BOLETIM
INFORMATIVO DE JULHO DE 2014
Nós, filhos de Deus, permaneçamos na paz de Deus
Cristo acrescentou claramente uma lei que nos obriga a determinada
condição: que peçamos a remissão das dívidas, se nós mesmos perdoar-mos aos nossos
devedores, sabendo que não podemos alcançar o perdão pedido a não ser que façamos o
mesmo em relação aos que nos ofendem. Por esta razão, diz em outro lugar:
Com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos. E aquele servo que,
perdoado de toda a dívida por seu senhor, mas não quis perdoar o companheiro,
foi lançado ao cárcere. Por não ter querido ser indulgente com o companheiro,
perdeu a indulgência com que fora tratado por seu senhor.
Cristo propõe o perdão com preceito mais forte e censura ainda mais
vigorosa: Quando fordes orar, perdoai se tendes algo contra outro, para
que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe os pecados. Se, porém, não
perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, não vos perdoará os
pecados. Não te restará a menor desculpa no dia do juízo, quando serás
julgado de acordo com tua própria sentença e o que tiveres feito, o mesmo sofrerás.
Deus ordenou que sejamos pacíficos, concordes e unânimes em sua
casa. Mandou que sejamos tais como nos tornou pelo segundo nascimento;
assim também ele nos quer renascidos e perseverantes. Deste modo nós, filhos de
Deus, permaneçamos na paz de Deus e os que possuem um só Espírito tenham uma só
alma e um só coração.
Deus não aceita o sacrifício do que vive em discórdia e ordena
deixar o altar e ir primeiro reconciliar-se com o irmão, para que, com preces pacíficas,
possa Deus ser aplacado. Maior serviço para Deus é a nossa paz e concórdia fraterna e o
povo que foi feito uno pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Nos sacrifícios que Abel e Caim foram os primeiros a oferecer, Deus não
olhava os dons, mas os corações, de forma que lhe agradava pelo dom aquele que lhe
agradava pelo coração. Abel, pacífico e justo, sacrificando com inocência a Deus,
ensinou os outros a depositar seus dons no altar com temor de Deus, simplicidade de
coração, empenho de justiça e de concórdia. Aquele que assim procedeu no
sacrifício de Deus tornou-se merecidamente sacrifício para Deus. Sendo o primeiro a dar a
conhecer o martírio, iniciou pela glória de seu sangue a paixão do Senhor, por ter
mantido a justiça e a paz do Senhor. Esses serão, no fim, coroados pelo Senhor;
esses, no dia do juízo, triunfarão com o Senhor.
Quanto aos discordantes, aos dissidentes, aos que não mantêm a paz com
os irmãos, mesmo que sejam mortos pelo nome de Cristo, não poderão, conforme o
testemunho do santo Apóstolo e da Sagrada Escritura, escapar do crime de
desunião fraterna, pois está escrito: Quem odeia seu irmão é homicida.
Não chega ao reino dos céus nem vive com Deus um homicida. Não pode estar com
Cristo quem preferiu a imitação de Judas à de Cristo.
Do
Tratado sobre a Oração do Senhor, de São Cipriano, bispo e mártir
História da Unificação da OFS do Brasil
1955/1972
Especial para O Arauto do
Grande Rei, da Fraternidade de Petrópolis,RJ
VII-2
Entre os anos de 1966 e
1968
Significativos
acontecimentos para a OFS do Brasil - l
Continuação
Primeiro
Encontro dos Superiores dos ramos masculinos da Família Franciscana no Brasil,
em 1968
Logo em seguida ao encerramento da 8ª
Assembléia Geral da Conferência dos Religiosos do Brasil, reunida em São Paulo , realizou-se em Ipanema, Rio de
Janeiro,GB, nos dias 27 e 28 de julho de 1968, por iniciativa do Secretariado
do CEFEPAL, esse primeiro Encontro dos responsáveis de todas as Obediências
pela Família Franciscana no Brasil. (Cf. “Paz e Bem”, nos V e
VI, set.-dez. 1968, págs. 173-179).
Estavam presentes, a convite do CEFEPAL,
Madres Superioras da Terceira Ordem Regular e os três Presidentes Obedienciais
da Ordem Terceira Secular.
