordem Primeira, como determinam suas novas Constituições Gerais, se interesse, de fato, pela Ordem Terceira Secular e por sua promoção;
b) – que ela apoie e incentive seus Assistentes a se empenharem na renovação e atualização das Fraternidades da Ordem Terceira Secular;
c) – que as Religiosas Franciscanas, espalhadas pelo Brasil, sobretudo onde não há Frades, sejam preparadas para organizarem e ampararem Fraternidades Seculares;
d) – que todos nos ajudem a que, dentre de muito breve, a OFS do Brasil, pura e simplesmente, seja uma ÚNICA FAMÍLIA de Franciscanos Seculares;
e) – que a OFS seja representada e integrada na organização do CEFEPAL;
f) – que o CEFEPAL organize um primeiro curso intensivo de formação para Mestres de Noviços e outro para Dirigentes Terciários Seculares;
g) – que se estabeleça, autorizado pelos Superiores da Ordem Primeira, o Secretariado Nacional da OFS, em base interobediencial; inicialmente, como órgão coordenador nacional e, em breve, como órgão executivo do Discretório Nacional a-obediencial;
h) – que, logo que possível, a organização assistencial às Fraternidades não fique dependente, exclusivamente, da Obediência, que erigiu a Fraternidade;
i) – que a organização das Fraternidades Nacional e Regionais possa ser a-obediencial.
O fato de cópias desse relatório terem sido distribuídas aos participantes permitiu que o relatório servisse de base para os debates, em plenário, sobre as propostas ou votos, que haviam sido formulados. Aliás, os debates foram bem acalorados, estendendo-se até as 22:30 horas, sem estarem concluídos.
Antes desse debate, falou o Presidente Nacional dos Terceiros dos Conventuais, Sr. José Luiz Coelho, que teceu breves comentários, concordando com o relatório, pouco antes apresentado.
A OFS foi considerada tema de grande importância e interesse para a renovação e atualização de toda a Família Franciscana. Por isso, na reabertura dos trabalhos, no domingo, 28, pela manhã, a primeira hora foi dedicada ainda à Ordem Terceira Secular. Também as conclusões sobre os votos, depois de sério debate, deixaram claro total reconhecimento dado à OFS pela Família Franciscana. As conclusões revelam o pensamento predominante favorável entre os Superiores da Ordem Primeira, quanto à OFS.
O voto relativo à unificação dos Franciscanos Seculares, sem distinção de Obediências, foi objeto de ampla divergência.
Também exigiu esclarecimentos, mas obteve aprovação, o voto sobre a participação da Ordem Franciscana Secular no CEFEPAL.
Igualmente a proposta para a oficialização de um Secretariado Nacional Interobediencial, em bases leigas, com a assistência da Ordem Primeira, propiciou muita discussão. Não obstante, deu origem a uma importante resolução, derivada de uma intervenção de Frei Jaime,OFMCap, de Brasília, a qual foi tomada pela unanimidade dos Superiores presentes.
Por essa resolução, foi, então, criada, por um ano, “ad experimentum”, a Conferência dos Terciários Seculares Franciscanos do Brasil (depois, mudado o nome para Conselho Nacional Interobediencial). Inicialmente, foi constituída pelos Superiores uma diretoria composta pelos Presidentes Nacionais Obedienciais e pelos Assistentes Nacionais de cada Obediência e por mais um perito (Sacerdote) para cada Obediência. Determinaram ainda que devia reunir-se, em princípios de setembro próximo, em Santo André,SP, aprovar um anteprojeto de Estatuto, a ser, em julho de 1969, submetido aos Superiores. Organizados, começariam a funcionar, de imediato.
Isto, porém, é objeto de outro tópico, relativo ao Conselho Nacional Interobediencial.
Antes, no entanto, é preciso mencionar o IIIº Congresso Mundial para o Apostolado dos Leigos, de 1967.
Esse primeiro Encontro dos Superiores Maiores masculinos, em Ipanema, em 1968, foi importantíssimo para o relacionamento da OFS com a Ordem Primeira, o CEFEPAL e as Religiosas Franciscanas. Sobretudo, porém,  porque preparou e acelerou, mediante o Conselho Nacional Interobe-diencial, a realização da unificação da OFS do Brasil.
                                                                      