Além dos relatórios sobre a “Situação da
Família Franciscana Masculina no Brasil”, foi apresentado e discutido,
preliminarmente, um anteprojeto de “Declaração de vida da Família
Franciscana no Brasil”, a ser reexaminado, inclusive pelos franciscanos
seculares, para possível votação em julho de 1969. (Cf. PAZ E BEM 1968,
set.-dez., págs. 153-161).
À noite do primeiro dia, coube aos Ministros
ou Presidentes Nacionais da OFS apresentarem seus relatórios sobre a “Situação
da Ordem Terceira Secular no Brasil”. Falou, primeiro, o Dr. Celso Alves de
Araujo pelos Terceiros dos Capuchinhos. Depois, pelos Terceiros da Obediência
dos Franciscanos Menores, falei eu, que isto escrevo. O Sr. José Luiz Coelho
falou, a seguir, pelos Terceiros dos Conventuais.
O Dr. Celso não apresentou relatório. Agradeceu
o apoio dado pelos Frades Capuchinhos, que se esforçam para que seus Terceiros
se unam e se conscientizem de sua vocação e missão na Igreja. Leu, ainda,
trechos de Mensagem, que havia dirigido aos Superiores Capuchinhos, reunidos em Salvador,BA, no início do ano. Foi aplaudido.
Em continuação, pelos Terceiros dos Menores,
apresentei o relatório mimeografado, que foi distribuído aos presentes.
Declarei-me, então, sumamente contente e agradecido porque, pela primeira vez,
os Franciscanos Seculares eram admitidos neste Encontro na condição e na
igualdade de irmãos.
Passando ao relatório, de início,
argumentou-se e se concluiu pela defesa da atualidade e da eficácia permanentes
da Ordem Terceira de São Francisco, tanto agora, como foi no século de sua
fundação. Isto, porque a Ordem Terceira encerra uma fórmula evangélica,
válida e atual para a renovação da vida cristã. Ela não é uma instituição
envelhecida e ultrapassada. Ao contrário, está em perfeita sintonia com a
Igreja do Concílio Vaticano II. Por isso mesmo, nossas Fraternidades, para
serem fiéis à sua vocação, terão que renovar-se, transformar-se, trocando o
isolacionismo, em que vivem, por um fraternismo aberto e universal, conscientes
de que a autêntica vivência cristã e franciscana se traduz no espírito de
serviço ao próximo, a todos os homens, nossos irmãos. Insiste-se, por isso, que
o grau de renovação e de atualização da Ordem Terceira, no Brasil e no mundo,
vai depender, e muito, de cada Terceiro, de cada Fraternidade e de cada Padre
Assistente.
O relatório, a seguir, passou a enumerar pontos
negativos e positivos existentes em nossas
Fraternidades. Importava conhecê-los para serem corrigidos ou
aperfeiçoados.
Eis os pontos NEGATIVOS apontados:
a) – a tríplice ignorância de muitos
irmãos (doutrinária ou religiosa, eclesial e vocacional), o que é grave e
urgente a se superar;
b) – a idade avançada dos irmãos (70%
têm mais de 50 (cinqüenta) anos);
c) – a rotina na realização da reunião
mensal das Fraternidades;
d) – o isolamento em que vivem as
Fraternidades, fechadas em si mesmas;
e) – a falta de líderes e de uma organização
leiga devido à nossa dependência dos Diretores da Ordem Primeira (governo
externo);
f) – assistência deficiente e insuficiente aos
Terceiros, dada pela Ordem Primeira.
Agora, já se está fazendo um esforço para
superar esses pontos negativos, ou ao menos, reduzir sua influência negativa.
Passemos aos pontos considerados POSITIVOS.
Ei-los:
a) – a realização de dois Congressos
Nacionais Terciários Interobedienciais, tendo o último, o de Caxias do Sul,
longa preparação nas Fraternidades;
b) – a doutrinação, a formação espiritual
e as informações, preparadas por Frei Mateus e outros, são regularmente
divulgadas pelo Boletim “PAZ E BEM”, que já atinge quase todas as Fraternidades
das três Obediências;
c) – o amiudar-se de contatos e encontros
entre Fraternidades e Obediências;
d) – o agora animador interesse da
Ordem Primeira pela Ordem Terceira Secular;
e) – o início da descoberta pelas
Religiosas Franciscanas de que os irmãos e irmãs da Ordem Terceira Secular também
são membros da Família e precisam de seu interesse, ajuda e estímulo;
f) – a crescente preocupação de
numerosos Terceiros de se atualizarem de acordo com a Igreja do Vaticano
II, como demonstraram, no ano passado, ao enviarem sugestões para o anteprojeto
de reformulação da Regra da OFS;
g)
– a compreensão da importância da coleta de dados e informações sobre a
OTSF e os Terceiros, como se está começando a fazer.