Paulo Machado da Costa e Silva, OFS Petrópolis RJ
Continua no próximo boletim. T

Bem-aventurada Angelina de Montegiove, Religiosa e Fundadora

Angelina de Marsciano ou de Corbara fundou na Itália a Congregação das Irmãs Terceiras Franciscanas Regulares.
Nasceu em Montegiove, na Úmbria, perto de Orvieto, em 1377. O pai, Tiago, era senhor de Marsciano. A mãe, Ana, da família dos condes  de Corbara, morreu em 1447.
A adolescente foi levada pelo pai a casar-se com o conde de Civitella, senhor dos Abruzos. Angelina preferia manter-se unicamente unida a Cristo, mas teve de ceder à vontade paterna.
Todavia, depressa ficou viúva, aos 17 anos. Desde então, voltou aos seus queridos projetos de vida inteiramente para Deus.
Entrou na Ordem Terceira Franciscana e levou, como quem a rodeava, vida austera e caridosa, ao mesmo tempo retirada do mundo e com o empenho de aliviar os pobres. A ela se juntaram jovens da nobreza. Foi acusada de sedução, de encantamento: a feiticeira tinha tal magia para arrastar a juventude! Foi pedido ao rei de Nápoles, Ladislau, para castigar a herege: degradava o matrimônio! Ladislau expulsou-a do reino.
Foi para Assis. Aí, em santa Maria dos Anjos, à luz de Deus, Angelina compreendeu a sua missão: fundar um mosteiro de terceiras claustradas. Em 1397, foi ele erguido em Foligno, dedicado a Santa Ana. O exemplo foi imitado em outras cidades. Angelina foi superiora geral de tais mosteiros. Morreu com 58 anos, em 1435.
Em 1492, seu corpo foi encontrado incorrupto. Colocada em uma preciosa urna foi colocada em frente ao túmulo da famosa mística franciscana Beata Ângela de Foligno.

ORAÇÃO
 Ó Deus, que chamastes a Bem-aventurada Angelina a procurar com todas as forças o reino do céu no caminho da perfeita caridade, concedei também a nós, que confiamos em sua intercessão, a graça de progredir com alegria cristã no caminho do vosso amor. Por nosso senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: “Santos franciscanos para cada dia”, edizioni Porziuncola