Ao
concluir esta parte, aproveitei para insistir na esperança de se poder ver, em
breve, no Brasil, uma OFS unida e de acordo com o Concílio Vaticano II.
Em
continuação, foi apresentada uma série de votos ou propostas aos Superiores da
Ordem Primeira para que eles dessem uma resposta. Eis os tais votos:
a)
– que a Ordem Primeira, como determinam suas novas Constituições Gerais,
se interesse, de fato, pela Ordem Terceira Secular e por
sua promoção;
b) – que ela apoie e incentive seus Assistentes
a se empenharem na renovação e atualização das Fraternidades da Ordem Terceira
Secular;
c)
– que as Religiosas Franciscanas, espalhadas pelo Brasil,
sobretudo onde não há Frades, sejam preparadas para organizarem e ampararem
Fraternidades Seculares;
d)
– que todos nos ajudem a que, dentre de muito breve, a OFS do Brasil, pura e
simplesmente, seja uma ÚNICA FAMÍLIA de Franciscanos Seculares;
e)
– que a OFS seja representada e integrada na organização do
CEFEPAL;
f)
– que o CEFEPAL organize um primeiro curso intensivo de formação
para Mestres de Noviços e outro para Dirigentes Terciários Seculares;
g)
– que se estabeleça, autorizado pelos Superiores da Ordem Primeira, o Secretariado
Nacional da OFS, em base interobediencial; inicialmente, como órgão
coordenador nacional e, em breve, como órgão executivo do Discretório
Nacional a-obediencial;
h)
– que, logo que possível, a organização assistencial às Fraternidades
não fique dependente, exclusivamente, da Obediência, que erigiu a Fraternidade;
i)
– que a organização das Fraternidades Nacional e Regionais possa ser a-obediencial.
O fato de cópias desse relatório terem sido
distribuídas aos participantes permitiu que o relatório servisse de base para
os debates, em plenário, sobre as propostas ou votos, que haviam sido
formulados. Aliás, os debates foram bem acalorados, estendendo-se até as 22:30
horas, sem estarem concluídos.
Antes desse debate, falou o Presidente
Nacional dos Terceiros dos Conventuais, Sr. José Luiz Coelho, que teceu breves
comentários, concordando com o relatório, pouco antes apresentado.
A OFS foi considerada tema de grande
importância e interesse para a renovação e atualização de toda a Família
Franciscana. Por isso, na reabertura dos trabalhos, no domingo, 28, pela manhã,
a primeira hora foi dedicada ainda à Ordem Terceira Secular. Também as
conclusões sobre os votos, depois de sério debate, deixaram claro total
reconhecimento dado à OFS pela Família Franciscana. As conclusões revelam o
pensamento
predominante
favorável entre os Superiores da Ordem Primeira, quanto à OFS.
O voto relativo à unificação dos Franciscanos
Seculares, sem distinção de Obediências, foi objeto de ampla divergência.
Também exigiu esclarecimentos, mas obteve
aprovação, o voto sobre a participação da Ordem Franciscana Secular no CEFEPAL.
Igualmente a proposta para a oficialização de
um Secretariado Nacional Interobediencial, em bases leigas, com a assistência
da Ordem Primeira, propiciou muita discussão. Não obstante, deu origem a uma importante
resolução, derivada de uma intervenção de Frei Jaime,OFMCap, de Brasília, a
qual foi tomada pela unanimidade dos Superiores presentes.
Por
essa resolução, foi, então, criada, por um ano, “ad experimentum”, a Conferência
dos Terciários Seculares Franciscanos do Brasil (depois, mudado o nome para
Conselho Nacional Interobediencial). Inicialmente, foi constituída pelos
Superiores uma diretoria composta pelos Presidentes Nacionais Obedienciais e
pelos Assistentes Nacionais de cada Obediência e por mais um perito (Sacerdote)
para cada Obediência. Determinaram ainda que devia reunir-se, em princípios de
setembro próximo, em Santo André ,SP, aprovar um anteprojeto de
Estatuto, a ser, em julho de 1969, submetido aos Superiores. Organizados,
começariam a funcionar, de imediato.
Isto,
porém, é objeto de outro tópico, relativo ao Conselho Nacional
Interobediencial.
Antes,
no entanto, é preciso mencionar o IIIº Congresso Mundial para o Apostolado
dos Leigos, de 1967.
Esse
primeiro Encontro dos Superiores Maiores masculinos, em Ipanema, em 1968, foi
importantíssimo para o relacionamento da OFS com a Ordem Primeira, o CEFEPAL e
as Religiosas Franciscanas. Sobretudo, porém,
porque preparou e acelerou, mediante o Conselho Nacional
Interobe-diencial, a realização da unificação da OFS do Brasil.
Paulo Machado da Costa e Silva, OFS
Petrópolis RJ
Continua no próximo boletim. T
Bem-aventurada Angelina de Montegiove, Religiosa e Fundadora
Angelina
de Marsciano ou de Corbara fundou na Itália a Congregação das Irmãs Terceiras
Franciscanas Regulares.
Nasceu em Montegiove, na Úmbria, perto de
Orvieto, em 1377. O pai, Tiago, era senhor de Marsciano. A mãe, Ana, da família
dos condes de
Corbara, morreu em 1447.
A
adolescente foi levada pelo pai a casar-se com o conde de Civitella, senhor dos
Abruzos. Angelina preferia manter-se unicamente unida a Cristo, mas teve de
ceder à vontade paterna.
Todavia,
depressa ficou viúva, aos 17 anos. Desde então, voltou aos seus queridos
projetos de vida inteiramente para Deus.
Entrou
na Ordem Terceira Franciscana e levou, como quem a
rodeava, vida austera e caridosa, ao mesmo tempo retirada do mundo e com o
empenho de aliviar os pobres. A ela se juntaram jovens da nobreza. Foi acusada
de sedução, de encantamento: a feiticeira tinha tal magia para arrastar a
juventude! Foi pedido ao rei de Nápoles, Ladislau, para castigar a herege:
degradava o matrimônio! Ladislau expulsou-a do reino.
Foi
para Assis. Aí, em santa
Maria dos Anjos, à luz de Deus, Angelina compreendeu a sua
missão: fundar um mosteiro de terceiras claustradas. Em 1397, foi ele erguido
em Foligno, dedicado a Santa Ana. O exemplo foi imitado em outras cidades. Angelina
foi superiora geral de tais mosteiros. Morreu com 58 anos, em 1435.
Em
1492, seu corpo foi encontrado incorrupto. Colocada em uma preciosa urna foi
colocada em frente ao túmulo da famosa mística franciscana Beata Ângela de
Foligno.
ORAÇÃO
Ó Deus, que chamastes a Bem-aventurada
Angelina a procurar com todas as forças o reino do céu no caminho da perfeita
caridade, concedei também a nós, que confiamos em sua intercessão, a graça de
progredir com alegria cristã no caminho do vosso amor. Por nosso senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: “Santos franciscanos para cada dia”, edizioni Porziuncola
TEMOR DE DEUS
Queridos
irmãos e irmãs, bom dia,
O dom do temor de Deus, do qual falamos hoje,
conclui a série dos sete dons do Espírito Santo. Não significa ter medo de
Deus: sabemos bem que Deus é Pai e que nos ama e quer a nossa salvação e sempre
perdoa, sempre; por isso não há motivo para ter medo Dele! O temor de Deus, em
vez disso, é o dom do Espírito que nos recorda quanto somos
pequenos diante de Deus e do seu amor e que o nosso bem está em nos
abandonarmos com humildade, com respeito e confiança em suas mãos. Este é o
temor de Deus: o abandono na bondade do nosso Pai que nos quer tanto bem.
1. Quando
o Espírito Santo faz morada em nosso coração, infunde em nós consolo e paz e
nos leva a nos sentirmos assim como somos, isso é, pequenos, com aquela atitude
– tão recomendada por Jesus no Evangelho – de quem coloca todas as suas
preocupações e as suas expectativas em Deus e se sente envolvido e apoiado pelo
seu calor e pela sua proteção, justamente como uma criança com o seu pai! O
Espírito Santo faz isso nos nossos corações: nos faz sentir como crianças nos
braços do nosso pai. Nesse sentido, então, compreendemos bem como o temor de
Deus vem assumir em nós a forma da docilidade, do reconhecimento e do louvor,
enchendo o nosso coração de esperança. Tantas vezes, de fato, não conseguimos
acolher o desígnio de Deus e percebemos que não somos capazes de assegurarmos
por nós mesmos a felicidade e a vida eterna. É justamente na experiência dos
nossos limites e da nossa pobreza, porém, que o Espírito nos conforta e nos faz
perceber como a única coisa importante é deixar-nos conduzir por Jesus entre os braços do seu Pai.