TEMOR DE DEUS

 Queridos irmãos e irmãs, bom dia,
O dom do temor de Deus, do qual falamos hoje, conclui a série dos sete dons do Espírito Santo. Não significa ter medo de Deus: sabemos bem que Deus é Pai e que nos ama e quer a nossa salvação e sempre perdoa, sempre; por isso não há motivo para ter medo Dele! O temor de Deus, em vez disso, é o dom do Espírito que nos recorda quanto somos pequenos diante de Deus e do seu amor e que o nosso bem está em nos abandonarmos com humildade, com respeito e confiança em suas mãos. Este é o temor de Deus: o abandono na bondade do nosso Pai que nos quer tanto bem.
1. Quando o Espírito Santo faz morada em nosso coração, infunde em nós consolo e paz e nos leva a nos sentirmos assim como somos, isso é, pequenos, com aquela atitude – tão recomendada por Jesus no Evangelho – de quem coloca todas as suas preocupações e as suas expectativas em Deus e se sente envolvido e apoiado pelo seu calor e pela sua proteção, justamente como uma criança com o seu pai! O Espírito Santo faz isso nos nossos corações: nos faz sentir como crianças nos braços do nosso pai. Nesse sentido, então, compreendemos bem como o temor de Deus vem assumir em nós a forma da docilidade, do reconhecimento e do louvor, enchendo o nosso coração de esperança. Tantas vezes, de fato, não conseguimos acolher o desígnio de Deus e percebemos que não somos capazes de assegurarmos por nós mesmos a felicidade e a vida eterna. É justamente na experiência dos nossos limites e da nossa pobreza, porém, que o Espírito nos conforta e nos faz perceber como a única coisa importante é deixar-nos conduzir por Jesus entre os braços do seu Pai.
2. Eis porque temos tanta necessidade deste dom do Espírito Santo. O temor de Deus nos faz tomar consciência de que tudo vem da graça e que a nossa verdadeira força está unicamente em seguir o Senhor Jesus e em deixar que o Pai possa derramar sobre nós a sua bondade e a sua misericórdia. Abrir o coração para que a bondade e a misericórdia de Deus venham até nós. O Espírito Santo faz isso com o dom do temor de Deus: abre os corações. Coração aberto a fim de que o perdão, a misericórdia, a bondade, os carinhos do Pai venham a nós, para que nós sejamos filhos infinitamente amados.
2. Quando somos permeados pelo temor de Deus então somos levados a seguir o Senhor com humildade, docilidade e obediência. Isto, porém, não com atitude de resignação, passiva, mesmo lamentosa, mas com o estupor e a alegria de um filho que se reconhece servido e amado pelo Pai. O temor de Deus, então, não faz de nós cristãos tímidos, acomodados, mas gera em nós coragem e força! É um dom que faz de nos cristãos convictos, entusiasmados, que não ficam submetidos ao Senhor por medo, mas porque são comovidos e conquistados pelo seu amor! Ser conquistado pelo amor de Deus! E isto é uma coisa bela. Deixar-se conquistar por este amor de pai, que nos ama tanto, ama-nos com todo o seu coração.
Mas, estejamos atentos, porque o dom de Deus, o dom do temor de Deus é também um “alarme” diante da persistência no pecado. Quando uma pessoa vive no mal, quando blasfema contra Deus, quando explora os outros, quando lhes tiraniza, quando vive somente para o dinheiro, para a vaidade, o poder ou o orgulho, então o santo temor de Deus nos coloca um alerta: atenção! Com todo este poder, como todo este dinheiro, com todo o teu orgulho, com toda a tua vaidade, não serás feliz. Ninguém pode levar consigo para o outro lado nem o dinheiro nem o poder, nem a vaidade nem o orgulho. Nada! Podemos levar somente o amor que Deus Pai nos dá, os carinhos de Deus, aceitos e recebidos por nós com amor. E podemos levar aquilo que fizemos pelos outros. Atenção para não colocar a esperança no dinheiro, no orgulho, no poder, na vaidade, porque tudo isso não pode nos prometer nada de bom! Penso, por exemplo, nas pessoas que têm responsabilidade sobre os outros e se deixam corromper; vocês pensam que uma pessoa corrupta será feliz do outro lado? Não, todo o fruto da sua corrupção corrompeu o seu coração e será difícil ir para o Senhor. Penso naqueles que vivem do tráfico de pessoas e do trabalho escravo; vocês pensam que esta gente que trafica as pessoas, que explora as pessoas com o trabalho escravo tem no coração o amor de Deus? Não, não têm o temor de Deus e não são felizes. Não são. Penso naqueles que fabricam armas para fomentar guerras; mas pensem que profissão é esta. Estou certo de que se faço agora a pergunta: quantos de vocês são fabricantes de armas? Ninguém, ninguém. Estes fabricantes de armas não vem ouvir a Palavra de Deus! Estes fabricam a morte, são mercantes de morte e fazem mercadoria de morte. Que o temor de Deus faça com que eles compreendam que um dia tudo termina e que deverão prestar contas a Deus.
Queridos amigos, o Salmo 34 nos faz rezar assim: “Este miserável clamou e o Senhor o ouviu, de todas as angústias o livrou. O anjo do Senhor acampa em redor dos que o temem e os salva” (vv. 7-8). Peçamos ao Senhor a graça de unir a nossa voz àquela dos pobres, para acolher o dom do temor de Deus e poder nos reconhecermos, junto a eles, revestidos da misericórdia e do amor de Deus, que é o nosso Pai, o nosso Pai. Assim seja.
Papa Francisco
Vaticano, 11 de junho


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