2. Eis
porque temos tanta necessidade deste dom do Espírito Santo. O temor de Deus nos
faz tomar consciência de que tudo vem da graça e que a nossa verdadeira força
está unicamente em seguir o Senhor Jesus e em deixar que o Pai possa derramar
sobre nós a sua bondade e a sua misericórdia. Abrir o coração para que a
bondade e a misericórdia de Deus venham até nós. O Espírito Santo faz isso com
o dom do temor de Deus: abre os corações. Coração aberto a fim de que o perdão,
a misericórdia, a bondade, os carinhos do Pai venham a nós, para que nós
sejamos filhos infinitamente amados.
2. Quando
somos permeados pelo temor de Deus então somos levados a seguir o Senhor com
humildade, docilidade e obediência. Isto, porém, não com atitude de resignação,
passiva, mesmo lamentosa, mas com o estupor e a alegria de um filho que se
reconhece servido e amado pelo Pai. O temor de Deus, então, não faz de nós
cristãos tímidos, acomodados, mas gera em nós coragem e força! É um dom que faz
de nos cristãos convictos,
entusiasmados, que não ficam submetidos ao Senhor por medo, mas porque são
comovidos e conquistados pelo seu amor! Ser conquistado pelo amor de Deus! E
isto é uma coisa bela. Deixar-se conquistar por este amor de pai, que nos ama
tanto, ama-nos com todo o seu coração.
Mas,
estejamos atentos, porque o dom de Deus, o dom do temor de Deus é também um
“alarme” diante da persistência no pecado. Quando uma pessoa vive no mal,
quando blasfema contra Deus, quando explora os outros, quando lhes tiraniza,
quando vive somente para o dinheiro, para a vaidade, o poder ou o orgulho,
então o santo temor de Deus nos coloca um alerta: atenção! Com todo este poder,
como todo este dinheiro, com todo o teu orgulho, com toda a tua vaidade, não
serás feliz. Ninguém pode levar consigo para o outro lado nem o dinheiro nem o poder,
nem a vaidade nem o orgulho. Nada! Podemos levar somente o amor que Deus Pai
nos dá, os carinhos de Deus, aceitos e recebidos por nós com amor. E podemos
levar aquilo que fizemos pelos outros. Atenção para não colocar a esperança no
dinheiro, no orgulho, no poder, na vaidade, porque tudo isso não pode nos
prometer nada de bom! Penso, por exemplo, nas pessoas que têm responsabilidade
sobre os outros e se deixam corromper; vocês pensam que uma pessoa corrupta
será feliz do outro lado? Não, todo o fruto da sua corrupção corrompeu o seu
coração e será difícil ir para o Senhor. Penso naqueles que vivem do tráfico de
pessoas e do trabalho escravo; vocês pensam que esta gente que trafica as
pessoas, que explora as pessoas com o trabalho escravo tem no coração o amor de
Deus? Não, não têm o temor de Deus e não são felizes. Não são. Penso naqueles
que fabricam armas para fomentar guerras; mas pensem que profissão é esta.
Estou certo de que se faço agora a pergunta: quantos de vocês são fabricantes
de armas? Ninguém, ninguém. Estes fabricantes de armas não vem ouvir a Palavra
de Deus! Estes fabricam a morte, são mercantes de morte e fazem mercadoria de
morte. Que o temor de Deus faça com que eles compreendam que um dia tudo
termina e que deverão prestar contas a Deus.
Queridos
amigos, o Salmo 34 nos faz rezar assim: “Este miserável clamou e o Senhor o
ouviu, de todas as angústias o livrou. O anjo do Senhor acampa em redor dos que
o temem e os salva” (vv. 7-8). Peçamos ao Senhor a graça de unir a nossa voz
àquela dos pobres, para acolher o dom do temor de Deus e poder nos
reconhecermos, junto a eles, revestidos da misericórdia e do amor de Deus, que
é o nosso Pai, o nosso Pai. Assim seja.
Papa
Francisco
Vaticano,
11 de junho
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